sábado, 6 de agosto de 2011

Cantinho do DVD

Bob Farrelly, o irmão mais desinibido dos irmãos Farrelly, disse certa vez que “todo comediante é triste”. Uma baita frase, cuja veracidade nunca excederá o campo das subjetividades. Em Passe livre, o último lançamento dos Farrelly que é destaque de Cantinho do DVD desta semana, não se vê nenhuma intenção de decupar essa afirmação. Talvez ela esteja no próximo projeto da dupla: Os três patetas. Talvez não. De qualquer forma, com vinte anos de carreira nas costas, eles ainda sabem fazer o público rir.




Crítica


Os irmãos Farrelly sempre foram farristas. Seu cinema era pontuado por um anarquismo humorístico que o revestia de certa indulgência masculina como visto em Quem vai ficar com Mary? (1998) e Eu, eu mesmo e Irene (2000). Mas desde O amor é cego (2003) que os Farrelly vem adoçando seu cinema, ainda que mantenham a pegada grosseira que os caracteriza. Contudo, a grosseria é sempre pretexto para eles falarem de amor, família ou outros conceitos tão caros a moral americana. Em Passe livre (Hall pass, EUA 2011), existe a maturação dessa fórmula. Os Farrelly assumem de vez que seu cinema é, hoje, uma vazão moral do humor de sujeitos quarentões que se dirigem para chefes de família perfeitamente reconhecíveis na figura do americano médio.
São os tipos vividos por Jason Sudeikis e Owen Wilson. Dois homens razoavelmente bem sucedidos financeiramente e que se encontram em casamentos estáveis, mas como tantos por aí adoram conjecturar sobre façanhas imaginárias ao se deparar com um rabo de saias. Rick (Wilson) e Fred (Sudeikis), de tanto se comportarem como adolescentes em plena puberdade, recebem de suas esposas um passe livre com validade para uma semana. Aconselhadas por uma psicóloga que fez uso do tal recurso matrimonial, elas liberam os maridos para uma semana de sacanagem. Só que Rick e Fred não são tão garanhões quanto sua vã filosofia fazia crer. Eles não dão uma dentro Literalmente. Enquanto isso, suas mulheres, muito menos ansiosas, se tornam alvo de figuras tão oportunistas quanto Rick e Fred.
Enquanto faz graça com a improvável, mas curiosa, circunstância dos dois casais, Passe livre é um filme agradável – ainda que para um público propenso a piadas de gosto duvidoso; mas quando usa seus personagens como meros arquétipos da moral e dos bons costumes, o filme revela de uma vez por todas essa faceta moralista dos Farrelly. Não que Passe livre seja um filme fraco. É um entretenimento que pesa nas caricaturas – Owen Wilson e Jason Sudeikis são muito felizes nesse sentido – e entrega o que prometeu: um punhado de piadas sem vergonha e, pelo menos, um momento vergonhosamente desnecessário.
Contudo, a grande contribuição do filme é mostrar que o humor dos Farrelly amadureceu. Não por haver a presença dessa tão complexa e contrariada moral, mas pela opção de abordar temas mais sagazes e inerentes ao cotidiano de seu público. Passe livre pode ter uma premissa impraticável para muitos, mas como hipótese é praticada por alguns e os Farrelly se incumbem, com a tal da moral, de fazer com que os fatores não se invertam.

5 comentários:

  1. Nossa, Passe Livre já é cantinho do DVD? O tempo tá passando rápido, primeiro achei que você ia usar ele de referência pra falar de outro, depois vi que já é DVD mesmo...

    O filme é divertido, sim. Mas, apela em muitos momentos, principalmente nessa situação constrangedora a que você deve estar se referindo.

    bjs

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  2. Reinaldo, um filme divertido mesmo, mas nada mais que isso. Vale uma risadas.

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  3. Achei esse chatinho, vergonhoso em algumas vezes. Sei lá... não curti. rsrsrs.

    Beijos! ;)

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  4. Acho que os irmãos Farrelly se perderam no tempo. Eles insistem nesse tipo de comédia escatológica e de baixo nível que não agrada a ninguém. "Passe Livre" é péssimo!!!

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  5. Amanda:Estou me referindo a ela mesma. rsrs. Não tem como não se referir a ela né? Totalmente fora do compasso... Pois é, a janela entre os lançamentos no cinema e DVD está cada vez menor. Em setembro já teremos Thor e X-men:primeira classe nas locadoras...
    bjs

    Celo: Exatamente.
    Abs

    Mayara:rsrs. Te entendo Ma.
    Bjs

    Kamila:Ah, não é para tanto Ka! Acho que Passe livre, como assinalo na crítica já representa certa evolução na carreira dos irmãos. Agora, é preciso perspectiva para medir essa evolução.
    Bjs

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