Sem muita mágica
A ideia de cinema relacionada à ilusão não é nova e data
dos primórdios da sétima arte com o mestre Georges Méliès. Contudo, vez ou
outra, surge um filme disposto a estreitar as margens entre cinema e ilusão. É
o caso do novo Truque de mestre (Now you see me, EUA 2013), de Louis Leterrier.
O filme é um grande truque que garante o interesse ao brincar com a percepção
da plateia a todo tempo. Nesse sentido, Leterrier – diretor de Carga explosiva
2 e O incrível Hulk – se mostra habilidoso, mas não esconde as muitas falhas do
roteiro escrito por Boaz Yakin e Ed Solomon.
Na trama, quatro mágicos (Jesse Eisenberg, Isla Fischer,
Woody Harrelson e Dave Franco) com habilidades diferentes são retrucados por um
financiador misterioso para bancarem Robin Hood em versão David Copperfield. No
primeiro show, em Las Vegas ,
eles roubam três milhões de euros de um banco em Paris. A ação os coloca
na mira do FBI e da Interpol, representados na figura dos agentes vividos por
Mark Ruffalo e Mélanie Laurent. A investigação, sempre consideráveis passos
atrás, segue a trupe de mágicos por pontos importantes dos EUA como Nova
Orleans e Nova Iorque. De acordo com o guru obstinado em desvendar os truques
do grupo (papel de Morgan Freeman), eles irão fazer três atos, um mais
surpreendente do que o outro, e então desaparecer. A corrida contra o relógio
está, portanto, estabelecida.
É tudo truque: Jesse Eisenberg e Woody Harrelson tentam reaver a química dos tempos de Zumbilândia |
O problema de Truque de mestre está em querer parecer mais
esperto do que é. É um filme ágil, charmosão, bem articulado no humor e na
ação, mas não é, de maneira alguma, um filme inventivo ou mesmo original. Ao
querer se passar por tal aferindo novo sentido ao slogan “quanto mais de perto
você olha, mais distante da verdade você está”, o filme peca pelas reviravoltas
que desafiam à lógica e irrita ao propor uma solução pouco factível, ainda que
potencialmente inesperada. A sucessão de trucagens no roteiro cansa já nas
proximidades do desfecho, ressaltando a irregularidade narrativa do filme, até
então disfarçada de reviravolta dramática.
O caprichado elenco, que ainda conta com Michael Caine e o
rapper Common, garante o bom nível do entretenimento. O destaque, mais uma vez,
vai para Woody Harrelson que como um mentalista intrometido responde pelos
melhores momentos do filme.
É, a resolução tem seu lado inverossímil, mesmo. Mas, eu gostei de ser levada pelo "truque" da mágica. Porque é isso que o filme é, um truque que se tenta iludir que é mais do que é na verdade.
ResponderExcluirbjs
Eu tb gostei Amanda. Só estava objetivando. rsrs
ResponderExcluirBjs
Ótimo entretenimento! Produção de qualidade que traz boa diversão. O filme não se leva a sério e tem a função clara de entreter com imagem, som, mágica e bons atores. Estão faltando filmes despretensiosos e ágeis como esse.
ResponderExcluirÉ um bom entretenimento mesmo. Concordo que o cinema precise de filmes dessa estirpe.
ResponderExcluirAbs