Todo mundo sabe que George Romero é o dono da cocada preta
em matéria de zumbis no cinema. Ok, talvez nem todo mundo saiba que foi Romero
quem formatou o conceito de zumbi e deu viço a ele nos cinemas com o filme A
noite dos mortos vivos (1968). Depois do lançamento do filme, a popularidade
dos mortos vivos só fez crescer. Nada, no entanto, que se compare a febre que
assola a cultura pop há alguns anos. O grande expoente dessa nova onda não
surgiu exatamente no cinema. Depois de uma brisa no videogame, a febre atingiu
seu pico com a série "The walking dead" na TV. Contudo, pode-se dizer novamente
que o cinema está por trás desse resgate à adoração pelos zumbis.
Alguns filmes lançados na década passada anteciparam essa
vibe que cerca o lançamento de Guerra mundial Z, protagonizado por Brad Pitt.
Cillian Murphy experimenta a solidão no icônico Extermínio (2002)
Danny Boyle é responsável direto por esse resgate dos zumbis
direto do cinema dos anos 60 e 70. Em Extermínio (2002), pequeno filme inglês
que arrasou nas bilheterias mundiais e conquistou a crítica internacional de
maneira efusiva, o diretor que mais tarde ganharia o Oscar por Quem quer ser um
milionário? atualiza este universo com zumbis velozes, mais inteligentes do que
o habitual e que são resultado de uma epidemia biológica disseminada com origem
militar. O filme ganhou uma eletrizante sequência em 2007. Antes, porém, os
zumbis voltaram à ordem do dia em Madrugada dos mortos (2004), remake da
seminal obra de Romero tocada por um então estreante Zack Snyder. Madrugada dos
mortos era um filme de zumbi clássico, mas perfeitamente adornado para os novos
tempos. Sucesso imediato e carreira feita, tanto para Snyder – que engataria o
sucesso 300 na sequência – como para os zumbis que voltaram com tudo ao topo da
pirâmide da cultura pop. Se os vampiros adotaram a purpurina com Crepúsculo, os
zumbis seguiram atrozes e propícios à alegoria política. O próprio Romero
voltou à ativa com Terra dos mortos (2005), um filme inferior a Extermínio e
Madrugada dos mortos, mas um filme de Romero em todas as suas vicissitudes,
imperfeições e genialidades. O diretor recicla a ideia dos conflitos sociais –
que abasteceu suas severas crônicas sobre o termostato da sociedade ao longo
dos anos – em A ilha dos mortos (2009), em que duas famílias rivais que
controlam uma ilha discordam sobre o extermínio ou não dos mortos-vivos.
Ação zumbi: Madrugada dos mortos provou que os zumbis estavam mais vivos do que nunca...
Humor negro: a perola inglesa Todo mundo quase morto conferiu novo status aos mortos vivos no cinema
Outro filme que pode ser agregado a esse balaio de
referências zumbis, é Zumbilândia. A comédia de ação acompanha quatro
personagens, totalmente distintos entre si, no pós-apocalipse zumbi.Com uma
hilária participação de Bill Murray, o filme rapidamente tornou-se cult e irá
virar uma série de TV. Mas os ingleses vieram antes com Todo mundo quase morto.
A hilária sátira dirigida por Edgar Wright e estrelada por Simon Pegg e Nick
Frost mostra um sujeito alienado que se descobre no meio de uma epidemia de
zumbis.
No início de 2013, Meu namorado é um zumbi, adaptação de uma
bem sucedida obra-literária homônima, preserva o humor nonsense de Zumbilândia
e acresce uma pitada de romance improvável ao mostrar o amor entre uma humana e
um zumbi. Se é um sinal do vigor do subgênero no cinema, Meu namorado é um
zumbi é, também, demonstração de que este atual ciclo dos zumbis no cinema se
aproxima de seu esgotamento.