Com Cristo, Shakespeare e sem cueca
Ambicioso e solene, O homem de aço tem a árdua missão de superar os filmes da Marvel lançados em 2013 em matéria de bilheteria, mapear o futuro da DC Comics no cinema e revitalizar a carreira do filho de Krypton na tela grande
“Não se deve comparar O homem de aço à trilogia do cavaleiro
das trevas”, disse Christopher Nolan em janeiro deste ano quando indagado sobre
o que esperar do novo filme do superman, do qual é o principal produtor. Se a
fala causa surpresa, até porque Nolan foi recrutado pela Warner para fazer pelo
homem de aço o que fez pelo homem morcego, a ausência dele na maratona
promocional do filme e seu silêncio quase sepulcral desde janeiro denotam que o
filme de U$ 250 milhões que chega nesta sexta-feira (12) aos cinemas
brasileiros não é, internamente, a unanimidade que se faz crer.
Nolan foi o primeiro nome confirmado em O homem de aço. O
nome do diretor Zack Snyder teve que ser aprovado por Nolan que juntamente com
David S. Goyer alinhavou o argumento do filme roteirizado por Goyer.
Os primeiros indícios de que as coisas não iam bem surgiram
no verão americano do ano passado quando a Warner, com o desfecho da trilogia
do cavaleiro das trevas nos cinemas, anunciou que lançaria O homem de aço no
verão de 2013 e não no fim de 2012 como inicialmente aventado. Oficialmente, a
posição do estúdio era de que, dessa maneira, teria um grande lançamento nessa
temporada.
Se por um lado, Nolan parece insatisfeito com o resultado
final, por outro Snyder tem em O homem de aço sua última chance de abandonar
a pecha de promessa e converter-se em realidade como cineasta. Depois dos
sucessos de Madrugada dos mortos (2004) e 300 (2006), o diretor obteve fracassos
comerciais e de crítica com Watchmen (2009) e Sucker punch – mundo surreal (2011).
O homem de aço também é sua primeira produção assumidamente de linha de frente
do estúdio Warner com o qual frequentemente trabalha.
As críticas ao filme, majoritariamente negativas, questionam
o tom solene da obra e apontam na falta de humor e conflitos mais bem
delineados sérios problemas estruturais da fita de Snyder.
Nolan e Snyder nos sets: ninguém fala, mas discordâncias afastaram Nolan do dia a dia das gravações |
A bilheteria é positiva, mas longe de atingir o sonho
dourado do estúdio e O homem de aço não deve chegar a necessária marca do
bilhão de dólares para viabilizar o filme da Liga da justiça. Até o último fim
de semana, o filme tinha arrecadado nos EUA U$ 271 milhões, o que o coloca
atrás justamente de Homem de ferro 3 em termos de faturamento doméstico. No
mundo, porém, a surra que o filme leva do rival da Marvel é mais sonora.
Faltando estrear em alguns mercados como o Brasil, a fita já arrecadou U$ 315 milhões. O
total de U$ 586 milhões apenas cobre o investimento feito pelo
estúdio. Homem de ferro 3, para efeitos de comparação, superou a
vistosa marca de U$ 1,2 bilhão.
A despeito da discussão a respeito do custo dos lançamentos
de verão, é pacífico que o novo filme do Superman não emplacou.
Sotaque inglês
O escolhido para viver Superman em sua nova encarnação foi o
inglês Henry Cavill, cujo trabalho de maior expressão até então tinha sido sua
participação na série "The Tudors". Cavill, no entanto, já havia chegado bem
perto de ostentar a capa do homem de aço. Ele era a primeira escolha de McG
para viver o herói no filme que acabou sendo realizado por Bryan Singer, que
tinha uma visão diferente para o que deveria ser feito e buscou um ator
(Brandon Routh) mais semelhante ao icônico Christopher Reeves. Cavill também
era o preferido de Stephenie Meyer para viver o vampiro Edward, mas também
ficou no quase. Com Nolan e Snyder, sua vez chegou e a Empire escreveu que ele
tem “o queixo mais esculpido de um Superman jamais visto”. O elogio esconde os
dotes dramáticos do ator que foram bem exigidos na versão de Snyder.
“Aqui o conflito é sobre assumir ou não um papel de
protagonismo diante do mundo”, disse o diretor em entrevista à Total Film. A
natureza de Superman sempre valeu comparações com Jesus Cristo e no novo filme,
rodado em tom épico, essa sombra é mais presente. “Não fomos nós quem
estabelecemos essa comparação”, diz o diretor em entrevista ao IG.
Mas a relação de um filho superpoderoso enviado à Terra para
liderar a humanidade é novamente adensada pelo filme que, diferentemente de
Superman- o retorno (2006), reconta a origem do homem de aço sob esse prisma de
aceitação e posicionamento diante de um desafio maior.
Henry Cavill e seu super queixo: o maior herói americano tem sotaque inglês
Shakespeare na panela de pressão
A ideia de conflito existencial em Superman remete ao titã
da dramaturgia William Shakespeare. E o conflito emanado dos pais de
Clark/Kal-el, o pai adotivo Jonathan (Kevin Costner) e o pai biológico Jor-el (Russell
Crowe) pauta a narrativa. O primeiro acha que o filho não deve assumir seus
poderes para o mundo, enquanto que o segundo (em um nível meramente psicológico
em Clark, já que morreu na destruição de Krypton) acha que o filho deve liderar
a humanidade contra o mal.
Esse mal é, neste primeiro filme, encarnado pelo general Zod
– que em Superman II
foi vivido pelo ótimo Terrence Stamp e agora ganha contornos insanos pelo não
menos cativante Michael Shannon.
O antagonista é que traz O homem de aço de volta ao universo
dos blockbusters e engatilha explosões a torto e a direito que mais do que
justificam os U$ 250 milhões gastos na produção.
A ausência de Lex Luthor, da cueca vermelha e uma Lois Lane
mais intrépida - vivida pela atriz Amy Adams - talvez sejam as novidades mais
efetivas do filme incumbido de revitalizar o Superman no cinema.
Ser ou não ser: Jonathan Kent leva um papo com Clark sobre responsabilidades e sobrevivência
Não entendi a comparação das bilheterias com o Homem de Ferro 3 (série já consolidada), o Homem de Aço está chegando agora, quando estiver no capitulo 3 faça essas comparações, seus argumentos desestimulam quem está pensando em dar uma conferida nas telonas.
ResponderExcluirÉ, um Superman um pouco diferente mesmo, com problemas de roteiro, mas ainda poderoso. Acho que quiseram abordar muita coisa em um só filme. Zod poderia vir em um segundo capítulo, por exemplo, não sei. Mas, gostei da Lois Lane de Amy Adams.
ResponderExcluirbjs
Macartiney Oliveira: Macartiney, a comparação não é minha. É apenas uma tradução, ou observação se preferir, de uma comparação que a própria indústria está fazendo. "O homem de aço" é muito mais improtante para os planos da Warner do que é "Homem de ferro 3" para a Marvel. Daí o parâmetro.
ResponderExcluirAbs
Amanda: Ah, o inferno das boa sintenções não é mesmo?
bjs
Onde você viu essa análise da indústria? Homem de ferro faturou no primeiro filme $585,174,222.homem de aço já superou esse valor e vai passar dos 600 milhõess.uma ótima bilheteria pra um reboot que era o que a Warner queria.Achei incorreta essa análise,o filme é um sucesso e já está garantida a sequência.O filme Homem de ferro também foi importante para os planos da Marvel com os Vingadores assim como outros filmes de heróis. Homem de ferro só alcançou a marca bilionária no terceiro filme da série e depois do sucesso de Os vingadores
ResponderExcluirA diferença, meu caro, é que o primeiro "Homem de ferro" não custou nem U$ 100 milhões, portanto a margem de lucro era consideravelmente maior. Além do mais, a Marvel - e o personagem - não experimentavam a pressão que Warner e superman vivenciam para iniciar uma nova franquia e viabilizar o universo DC nos cinemas. Ou seja, são pequenos detalhes que norteiam uma análise mais completa do que apenas a observação dos números.
ResponderExcluirAbs