quarta-feira, 31 de março de 2010

TOP 10 especial: Discursos/monólogos do cinema

9 - "Clark kent is how superman sees man kind, David Carridine em Kill Bill, volume 2

Que Quentin Tarantino escreve diálogos e, mais que isso, cenas inspiradas, ninguém duvida. Que Kill Bill, saga de vingança dividida em dois volumes, é um mar de referências cinematográficas todo mundo sabe. Que o resultado obtido por Tarantino com seus dois filmes não prima pelo equilíbrio também é uma constatação imperiosa. Porém, se Kill Bill se resumisse a essa cena, seria uma obra prima milenar. Como não se resume, a grandiosidade da cena resiste ao filme que reúne alguns outros bons momentos, mas é, em geral, dispensável.
Nessa cena, Bill (David Carradine), objeto da obsessão lunática de Beatrix Kiddo (uma Thurman), carinhosamente conhecida como A noiva, discorre em tom filosófico sobre a natureza humana. A grande sacada da cena é a forma como o comentário se estabelece. A metralhadora pop de Tarantino se mune aqui de um famoso herói dos quadrinhos, o superman. A sustância do argumento, aliada ao tom professoral empregado por Carradine na cena, fazem deste um dos grandes discursos da história do cinema. Sem dúvida alguma, uma das melhores coisas a sair da pena de Tarantino.


O Cinema da vida real

Dourado em primeiro plano (como bem observou Bial certa vez): A mais inusitada parábola de segunda chance a ganhar forma em tempos atuais


Goste-se ou não de Marcelo Dourado, o grande vencedor do BBB 10, é preciso reconhecer o imenso apelo emocional e sócio-filosófico de seu triunfo. Na dramaturgia pretendida, e desenvolvida, na TV brasileira é um feito inédito. Das histórias que chegam aos ouvidos dos milhões de brasileiros é algo, se não inédito, com a força do improvável. Fala-se aqui da maior parábola sobre segunda chance já contada, afora livros de auto-ajuda e passagens religiosas, em nossos tempos. Quem diria que esse insidio de fé e auto estima viria de um realitty show e de uma figura como o lutador Marcelo Dourado.

Não se discute aqui o merecimento ou não de Dourado, tão pouco a acuidade de suas estratégias (embora o blog seja da opinião de que Dourado foi, de fato, o melhor jogador e como o BBB é um jogo, o melhor deve prevalecer). O debate aqui se estabelece acerca do significado cultural, em uma primeira estância, e sociológico, em um plano geral, da vitória do lutador.

A segunda chance dada a Dourado, na verdade, se desdobrou em uma profusão de “segundas chances”. Todas agarradas com fibra pelo lutador. Foi a chance de retornar ao BBB (dada pela proposta da produção do programa de desestabilizar as noções que se tinha do jogo), a chance dada por alguns dos competidores (que por estratégia ou por afinidade aceitaram Dourado), a chance dada pela sorte (parece pacífico que se não fossem as duas imunidades recebidas pelo lutador no inicio do programa, ele não teria tempo de cativar o público como cativou) e, finalmente, a chance dada pelo público. Na mais inesperada e poderosa demonstração que toda a objetividade esmorece ante a emoção. Dourado promoveu uma polarização jamais vista no programa. O fato de ter sido rejeitado (maciçamente) em sua primeira participação, há 6 anos atrás, e ter sido a locomotiva que impulsionou sucessivas quebras de recordes nessa edição atual só inflama o debate e o desvia de qualquer ponderação desprovida de paixão.

O programa, a despeito dos temas periféricos que iam surgindo quase que diariamente, girou em torno dessa segunda chance. Dourado impôs-se meio que naturalmente à uma cronologia pré-estabelecida. Afinal, esse estava fadado a ser o Big Brother da diversidade sexual. Passou a ser o BBB dos que estariam propensos a ver até onde Dourado chegaria e dos que resistiam a ele. A esses, couberam dois trabalhos. Insistir em uma resistência maniqueísta (Ele já teve a chance dele!) e conformar-se com a imposição da maioria (Sim, mas ele merece outra!).

Obviamente, o que mais chama a atenção na aceitação recorde e na subsequente vitória do lutador gaúcho é a perplexidade que causa. Como um brucutu preconceituoso que já fora eliminado antes, em muito por esses mesmos defeitos, pode ser coroado dessa maneira? A multiplicidade das respostas constitui uma das belezas desse realitty show que é uma “bobagem” e também muito “profundo”, nas palavras de seu apresentador, Pedro Bial. O que fascina na trajetória vitoriosa de Dourado é que ele é o mesmo sujeito que fora rejeitado antes. Talvez tenha entrado nessa edição disposto até mesmo a ressaltar seus defeitos (uma estratégia arriscada, diga-se), e foi abraçado pelo público de uma maneira que assombra até mesmo teóricos diplomados ou entendidos de botequim.

Como visto tantas vezes no cinema em filmes como O lutador de Darren Aronofsky, no recente Coração Louco de Scoot Cooper, ou até mesmo (se apreciado no devido estado de espírito) em Gran Torino de Clint Eastwood, redenção e compaixão são elementos buscados nos lugares mais inóspitos. Dourado foi ao encontro delas no BBB. E as encontrou. Ele sai da casa mais vigiada do Brasil (ô slogan que dá certo!) o mesmo brucutu que entrou. Carrega consigo seus preconceitos e sua visão conservadora, mas sem dúvidas sai de lá mais tolerante. Isso porque foi tratado com tolerância. Algo primordial no contrato social que travamos diariamente e que, mesmo que as avessas, foi a grande lição desse BBB. Ah, claro, ele saiu milionário também. O que no final das contas, é o que mais importa. Pelo menos para ele.

terça-feira, 30 de março de 2010

Movie Pass

Dentro daquela seleta lista de atores cult, que só por constarem do elenco de um filme, já fazem deste um objeto de culto, podemos destacar: Jeff Bridges (recentemente laureado com um Oscar), Denzel Washington, Daniel Auteuil e Daniel Day Lewis. Mas esses são os papas. Há atores que são objeto de culto e, ainda assim, usufruem certa clandestinidade. É o caso de Nani Moretti. Ator, diretor, roteirista e produtor italiano multipremiado em festivais europeus e que ainda consegue passear tranqüilamente pelas ruas de Roma. É praticamente desconhecido do público. Seus filmes, no entanto, são muito festejados e aplaudidos nos círculos de críticos e cinéfilos.

O seu último trabalho como ator foi em Caos Calmo (Itália/França 2008) de Antonio Luigi Grimaldi, destaque da seção Movie Pass deste mês. Aqui ele vive um homem que reage de maneira introspectiva a morte da mulher. O instinto super protetor para com a filha, o estado de catatonia que o acomete nos dias que se seguem a fatalidade e o estupor sexual de uma cena em particular são indícios de um ator em pleno domínio de sua linguagem. Se Caos calmo é um filme notável, o é pela força interpretativa de Moretti. O ator reclama para si a pecha de autor. Mesmo não dirigindo a obra, o filme está sob suas rédeas.



domingo, 28 de março de 2010

Os 25 melhores filmes da década: 9 - Bastardos inglórios

Todo homem sob meu comando me deve 100 escalpos nazistas. E eu quero meus escalpos”


Sinopse
Na 2ª Guerra Mundial, durante a ocupação da França pelos nazistas, o tenente Aldo Raine é o encarregado de reunir um pelotão de soldados de origem judaica, com o objetivo de matar o maior número possível de nazistas, da forma mais cruel possível. Paralelamente Shosanna Dreyfus, uma judia que teve a família brutalmente assassinada, planeja se vingar do coronel nazista Hans Landa.

Comentário
A segunda guerra parecia esgotada no cinema até que Tarantino reinventasse um desfecho para ela com seu antecipado filme sobre um grupo de judeus que caçam nazistas em uma França ainda sitiada pelas tropas de Hitler. Mas os méritos de Bastardos inglórios não se resumem a imaginação fértil de Tarantino. Imaginação esta, que continua afiada para diálogos primorosos, cenas arrebatadoras, e homenagens sutis ou escancaradas ao cinema e aos seus mestres. Bastardos inglórios é um primor de narrativa. Tarantino contém-se em seus maneirismos, mas não abdica de sua verve característica. Personagens célebres, humor tarantinesco e catarse como nunca experimentado antes em uma sala de cinema. Uma obra prima de um autor que finalmente fez por merecer a alcunha que já haviam lhe relegado.


Prêmios
Oscar de melhor ator coadjuvante; Globo de ouro de melhor ator coadjuvante; prêmios de melhor atriz, ator coadjuvante e roteiro original do círculo de críticos de Austin; bafta de melhor ator coadjuvante; 3 critic´s choice awards (melhor elenco, melhor ator coadjuvante e melhor roteiro original); Palma de ouro de melhor ator; melhor fotografia, melhor elenco, melhor ator coadjuvante e melhor roteiro original pela associação de críticos de Ohio; Melhor filme, direção, elenco e ator coadjuvante pelo círculo de críticos de Phoenix; melhor roteiro original pelo círculo de críticos de São Francisco; melhor filme, direção, elenco, roteiro original, figurino e ator coadjuvante pela associação de críticos de San Diego; Melhor elenco e melhor ator coadjuvante pelo sindicato dos atores; melhor filme, melhor roteiro e melhor ator coadjuvante pela associação de críticos de Toronto; melhor ator coadjuvante e melhor roteiro original pela associação de críticos de Washignton; melhor ator coadjuvante pelas associações de críticos de Boston, Los Angeles, Nova Iorque, Londres, Las Vegas e Kansas.

Curiosidades
- Quentin Tarantino começou a escrever o roteiro desse filme no inicio da década
- Este é o segundo filme em que Brad Pitt e Diane Krueger dividem a cena. O primeiro foi Tróia
- O personagem Urso judeu é interpretado pelo protegido de Quentin Tarantino, o diretor do filme de terror O albergue, Eli Roth
- A revista Vanity Fair escreveu criticas negativas sobre o filme à época de seu lançamento em Cannes, mais tarde o considerou o melhor dos dez indicados ao Oscar de melhor filme.
- Quentin Tarantino é o primeiro soldado nazista a ter seu escalpo arrancado pelos bastardos inglórios no filme
- Depois da exibição em Cannes, o filme foi remontado a pedido do produtor Harvey Weinstein. A versão final tem 40 minutos a menos.
- Tarantino convenceu Brad Pitt a fazer o papel do tenente Aldo Raine em meio a taças de vinho e a risadas histéricas em uma pousada na França

Ficha técnica
título original:Inglourious Basterds
gênero:Guerra
duração:02 hs 33 min
ano de lançamento:2009
estúdio:The Weinstein Company / Universal Pictures
distribuidora:The Weinstein Company / Universal Pictures
direção: Quentin Tarantino
roteiro:Quentin Tarantino
produção:Lawrence Bender e Harvey Weinstein
fotografia:Robert Richardson
direção de arte:Marco Bittner Rosser, Stephan O. Gessler e Sebastian T. Krawinkel
figurino:Anna B. Sheppard
edição:Sally Menke
Elenco: Brad Pitt, Eli Roth, Mélaine Laurent, Diane Krueger e Christoph Waltz
Fonte: arquivo pessoal



Insight

Por que o 3D é mau negócio?

A julgar pelos resultados das bilheterias em 2009 e de como eles estiveram profundamente relacionados ao 3D, a afirmação que se seguirá no presente artigo não só parece fruto de desinformação como uma previsão digna de um profeta paraguaio (com o perdão aos paraguaios). Contudo, se é necessário reconhecer que a proliferação do 3D está vinculada a mais uma tentativa da indústria de frear a pirataria, é preciso reconhecer também que o 3D restringe ainda mais o cinema, enquanto atividade cultural, limita a qualidade da produção cinematográfica americana e faz mal a saúde. Sim. Isso mesmo que você leu. Não existe nenhum mal direto que possa ser ocasionado das transmissões em 3D. No entanto, médicos britânicos já advertiram para as inúmeras possibilidades de contaminações decorrentes de óculos 3D mal higienizados. Além, obviamente, das fortes dores de cabeça e das vistas cansadas. O que a longo prazo pode forçar uma pessoa a ter que aderir o uso de óculos de grau para vista cansada ou mesmo para leitura. No Brasil, ainda não há fiscalização regulamentada pela vigilância sanitária sobre a higienização dos óculos 3D.

O cenário pós Avatar
Porém, não é só a saúde do frequentador de cinema que está em risco com a popularização do 3D. A qualidade dos filmes deve cair maciçamente. Primeiro, em virtude do efeito Avatar, é sabido que haverá uma invasão de filmes 3D. Um exemplo da gana dos donos de estúdio pelo horizonte (de dólares) descortinado pela nova ferramenta (na verdade antiga, já que o 3D não é algo novo e o próprio cinema fez uso avantajado da tecnologia nos anos 60, embora com padrões tecnológicos bem mais modestos), é o adiamento da estréia do blockbuster Fúria de titãs. A Warner adiou o filme de março para maio, para que pudesse convertê-lo para 3D. Os dois novos filmes de Harry Potter, já em fase de pós-produção, serão submetidos ao mesmo procedimento. Mas não é só a Warner quem quer surfar na onda do 3D. Praticamente todos os estúdios têm projetos em 3D. Seja para filmes com performance capture (caso de filmes como Avatar e A lenda de Beowulf) ou live action (como os filmes do bruxinho de Hogwarts). A Sony, por exemplo, anunciou que o novo Homem –aranha será em 3D. Essa saturação do mercado aponta, primeiramente, para um esgotamento do interesse do espectador pelo 3D. Primeiro, porque haverá uma oferta tremenda, o que já implica em baixa de apelo. Segundo, por que os ingressos continuarão caros.

Cena de Fúria de titãs: Sam Worthington bem que tentou, mas não será dessa vez que ele não chegará aos cinemas em 3D



Um outro dado importante desse cenário pós – Avatar, será a predisposição dos estúdios de privilegiar os filmes em 3D ou que possam ser lançados também nesse formato. O que implica em uma hegemonização da produção cinematográfica americana. Serão menos dramas e menos comédias ganhando o aval do estúdio. O cinema independente que acabou de ganhar um impulso com a expressiva vitória no Oscar de Guerra ao terror sobre Avatar ( o representante do setor pró 3D) será o mais afetado por essa política que já está estabelecida em Hollywood.

E o pós 3D?
Essa fase do 3D, assim como a da década de 60, vai passar. Hollywood tem seus ciclos. Uns são mais longevos. Outros mais frequentes. No caso do 3D, seu segundo reinado em Hollywood se deve mais a ascensão da internet e aos prejuízos impostos pela pirataria do que por sua capacidade de atração. Outros mecanismos de defesa surgirão e, assim como o 3D, não serão imbatíveis. A concomitância desses outros mecanismos de defesa com a queda do interesse pelo 3D será providencial para a indústria. Os avanços do 3D no home vídeo terão efeito semelhante ao surgimento da TV, do DVD e do Blu-ray. Muitos propagarão a morte do cinema. Mais uma vez estarão errados. E os eixos hollywoodianos irão se ajustar. Mas não há como negar, que a próxima década se anuncia como de vacas magras para o cinéfilo de verdade.

Cena de Alice no país das maravilhas: a aventura de Tim Burton em 3D lidera as bilheterias há três semanas e deve perder o posto para outro filme em 3D, Como treinar seu dragão

sábado, 27 de março de 2010

Critica - Um sonho possível

Sonho de porcelana!
Adicionar imagem

Família sulista, branca, cristã, republicana e abastada acolhe de peito aberto um adolescente negro em sua casa. A improvável descrição acima corresponde a verdade. Foi isso que ocorreu com Michael Oher, um jogador de futebol americano que não fosse pela sorte que deu na vida, não teria se profissionalizado. Oher foi acolhido e criado como filho por Leigh Anne Tuohy. Essa história improvável chega aos cinemas em Um sonho possível (The blind side EUA 2009).
O filme do diretor John Lee Hancock é um legítimo filme família. Reúne todos os predicados que avalizam esse rótulo, porém, como cinema é chamuscado de falhas. Sejam elas estruturais ou discursivas. É lógico que a história otimista que se vê na tela consterna, impressiona e cativa. E é bom (para nós seres humanos do bem) que isso ocorra. Contudo, o argumento frágil que pauta o filme e, mais que isso, o desenvolvimento capenga com que a história se desenvolve comprometem o resultado da fita como “obra” cinematográfica.


Momento família: A emocionante trajetória de Oher cativa, mas parece mais inverossímel do que a existência do homem-aranha


Nesse contexto, o filme muito se assemelha ao personagem Burt Cotton, treinador de Oher na escola e uma das figuras decisivas em seu destino. Assim como o treinador se vale de um discurso politicamente correto para atender ambições plenamente pessoais (ele defende a matrícula de Oher por razões cristãs embora esteja interessado no potencial atlético do rapaz), o filme faz o mesmo. Defende uma visão de mundo colonialista (de que os negros só têm chances quando ajudados por brancos) e não parece acreditar muito na história que conta. Assim como com Cotton, vê-se um gesto muito bonito, mas não se convence dele. Hancock ainda tenta relativizar essa impressão na figura das amigas dondocas de Leigh Anne e também no processo de adaptação de Oher a sua nova família, mas até aí a fragilidade do argumento é evidente.
Sandra Bullock encara o desafio de assumir um papel dramático com dignidade. A atriz convence como a mãe coragem que descobre um mundo bem pior do que se permitia imaginar. Contudo, não dos deixa esquecer que é Sandra Bullock, algo que ela conseguiu fazer em A proposta, para ficar em um trabalho recente da atriz que também lhe rendeu elogios.
O grande incômodo de Um sonho possível é justamente esse. O de não conseguir convencer sua audiência de que tudo aquilo que se vê é passível de acontecer. Mas isso é mais um problema do mundo que Um sonho possível parece ignorar e menos do filme família que fez sucesso nas bilheterias americanas.

De olho no futuro...


Eis o Capitão América
Depois de dois meses de intensa movimentação para escolher o intérprete do super soldado da Marvel, o Capitão América, o diretor Joe Johnston e os produtores do filme bateram o martelo em um nome, Chris Evans. O ator que já viveu o Tocha humana nos dois filmes do Quarteto fantástico ficou reticente quanto a proposta. Mas depois de dois dias do convite feito, aceitou. A escolha de Evans denota duas coisas. A primeira delas é a de que nenhum dos outros nomes “desconhecidos” aventados convenceu os produtores e a segunda, é o reconhecimento do carisma do ator que “roubou” a cena nos dois primeiros filmes da família fantástica.


Chris Evans põe-se a pensar:aceito ou não aceito?
Não criemos pânico
Muita gente ficou confusa e se indagou: Mas peraí, então ele vai ser o Capitão América e o Tocha humana? A Fox, que detém os direitos sobre o quarteto fantástico, anunciou que fará um reboot da série no cinema. Assim como também o fará com Demolidor, outro personagem Marvel controlado pela Fox. Nem Bem Affleck, nem o elenco original do quarteto voltam para esses novos filmes. Evans, tal qual outros atores como Christian Bale (Bruce Wayne e John Connor) e Hugh Jackman (Wolverine e Van Helsing), adentra o seleto rol de atores que vivem mais de um herói famoso.


Uma Bond girl sem muita graça
Foi anunciado essa semana o nome de Freida Pinto (a amada de Jamal em Quem quer ser um milionário?) como a nova Bond girl no filme que está previsto para começar a ser rodado no final do ano. A atriz, que também poderá ser vista no novo filme de Woody Allen, parece ser a que se deu melhor do elenco do festejado filme de 2008. Porém, em termos de Bond girl, é uma decepção. Depois de uma safra com Halle Berry, Teri Hatcher, Sophie Marceu, Rosemound Pike, Eva Green e Olga Kurykenko, Freida não é exatamente um nome que impressiona.

Freida Pinto faz pose sexy: Ela é a nova vítima do Bond de Daniel Craig
Uma dupla do barulho
Jason Bateman e Ben Afleck dividiram uma cena no thriller Intrigas de estado no ano passado. Afleck fazia um senador em maus lencóis enquanto que Bateman um informante atrapalhado. em Maré de azar, filme que também foi exibido (em circuito limitado) nos EUA no ano passado, Bateman e Afleck voltam a contracenar juntos. Dessa vez, Bateman vive um homem que beira o colapso de tantas responsabilidades e Afleck (com um visual porra louca) um cara que lhe apresenta algumas "formas" de relaxar. Maré de azar deve chegar as locadoras brasileiras até o final do semestre. Fique com o trailer:




O 3D não é uma opção
O diretor Michael Bay trava uma batalha informal com o estúdio Paramount que quer o terceiro Transformers em 3D. Só que o estúdio quer converter o filme para 3D depois de pronto, tal qual a Warner está fazendo com o que promete ser um dos hits do verão, Fúria de titãs. Acontece que Bay, que já é contrário ao 3D engrossou a voz: “Já não sou entusiasta do 3D e essa conversão aí, parece fake 3D”, disparou o diretor. No que ganhou um inusitado aliado. James Cameron, nada mais nada menos do que o Mr. 3D, atacou a febre dos estúdios pelo 3D. Cameron disse que dessa maneira a tecnologia seria banalizada. Já que as conversões para o 3D não são plenamente satisfatórias. Enquanto isso, Bay aposta no tradicional. Ou seja, nos bons atores (o que impressiona vindo de um diretor como Bay). Essa semana ele confirmou John Malkovic e Frances McDermond no elenco do terceiro Transformers.
Bay cruza os braços: 3D aqui não senhor!

quinta-feira, 25 de março de 2010

Cenas de cinema

Vocês não sabem me apreciar!
Ser astro não é fácil. Parece querer dizer Robert Pattinson, que ainda não aprendeu a liturgia do cargo, por assim dizer. Nas últimas semanas ele andou reclamando da imprensa. À OK magazine disse: “Vocês não tem senso de humor. Desvirtuaram tudo o que eu disse”, em referência ao episódio em que o ator disse ter alergia a vaginas. Ao que se faz necessário perguntar: O que há nessa declaração para se desvirtuar? Antes de criticar o senso de humor alheio, Pattinson talvez deva trabalhar no seu. Sua mais recente, e controvertida, declaração se deu no fim de semana passado. Em Londres, durante a premiere inglesa de seu mais novo filme, Lembranças, o ator falou sobre seu mais famoso personagem. “Caracterizado como Edward (o vampiro doce de Crepúsculo) eu fico parecendo um travesti. É perturbador!” Por favor, não desvirtuem essa declaração, ok?

Robert Pattinson, cuidadosamente descabelado, na ensolarada Los angeles: Esquizofrenia criativa?


A premiere do filme que vai tirar Alice do topo
Aconteceu no fim de semana passado a premiere de Como treinar seu dragão (filme que estréia mundialmente amanhã). A nova animação da Dreamworks promete tirar Alice do topo das bilheterias. A Dreamworks lançou nesta mesma data no ano passado, também em 3D, o fofinho Monstros vs alienígenas. Dessa vez sai o boa praça Seth Rogen e entra o espartano Gerard Butler no time de dubladores. Prepara-se para a queda Alice!

Os atores Graig Ferguson e Jay Baruschel ao lado de Gerard Butler: preparados para a guerra das bilheterias em 3D

Um símbolo a perigo
Hollywood pode desaparecer. A frase de impacto é verdade, embora capciosa. Afinal de contas não se trata do bairro ao norte da cidade de Los Angeles, cujo significado é cinema, mas sim do letreiro que ajuda a fazer de Hollywood algo transcendental. O terreno que abriga o famoso letreiro está na mira de um grupo imobiliário. Por sua vez, entidades e organizações ligadas ao cinema (incluindo aí a academia de artes e ciências cinematográficas de Hollywood) se uniram para tentar comprar o terreno antes e, assim, garantir a vitalidade de um dos maiores símbolos da sétima arte. Para o bem ou para o mal, a história terá um capitulo final em 14 de abril, data limite para o fechamento do negócio.
Já imaginou Hollywood sem seu cartão postal?

Já tem data!
E por falar em academia, a própria divulgou a data da cerimônia do Oscar 2011. A entrega do prêmio mais cobiçado do cinema será em 27 de fevereiro de 2011. O anúncio dos indicados ocorrerá um mês antes, em 25 de janeiro.

A angústia de Robert Pattinson nas palavras do próprio

Domingo passado a coluna Insight abordou a angústia do ator Robert Pattinson. Foi defendido que o jovem astro está a mercê da imagem de galã e astro sombrio que advém de seu personagem Edward Cullen e que todo o sucesso oriundo da saga Crepúsculo pode ser decisivo para os rumos de sua carreira. Tanto positiva quanto negativamente. A coluna suscitou polêmica e não foi corretamente compreendida. Muitos pensaram tratar-se de um questionamento do talento de Pattinson como ator. Quis o destino que na mesma semana, Robert Pattinson, cujo mais recente filme Lembranças amarga péssima bilheteria e repercussão crítica, viesse a público posicionar-se a respeito. Em entrevista a edição alemã da revista In touch, o ator disse que se sente "inseguro" como intérprete e que tem medo que não consiga mais fazer cinema "sério". Segundo o ator, "a histeria dos fãs de Crepúsculo se tornou incontrolável". Para conferir as principais declarações de Pattinson a In touch alemã, clique aqui.

quarta-feira, 24 de março de 2010

TOP 10 ESPECIAL - Discursos/monólogos do cinema

A partir de hoje, e pelas 10 próximas quartas-feiras, Claquete edita uma lista muito especial. 10 grandes discursos ou monólogos da história do cinema. Essa lista, obviamente, não se pretende definitiva. Contudo, objetiva rememorar essas grandes cenas que ajudaram a marcar a história do cinema e que, certamente, impressionaram platéias do mundo todo.
A coluna TOP 10 continua sendo editada regularmente. Ou seja, sua periodicidade segue inalterada. A coluna é editada quinzenalmente, sempre às quartas.

10 - "respect the cock", Tom Cruise em Magnólia
Frank Mackey, interpretado magistralmente por Tom Cruise, é um guru de auto-ajuda. Ele faz sucesso afirmando o poder do macho sobre as mulheres. Contudo, atrás da carranca machista jaz um homem traumatizado e que carrega profundos ressentimentos familiares.
Porém, nesse monólogo cheio de raiva, Mackey exorta a uma platéia unissex sobre a dinâmica e os anseios que pautam a perspectiva masculina em uma relação amorosa. A "catarse brucutu" nunca foi tão bem delineada quanto nessa cena. O texto de Paul Tomas Anderson ganha vida na performance arrebatadora de Cruise. Reparem na trilha instrumental que antecede a fala de Mackey.


TOP 10

10 filmes que são melhores do que os livros que os inspiraram

10 – O iluminado
Duvida? Experimente um alucinado Jack Nicholson sob as ordens do visionário Stanley Kubrick! O próprio Stephen King vaticinou: “É melhor do que meu livro!”

9 – Psicopata americano
O livro é contundente e inteligente, mas o filme vai muito além. O personagem Patrick Bateman (vivido com exatidão por Christian Bale) virou a mais perfeita tradução da sociedade que emergia no século XXI.

8 – A trilogia O senhor dos anéis
Sem preconceitos, mas é preciso ser nerd para ler três livro de ritmo lento e rico em detalhes pouco pertinentes ao mundo real. O que Peter Jackson fez foi juntar em um mesmo cinema, aficcionados por esse material, pessoas que nunca ouviram falar de Senhor dos anéis e pessoas que nunca leram um livro na vida. E aquelas que nunca lerão. Se isso não prova que o trabalho de Jackson resultou em algo muito mais monumental e equilibrado do que a obra original, o que provará então?

7- O poderoso chefão
O livro de Mario Puzzo é um elaborado estudo de como as relações familiares são o centro da tradição mafiosa. Principalmente na máfia italiana, sobre a qual Puzzo se debruçou. Contudo, o filme de Coppola tem um escopo muito mais amplo. Consegue capturar com extrema eficiência outros pontos apenas arranhados na literatura original. Imigração, fortalecimento econômico da América no inicio do século 20, entre outras coisas. Um caso raro de livro que ficou notório e virou clássico por causa do filme que deu origem.

6- Sobre meninos e lobos
O livro de Dennis Lehane é bom. Muito bom. Mas o filme de Clint Eastwood é muito melhor. O diretor consegue captar a “alma” da literatura de Lehane e, em uma manobra Eastwoodiana (podemos chamar assim), intensificá-la em seu filme. O livro fica sem graça depois de se ter assistido ao filme.

5- Tropa de Elite
O livro do ex-capitão do bope carioca é apenas uma espécie de segredos de bastidores. Um passeio curioso pelos corredores da polícia carioca. O filme de José Padilha é muito mais ambicioso. Além de oferecer isso, é um audaz comentário sobre a responsabilidade da sociedade no problema das drogas. Também denuncia a responsabilidade do Estado no mal da corrupção e patenteia um dos maiores mitos do cinema nacional, o capitão Nascimento.

4- As pontes de Madison
Um romance é sempre algo prazeroso e que convida a emoção de seu leitor. Clint Eastwood, novamente, potencializa os efeitos de uma história e desvela camadas que no livro são quase imperceptíveis. Um filme que se tornou uma das maiores histórias de amor de todos os tempos. No livro, é apenas mais uma.

3 – O jardineiro fiel
O ótimo livro de espionagem de John Le Carre virou um ótimo filme de espionagem.Mas não só. O filme dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles é também uma linda e apaixonante história de amor e um belo epílogo de auto-conhecimento.

2- Cidade de Deus
O livro de Paulo Lins nem de longe apresenta a complexidade mostrada no filme de Meirelles (pois é, ele de novo). Além da concepção visual que acresce muito a narrativa, Meirelles conta uma história de afirmação (a opção de Buscapé por resistir ao crime e esqueirar-se pela honestidade) que escapa ao livro de Lins.

1 – O clube da luta
Um livro cheio de asneiras, cansativo e cheio de problemas de narrativa que virou best seller graças ao filme cult que originou. Chuck Palahniuk, autor do livro, deve muito a David Fincher, verdadeiro autor da obra e de seu significado cultural.

terça-feira, 23 de março de 2010

Tira - teima








Grau de influência na cultura pop
James Bond: Altíssimo. 007 é a franquia mais longeva do cinema. Arrecada cada vez mais e mostrou o caminho das pedras de como se fazer um bom filme de ação. Seus filmes são verdadeiros eventos globais e James Bond é objeto de estudos, análises e muitas outras coisas.

Jason Bourne: Alta. A trilogia Bourne revigorou a forma de se fazer filmes de ação. E mais que isso, redimensionou o status do cinema de espionagem. Influenciando, até mesmo, a nova safra de filmes de James Bond, protagonizadas por Daniel Graig.













A relação com a moda
James Bond está sempre bem vestido. Com ótimos acessórios. Só para se ter uma idéia, em Quantum of solace, Bond veste Dolce &Gabana, usa óculos Tom Ford e relógio ômega. Os filmes do espião atraem inúmeras marcas e mobilizam uma verdadeira indústria do merchandising. Já Bourne faz o tipo discreto. Os produtores, por sua vez, tentam emplacar algumas ações de merchandising nos filmes. Menos em virtude de Bourne e mais por se tratar de um blockbuster.



Cena para resumir

James Bond




Jason Bourne


segunda-feira, 22 de março de 2010

Critica - O livro de Eli

Quando boas idéias não vingam

Existem boas idéias executadas com perfeição tão suntuosa que causam admiração eterna, outras que não são executadas a contento e acabam sendo diminuídas com o tempo. Há ainda, essencialmente no campo do cinema, aqueles filmes com idéias tão boas que eles se sustentam exclusivamente delas. Sem oferecer um desenvolvimento mais apurado dessas idéias. É o que ocorre com O livro de Eli (The book of Eli, EUA 2010). Um filme que reúne pelo menos duas boas idéias. A primeira delas, inegavelmente, é colocar Denzel Washington como um lobo solitário (e extremamente talentoso no manejo de armas) em um futuro pós-apocalíptico. A segunda, é fazer com que esse homem de passado ignorado seja o guardião de um dos símbolos mais importantes da história da humanidade. É aí que O livro de Eli falha em explorar plenamente seu potencial. Existe, é bem verdade, um comentário ralo sobre o poder da religião, na oposição das figuras de Eli e Carnegie (Gary Oldman). Sobre como homens mal intencionados se apropriam da representatividade divina para promover seus anseios. Paralelamente, existe a mensagem cristã (essa mais bem desenvolvida) de que o homem, além de instrumento divino, pode, sim, se comunicar com Deus.

Gary Oldman e Denzel Washington em cena de O livro de Eli: Os atores estão em um ótimo nível, mas o filme não os acompanha

O filme dos irmãos Hughes, porém, não consegue exceder as boas idéias que traz em seu cerne e materializá-las em um filme equilibrado e bem desenvolvido. Do jeito que ficou, O livro de Eli não decepciona. É ágil, tem uma concepção visual instigante, ação na medida certa e um Denzel Washigton, para variar, inspirado. Mas é um filme de ação e ficção científica comum. Com todo o peso que a palavra comum atribui a um filme do gênero de ação e ficção científica.

domingo, 21 de março de 2010

Os 25 melhores filmes da década:10- Munique

“Toda a civilização se encontra na necessidade de negociar concessões com seus valores”



Sinopse
Em setembro de 1972, em meio às Olimpíadas de Munique, um ataque terrorista sem precedentes foi transmitido ao vivo o mundo todo. Um grupo palestino denominado Setembro Negro invadiu a Vila Olímpica, matou 2 integrantes da equipe olímpica israelense e manteve outros 9 como reféns. 21 horas depois o ataque chegou ao fim, com todos sendo mortos. Pouco depois, o Mossad (serviço de inteligência de Israel) destaca 5 homens para caçar e matar os 11 homens apontados pela inteligência de Israel como tendo planejado o atentado.

Comentário
Para um judeu fazer um filme sobre vingança não deve ser algo fácil. Partindo de um episódio verídico então, deve ser ainda mais desafiador. Relativizar a posição pacífica de Israel no conflito com a Palestina em um filme hollwoodiano então, demanda uma coragem ímpar. Steven Spielberg consegue fazer uma parábola vigorosa sobre as circunstâncias da vingança. Aliando pujança dramática a rigor documental, o diretor mostra a saga de 5 homens transformados por uma missão que eles vão deixando de entender como legítima a medida que avançam nela.
O diretor não perde o elemento humano de vista, mas não usa sua história como pano de fundo ou pretexto para retóricas. Spielberg não se permite o didatismo que aqui só soaria aborrecido. Ao invés disso, prevalece a crueza da realidade. O olho por olho e dente por dente está lá. Como é e, permite-se comentar, como não deveria ser.


Prêmios
5 indicações ao Oscar (filme, direção, roteiro adaptado, montagem e trilha sonora), 2 indicações ao globo de ouro (direção e roteiro); indicado ao prêmio do sindicato dos diretores; melhor filme, direção e roteiro pela associação dos críticos de Washington; 2 indicações ao critic´s choice awards (filme e direção); melhor filme, direção e roteiro pelo círculo de críticos de Kansas;

Curiosidades
- O novelista Tony Kushner escreveu o roteiro da minissérie Angels in américa. O roteiro de Munique foi o seu primeiro para cinema. Ele já trabalha no roteiro de um próximo projeto de Spielberg, a aguardada biografia de Lincoln.
- Os atores Daniel Craig e Mathieu Amalric que contracenam por breves minutos em Munique voltariam a dividir a cena em Quantum of solace. Craig como James Bond e Amalric como o vilão do filme.
- 2005 foi um ano prolifero para Spielberg que lançou dois filmes no mesmo ano. Esse e Guerra dos mundos, que foi filmado depois, mas lançado antes. O último ano que Spielberg fizera algo semelhante havia sido 1993, quando lançou Jurassic Park e A lista de Shindler.
-Spielberg desde o inicio pensou em Eric Bana para o papel de Avner. Depois ficou sabendo que os roteiristas Tony Kushner e Eric Roth também o tinham em mente quando começaram a trabalhar no roteiro.
- Foi a última aparição do diretor/ator francês Mathieu Kassovitz na frente das telas. Recentemente ele dirigiu a “bomba” Missão babilônia estrelado por Vin Diesel.


Ficha técnica
título original:Munich
gênero:Drama
duração:02 hs 44 min
ano de lançamento:2005
estúdio:DreamWorks/ Universal Pictures
distribuidora:DreamWorks Distribution / Universal Pictures / UIP
direção: Steven Spielberg
roteiro:Tony Kushner e Eric Roth, baseado em livro de George Jonas
produção:Kathleen Kennedy, Barry Mendel, Steven Spielberg e Colin Wilson
música:John Williams
fotografia:Janusz Kaminski
direção de arte:Ino Bonello, Tony Fanning, Andrew Menzies e David Swayze
figurino:Joanna Johnston
edição:Michael Kahn
elenco: Eric Bana, Daniel Craig, Ciáran Hinds, Mathieu Kassovitz, Geoffrey Rush e Mathieu Amalric
Fonte: arquivo pessoal


Insight

O dilema de Robert Pattinson


Robert Pattinson é um fenômeno. A despeito de suas qualidades como intérprete, atrai uma multidão disposta a apreciar sua beleza, caso da maioria, em relativiza-la, caso de alguns, ou de diminuí-la, caso de mais alguns. Pattinson é um dos nomes mais quentes da atual safra hollwoodiana. Provoca comentários espirituosos de muita gente que já está no circo hollywoodiano há algum tempo, como Uma Thurman sua parceria em Bel Ami (filme em produção no momento), que foi a imprensa externar sua ansiedade por trabalhar com Pattinson e pelas cenas de amor que irão protagonizar. Há, obviamente, toda a celebração de seu nome na indústria. Revistas, sites e programas especializados em celebridades repercutem o apelo do jovem astro. No Brasil, há pelo menos 400 comunidades no orkut destinadas ao culto a Pattinson. Há mais um sem número de fã clubes, excluindo dessa equação aqueles que centralizam a saga Crepúsculo, e toda uma atenção da mídia sobre os efeitos que o ator provoca em milhares (para não dizer milhões) de adolescentes.

Cena de Eclipse que estréia em junho: Edward é ao mesmo tempo um passe livre e uma prisão para Pattinson en Hollywood

É impossível, no entanto, dissociar a imagem de Pattinson de seu personagem, Edward Cullen, na saga Crepúsculo. Para o bem e para o mal, Pattinson está destinado a viver, pelo menos enquanto perdurar a saga, sob a sombra do amargurado vampiro da saga de Stephanie Meyer. Isso implica em viver personagens sombrios e amargurados. Em que a interpretação exige retoques de angústia e capacidade de expressão de deslocamento. É justamente um tipo como esse que ele compõe em Lembranças (Remember me), seu primeiro filme depois do sucesso de Crepúsculo. Tyler é um personagem deslocado, que a realização induz-nos a tomarmos como incompreendido, e a persona de Pattinson (e mais importante ainda, a memória que o espectador tem dela) contribui para isso. Não é de se estranhar, portanto, que 10 entre dez resenhas sobre o filme se concentrem na interpretação do ator. Afinal, o destaque que o filme recebeu (apesar de ser um drama “comum”, teve estréia mundial) é todo em virtude de seu protagonista.


Em Lembranças, Pattinson vive um personagem que remete a percepção que o público tem dele


Ainda não dá para dizer que Pattinson é mau ator. Como também é humanamente, e criteriosamente, impossível dizer que ele é bom ator, como se entusiasmam algumas fãs ardorosas. Fato é que existe muita pressão e expectativa sobre Pattinson. O ator, ao que parece, tem se equilibrado bem em relação a elas, mas carece de tempo e, mais do que isso, equilíbrio também de seus observadores. Administrar uma imagem e uma carreira não é algo fácil. Há exemplos notórios de sucessos e fracassos nesse departamento. A julgar pela situação de momento, aconteça o que acontecer com a carreira de Pattinson, será menos por seus méritos e mais por intervenção alheia. Essa é a verdadeira angústia de Robert Pattinson.

Critica - Lembranças

O gosto pelo drama!

Existem pessoas depressivas, outras com forte propensão a auto-piedade. Há ainda aquelas que são conhecidas pela pré-disposição ao drama. Pois bem, também há filmes que reúnem essas características. Lembranças (Remember me, EUA 2010) é um deles. Lembranças é sobre as dores e dramas que acometem uma família, no caso a família Hawpkins, mas é um filme, que assim como seus personagens, gosta do drama. De gravitar sobre ele. Essa condição o empobrece como cinema. Pode até surtir algum efeito, potencializado pelo final impactante (que pouco acresce a história, mas solidifica a apoteose dramática pretendida), mas não faz de Lembranças um filme memorável. Isso não quer dizer que a fita de Allen Coulter seja ruim, apenas equivocada. A indisposição de Tyler (Robert Pattinson) nunca é justificada para a platéia, embora se tente fazer isso a todo o tempo. Sabe-se o porquê dele ter cedido ao comportamento maníaco-depressivo que o caracteriza e atrai Ally (Emily De Ravin) - outra marcada por um trauma familiar forte - mas nunca se entende a razão dele ser uma âncora para ele e para sua família. O roteiro tenta amenizar essa falha trazendo uma frase de Gandhi que é entoada em dois momentos cruciais do filme por Tyler, mas mesmo esse subterfúgio falha em seu propósito.
Emily De Ravin e Robert Pattinson em cena de lembranças: personagens profundamente dramáticos, ainda que não haja profundidade

O filme parece ter sido construído, primordialmente, para potencializar a aura angustiada de Robert Pattinson. Nem a realização, nem o próprio Pattinson parecem sabe como conferir profundidade a isso, que no frigir dos ovos, é apenas uma imagem.
Lembranças tem boas cenas e bons momentos. Mesmo assim é um filme que não cativa. Talvez pela opção de se espelhar em seu protagonista e ser dramático (ao excesso), pelo simples prazer de sê-lo.

sábado, 20 de março de 2010

ESPECIAL ILHA DO MEDO - Ponto final

Para encerrar o ESPECIAL ILHA DO MEDO aqui em Claquete, vejamos o que já foi dito sobre o filme de Scorsese:


“Não há dúvidas de que Scorsese ainda é o cara!”, David Edwards do Daily Mirror

“É um maravilho e visceral filme de terror. Um dos filmes mais prazerosos de Scorsese”, Christopher Tookey do Daily Mail

“Grande diretor, péssimo material. Scorsese roda um filme de horror, mas a virada final não foi tão surpreendente para mim. A história não vende”, Paul Chambers da CNN

“Umberto Eco escreveu: Dois clichês nos fazem rir, mas cem clichês nos tocam, porque sentimos que os clichês estão se comunicando entre eles, celebrando uma reunião. Ilha do medo é essa reunião.", Anthony Lane da revista New Yorker

“Um filme que te faz querer adivinhar o final e, milagrosamente, faz esse exercício de adivinhação valer a pena”, Tom Long do Detroit News

“Desde Touro indomável o senhor Scorsese não casava tão plenamente brutalidade com beleza e desde Kundun um de seus filmes não parecia tão pretensioso”, John Anderson do Wall Street Journal

“Se Martin Scorsese não tivesse ciência de que é um excepcional cineasta, ele nunca teria feito um filme tão ruim quanto Ilha do medo”,
Mick LaSalle do São Francisco Chronicle

“Um filme indisfarçavelmente cheio de insinuações visuais que apela aos cinéfilos”, Carrie Rickey do Philadelphia Inquirer

“O filme agrada! E funciona maravilhosamente bem!”, Owen Gleirberman da Entertainment weekly

“Martin Scorsese faz filmes como se sua vida dependesse disso. Nunca perdendo o sentimento e a veracidade de vista”, Peter Travis da Rolling Stone

ESPECIAL ILHA DO MEDO - O melhor filme de Scorsese por você



Durante essa semana o leitor(a) de Claquete pôde votar em uma enquete particularmente complicada. Eleger o melhor filme de Martin Scorsese não é algo fácil. Aliás, não há como dizer nem mesmo que seja algo justo. Mas existem preferências e critérios de ordem pessoal que merecem voz. E como não poderia deixar de ser, tratando-se da obra de Scorsese, praticamente todos os filmes foram votados. Só não receberam votos A época da inocência e Caminhos perigosos. Os infiltrados, eleito o 22o melhor filme da década na lista que Claquete está editando aos domingos e que há duas semanas foi eleito - pelo leitor(a) - o melhor fruto da parceria Scorsese & DiCaprio, foi escolhido como O MELHOR filme de Martin Scorsese. Foram 9 votos que conferiram o título ao filme que se passa em Boston. Taxi Driver, clássico dos anos 70, ficou em segundo na preferência dos leitores e Touro indomável, com 5 votos, alcançou a terceira posição. Os bons companheiros e Cassino receberam 4 votos e dividiram a quarta posição. O recente Ilha do medo angariou 2 votos e mostra potencial de crescimento em uma futura eleição sobre o melhor Scorsese, tendo em vista que ainda é um filme pouco visto em relação aos demais.
Importante notar que o equilibrio da votação demonstra a força do cinema do diretor. Issa impressão foi potencializada pelo sistema de votos. Cada leitor(a) podia escolher até 3 filmes em seu voto. Então, mesmo que Os infiltrados não fosse a primeira opção de muita gente, foi o mais lembrado. O que certamente lhe concede a justa alcunha de melhor Scorsese já que marcou a memória de mais pessoas.

Para celebrar Scorsese (porque nunca é demais celebrá-lo) e também ao filme mais votado, segue um pequeno video com uma das melhores falas de Os infiltrados.
Alec Baldwin e Mark Wahlberg falam a língua dos "tiras" e reparem na cara do infiltrado Matt Damon. Um dos prazeres do cinema de Scorsese!


De olho no futuro...

Freud ainda vai estar bem representado!
O ator vencedor do Oscar Christoph Waltz se retirou do projeto que levará a rivalidade de Freud e Yung às telas de cinema. Para substituir o austríaco, David Cronenberg convocou seu parceiro, Viggo Mortensen para encarnar o pai da psicanálise. The talking cure, com pré-produção agendada para começar ainda esse mês, será a terceira colaboração de Cronenberg e Mortensen.

A arte imita a vida?
Eles já foram namorados. Por bons três anos. A relação não terminou bem (como se houvesse alguma relação que terminasse bem né gente!?). Mas Justin Timberlake e Cameron Diaz deram uma grande demonstração que o tempo é mesmo o melhor dos remédios. Ambos estrelam a comédia romântica Bad teacher em que Cameron faz uma professora abandonada pelo namorado que tenta conquistar o professor substituto boa pinta vivido por Justin, que tem namorada. E aí, o que será que sai dessa encrenca?



Justin fazendo tipo tímido e Cameron toda soltinha: O que será que passa pela cabeça dos pombinhos nas cenas de maior intimidade?


Ainda estamos falando do mesmo filme?
A Summit, estúdio responsável pela produção dos filmes da saga Crepúsculo, anunciou essa semana que enviará o roteiro do quarto capitulo da saga, Amanhecer, para três diretores e que um deles deverá ser o responsável pelo quarto filme. O fato curioso reside nos nomes anunciados. Gus Van Sant de Milk- a voz da igualdade, Sofia Coppola de Encontros e desencontros e Bill Condon de Dreamgirls. Todos diretores do primeiro time e pouco afeitos a blockbusters de ação (o que no fundo a saga Crepúsculo quer ser). O que será que a Summit quer? Um desfecho com uma pegada de filmes como Elefante (de Vant Sant), As virgens suicidas (de Sofia Coppola) e Kinsey –vamos falar de sexo (de Bill Condon)?



Gus, Sofia e Bill: Três indicados ao Oscar para arrematar a história de amor e tragédia de Bella e Edward

Agora sim!
Finalmente, depois da baboseira que foram os dois Aliens vs predadores, Os caçadores intergalácticos, ao que parece, receberão um filme a altura de sua mitologia. O primeiro trailer da produção que traz Adrien Brody e a brasileira Alice Braga caiu na rede essa semana. E, lógico, você confere aqui em Claquete.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Contexto

Sobre solidão

Heath Ledger e Jake Gyllenhaal vivem uma grande paixão em O segredo de Brokeback Mountain: O segredo da montanha é que só ali eles não estavam "sós"

Uma das virtudes da estréia na direção de Tom Ford, é justamente a sensibilidade com que ele aborda a solidão. Direito de amar (A single man, EUA 2009) mostra com ritmo lento e contemplativo a forma como um homem reage a perda do grande amor de sua vida. Mais que isso, em Direito de amar, é possível observar a inadequação que marca a trajetória de vida deste homem e a forma como é potencializada pela perda de seu companheiro. George (Colin Firth) perde o parceiro de 16 anos em um acidente de carro. É privado, pela família do namorado, de comparecer ao funeral. A elaboração do luto é dolorosa e vagarosa. George não consegue reerguer-se e enxergar sentido na vida novamente. O tom dramático do registro encontra paralelo em muitas pessoas que cedem a depressão após o fim de um relacionamento. Mas é ainda mais bem sucedido na análise que faz da relação de um homem, que no caso é gay, consigo mesmo. A sexualidade aqui importa muito porque tangencia sentidos e sentimentos que escapam aos heterossexuais. Uma vez que uma pessoal homossexual é muito mais propensa ao isolamento. Essa condição é valorizada no filme. Mais de um personagem faz alusão ao fato com a fala “Somos invisíveis”.

Meryl Streep, Julianne Moore e Nicole Kidman, as mulheres de As horas: em busca de compreensão e conforto emocional


A introspecção sugerida por Direito de amar acompanha uma tendência que se verifica em muitos filmes que abordam a solidão a partir da temática homossexual. No grande sucesso de público e critica O segredo de Brokeback Mountain, a solidão é a maior companheira de dois cowboys que vivem uma paixão a reboque dela. No estupendo As horas, três mulheres em tempos diferentes encontram-se na mesma situação. Incompreendidas e solitárias. Mesmo que tenham fama (caso da personagem de Nicole Kidman), sucesso (caso da personagem de Meryl Streep) ou estabilidade (caso da personagem de Julianne Moore). A solidão pode existir mesmo quando se está acompanhado como no filme de Todd Haynes, Longe do paraíso, onde um casamento de aparências se sustenta pela imposição social. O marido,vivido por Dennis Quaid, (homossexual enrustido) e a mulher, vivida por Julianne Moore, não se compreendem e desgastam-se continuamente, até que um deles decide romper com as aparências. A incompreensão e a solidão foram fortes chamarizes à experiência homossexual vivida pela personagem de Mischa Barton em Assunto de meninas.


Piper Perabo e Jessica Paré se beijam em Assunto de meninas: Os sentimentos se confundem pelo caminho

É lógico que há filmes que abordam a solidão de maneira rica e satisfatória sem fazerem uso da temática homossexual. Contudo, é inegável que alguns dos melhores filmes que se desdobram sobre o tema, partem dessa zona de convergência.





Se você gostou desse artigo e quiser repercutir o tema sob esse ou outros pontos de vista, Claquete recomenda:

Billy Elliot, de Stephen Daldry (Billy Elliot, EUA 2000)
Assunto de meninas, Lea Pool (lost and delirious, EUA 2001)
O segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee (Brokeback mountain, EUA 2005)
C.R.A.Z.Y – loucos de amor, Jean Marc Vallée (CRAZY, CAN/FRA 2005)
As horas, de Stephen Daldry (The hours, EUA 2002)

Cenas de cinema

Penn visita o Haiti
Militante notório, Sean Penn sempre foi esquerdista. Engajou-se contra a guerra do Iraque, ajudou pessoalmente na reconstrução de Nova Orleans, publica artigos regularmente relativizando as glórias do capitalismo e recentemente aderiu a causa gay. Ganhou até mesmo um Oscar por isso. Penn é hoje, muito provavelmente, a celebridade Hollywoodiana mais engajada em causas diversas e muitas das vezes conflitantes. A companhia dos irmãos Castro e do popularesco Hugo Chavez pouco acrescentam a sua cruzada em defesa dos direitos homossexuais, por exemplo. Contudo, é inegável o esmero de Penn em ajudar. Mesmo que as vezes de forma destrambelhada. Essa semana o ator esteve no Haiti em missão da ONU. É o tipo de coisa que mostra que ele pode ser genioso, pode achar que Fidel Castro é um patrimônio da humanidade e que Chavez é o melhor para Venezuela, mas que ainda assim, é um cara legal.



Penn conversa com um militar americano no Haiti: Convicções tão fortes quanto a vontade de ajudar

Foi apenas um sonho
A vida não traz finais felizes como nos contos de fadas. Se essa é uma das obsessões do cineasta Sam Mendes, agora ele terá mais conhecimento empírico para aplicar a seus filmes. O casamento de seis anos com a atriz Kate Winlet acabou. Informou um escritório de advocacia de Nova Iorque que cuida dos tramites legais. De acordo com o porta voz do escritório, “eles estão separados desde janeiro e a decisão foi inteiramente amigável”. É o tipo de declaração difícil de acreditar quando vinda de um porta voz de um escritório de advocacia.


Sam e Kate em uma foto da edição do Oscar de 2009 da Vanity Fair: especulações brotam de todo canto para entender o que deu errado


A empolgação de James Cameron
Ele ficou 12 anos sem lançar um filme e agora quer recuperar o tempo perdido. Empolgadíssimo com o frisson em torno de Avatar, e do 3D, Cameron desanda a anunciar projetos. Estão alinhados, as duas continuações de Avatar – a primeira inclusive intitulada de Na´vi - uma adaptação de um mangá japonês e o relançamento de Titanic em 3D. É isso mesmo Jack e Rose vão voltar em terceira dimensão. E nessa segunda afundada do Titanic, o 3D pode ir junto.

Alice & Jude
Alice Braga está com tudo. Atualmente apresentando o programa superbonita do GNT, a atriz está em duas aguardadas produções hollywoodianas desse 2010. Em Predators, reboot (recomeço de uma história) da saga que teve inicio em 1986 com o hoje governador da Califórnia, e em Repo men (no Brasil, Os coletores), que estréia neste fim de semana nos EUA. Ambos blockbusters de ficção científica. Em Repo men, ela divide a cena com Jude Law. Inclusive há uma cena de sexo. “Me deu um frio na barriga. É sempre difícil quando você trabalha com alguém que você admira”, resumiu a atriz sobre a cena em questão.

Depois do Oscar, o divórcio!
Sandra Bullock pode viver um momento muito especial em sua carreira, mas a vida pessoa poderia estar melhor. A atriz saiu essa semana da casa que divide com o marido, o bad boy e apresentador de TV Jesse James. A razão para a separação foi a descoberta da traição de James. Casados desde 2004, Sandra e James aparentavam harmonia. Ela, inclusive, fez efusivas declarações de amor e reconhecimento ao marido em seus discursos de agradecimento nas cerimônias do Oscar e do SAG. A revista In Toutch dessa semana traz em matéria de capa os detalhes da traição. Segundo apurou a revista, James teria um caso com uma “modelo erótica” há onze meses.

Depois da glória, a humilhação pública: E tem gente que ainda faz piada e diz que é uma "maldição" do Oscar


Feitos um para o outro
Há quem diga que Lady Gaga é o Tarantino da música pop. Uma referência a estética ousada de ambos e ao gosto excêntrico no tocante a concepção visual do trabalhos dos dois. Pois bem. Eis que circula na imprensa americana a notícia de que Tarantino já teria convidado
Gaga para estrelar um novo filme. No papel de uma assassina. Como assim? Lady Gaga em um filme de Tarantino? Como é que não tiveram essa idéia antes?


Lady Gaga faz miau: A nova musa de Tarantino?


Aquecimento Eclipse
Fãs de Crepúsculo podem ver seus astros prediletos no cinema e ir se aquecendo para o lançamento do terceiro filme da série. Idas e vindas do amor (que traz Taylor Lautner em um pequeno papel) está em cartaz, Lembranças (que traz Robert Pattinson como protagonista) estreou no fim de semana passado mundialmente e estréia neste final de semana, nos EUA, The runaways (filme que traz Kristen Stewart e Dakotta Fanning como protagonistas). É o aquecimento dos sonhos! Para fã nenhum botar defeito.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Critica - Direito de amar

A superficialidade asfixiante da vida

A estréia na direção do estilista Tom Ford é das coisas mais surpreendentes dos últimos anos no cinema. Direito de amar (A single man, EUA 2009) é, nas palavras de seu próprio diretor, fruto de uma angústia sua. É senso comum na produção cultural que os grandes artistas criam a partir de aflições e inquietações dessa ordem.
Ford, que também escreveu o roteiro do filme, mostra sensibilidade autoral e técnica impensada para um estreante. Belos planos, a confiança na habilidade dos atores de contar a história, a boa administração da composição técnica (música, fotografia, figurinos e direção de arte) e, mais do que isso, profundo esmero narrativo. Ford soube como contar sua história de maneira minimalista e ritmada.
George Falconer (Colin Firth) é um professor universitário que não consegue se recuperar da morte do parceiro. Acompanhamos Falconer no dia em que decide tirar sua própria vida. Através de suas lembranças, que pontuam esse dia, percebemos como ele chegou àquela profunda tristeza e o porquê se sente desmotivado em divorciar-se dela.

Quando acordar dói: George é um homem em busca de sentido na vida

Em Direito de amar, Ford não faz nenhum tipo de militância. Embora seja homossexual assumido e aborde um universo homossexual, o diretor não o faz com complexo de minoria. A história de amor, e a relação de George com Jim (Mathew Goodie), são vívidas e inspiradoras. Em uma explanação sobre um livro que George dá a uma audiência de estudantes, Ford permite-se sublinhar a incompreensão que gravita o tema e mesmo assim o faz com elegância. Direito de amar, por tudo que representa e evoca, é um filme sobre a superficialidade. Sobre os excessos. Do desejo à falta dele. Muitos criticaram o apuro do filme. A perfeição dos cenários, o corte impecável do terno de George, os cabelos maravilhosamente penteados, o voyeurismo de Ford em algumas cenas, entre outras coisas. A bem da verdade, Ford se excede em um ou outro momento, mas isso não pode ser tomado como algo involuntário ou inerente ao ofício de estilista. Sabe-se vestir bem, mas de que isso adianta? Pergunta Ford. Tanto Charlotte (Julianne Moore, em participação marcante), grande amiga de George, tanto quanto o próprio George e os demais personagens que dão as caras em Direito de amar parecem modelos, dada a perfeição da postura e o alinhamento das roupas. Mas são todos desajustados. De uma forma ou de outra.
A fotografia do filme, nesse sentido, é de uma sutileza extraordinária. Ford e seu fotógrafo, Eduard Grau, acinzentam a imagem sempre que George aparece em um momento de introspecção doída. As cores voltam com brilho quando ele, de alguma forma, sente-se amado. A vida não deixa de ser assim. Maquiamos-nos e enfeitamos-nos todos para disfarçar ou ocultar nossos medos. Medos que geram angústias. E como sair delas? Tom Ford fez esse belo filme sobre como tentar.

Julianne Moore e Colin Firth em uma das grandes cenas do filme: Dois atores em estado de graça

Vale destacar também a excepcional trilha sonora de Abel Korzeniowski. Que ajuda a imprimir o tom do relato. Sem essa trilha, Ford não conseguiria alcançar o coração do espectador. Mas o grande trunfo de Direito de amar, que assegura o sucesso do filme, é Colin Firth. O ator entrega a performance de sua vida. Uma atuação sem vaidades (em um belo exercício de paradoxo, já que seu personagem é vaidoso) e que reveste o filme de Ford de sentimento. No mundo esterilizado em que não há sentido se você não for capaz de se conectar com outro ser humano, é Firth quem se conecta com a platéia.

terça-feira, 16 de março de 2010

ESPECIAL ILHA DO MEDO - Perfil: Mark Ruffalo

Um operário de respeito

Nascido Mark Alan Ruffalo em Wisconsin, esse americano de 42 anos é daquelas pessoas que sempre soube o que queria ser. No caso, ator. Na adolescência, já estabelecido em Los Angeles (a família mudara para a Califórnia logo depois do nascimento de Mark, o segundo de 4 filhos), estudou artes cênicas no conservatório Stella Adler, o mesmo frequentado por Benicio Del Toro. Ruffalo sempre se sentiu atraído pelos palcos, porém, não conseguia oportunidades, nem mesmo na tv. Mudou-se para Nova Iorque e enquanto não conseguia obter sucesso como ator, se esquivava como bartender em bares do circuito off Broadway. Ele já havia atuado em alguns comerciais de tv, em alguns telefilmes e feito uma ponta no western de AngLee, Cavalgada com o Diabo. Mas a carreira teimava em não se consolidar.
A grande chance veio com a peça “This is our youth”. Ele impressionou critica e produtores com sua performance de um homem desesperançado. Surgiram os primeiros convites para o cinema independente. Em Conte comigo (2000), dirigido por Kenneth Lonergan – autor da peça “This is our youth”, teve sua primeira grande chance. No filme, ele faz o irmão com problemas de intimidade de Laura Linney, tendo sido indicado ao critic´s choice awards de melhor ator coadjuvante. Logo em seu primeiro papel maior no cinema, em uma de suas primeiras incursões na tela grande, Ruffalo foi saudado como um ator interessante e muito talentoso.

Em Zodíaco de David Fincher ele faz um policial linha dura

O cinema independente continuou sendo um porto seguro. Seguiram-se projetos elogiados como Brilho eterno de uma mente sem lembranças (2004), Minha vida sem mim (2003) e Tentação (2004) e questionados como Em carne viva (2003). O cinema comercial passou a se abrir para Ruffalo pela comédia. Trabalhou com Gwyneth Paltrow e Mike Myers sob as ordens do brasileiro Bruno Barreto em Voando alto (2003) e contracenou com Jennifer Garner no engraçadinho De repente 30 (2004).

Ao lado de Julianne Moore nas ruas de São Paulo onde gravou cenas de Ensaio sobre a cegueira de Fernando Meirelles


Projetos e mais projetos
A boa impressão deixada por Conta comigo ajudou a solidificar o status de operário de Ruffalo em Hollywood. Aquele tipo de ator competente, reconhecível pelo grande público, aprazível a critica e sem ataques de estrelismos que possam ofuscar o próprio filme. Colaborações com diretores do primeiro time como Michael Mann em Colateral de 2004 ou blockbusters, como E se fosse verdade..., começaram a ser uma constante para o ator.
Casado desde o ano 2000 com Sunrise Coigney, pai de três filhos, Ruffalo é avesso às badalações que pautam a vida de certas estrelas. É difícil vê-lo em festas e eventos promovidos em Hollywood, a não ser nas premieres em que é contratualmente obrigado a comparecer.
Contudo, Ruffalo não faz corpo mole. Fazendo valer a máxima de operário hollywoodiano, está sempre trabalhando. É um dos atores mais regulares da atualidade. Está presente em pelo menos três filmes por temporada e, sempre que possível, nos palcos também.


Ruffalo em momento "Too sexy for my love"


Em 2010, além de contracenar com Leonardo DiCaprio em Ilha do medo, Ruffalo reencontra sua parceira de Ensaio sobre a cegueira (2008), Julianne Moore em The kids are all right, sucesso no festival de Berlim, e em Uma noite fora de série, contracena com os comediantes do momento, Steve Carrel e Tina Fey.
O ator já está envolvido em pelo menos mais seis projetos. O trocadilho é imperativo. Fazendo valer o título de seu primeiro filme de destaque, Ruffalo, com seus trabalhos sempre ostensivos, parece dizer: “Contem comigo”.

Ao lado de Leonardo DiCaprio em Ilha do medo: um ator reconhecível e competente
Ruffalo´s top 5:

5- Zodíaco (Zodiac, EUA 2007)
No drama de David Fincher sobre o serial Killer que assombrou São Francisco nos anos 70, Mark Ruffalo vive com gosto e convicção um personagem real e que inspirou o célebre dirty Harry de Clint Eastwood.

4 – Ensaio sobre a cegueira (Blindness, JAP/ CAN/BRA 2008)
A tradução de Fernando Meirelles da visão pessimista de José Saramago não seria a mesma sem a força interpretativa de Ruffalo. O ator não era a primeira opção do cineasta que queria o Bond Daniel Craig, mas foi o membro do elenco mais elogiado por Fernando Meirelles na abertura do festival de Cannes de 2008, ocasião em que o filme foi exibido pela primeira vez.

3- Dizem por aí (Rumor has it, EUA 2005)
Nessa comédia cheia de referências cinematográficas orquestrada por Rob Reiner, Ruffalo mostra que sabe jogar para o time. Ele joga a bola para os parceiros de cena, especialmente Jennifer Aniston, brilharem.

2- Traídos pelo destino (Reservation road, EUA 2007)
Vivendo um homem consumido pelo culpa e que se esconde atrás da covardia do anonimato, Ruffalo joga luz sobre as sombras que tragam o homem comum no comovente drama de Terry George.

1- Tentação (we don´t live here anymore, EUA 2004)
No drama sobre relacionamentos de John Curran, o ator vive um homem atraído pela vizinha que não sabe como se posicionar em relação a esse sentimento e a percepção de que sua mulher também está atraída por outra pessoa. Ruffalo abraça o personagem com simpatia e sem receios.

Ao lado de Naomi Watts no drama independente Tentação: Uma performance verdadeira e sem julgamentos