Todo ano tem seu filme evento. O departamento de marketing
dos estúdios trabalha para que todo ano tenha muitos filmes eventos, mas é
difícil produzi-los. Algumas produções, pelo seu gigantismo, por migrarem de
outras mídias ou por reunirem farta constelação de astros acabam organicamente
sagrando-se filmes-evento. Vez ou outra, no entanto, essa organicidade é muito
mais cristalina, vívida e luxuriosa, por que não. É o caso de O grande Gatsby,
nova versão para cinema do clássico mor da literatura americana assinada pelo
australiano Baz Luhrmann. O livro de F.Scott Fitzgerald por si só já seria
capaz de atiçar a indústria cultural, mas enxertado do pop grandiloquente de
Luhrmann, dos extravagantes Moulin Rouge – amor em vermelho (2001) e Romeu + Julieta (1996), a nova adaptação adquire um novo e reconfigurado status.
Os loucos anos 20, como é lembrado o período em que se passa
a narrativa do romance – que acompanha o excêntrico milionário Jay Gatsby
(Leonardo DiCaprio) e sua paixão obsessiva por Daisy (Carey Mulligan) – são
matéria-prima valiosa nas mãos de um cineasta como Luhrmann; capaz de fazer do
exagero um banquete visual robusto.
Luhrmann, elenco e produtores compareceram à premiere do filme no último festival de Cannes
Não foi por acaso que o filme foi escolhido para abrir o
festival de Cannes 2013. O filme de Luhrmann tem como principal expoente sua
síntese do glamour, da sofisticação inerente às joias e aos ternos
esplendidamente alinhados. Assim como o festival de Cannes se pretende ao longo
de seus dez dias de duração. Não à toa, a direção do evento abriu mão da
première mundial – algo tradicional para todos os filmes exibidos em Cannes. Quando O
grande Gatsby foi exibido na Riviera francesa, já havia estreado nos EUA sob
pesadas críticas. Mas a concessão era válida sob o argumento de assegurar o
principal filme evento da temporada.
E O grande Gatsby é o principal filme evento da temporada
porque influenciava a moda antes mesmo de seu lançamento. Grifes como Gucci,
Ralph Lauren, Empório Armani e Tiffany & Co., lançaram coleções no fim de
2012 – para quando o filme estava originalmente programado – inspiradas pelo
deleite visual da obra e pelas indumentárias e acessórios dos anos
20. Não obstante, Luhrmann, tal qual fizera em Moulin Rouge ,
armou-se de uma seleção musical vencedora para agregar interesse ao filme.
Beyoncé, Florence Welch, Lana Del Rey, Fergie, Jay Z, Jack White e Gotye estão
entre os artistas que gravaram composições originais ou regravações
especialmente para o filme. Há, ainda, Leonardo DiCaprio, que para o diretor,
sempre foi Gatsby, segundo confidenciou ao site Omelete durante uma visita ao
set. Outro aspecto que joga a favor do filme é o revival que enseja da era de
ouro, não só do cinema americano, mas da cultura daquele país, com toda a
extravagância e ostentação inerentes.
Por tudo isso, O grande Gatsby se tornou o filme mais
comentado da temporada. O sucesso de crítica, que não veio, seria a cereja no
excêntrico bolo adornado por Luhrmann.
Pois é, pelo que tenho visto a crítica brasileira tem acompanhado a americana... Quer dizer, para quem está de fora e acompanhando as resenhas é bem desestimulante, apesar de todo apelo visual.
ResponderExcluirQual o seu palpite sobre o filme?
Aline: Baz Luhrmann é sempre polêmico, digamos assim. Acho que deve ser um filme interessante, ainda que não seja bom... ( e juro que não estou em cima do muro, rsrs).
ResponderExcluirbjs