10 –
Dança com lobos (Oscar de 1990)
Não que o trabalho de Kevin Costner seja ruim. Mas esse épico sobre as relações turbulentas do homem branco consigo mesmo, com os índios e com a natureza não tinha metade da força de seus demais concorrentes.
Os bons companheiros, talvez o mais encorpado dos clássicos modernos, era o melhor filme do ano. Mas se fosse para manter a maldição a Scorsese (desfeita recentemente) que premiasse o terceiro filme da saga
O poderoso chefão (inferior aos dois primeiros, mas ainda assim genial), ou o romance
Ghost (um sucesso de bilheteria irresistivelmente charmoso).
9-
Shakespeare apaixonado (Oscar de 1999)
Ainda hoje críticos de cinema balbuciam quando instigados a explicar como essa bobinha, mas bem realizada, fita de John Madden, prevaleceu ao poderoso e atordoante
O resgate do soldado Ryan de Steven Spielberg. Um dos melhores filmes de guerra da história do cinema, e seguramente o melhor filme de 1998, ficou sem o aval que o Oscar de melhor filme lhe devia. Uma injustiça que por mais premiado que Spielberg fosse, ou que ainda seja, jamais será justificada.
8 –
O senhor dos anéis: O retorno do rei (Oscar de 2003)
Ok, a trilogia baseada na obra de Tolkien é um triunfo de realização que merecia ser reconhecido. Mas a indicação dos três filmes ao Oscar de melhor filme mais o sem número de Oscars que a trilogia angariou já deveriam fechar a conta. Não só é incoerente dar o Oscar de melhor filme a uma produção que é literalmente uma continuação metrada de outros dois filmes que não foram premiados, como o é, fazê-lo quando há, competindo na mesma categoria, o filme
Sobre meninos e
lobos. O filme de Clint Eastwood era um triunfo em todos os aspectos possíveis e imagináveis. O filme acabou ganhando dois Oscars de atuação e Eastwood fez
Menina de ouro no ano seguinte para deixar a Academia encurralada. Tiveram de premiá-lo com os Oscars de direção e filme.
7-
Titanic (Oscar de 1998)
Essa é histórica.
Titanic, uma história de amor com efeitos especiais de última geração, abocanhou 11 Oscars, na esteira de bilheteria recorde que construía. Ao sagrar a história de amor impossível de James Cameron como um dos melhores filmes da história, a academia deixou de premiar filmes muito mais contundentes e importantes como
Melhor é impossível,
Gênio indomável e
Los Angeles, cidade proibida.
6 –
Gente como a gente (Oscar de 1981)
O filme de Robert Redford é muito bom, é preciso ressaltar.Mas
Gente como a gente, estréia na direção vitoriosa do ator e liberal Redford, não faz sombra a
Touro indomável, preterido na disputa. A injustiça foi tão grande e defenestrada que hoje, enquanto o filme de Scorsese é tido como um dos melhores filmes da história,
Gente como a gente não é nem mesmo lembrado em listas protocolares.
5 –
Rock – um lutador (Oscar de 1977)
Esse é o outro caso de ceder a antropologia para tentar entender a razão de tamanha injustiça. Em um ano com filmes excepcionais, como
Taxi Driver, de Scorsese (de novo ele),
Todos os homens do presidente, de Pakula e
Rede de intrigas de Sidney Lumet parece até piada premiar
Rocky – um lutador. Apesar do filme estrelado por Stallone ter a poderosa simbologia do sonho americano, algo que o Oscar ajudou a tangenciar, é inegável que o filme era o mais fraco dos concorrentes. Ao invés de premiar a arte, a Academia optou por um viés político-sociológico, como faria mais algumas vezes no futuro.
4 –
A ponte do rio Kwai (Oscar de 1958)
Um outro caso de filme bom, mas inferior a seus concorrentes.
A ponte do Rio Kwai, perto dos excepcionais e inovadores
Doze homens e uma sentença,
Testemunha de acusação e
Sayonara, parecia arroz de festa. E como muitos penetras por aí, saiu com o melhor da festa.
3 –
Crash – no limite (Oscar de 2006)
Mais um caso de filme bom, mas inferior aos concorrentes (Gente estamos falando da categoria de melhor filme!). A vitória de
Crash- no limite foi um sinal de que a academia ainda não estava pronta a se livrar de certas amarras. Reconhecer um drama sobre preconceito racial (coisa que já havia feito antes) seria melhor do que reconhecer um filme que discutia abertamente o preconceito de ordem sexual (O segredo de brokeback Mountain), reconhecer um filme que admitia que os judeus, grande maioria da academia, também foram anjos vingadores (Munique) ou um filme que falasse do passado negro da América para advertir sobre o futuro (Boa noite e boa sorte). Ficou-se com o filme bom, não o melhor.
2 –
Quem quer ser um milionário? (Oscar de 2009)
Essa é uma injustiça homérica.
Quem quer ser um milionário?, um filme cheio de vícios e deficiências ganhou oito Oscars e sagrou-se o melhor filme de 2008. A injustiça aqui não é tão grande por esse filme independente ter superado filme superiores como
O leitor e
O curioso caso de Benjamin Button; ela é gritante por ele ter sido o primeiro independente a triunfar nesses termos, sendo que filmes independentes muito melhores não o fizeram em anos anteriores.
Pequena miss sunshine,
Juno,
Brilho eterno de uma mente sem lembranças e
Encontros e desencontros são todos superiores ao filme de Danny Boyle. Não para o Oscar.
1 –
Avatar? (Oscar de 2010)
Ok, essa ainda não aconteceu. Mas está no ar.
Avatar, tal qual
Titanic, amealha dólares aos montes nas bilheterias de todo o mundo e pode se beneficiar de um Oscar (o programa de TV) carente por audiência. Só para constar, existem filmes muito, mais muito melhores na disputa. Alguns exemplos:
Amor sem escalas,
Bastardos inglórios,
Guerra ao Terror e a ficção científica
Distrito 9. Se
Avatar prevalecer com sua história xoxa e sua bilheteria transcendental ante filmes de verdade, estará configurado um desserviço da academia ao bom cinema.