Sem pagou, passou
Comédia nacional faz graça com cultura enraizada em grande parte da população brasileira de prestar concurso público e brinca com estereótipos em voga na cena nacional
“A equivalência que tem entre os dois filmes é a química
desses quatro caras juntos”, opina LG Tubaldini Jr, produtor de O concurso, a
respeito das comparações entre o filme, que chega nesta sexta-feira (19) aos
cinemas do país, e o filme original da trilogia Se beber, não case! (2009),
encerrada neste ano.
A comparação, cada vez mais constante, partiu de um dos mais renomados nomes
do elenco. O ator Fábio Porchat, há alguns meses, anuiu com a perspectiva de
que o filme era um “Se beber, não case! brasileiro”. O diretor Pedro
Vasconcellos, em coletiva de imprensa que Claquete participou, refutou a ideia.
“Antes desse filme, foram vários os que tinham como mote um grupo de amigos
aprontando todas em um fim de semana”. Para Tubaldini, a memória do filme
dirigido por Todd Philips se impõe, até mesmo porque “Se beber, não case! zerou
as piadas com quatro caras aprontando todas”.
A ideia de fazer uma comédia já estava consolidada para
Tubaldini à época do lançamento de Qualquer gato vira-lata em 2011. A ideia de fazê-la
com o pano de fundo dos concursos públicos surgiu de seu convívio social.
“Tenho muitos amigos de formação jurídica que prestam concursos. Uns conseguem
passar e outros não, mas todos têm ótimas histórias. Com o tempo fui percebendo
que os contos, os adágios davam base para um ótimo roteiro e aí convidei o
Pedro para a empreitada”, explica o produtor. Vasconcellos, que estreia na
direção de cinema com O concurso, credita aos atores o eventual sucesso que seu
filme possa experimentar. “Quando se trabalha com atores virtuosos como esses,
fica fácil o trabalho de um diretor”.
E que atores são esses? Fábio Porchat assume, na leitura do
diretor, o estereótipo mais difícil. Ele faz um homem pressionado pelo pai a
ser juiz e que vive um conflito interno sobre sua sexualidade. Seu personagem é
gaúcho de Pelotas em uma das muitas atitudes irreverentes do filme em relação a
estereótipos brasileiros. Anderson Di Rizzi, que vive trajetória ascendente na
tv Globo, vive um cearense muito família e muito devoto de todos os santos
possíveis e imagináveis. Rodrigo Pandolfo vive um engomadinho paulista do
interior, virgem, e com grave problema de auto-estima. Danton Mello personifica
o malandro carioca, arquétipo mais reconhecível de todos, como um advogado
espertalhão. Os quatro são finalistas em um concurso para juiz federal e estão
na cidade maravilhosa para a realização do exame oral, marcado para as 8h de
uma segunda-feira. Serão muitas as aventuras pelas quais passará a trupe no fim
de semana que antecede a prova. A comparação com Se beber, não case! ganha
força aí, mas o filme apresenta um repertório de gags bem brasileiras que não
aprofunda a analogia. Além do mais, todos os personagens recebem especial
atenção do roteiro, algo que não se verifica no filme de Todd Phillips.
O diretor Pedro Vasconcellos, de cabelo comprido no canto inferior da imagem, confere junto a seu quarteto de protagonistas um take
De Chaplin a Pirapora
O filme foi rodado em 30 dias com orçamento de R$ 5 milhões
e promove a tão falada estreia de Sabrina Sato no cinema. A agora atriz faz uma
atiradora de facas que persegue o personagem de Pandolfo com a finalidade de
desvirgina-lo.
Alternando-se entre o pastelão e o nonsense, O concurso quer
“brincar com os sonhos dos brasileiros. Com esses estereótipos, mas sem deixar
de tratar os personagens de maneira humana”, avalia Vasconcellos. “Comédia é
verdade assim como qualquer gênero, mas é mais técnica”, opina Pandolfo que
viajou para Salto de Pirapora para se inspirar na composição de seu personagem,
cidadão da fictícia Piraporinha. Di Rizzi, por sua vez, enxerga muito de
Chaplin em seu personagem e reconhece que o trabalho em cinema é “mais
delicado” do que na tv.
Elenco e produtores já pensam na sequência e torcem para que
o público abrace o filme. “Não acredito em fazer filmes para o público. Sei que
é estranho para um produtor dizer isso”, expõe Tubaldini, “acredito em filme
bom. Depois é só deixá-lo acontecer”.
Ótimo resumo da coletiva, Reinaldo. Uma pena que O Concurso não conseguiu atingir a expectativa que eles tentaram criar.
ResponderExcluirbjs
Amanda: Mas é sempre assim, né?
ResponderExcluirBjs