domingo, 14 de julho de 2013

Insight - O circo pega fogo


Sem grande alarde, uma baita mudança com potencial de rearranjar a divisão de forças em Hollywood está em curso. A Warner Brothers, que apesar do ano fraco em matéria de lucro, há anos se consolidou como o principal estúdio de cinema da atualidade com prêmios e franquias campeãs de bilheteria mudou a direção do estúdio com uma guerra de foice vencida pelo executivo Kevin Tsujihara. Bruce Rosenblum, um dos afetados pela ascensão de Tsujihara ao posto de CEO da Warner, foi para a Legendary Pictures principal parceira de produção da Warner desde 2005 que se encontrava em meio a negociações para a renovação do contrato com o estúdio. A chegada de Rosenblum deu relevo à perspectiva de que a Legendary – estúdio que financiou filmes como Fúria de titãs (2010), O homem de aço (2013), 300 (2006), Se beber, não case! (2009) e a trilogia do cavaleiro das trevas – deveria buscar um acordo de parceria que lhe fosse mais vantajoso e que lhe proporcionasse abertura de expansão para outras mídias e plataformas.
Esse parceiro é a Universal Pictures. Há anos na lanterna dos grandes estúdios de cinema – além da Warner, Fox, Disney, Paramount, Sony e Dreamworks, - a Universal prevaleceu sobre suas concorrentes (Sony e Fox também estavam no balcão de negociações) porque compreendeu o momento que vive a Legendary e ofereceu uma parceria que fazia sentido para ambas as empresas. A Universal colocou na mesa a possibilidade da Legendary atuar na TV, as emissoras de tv NBC, USA e Bravo fazem parte da holding que controla a Universal, nos parques temáticos que a empresa detém ao redor do globo e uma porcentagem mais satisfatória em termos de remuneração pelos lucros dos filmes financiados pela Legendary.
Com todo esse charme, o acordo entre Universal e Legendary foi confirmado oficialmente na última quarta-feira (10).  

O homem de aço, que marca uma das últimas colaborações entre Warner e Legendary custou U$ 225 milhões, valor que a Warner não arcaria sozinha...

O que muda
A Warner se movimenta para buscar parcerias que viabilizem suas produções. Na ausência de fundos de private equity (atividade financeira que pressupõe investimento especialmente em empresas que ainda não são listadas na Bolsa de valores, no caso aqui o investimento se dá em filmes) com musculatura suficiente para bancar produções caras, o estúdio busca consubstanciar-se com bancos. Não há nada fechado no momento. No curto prazo, o que se pode visualizar é um abalo no poder de fogo da Warner, uma vez que os grandes carros-chefes do estúdio nos últimos anos eram produzidos em até 60% pela Legendary Pictures.
Já a Universal fez um movimento substancial para se recolocar no emergente, e ainda não completamente decifrado, cenário de produção cultural que se materializa com a era de ouro da tv, o ocaso dos blockbusters e a ascensão de plataformas alternativas de distribuição de conteúdo cultural.

Em miúdos, o estúdio que hoje é refém da franquia Velozes e furiosos precisava do boom que uma parceria como essa pode deflagrar.

4 comentários:

  1. Interessante. O logo da Legendary após a Universal, rs! A Fox e a Dreamworks Animation parecem que são parceiras agora, né? Turbo será distribuído pela Fox.
    Abs.

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  2. Ótimo artigo e análise, Reinaldo. Muito explicativo e esclarecedor. Pois é, fiquei surpreso pela Universal ter vencido esse cabo de guerra. Será muito bom para o estúdio, já que não dá pra sobreviver só de Fast & Furious, né?
    Li também que o Guillermo del Toro está super interesado na Legendary... é pra ficar de olho!

    Abs!

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  3. É, pra ficar de olho mesmo nessa briga de cachorro grande. Ótima reflexão, Reinaldo.

    bjs

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  4. Rodrigo: Valeu meu caro. Pois é, Fox e Dreamworks firmaramum acordo de distribuição no mercado internacional. Na prática, apenas formalizaram acordos pontuais que se intensificavam.
    Abs

    Elton: Obrigado meu brother. Pois é, a Universal teve um apelo, e visão, que outras holdings não tiveram. Vamos ficar de olho sim!
    Abs

    Amanda: Obrigado Amanda.
    Bjs

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