Que música e cinema sempre foram unha e carne já se sabe,
mas esse ano de 2013, na comezinha, está sendo especialmente generoso para a
eficácia e harmonia dessa relação tão benéfica a ambas instituições da arte.
Tudo começou com o Oscar de melhor documentário para a
Searching for sugar man (EUA/ING 2012) que investiga as raízes de um cantor de folk
dado como morto e cujas canções embalaram a luta contra o apartheid na África
do sul. O doc é um triunfo em matéria de cinema e renovação da experiência da
descoberta musical. Ainda na cena folk, os irmãos Coen rodaram Inside Llewyn
Davis, filme que debutou em Cannes e deve chegar aos cinemas no fim do ano,
sobre um cantor que não deu certo. A música folk é o norte do filme.
O cinema brasileiro envernizou esse 2013 musical com
contribuições luxuosas. Renato Russo, um dos grandes expoentes do rock
nacional, protagonizou capítulo central. Um filme sobre seus anos iniciais como
cantor (Somos tão jovens) e outro baseado em uma de suas composições mais
famosas (Faroeste caboclo) configuraram essa transfusão de criatividade e
vitalidade da música para o cinema. Pensar cinema como música e vice-versa é
algo de natureza complexa e poética e coube ao diretor Karim Aïnouz vocalizar
cinematograficamente essa complexidade poética em O abismo prateado, filme
inspirado na música “Olhos nos olhos”, de Chico Buarque.
Mick Jagger, Beatles, Bob Dylan, David Bowie, Beyoncé, Cher
e muitos outros se arriscaram no cinema almejando uma extensão de seu
repertório artístico ao longo desses anos. Scarlett Johansson, L.L Cool J, Will
Smith e outras figuras de igual calibre também se bifurcam entre cinema e
música com o intuito de aproveitar esse extraordinário apelo que é agregar
esses dois universos.
Muitos filmes e gente de cinema também inspiraram canções ao
longo dos anos. O que 2013 sugere a quem se predispuser a olhar atentamente, é
que a relação entre cinema e música pode ser mais prolífica, nobre, profunda ,
entusiasmante e frutífera artística e comercialmente do que crê nossa vã
filosofia.
É, a música está sempre aí. Quanto a Searching for sugar man, o grande trunfo foi mesmo a forma como o roteiro nos envolveu nessa busca junto com os realizadores. É muito bom.
ResponderExcluirbjs
A conferir "Searching for Sugar Man". Vi fartos elogios aos filmes. Vamos ver se alguma distribuidora vai fazer o favor de lançar no Brasil, pq nós que acompanhamos o circuito sabemos que docs estrangeiros raramente vem parar por aqui a não ser por download, a única salvação.
ResponderExcluirQuanto aos filmes do Legião Urbana, hummm, curti taaanto, não. Faroeste > Somos Tão Jovens, though. E "O Abismo Prateado" é um dos nacionais que mais tenho curiosidade em conferir!
Abs!
Amanda: O que me chama a atenção é que 2013 pode ensejar novas experimentações entre cinema e música e vejo iso com muito bons olhos.
ResponderExcluirBjs
Elton: Ou por mostras especiais, caso até aqui do referido doc venecdor de Oscar. Gostei bastante de "Faroeste caboclo" como já comentei contigo e "O abismo prateado" segue firme como o melhor longa nacional lançado neste ano.
Abs