Ele pode fazer qualquer sotaque, mas não esconde que é sua
“baianice” que o diferencia na cena cultural brasileira em que predominam os
sotaques do sul e do sudeste.
Wagner Moura, aos 36 anos, é considerado por muita gente o
melhor ator brasileiro. Se a referência for exclusivamente o cinema, seu
reinado é ainda mais imperioso. Com 18 filmes no currículo, três filmes ainda
por serem lançados em 2013 e uma carreira internacional engatilhada, Moura
parece saltar de boa fase para boa fase.
Ator despudorado em abraçar a visceralidade como registro e
capaz de aliar carisma à profundidade, Moura construiu uma filmografia diversa
e multifacetada. Há legítimos heróis, personagens ambíguos e tipos complexos em
filmes que aspiram sempre algo mais do que o sucesso comercial.
Dono de uma corporalidade insidiosa, Moura sabe trabalhar a
expressividade de gestos e olhares em prol de personagens que exigem que o ator
desapareça neles. É o caso do protagonista de Vips, de Toniko Melo. Um farsante
que se faz passar por outras pessoas, reais e fictícias, e demonstra exímia
capacidade de simulação. Um personagem como o notório capitão Nascimento, no
entanto, exige convicção corporal e expressividade característica. O
personagem, vivido pelo ator em dois filmes, exige, ainda, profunda prospecção
emocional. Em ambos os casos, Moura mostra-se inteligente no uso que faz de seu
físico para estender o alcance dos conflitos dos personagens.
Não é algo que todo ator saiba fazer. Não se trata
exatamente de postura. Trata-se de usar recursos físicos, espontâneos, para
agregar valor a uma caracterização.
Moura parece especialmente atraído por personagens em meio a
conflitos íntimos insinuantes. No recente A busca, por exemplo, antes da busca
pelo filho desaparecido, o que move seu personagem é a inadequação que
experimenta. Seja pelo divórcio mal encaminhado ou pelas arestas mal aparadas
com o pai. Em Tropa de elite, Moura é o homem justo em meio a corruptos que
busca um substituto fidedigno. Em Vips, alguém em busca de identidade. Assim
como em O homem do futuro.
O ator é capaz de trafegar pelos registros mais variados
(comédia, drama...), revelando uma versatilidade rara, mas somente possível
para quem dá a cara à tapa no irregular cinema brasileiro.
Seu borogodó, no fim das contas, tem pouco a ver com
acarajé.
Grande ator mesmo, e tive o privilégio de acompanhar desde os primeiros passos em um tabladinho de um colégio em Salvador, onde estudávamos e ele ainda se apresentava como Wagner Maniçoba.
ResponderExcluirbjs