terça-feira, 16 de julho de 2013

Espaço Claquete - Em busca de um assassino


Selecionado para o festival de Veneza de 2011, Em busca de um assassino (Texas killing fields, EUA 2011), estreia na direção de Ami Canaan Mann (filha do cineasta Michael Mann) é um filme que pesa no contraditório. É perceptível que se trata de um filme que almeja ir além da nomenclatura de fita policial, mas falta à cineasta desenvoltura para filtrar as gorduras de um roteiro que atira para todos os lados e acerta muito pouco.
O roteiro de Don Ferrarone, inspirado em eventos reais, investe na relação passional dos policiais destacados para investigar uma série de crimes cometidos por um serial killer nas cercanias do Texas. O roteiro quer cobrir desde as dificuldades burocráticas da investigação, da falta de recursos e colaboração de moradores das castas mais baixas aos desafios jurisdicionais, a conflitos mais emocionais, como dois detetives divorciados que precisam colaborar ou a angústia de um detetive com forte vocação religiosa.
Mann não consegue direcionar seu filme e o deixa refém de um roteiro pretensamente multifacetado, mas que na realidade é apenas bagunçado. Se essa falta de pulso compromete o resultado desse seu primeiro filme, é possível vislumbrar talento na diretora estreante. Se não tem o apuro visual do pai, Mann é sagaz em aferir intensidade a cenas estratégicas da narrativa. A percepção do que e quando adensar e de quando intervir menos é algo que muitos veteranos ainda fraquejam. Sob essa perspectiva, portanto, trata-se de uma estreia promissora.
Brian (Jeffrey Dean Morgan) é um detetive que veio de Nova Iorque para o Texas e não esconde a obsessão em capturar um assassino que mata mulheres e desova seus corpos pelo Estado do Texas. Seu parceiro, Mike (Sam Worthington), mais cético em relação a seu trabalho e sua relação com ele, não aprova esse afinco todo em capturar o bandido e prefere ater-se aos problemas de sua jurisdição. Sua ex-mulher (Jessica Chastain), detetive em outro condado, compartilha da obsessão de Brian e, por mais essa razão, apresenta problemas de comunicação com o ex-marido.
Há pouco suspense e o desfecho é consideravelmente previsível para um filme que “esconde o ouro”. Isso para um filme que ergue toda a sua dramaturgia a partir da referida investigação é um problema sério.

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