domingo, 14 de março de 2010

ESPECIAL ILHA DO MEDO - Insight

A construção de um mito cinematográfico

Scorsese entre seus dois pupilos (Robert DeNiro e Leonardo DiCaprio) na cerimônia do Globo de ouro deste ano: Ele recebeu uma justa homenagem na edição de 2010


Ele é seguramente um patrimônio do cinema. Muita gente quando se depara com essa afirmação fica sem saber como reagir. Muitos nem sequer conseguem apontar três filmes de Martin Scorsese. O nova-iorquino de 67 anos, nascido no bairro do Queens, de origem italiana e que queria ser padre quando criança, é antes de qualquer coisa um apaixonado pelo cinema. Foi essa paixão que o demoveu da ambição de ser padre. Contudo, pode-se dizer que Scorsese segue sua carreira com certa religiosidade. Seu amor pelo cinema é tamanho que pode-se entendê-lo como adoração. Seu perfeccionismo na realização de um filme é notório. Desde o esmero narrativo até os figurinos e demais aspectos técnicos. Tem predileção por certos temas. Música, máfia e Nova Iorque, de uma forma ou de outra são presenças marcantes em seus filmes e gosta de “falar” através de certos atores (Robert DeNiro, Joe Pesci, Harvey Keitel e Leonardo DiCaprio são colaboradores frequentes). Esses rituais que caracterizam Scorsese são tão religiosos quanto o da mulher que vai a missa todo o domingo.
A importância de Scorsese para o cinema é imensa por várias razões. A primeira delas é por ter ajudado a dimensionar o novo cinema americano nos anos 70. Filmes como Caminhos perigosos (1973), Alice não mora mais aqui (1974), Táxi driver (1976), New York, New York (1977) e Touro indomável (1980) ajudaram a perfilar o cinema americano moderno e, mais que isso, solidificaram Scorsese como um cineasta tão arguto quanto envolvente.

Robert De Niro em cena de Touro indomável: Filme que integra o top 10 dos melhores filmes de todos os tempos do American Film institute


Ele já dirigiu comédias (explorou o lado dramático de Jerry Lewis em O rei da comédia de 1982), musicais e dramas. Mas foi no suspense, mais precisamente nos filmes de máfia, que Scorsese se definiu como autor. Tremendo contador de histórias é responsável por clássicos modernos como Os bons companheiros (1990), Cassino (1995) e Os infiltrados (2006). Scorsese também sabe ser épico. Mostrou isso em O aviador (2004), Gangues de Nova Iorque (2002) e A época da inocência (1993). Documentou brilhantemente a vida de Bob Dylan em No direction home:Bob Dylan (2005) e fez de uma apresentação dos Rollings Stones coisa de cinema em Shine a light (2008). Em No direction home, Scorsese desvenda o enigmático Bob Dylan



Injustiçado histórico no Oscar, fora indicado oito vezes pessoalmente (por roteiro e direção), ganhou finalmente em 2007 por seu trabalho de direção em Os infiltrados. Martin Scorsese ajudou a mapear a produção cinematográfica contemporânea e ajuda a preservar a antiga. Junto com a associação de imprensa estrangeira de Hollywood (que entrega os prêmios globo de ouro) mantém um instituto dedicado a preservar e recuperar filmes antigos. Por isso e muito mais, cinéfilos de toda a parte do mundo tem orgulho desse ítalo americano de fala acelerada.




Scorsese bate um papo com Nicolas Cage nos sets de Vivendo no limite: um dos poucos fracassos de critica da carreira do cineasta

2 comentários:

  1. Que bacana a carreira de Scorsese, eu o considero com um dos melhores diretores da época. Estou muito curioso pra ver Ilha do Medo. Talvez o faça entre hoje e amanhã.

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  2. Vai ver que é ótimo Fernado. Para cinéfilos, um verdadeiro deleite observar o rigor narrativo desse mestre. A minha critica do filme será publicada aqui hj à noite. ABS

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