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sexta-feira, 7 de junho de 2013

Especial O Grande Gatsby - "Me mostre um herói e eu te escreverei uma tragédia"


A frase que abre essa reportagem é de F.Scott Fitzgerald. Woody Allen, que homenageou o autor, um de seus ídolos, em Meia-noite em Paris, até incluiu-a no filme que recupera alguns dos pilares artísticos da década de 20, da “geração perdida” de escritores americanos, como é lembrado o período em que Fitzgerald viveu. Jay Gatsby é o herói trágico que definiria a carreira do escritor e seria a encarnação de uma visão trágica e atemporal do sonho americano.
O grande Gatsby se passa justamente na década de 20, quando os EUA do pós-guerra viviam fase idílica e próspera estremecida pela chegada da lei seca, em que ficou terminantemente proibida a ingestão de qualquer bebida alcoólica.
Baz Luhrmann tem gosto especial por tragédias românticas. Ergueu sua filmografia basicamente em cima delas. De Romeu + Julieta (1996) a Austrália (2008), passando pelo incomparável Moulin Rouge – amor em vermelho (2001). Foi em meio ao sucesso deste último que Luhrmann teve a ideia de adaptar a obra-prima de Fitzgerald, mas gerou reações dicotômicas. A crítica americana em geral defenestrou a produção. O prestigiado crítico Peter Travers escreveu que “Fitzgerald deve estar se revirando no túmulo” e que “talvez haja filmes piores nessa temporada, mas que dificilmente serão mais decepcionantes”. Para Travers, nada além dos estonteantes figurinos de Catherine Martin funcionam. A jornalista e crítica de cinema brasileira radicada em Los Angeles, Ana Maria Bahiana, se confessou intrigada com a recepção da crítica americana ao filme. “Embora não seja o filme mais sensacional do ano, ele não é de jeito nenhum o horror que os críticos americanos estão desenhando”.  
Para ela, há duas maneiras de se tratar um monstro sagrado com fama de inadaptável: com extrema cautela e reverência, ou com ousadia e risco. Para Bahiana, Luhrmann fez a segunda opção.

Tudo lindo: romanticamente trágico, efusivamente colorido e visualmente vibrante, O grande Gatsby só não é unanimidade

Filmando a tragédia
Leonardo DiCaprio disse em entrevista à revista Serafina que seu “primeiro pensamento sobre o projeto foi sobre sua grandiosidade e sua ambição. É o grande romance americano! Encarna tantos ideais e crenças dos EUA, como a ideia de se transformar em qualquer coisa que se queira”, disse. “É um personagem complexo, misterioso”, relata sobre seu personagem, Jay Gatsby. “Eu o vejo como uma figura completamente trágica”, finaliza.
DiCaprio foi a primeira e única opção de Luhrmann para viver Gatsby, o resto do projeto foi sendo montado depois de assegurada a participação do astro que já havia filmado Romeu + Julieta com o cineasta.
Mas Gatsby não é um herói convencional. E O grande Gatsby não abraça o convencional. Tobey Maguire disse ao The New York Times que seu personagem, Nick Carraway – o narrador – “está afundando na areia movediça da moralidade”. Todos os personagens, de certa forma, são confrontados com sua moral e ética em O grande Gatsby que alinhava, ainda, a opulenta crise entre os velhos ricos (aqueles de berço) e os novos ricos (os que fizeram fortuna); uma celeuma sempre atual.  
O “anacronismo consciente” de Luhrmann, na definição de Ana Maria Bahiana, na trilha sonora e na estética do filme, lhe servem bem. A intensidade dos anos 20 brilham no cinema em todo o seu esplendor que conduzem à iminente tragédia. De Gatsby e também de uma nação.

“O momento de maior solidão na vida de uma pessoa é quando ela assiste todo o seu mundo ruir e tudo que pode fazer é olhar impotente”

Trecho de "O grande Gatsby"

3 comentários:

  1. Finalmente alguem foi justo com esse Grande filme!! <3

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  2. Obrigado Stephania. Não deixe de ler a crítica do filme tb aqui em Claquete.
    Bjs

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  3. O melhor filme de 2013 com certeza!
    merece o oscar !!

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