sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Filme em destaque: A árvore da vida


Programado para junho, o mais recente filme de Terrence Malick finalmente estréia nos cinemas brasileiros. Vencedora da Palma de Ouro em Cannes, a produção traz Brad Pitt e Sean Penn em um questionamento existencialista


“Foi a experiência mais exaustiva da minha vida”, sintetizou Brad Pitt na entrevista coletiva de A árvore da vida no último festival de cinema de Cannes – de onde o filme saiu com o prêmio máximo, a Palma de Ouro. Pitt é um dos produtores de A árvore da vida, um projeto particular e muito calejado de Terrence Malick – um cineasta bissexto que reúne um valoroso séquito de admiradores. Outro ator presente na premiere do filme em Cannes foi Sean Penn. Foi a segunda vez que Penn trabalhou com Terrence Malick – a primeira foi em Além da linha vermelha (1998). Quem não esteve na premiere foi o próprio Malick que, ao também não comparecer a cerimônia de premiação, aumentou a própria fama de recluso. “Terrence constrói casas. Ele não quer fazer o papel do corretor de imóveis e ter que vendê-las também”, afirmou Brad Pitt em uma pedestre comparação na tentativa de justificar a ausência do cineasta.
Malick, de fato, teria muito trabalho para vender seu filme. A reação foi dividida. Os aplausos abafaram as vaias, mas elas ainda podiam ser ouvidas. A crítica americana também se dividiu. Críticos do mundo inteiro passaram a questionar a real dimensão de Malick e de sua obra no cinema. A percepção do crítico brasileiro Ricardo Calil captura bem o sentimento da crítica sobre A árvore da vida. Com um artigo intitulado “Terrence Malick é o Dodô do cinema”, o crítico defende que o cinema de Malick emperra na plasticidade das imagens. Na busca pelo plano perfeito (“Malick construiu uma obra inteira a partir do contraluz!”, exclama em certo momento”). Calil, de maneira bem humorada, argumenta que tal qual o jogador que passou por clubes como São Paulo, Botafogo e Cruzeiro, o diretor resiste a fazer um gol feio: “Malick só entraria para a minha seleção de cineastas favoritos se ele fosse capaz de fazer um plano feio. Nem que fosse só um mesmo. Porque, no meio daquela beleza toda de A Árvore da Vida, eu me sentia constantemente compelido a gritar: “Chuta de bico, Malick, porra!”.

Imagens belíssimas: A crítica americana não tem certeza sobre a presença de A árvore da vida entre os melhores filmes no Oscar, mas acha difícil que a fita fique fora de algumas categorias como fotografia e direção de arte



Em busca da perfeição
A árvore da vida estava programado para o festival de Cannes de 2010. Não entrou na seleção do ano passado porque o filme não ficou pronto. E não ficou pronto porque Malick não se convencia de que o resultado final estava satisfatório. Foi na sala de edição que ele descobriu o filme. Para que esse processo se desse foram contratados seis montadores, que atuaram em etapas distintas da montagem. Um deles foi o brasileiro Daniel Rezende. A fama de perfeccionista de Malick quase levou a Fox Searchlight à falência. O braço independente da Fox teve de se desfazer da fita, mas preservou o direito de distribuição nos EUA. A produção seguiu com o aval e apoio dos produtores Sarah Green e Grant Hill que conseguiram incluir a fita no line up de Cannes este ano. É bem verdade que o diretor do festival, Thierry Frèmaux, alimentava o desejo de contar com o aguardado filme de Malick na riviera francesa.
Curiosamente, Malick - na busca pela perfeição – investe no caos. Brad Pitt e Jessica Chastain – que faz a esposa do astro no filme – só tiveram acesso a três ou quatro páginas do roteiro para que pudessem compor suas cenas da maneira mais natural possível. “É um salto no escuro”, afirmou Brad Pitt. “Mas com Terrence vale a pena”, completou.
A história de A árvore da vida, como se sabe, dá saltos temporais desde a época dos dinossauros até o presente, mas o foco maior está em uma família americana suburbana dos anos 50 em que Pitt e Chastain são os pais. Malick perpassa todo o ciclo familiar e a importância deste no ciclo da vida. “É um questionamento metafísico”, escreveu a Rolling Stone americana que apontou o filme, ao lado de Meia noite em Paris, de Woody Allen, como o melhor de 2011 até o momento.

Sean Penn, Jessica Chastain e Brad Pitt momentos antes da premiere oficial de A árvore da vida em Cannes



Cada um com suas próprias conclusões
Mas, afinal, sobre o que é A árvore da vida e por que tanta elaboração na produção do filme? “A árvore da vida não é exatamente um filme abstrato ou hermético, mas isso não significa que não deixe algumas pontas em aberto para que cada um tire suas conclusões”, defendeu Brad Pitt em Cannes. A atriz Jessica Chastain diz que o filme, por meio de sua personagem, tenta entender “por que o Deus que dá é o mesmo Deus que tira”.
“A questão existencial é intrínseca ao filme”, argumenta a produtora Sarah Green. Já Sean Penn, afirmou que o filme congrega valores humanísticos com a importância da família. “É um filme sobre o amor”. O ator não citou, mas uma das mais belas falas do filme o referenda: “The only way to be happy is to love. Unless you love, your life will flash by” ( em tradução livre: o único jeito de ser feliz é amar. Se você não amar, a vida só passará por você).

11 comentários:

  1. É o filme mais aguardado por mim esse ano. Muito, muito ansioso.

    http://cinelupinha.blogspot.com/

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  2. Eu ainda não sei se vou ver no Cinema, ou espero sair em dvd.

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  3. “Foi a experiência mais exaustiva da minha vida”, sintetizou Brad Pitt

    "Foi a experiência mais extasiante da minha vida no cinema", falo eu. hehe. O impacto de ver essa elocubração mental do personagem de Sean Penn em meio a imagens tão belas me deixou emocionada de fato. Discordo de Ricardo Calil, auqi não cabia um gol feio. O filme é pura emoção. Amanhã coloco minha crítica do filme.

    bjs, Reinaldo.

    P.S.
    Lella, em minha humilde opinião não espere o DVD, Árvore da Vida é daqueles filmes que precisa de uma tela grande e uma sala escura.

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  4. Só lamento o fato de que "A Árvore da Vida" ainda não estreou nos cinemas da minha cidade. Pelo jeito, terei que aguardar um bocado até conferir essa tão falada obra prima nos cinemas.

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  5. Geralmente quando a crítica (e o público tbm) se divide, a fita é boa.
    Estou na fila para assistir
    Abs.

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  6. Sem previsão de estréia na minha cidade!!! Que beleza ¬¬
    O jeito é aguardar o DVD mesmo!!!

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  7. Oi Reinaldo,
    ótimo post! É bem claro que Malick é um perfeccionista. A beleza das imagens é fantástica, chega ser tão sublime como extrair toda a sensorialidade da película para a experiência cinematográfica.
    Acho que Calil esperava mais dos outros aspectos relacionadas ao desenvolvimento da narrativa em um nível mais de roteiro, talvez seja por isso que a perfeição da plasticidade do filme tenha gerado esta crítica dele. Eu penso que há lugar para todos os tipos de Cinema e o Cinema é, acima de tudo, Imagem em movimento, logo, Árvore da Vida é pura vida, pura emoção, puro poder visual que toca em um assunto muito sensível e questionador na existência. É, sem dúvidas, um filme para que a alma sorrie e chore.
    Beijos,
    MaDame Lumière

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  8. Esse era o mais aguardado por mim (muito mais que o Melancholia do Trier) e foi com muita raiva e decepção que deixei o cinema. Não gostei do filme. É um filme belíssimo e tudo, mas não é um filme, é um jogo de coisas. O pior filme de Malick, com certeza absoluta!!!

    Acabo de escrever um texto no Cinebulição, e em 25 minutos no ar, já recebi 18 e-mails, seis deles não publicáveis, de tanto xingamento, e todos com a quele jargão típico dos donos do bom gosto: "não gostou porque não entendeu"...

    O filme é tão simples em sua complexidade (sim, com a contradição e tudo), que não tem como não entender. Mas gostar... isso é de cada um, sabe...

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  9. Rafael W:A ansiedade pode ser vilã nesse caso meu caro...
    abs

    Lella: Bem, não sei os critérios, mas sempre que posso opto por conferir no cinema...
    bjs

    Amanda:Fico realmente feliz por vc ter tido essa experiência Amanda.Mas passei longe disso. Me alinho mais ao Calil aqui. Malick, a cada filme, perde substância como cineasta na minha visão.
    Bjs

    Kamila: Putz, lamento tb Ka. Mas não é obra prima não...
    bjs

    Rodrigo: A fita é boa. Mas as vezes quando a divisão ela tb pode ser ruim... Quem quer ser um milionário? é um exemplo...
    Abs

    Eri Jr: Cara, não me lembro qual é a tua cidade! De qualquer forma, lamento o infortúnio...
    Abs

    Madame Lumière: Prazer em receber seu comentário aqui novamente madam. O calil viveu uma experiência antagônica com o filme. Algo que, na minha avaliação, chega a ser até uma pretensão do Malick.
    Acho que é um filme bom, mas longe de qualquer ovação. Se não merece vaias, merece menos ainda aplausos.
    Bjs

    Luiz Santiago: Acho que O novo mundo segue imbatível na posição de pior filme do Malick.rsrs. Pois é cara, lamentável que tenha gnt que não faça uso da educação e adote essa postura arrogante... mas infelizmente isso faz parte do show, não é mesmo?
    Abs

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  10. Do que o menino morreu mesmo?!?!?

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