terça-feira, 16 de julho de 2013

Crítica - O homem de aço

Habemus super

O que mais impressiona em O homem de aço (Man of steel, EUA 2013) é que ao longo de seus 140 minutos são muitos os bons momentos do filme. Sua potencialidade é oxigenada a todo o tempo por um texto muito ambicioso, mas pouco focado. A potencialidade não se consuma muito em parte a uma direção desvinculada, em essência narrativa, do que propõe o roteiro. Em miúdos: Zack Snyder não era o diretor certo para o roteiro que foi filmado. A forma como foi filmado é a grande avalista dessa constatação.
O tom solene é um direito adquirido dos filmes de Superman e deveria receber a mesma mesura que outros cânones do universo do homem de aço receberam. Há a correta opção de intercalar momentos cruciais da formação de Clark Kent, assim como a consolidação de sua percepção como figura central nos rumos da humanidade antes de assumir sua identidade secreta como jornalista do Planeta Diário, mas há, também, a interjeição de dilemas esgotados no universo do personagem. Não obstante, há a maquiagem do filme de ação profundo quando, na verdade, toda a construção valorizada por Snyder ecoa em cenas – realmente fantásticas – de destruição de fazer inveja em Michael Bay.
Se o aspecto visual de O homem de aço enche os olhos, sua massa narrativa apresenta gorduras. A história não é tão densa para justificar uma metragem tão longa. A grande maioria dos personagens são apenas penduricalhos narrativos desprovidos de qualquer efetividade dramática, inclusive o vilão Zod que desperdiça o talento do ótimo Michael Shannon. A exceção é Lois Lane (Amy Adams), personagem mais interessante do longa. Muito bem construída, em seus conflitos e imperfeições, a personagem é outra escanteada quando o quebra-quebra se impõe.

Entregue à humanidade: Superman se prepara para encarar Zod em um dos momentos mais megalomaníacos do filme de Snyder

Outro grande problema do filme é a total falta de humor. O único momento gracinha surge quando o Superman está em custódia do exército americano e batendo um papinho com Lois. Muito pouco para um filme que tem um personagem bem menos trágico do que, por exemplo, o cavaleiro das trevas.
O dilema existencial do Superman é outra má formulação do filme. Nunca nos convencemos da hesitação de Clark em assumir seu protagonismo à frente da humanidade e não é um problema de Henry Cavill, muito eficiente em cena e correto em evitar emular Christopher Reeve. A ideia de beber na fonte da trilogia do cavaleiro das trevas resultou em um filme irregular (o que seria Clark vagando pelos EUA em busca de sentido na vida tal qual o Bruce Wayne de Christian Bale em Batman begins?), moroso (ainda que com cenas de ação frenéticas) e que esconde suas consideráveis virtudes em um balaio de muitos defeitos.
Não é um filme ruim. Longe disso! Mas é um filme que, além de esquecível, compromete severamente – no âmbito da percepção da indústria cultural - os avanços conquistados pela trilogia de Nolan na seara das adaptações cinematográficas de HQs. 

2 comentários:

  1. Que título para a crítica heim? rs perfeito!
    Disse tudo meu caro e faço coro a você quando diz que o filme é esquecível, só não concordo com o fato de achar irregular beber na fonte de O Cavaleiro das Trevas e Kent assumir o estilo andarilho de Bruce Wayne. Alguns amigos chamam este Clark de Jesus Cristo, rs! Enfim, é um ponto positivo neste novo roteiro, o problema é o desperdiço num filme que não alça um voo ainda mais alto e não aproveitando gente tão boa: Amy, Cavill (perfeito, melhor que Brandon Routh), Shannon (a verdade é que acho este Zod um porre de chato!) e dos demais do elenco, baitas atores dirigidos por um diretor como o Snyder que simplesmente liga tudo no piloto automático. Citou Michael Bay aí...tb faço coro! Na sequência de destruição e luta em Metrópolis parecia um filme dos Transformers!

    Minha nota é essa: ★ ★ ★

    Tenho esperança que o segundo será melhor, mas espero sinceramente que Nolan escolha outro diretor (não acho que vai acontecer mas...) ou mesmo o dirija, aliás, poderia ter dirigido e fazer o mesmo com o Superman que fez com Batman. Era possível, o tom mais realista pode muito bem ser adequado ao universo do Homem de Aço.

    Abraço.

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  2. Obrigado Rodrigo. E concordo plenamente: Cavill dá um banho em Routh. Agora, dou uma estrelinha a menos para o filme.
    Abs

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