Fazem exatos dez anos que Piratas do Caribe: a maldição do
Perola negra aconteceu no cinema contra todos os prognósticos e elevou Johnny
Depp de um ator cult e badalado em círculos cinéfilos a um astro do
primeiríssimo time de Hollywood.
Depp chegou a ganhar inacreditáveis U$ 50 milhões por sua
participação no quarto filme da saga pirata em que assumiu toda a
responsabilidade pelo sucesso do filme, sendo o único dos protagonistas do
original a retornar. Piratas do Caribe: navegando em águas misteriosas (2011)
não decepcionou e ultrapassou a imponente barreira de U$ 1 bilhão em faturamento. Foi
o segundo filme da franquia a fazê-lo. O primeiro foi O baú da morte (2006). O
ator tem, ainda, outro filme no clube do bilhão. Trata-se de Alice no país das
maravilhas (2010), uma de suas numerosas colaborações com Tim Burton.
A posição privilegiada no clube do bilhão, com três filmes,
é um dos últimos diamantes que Depp ostenta em sua enferrujada coroa.
Precisamente desde Alice, o ator vem sendo cada vez mais questionado por suas
escolhas e há quem discuta até mesmo seu talento. Tudo isso porque Depp, para
uma horda de críticos cada vez maior, não tem feito outra coisa senão se
repetir.
A patrulha com Depp é feroz, mas não lhe falta razão. Depp
entrou no piloto automático que grandes intérpretes americanos costumam adotar
como assinatura. Marlon Brando e Al Pacino, que trabalharam com Depp antes dele
vingar como astro, são casos célebres.
O último filme em que Depp talvez tenha realmente feito um esforço
de atuação foi Inimigos públicos (2009). Foram sete filmes desde então. As
críticas foram ficando menos simpáticas, ainda que as bilheterias tenham
mantido um ritmo próprio. Isso até O cavaleiro solitário. O filme de Gore
Verbinski, que além dos três primeiros Piratas do Caribe, rodou Rango (2011)
com o ator, é uma tentativa de resgatar o espírito de Piratas do Caribe. Nem
tanto por Depp, embora sua caracterização do índio Tonto carregue um qzinho de
Jack Sparrow, mas por parte da realização.
Depp na capa da Esquire americana em 1996, "arrasando corações"...
... como Jack Sparrow, seu mais célebre personagem...
... e como o índio Tonto em O cavaleiro solitário, maior fracasso da temporada. O capital de Depp desvalorizou em dez anos
A aposta arriscada, no entanto, pesa mais na conta do ator –
o grande nome do cartaz e quem, afinal, escancarou até aos leigos que não
consegue se desvencilhar assim tão fácil de seu personagem mais icônico. Al
Pacino é Al Pacino em todos os filmes, mas Johnny Depp será Jack Sparrow? A
inquietação já gera impaciência. Dos quatro projetos em que o ator está
relacionado, dois são sequências. De Piratas e Alice. A ficção científica
Trasncendence, que marca a estreia na direção do diretor de fotografia de Chris
Nolan, Wally Pfister, é o que pode reconduzir Depp aos bons tempos.
O ator, que mantém o estilo pacato e reservado, parece
desinteressado do preocupante rumo que sua carreira tomou. Para alguém que se
desafiava tanto até dez anos atrás, Depp parece desestimulado. Acomodado com
sua persona midiática. Que é, para o bem e para o mal, Jack Sparrow. A glória
de ontem pode ser o infortúnio de amanhã.
Bom, eu acompanho Depp desde Anjos da Lei, sério, adorava o seriado e o personagem, hehe. Mas, não apenas tem se repetido, como tem repetido um tipo exótico ao extremo, se repetir alguém mais comum, talvez não cansasse tanto. Acho uma pena o caminho que ele traçou para si, gosto dele em papéis mais normais como Em Busca da Terra do Nunca, por exemplo.
ResponderExcluirbjs
Tb acompanho Depp desde "Anjos da lei" e justamente por isso vejo com muita apreensão o momento da carreira que ele atravessa. Em termos artísticos, diga-se.
ResponderExcluirBjs