domingo, 17 de janeiro de 2010

ESPECIAL NINE - Insight

Por que os musicais (não) vão dominar o mundo?

Se existe um gênero cinematográfico mais combatido do que a comédia romântica, esse gênero é o musical. Logo após a segunda guerra mundial, junto com a ascensão de Elvis Presley esse gênero se popularizou no cinema americano. Amor sublime amor (1960), uma versão musical de Romeu e Julieta de Shakespeare, foi um dos primeiros exemplares do gênero mundialmente consagrados. O filme se revestia da jovialidade e perenidade da obra shakespeariana e sem grandes arroubos estilísticos mesclava a narrativa de cinema à uma lógica de teatro.
Elvis Presley foi figura decisiva para a popularização do gênero musical

Outros musicais contemporâneos ao filme de Robert wise como Mary Poppins, Gigi, Cinderela em Paris, Cantando na chuva, My fair lady, A noviça rebelde e Cabaret serviram para popularizar o gênero que emulava como poucos a magia do cinema, que parecia perdida desde o advento da cor. Contudo, o envelhecimento dos musicais se deu em um processo de convergências. Elvis se foi e com ele muito da pegada musical no cinema. Não era que o cinema havia se fechado para a música, mas queria um tempo. Também surgiam os primeiros blockbusters (Tubarão de Spielberg foi o carro chefe) que se esmeravam nos efeitos especiais e apresentavam um novo e maravilhoso mundo de possibilidades dentro do cinema. Os musicais foram ficando repetitivos, segmentados e perderam público. Ou ganharam um. O musical passou a ser um gênero restrito, de difícil apreciação, de foro sofisticado ou marginalizado, mas nunca popular. Até o fim do século XX, os musicais ficaram a mercê dos nostálgicos e dos excluídos.
Moulin Rouge, assim como Amor,sublime,amor, é uma releitura de Romeu e Julieta

A segmentação foi prejudicial. Os executivos dos estúdios não enxergavam viabilidade em musicais. O máximo que Hollywood se permitia flertar com um musical era um filme da Disney como A bela e a fera ou Alladim (bom que se diga, sucessos indiscutíveis de público e critica).
Até que o australiano Baz Lhurman rodasse uma nova versão de Romeu e Julieta, de pegada mais pop, mais atual e com uma profusão de referências que vão do erudito ao pagão. Romeu e Julieta foi um sucesso inesperado no meio da década de 90. O filme, bom que se diga, não é um musical. Mas de tão imprevisível, de gosto duvidoso e bem sucedido, permitiu a seu criador, Luhrman, dar vida a um projeto especial. Moulin Rouge (outra releitura de Romeu e Julieta), o filme é fruto de uma barganha do cineasta com a FOX; hoje, olhando para trás, é difícil imaginar que a realização do filme precisou ser negociada.
O Oscar de melhor filme para Chicago foi reflexo direto dos efeitos que Moulin Rouge causou na indústria

Moulin Rouge – amor em vermelho saudava o século XXI com estupenda inventividade e pompa característica dos musicais dos palcos da Broadway. Um luxo. O filme conseguiu reunir em torno de si platéias diversas. Jovens, velhos, homens, mulheres, ricos, pobres, apaixonados, saudosistas, cinéfilos, críticos de cinema e freqüentadores de cinema ocasionais. Moulin Rouge foi o primeiro musical indicado ao Oscar de melhor filme em anos e reacendeu toda uma febre por musicais. Eles estavam de volta! Revigorados, repaginados, leves e, ainda assim, tradicionais.
Chicago, no ano seguinte, venceria o Oscar de melhor filme e em todos os anos daí para frente, pelo menos um musical foi lançado nos cinemas. Esse ano é a vez de Nine. O filme de Rob Marshall, mesmo diretor de Chicago, não está sendo muito bem aceito pela critica. Alguns enxergam nisso, um sinal de que esse novo ciclo dos musicais, iniciado com Moulin Rouge, esteja chegando ao fim. Exagero. Não que seja o caso de Nine, mas filmes ruins existem em todos os gêneros e épocas. A existência deles não ameaça a longevidade, ou viabilidade, de um gênero. A tolerância aos musicais é que é consideravelmente menor. Apreciar um espetáculo tão metalingüístico, metafórico e insinuante pode demandar mais neurônios e sensibilidade do que muitos estão dispostos a admitir. E como tanto a ciência quanto a psicologia já provaram em diferentes matérias, o homem tende a repudiar o que não entende. Lógico que a conjuntura da frase imprime algum exagero ao diagnóstico, mas ele não está de todo errado. Ou alguém deixou de ver filmes de ação após assistir um ou outro exemplar ruim.

7 comentários:

  1. Eu sou fã de musicais! Amo o gênero e alguns dos meus longas favoritos são desse tipo. Adorei seu texto e acho que os musicais são complicados, porque não é todo mundo que entende a questão da música como parte de expressão de sentimentos e de palavras, como complemento do elemento visual do filme. Eu estou bem ansiosa para conferir "Nine", até porque Marshall é um especialista nesse gênero. Ele tem um olhar moderno, mas que respeita o tradicional.

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  2. OI Reinaldo!

    Bem, James Cameron é um excelente diretor. Gosto de seus filmes, com exceção de Titanic, que de bom so mesmo as imagens e o figurino. Quanto a história e as atuações de seus personagens principais, muito fracas e ruins. No entanto, vc faz um questionamento sobre ele e fazendo uma análise acho que ele é um diretor competente que sabe como fazer propaganda sobre seus filmes e álem disso, ja tem um currículo reconhecidamente bom o que faz com que qualquer projeto que envolva seu nome gera grandes expectativas.

    Rob Marshal é um bom diretor, pelo menos gostei de Chicago. Tomara que ele faça um bom trabalho em piratas do caribe 4. Mas, sinceramente, não acho que seja uma boa dar continuidade a sage de Jack Sparrow. Tres filmes ja bastaram.

    Um beijinho carinhoso e ja ja voltarei para falar mais.

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  3. Meu querido, muito obrigada pela homenagem e pelo carinho. Fiquei super feliz pelas palavras ditas sobre mim. Acredite a recíproca é a mesma. Adoro seu cantinho a a sua dedicação.
    Obrigada de coração!!!
    E o texto sobre o filme esta impecável. De fato um filme extraordinário e como vc mesmo falou la no blog "espetacular".

    E vamos continuar falando sobre cinema:

    1) Nunca na minha vida tinha escutado falar do Jeremy Lee Renner. Um mero estranho que ganhou destaque neste filme e com certeza a partir de agora vaí ganhar projeção. E teremos mais um super herói a caminho. Desta vez "Capitão america" foi o escolhido. Vamos ver no que isto vai dar.

    2) Nossa que coisa hein com o filme "se beber não case". Uma história legal e divertida,porém o DVD esgotar tão rápido assim mostra que a galera gostou mesmo dele.
    - E "Lula" hein, não fez o sucesso que esperavam. Ainda bem, pois este é um ano de eleição e ta na cara de sua estréia tinha por objetivo ajudar na campanha eleitoral. E quanto a seu questionamento, acho que o brasileiro ta tão curioso por "Avatar" que outros filmes ficaram de lado e Lula não chega a ser algo que agrade tanto assim e existem outras op~ções que chamam mais a atenção.
    - E Oliver Stone ta na merda hein. Que comentário mais infeliz nada haver. O cara ta viajando nesta afirmação. Até parece que nunca estudou história.

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  4. 3) Reinaldo finalmente eu vi "Homem de ferro" e sabe de uma novidade gostei muito. O filme é bom mesmo e merece todo sucesso que fez. RDJ está ótimo. Agora posso falar com propriedade que ele reencontrou o caminho do sucesso. Mais do que merecido e que venha "Homem de ferro 2". Os mercenários me parece que será bom, quero ver e legal saber que haverá uma versão de "esquadrão classe A"! para o cinema. Adorava a série e não perdia um capítulo. Tomara que o filme seja tão legal quanto a série. É aguardar e depois conferir.

    4) Concordo com vc, Sandra B deve ganhar o oscar deste ano, Tarantino tb vai sair com alguma coisa e Deus queira né que Kathryn Bigelow ganhe o oscar de melhor direção, pois ja ta na hora de uma mulher ganhar este premio. Nada mais justo.

    5) Boas apostas para o globo de ouro. To contando os minutos para ver.

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  5. Reinaldo, sou uma grande fã dos musicais antigos, das décadas de 30 a 60. Filmes como "cantando na chuva", "o picolino", "o mágico de oz", "sinfonia de Paris", os que vc citou dentre outros me marcaram. São todos ótimos. No entanto, conforme vc bem relatou ao longo das décadas de 70, 80 e 90 ele perdeu espaço para os blockbusters e tb o público era outro. O sucesso voltou a partir de "Moulin Rouge" um ótimo filme dirigido pelo BL. Mas, antes deste tem um outro filme dele de 1992 que considero muito bom e fala de música e dança "Vem dançar comigo" é tão gostoso e agradável quanto MR.

    E vc ressaltou bem que é um exagero dizer que os musicais estao chegando ao fim. Como vc bem falou este não é o tipo de filme que agrade a todos os gostos. E o cinema sempre irá se reivintar. Pode ser que Nine não tenha agradado, mas daqui há algum tempo, um outro cineasta irá aparecer com uma proposta e idéia nova dando uma nova roupagem a este que é um dos estilos mais gostosos de contar uma história.

    E hj não perco ao "globo de ouro" de jeito nenhum. Finalmente neste ano terei a chance de pela primeira vez assistir a esta premiação.
    To aqui na torcida.

    Um beijinho e até amanhã quando poderemos falar sobre os vitoriosos deste ano.

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  6. AH, ia esquecendo eu simplesmente amavaaaaa todos os filmes que passavam na sessão da tarde com Elvis Presley. Perfeita sua referência a este ícone da música.

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  7. Ka: Obrigado. Tb estou super ansioso para conferir Nine e penso exatamente o mesmo sobre Rob Marshall. Bjs

    Cintia:Obrigado Cintia! Nossa pensamos exatamente igual.Não vejo nada de mais em Titanic e penso que este filme tb foi uma das maiores injustiças do Oscar. Genio indomável, Melhor é impossível e L.A, cidade proibida eram muito melhores do que Titanic.
    Acho todos os outros trabalhos de Cameron superiores a Titanic e Avatar. Com destaque para True Lies e Exterminador 2.

    Sobre a homenagem. De nada.Vc merece msm. Que bom que gostou do filme, da critica e da homenagem.

    Pois é, agora o globo de ouro já foi né. Vamos repercutir nos posts acima hein!!!!

    Quanto aos musicais, tb adoro eles e acho que continuarão tendo vez. Infelizmente não devem contornar a segmentação que lhes fora imposta. Momentaneamente terão grande destaque (como no momento em que Moulin Rouge surgiu), mas a tendência é que permaneçam sendo mais restritos mesmo.
    Bjs

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