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sexta-feira, 14 de junho de 2013

Um baiano cheio de borogodó



Ele pode fazer qualquer sotaque, mas não esconde que é sua “baianice” que o diferencia na cena cultural brasileira em que predominam os sotaques do sul e do sudeste.
Wagner Moura, aos 36 anos, é considerado por muita gente o melhor ator brasileiro. Se a referência for exclusivamente o cinema, seu reinado é ainda mais imperioso. Com 18 filmes no currículo, três filmes ainda por serem lançados em 2013 e uma carreira internacional engatilhada, Moura parece saltar de boa fase para boa fase.
Ator despudorado em abraçar a visceralidade como registro e capaz de aliar carisma à profundidade, Moura construiu uma filmografia diversa e multifacetada. Há legítimos heróis, personagens ambíguos e tipos complexos em filmes que aspiram sempre algo mais do que o sucesso comercial.
Dono de uma corporalidade insidiosa, Moura sabe trabalhar a expressividade de gestos e olhares em prol de personagens que exigem que o ator desapareça neles. É o caso do protagonista de Vips, de Toniko Melo. Um farsante que se faz passar por outras pessoas, reais e fictícias, e demonstra exímia capacidade de simulação. Um personagem como o notório capitão Nascimento, no entanto, exige convicção corporal e expressividade característica. O personagem, vivido pelo ator em dois filmes, exige, ainda, profunda prospecção emocional. Em ambos os casos, Moura mostra-se inteligente no uso que faz de seu físico para estender o alcance dos conflitos dos personagens.
Não é algo que todo ator saiba fazer. Não se trata exatamente de postura. Trata-se de usar recursos físicos, espontâneos, para agregar valor a uma caracterização.
Moura parece especialmente atraído por personagens em meio a conflitos íntimos insinuantes. No recente A busca, por exemplo, antes da busca pelo filho desaparecido, o que move seu personagem é a inadequação que experimenta. Seja pelo divórcio mal encaminhado ou pelas arestas mal aparadas com o pai. Em Tropa de elite, Moura é o homem justo em meio a corruptos que busca um substituto fidedigno. Em Vips, alguém em busca de identidade. Assim como em O homem do futuro.
O ator é capaz de trafegar pelos registros mais variados (comédia, drama...), revelando uma versatilidade rara, mas somente possível para quem dá a cara à tapa no irregular cinema brasileiro.
Seu borogodó, no fim das contas, tem pouco a ver com acarajé.

Um comentário:

  1. Grande ator mesmo, e tive o privilégio de acompanhar desde os primeiros passos em um tabladinho de um colégio em Salvador, onde estudávamos e ele ainda se apresentava como Wagner Maniçoba.

    bjs

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