Critica - Idas e vindas do amor

Previsível, mas fofo!

A nova comédia romântica de Garry Marshall, diretor de filmes como Uma linda mulher e O Diário da princesa, é um filme que bebe da fonte e dos clichês de todas as comédias românticas. Seara em que, verdade seja dita, Marshall é, não só pródigo, como eficiente. Idas e vindas do amor (Valentine´s Day, EUA 2010) é um filme coral. Daquele tipo que intercala várias histórias e diversos personagens de forma a elaborar um comentário maior. Robert Altman (Shortcuts) era doutor no assunto. Paul Tomas Anderson (Magnólia) e Paul Haggis (Crash-no limite) saíram-se bem em seus intentos. Mas Marshall se aproxima aqui do que o inglês Richard Curtis fez em Simplesmente amor. Um painel multifacetado e otimista do amor. A ação aqui se passa em um só dia. O dia dos namorados. Acompanhamos o desenrolar da história de vários personagens, uns mais bem trabalhados do que outros, em uma ensolarada e apaixonada Los Angeles.


Jessica Alba e Ashton Kutcher em cena do filme: ela prioriza a carreira e ele faz o tipo último romântico


Algumas histórias se sobrepõem as outras, seja pela sutileza do roteiro (no caso do núcleo encabeçado por Bradley Cooper) ou pelo talento dos atores (caso das passagens de Eric Dane e de Hector Elizondo com Shirley McLaine). Mas no geral, o saldo é irregular. Embora seja ótimo contador de histórias românticas, Marshall não é o lapidador que pensa que é. Idas e vindas do amor acaba por se configurar um filme previsível, mas que não deixa de ser fofo. E é justamente essa fofura que o gabarita. Além do ótimo e vistoso elenco, Idas e vindas do amor tem histórias que se revelam bastante agradáveis e inspiradoras. A única que a mão pesada do diretor se fez sentir foi justamente a central, envolvendo o personagem de Ashton Kutcher que é o fio condutor da trama.
O melhor a fazer é embarcar na história e curtir o momento. O que não é muito diferente de qualquer dia dos namorados, não é mesmo?