Entretenimento pensante!
O título da crítica é do tipo auto imposto. Contestado no momento em que teve sua produção anunciada, O planeta dos macacos: a origem (Rise of the planete of the apes, EUA 2011) se consagra no cinema com prestígio junto à crítica e endosso do público nas bilheterias. É um acolhimento justo para um filme que diverte e faz pensar. Duas características simples, mas que andam distantes uma da outra em matéria de blockbusters hollywoodianos; principalmente quando uma refilmagem ou prelúdio de um grande sucesso do cinema está em questão.
O filme de Rupert Wyatt é bem sucedido por embasar intelectualmente sua ação. É um filme que não se precipita. Tem consciência de sua estatura como filme B, mas não teme se comportar como algo a mais. Deriva daí o comentário que faz sobre os avanços da ciência e os limites da ética. Algo intrínseco a literatura de Pierre Boulle que o novo filme recupera com vigor amparado em efeitos especiais primorosos.
O mérito dessa improvável conjunção é de Wyatt. É ele quem busca o olhar dos macacos, em especial do protagonista Ceasar, em um movimento para aproximá-lo de nós humanos e ao mesmo tempo nos provocar apreensão. É dessa dicotomia que O planeta dos macacos: a origem esculpe sua força. O fascínio que Ceasar nos provoca não é desvinculado do receio que cresce no íntimo da audiência.
Will (James Franco) é um cientista que se dedica a achar uma cura para o mal de Alzheimer e Ceasar, para o bem e para o mal, é a resposta dessa busca desmedida. O filme excede o politicamente correto ao atentar tanto aos clichês (o pai doente como motivação pessoal que move o protagonista) como ao desenvolvimento de um olhar próprio - dentro da lógica interna do filme (a evolução de Ceasar em termos cognitivos, comunicacionais e emocionais) e externa a ele (na capacidade de se resolver como uma metáfora tão eloquente quanto o filme de 1968 com o qual se comunica intimamente).
O olhar que gela: a direção busca, em um movimento de aproximação com o público, sempre devassar o olhar de Ceasar
O grande achado do novo Planeta dos macacos é, antes de querer ser um filme de ação, ser um filme com algo a dizer. Mas nem por isso, se submete puramente a esse discurso. A opção de acompanhar Ceasar no abrigo para símios e testemunhar uma espécie de epifania do personagem, em cenas que prescindem de diálogos, reforça o acerto do filme em prover a sua audiência uma experiência intelectual. Após esse ato, tem-se início um outro que culmina em uma cena de ação não menos envolvente na ponte Golden Gate em São Francisco.
Um blockbuster como objeto de reflexão não é primazia desse O planeta dos macacos: a origem. Mas é a primeira vez que uma criatura como Ceasar – uma combinação bem sucedida dos efeitos especiais da Weta e do esmero criativo do ator Andy Serkis – pauta essa reflexão. Vem dele toda a emoção e conteúdo de O planeta dos macacos. Nem outro famoso símio, King Kong, fez tanto. Um personagem inesquecível em um filme muito mais importante e interessante do que as suposições podem articular.
Por onde leio, sempre críticas positivas deste novo 'Planet of the Apes'. Só faltava mesmo a sua crítica. Um texto muito bem articulado que me faz ter mais otimismo. Mas ainda preciso conferir!
ResponderExcluirAbs.
É de fato um filme muito bom. É claro que eu poderia rever algumas coisas se fosse vê-lo novamente, mas sempre permaneceria o status inicial. E apesar das nossas discordâncias quanto ao ritmo do filme, chegamos a um consenso sobre a sua qualidade. Espero ansioso pelo próximo filme...
ResponderExcluiré um filme bom mesmo, q se linka de maneira interessante aos antigos. Gostei bastante. Agora sera q rola uma continuação remake? Abs
ResponderExcluirVerdade, Ceaser já é um personagem que entra para história. Protagonista absoluto em ótimo trabalho de Andy Serkis.
ResponderExcluirbjs
Rodrigo: Poxa, obrigado pela referência e pela deferência.
ResponderExcluirAbs
Luiz: É verdade. Concordamos no mais importante.
Abs
Celo: O plano é de fazer uma nova trilogia.
Abs
Tripedante: Valeu. Irei conferir tão logo possível.
Abs
Amanda: So true!
Bjs