O novo filme do cineasta sueco Lasse Hallström é uma história comovente e real sobre a amizade, o carinho, a lealdade e o amor incondicionais de um cão por seu dono. O filme, embora fortaleça a impressão que se tem de que todo o fim de ano, além de um filme de fantasia, precisa-se de um filme estrelado por um cachorro para fechar o ano com chave de ouro e lágrimas no lenço, é digno de nota.
Sempre ao seu lado (Hachiko: a dog´s story EUA 2009) é um remake de um filme japonês que contava a história de um cão da raça akita que mesmo depois da morte de seu dono continuava indo a estação de trem esperar por seu retorno. Essa história, que ocorreu no princípio do século passado, virou um poderoso elemento da cultura japonesa, a ponto do cão ter recebido uma estátua em sua homenagem.
Na versão americana, Richard Gere vive Parker Wilson, um professor de música que encontra um filhote de akita abandonado e o leva para sua casa. Aos poucos ele constrói uma relação afetuosa com Hatchi.
Sempre ao seu lado não esconde suas maquinações para levar as platéias ás lágrimas. Elas brotam até mesmo no trailer do filme. Contudo, a despeito da veia manipuladora de Hallström, a história de Hatchi é poderosa. E o amor que se vislumbra, que rompe as barreiras da compreensão, é puro, honesto e generoso. Sempre ao seu lado é uma história cristã. Um amor puro e casto como esse não se vê tão frequentemente, ainda mais no cinema.
Outro ponto interessante de se notar é a mensagem do filme. É óbvio que as fáceis lições de moral sobre lealdade e amizade estão lá; intactas e cristalinas. Mas o grande trunfo da fita é mostrar a intensidade do carinho, do amor, da devoção de Hatchi a seu dono. Para estabelecer uma comparação, no também emocionante Marley & eu ano passado, a vida de Marley é a ponte para as mudanças pelas quais John (personagem de Owen Wilson) passou em sua vida e rotinas familiar e profissional. Aqui o foco é mais modesto, mas muito mais eficiente em termos dramáticos.
Um filme que enaltece o mais puro, sincero e verdadeiro amor
Sempre ao seu lado é um filme digno que ainda traz uma frase maravilhosa e revestida de sabedoria. Quando Parker indaga a um colega professor por que os cães da raça akita não correm atrás da bola quando o dono a joga e ouve do amigo: “Lembre-se que eles são japoneses, não americanos. Não podem ser comprados”. Em uma outra cena essa frase espirituosa contribuirá para mais um punhado de lágrimas.