A frase que abre essa reportagem é de F.Scott Fitzgerald. Woody
Allen, que homenageou o autor, um de seus ídolos, em Meia-noite em Paris, até
incluiu-a no filme que recupera alguns dos pilares artísticos da década de 20,
da “geração perdida” de escritores americanos, como é lembrado o período em que Fitzgerald
viveu. Jay Gatsby é o herói trágico que definiria a carreira do escritor e
seria a encarnação de uma visão trágica e atemporal do sonho americano.
O grande Gatsby se passa justamente na década de 20, quando
os EUA do pós-guerra viviam fase idílica e próspera estremecida pela chegada da
lei seca, em que ficou terminantemente proibida a ingestão de qualquer bebida
alcoólica.
Baz Luhrmann tem gosto especial por tragédias românticas.
Ergueu sua filmografia basicamente em cima delas. De Romeu + Julieta (1996) a
Austrália (2008), passando pelo incomparável Moulin Rouge – amor em vermelho
(2001). Foi em meio ao sucesso deste último que Luhrmann teve a ideia de
adaptar a obra-prima de Fitzgerald, mas gerou reações dicotômicas. A crítica
americana em geral defenestrou a produção. O prestigiado crítico Peter Travers
escreveu que “Fitzgerald deve estar se revirando no túmulo” e que “talvez haja
filmes piores nessa temporada, mas que dificilmente serão mais decepcionantes”.
Para Travers, nada além dos estonteantes figurinos de Catherine Martin
funcionam. A jornalista e crítica de cinema brasileira radicada em Los Angeles , Ana Maria
Bahiana, se confessou intrigada com a recepção da crítica americana ao filme.
“Embora não seja o filme mais sensacional do ano, ele não é de jeito nenhum o
horror que os críticos americanos estão desenhando”.
Para ela, há duas maneiras de se tratar um monstro sagrado
com fama de inadaptável: com extrema cautela e reverência, ou com ousadia e
risco. Para Bahiana, Luhrmann fez a segunda opção.
Tudo lindo: romanticamente trágico, efusivamente colorido e visualmente vibrante, O grande Gatsby só não é unanimidade
Filmando a tragédia
Leonardo DiCaprio disse em entrevista à revista Serafina que
seu “primeiro pensamento sobre o projeto foi sobre sua grandiosidade e sua
ambição. É o grande romance americano! Encarna tantos ideais e crenças dos EUA,
como a ideia de se transformar em qualquer coisa que se queira”, disse. “É um
personagem complexo, misterioso”, relata sobre seu personagem, Jay Gatsby. “Eu
o vejo como uma figura completamente trágica”, finaliza.
DiCaprio foi a primeira e única opção de Luhrmann para viver
Gatsby, o resto do projeto foi sendo montado depois de assegurada a
participação do astro que já havia filmado Romeu + Julieta com o cineasta.
Mas Gatsby não é um herói convencional. E O grande Gatsby
não abraça o convencional. Tobey Maguire disse ao The New York Times que seu
personagem, Nick Carraway – o narrador – “está afundando na areia movediça da
moralidade”. Todos os personagens, de certa forma, são confrontados com sua
moral e ética em O grande Gatsby que alinhava, ainda, a opulenta crise entre os
velhos ricos (aqueles de berço) e os novos ricos (os que fizeram fortuna); uma
celeuma sempre atual.
O “anacronismo consciente” de Luhrmann, na definição de Ana
Maria Bahiana, na trilha sonora e na estética do filme, lhe servem bem. A
intensidade dos anos 20 brilham no cinema em todo o seu esplendor que conduzem
à iminente tragédia. De Gatsby e também de uma nação.
“O momento de maior solidão na vida de uma pessoa é quando
ela assiste todo o seu mundo ruir e tudo que pode fazer é olhar
impotente”
Trecho de "O grande Gatsby"
Finalmente alguem foi justo com esse Grande filme!! <3
ResponderExcluirObrigado Stephania. Não deixe de ler a crítica do filme tb aqui em Claquete.
ResponderExcluirBjs
O melhor filme de 2013 com certeza!
ResponderExcluirmerece o oscar !!