A Fox queria mudar. X-men origens: Wolverine (2009) não chegou a ser um fracasso retumbante nas bilheterias – arrecadou cerca de U$
373 milhões internacionalmente tendo custado pouco mais de U$ 120 milhões – mas
não deixou boa impressão na crítica, na indústria e, principalmente, no público
que esperava um filme menos banal sobre a origem de um dos personagens mais
complexos do universo mutante.
Com
a sequência garantida e o universo X em vias de expansão com X-men: primeira
classe que seria lançado em 2011, o estúdio já sabia para onde queria ir: ao
Japão. Algumas das melhores sagas com o personagem nas HQs se passam no Oriente
e era a manobra certeira para revestir o filme de uma complexidade que
inexistia no primeiro filme. Hugh Jackman, que além de ser o astro do longa é produtor
associado, sugeriu Darren Aronofsky – com quem havia trabalhado em Fonte da
vida (2006) e que estava em alta com a celebração em torno de Cisne negro
(2010). Aronofsky aceitou o convite da Fox e a pré-produção foi iniciada em
cima do argumento pincelado pelo roteirista Christopher McQuarrie de Os
suspeitos e Jack Reacher – o último tiro. Aronofsky e Fox, no entanto, estavam
em desacordo quanto aos rumos da trama e como a narrativa deveria se
desenvolver. Oficialmente, a renúncia de Aronofsky à direção – que chegou a ser
tema da seção Insight à época – se deveu à indisposição do diretor de passar um
período dilatado de tempo no Japão, mas Aronofsky, então em um processo de
separação de Rachel Weisz, insinuou vez ou outra que não embarcaria no projeto
se não detivesse o corte final do filme.
A
pressão do estúdio pesou e Hugh Jackman foi buscar em outro versátil diretor
com quem já havia trabalhado o abrigo que o personagem precisava. James Mangold,
que dirigiu Jackman no romance Kate & Leopold (2001), já comandou comédias
de ação como Encontro explosivo (2010) e faroestes como Os indomáveis (2007).
Era uma escolha plausível dentro da opção do estúdio de ter um diretor
competente e habilidoso em termos narrativos, mas fiel aos tramites de uma
superprodução de estúdio.
Mark
Bomback e Scott Frank então reescreveram o roteiro aproveitando a espinha
dorsal do texto de McQuarrie e Wolverine: imortal, que chega nesta sexta-feira
(26) aos cinemas brasileiros, começou a se tornar uma realidade.
Complexidade emocional e inspiração
em HQ consagrada
Levar
a trama para o Japão fazia parte do projeto de destacar os conflitos emocionais
de Logan, totalmente negligenciados no filme de 2009. A inspiração, ainda que
não devidamente creditada, é a HQ “Eu, Wolverine”, escrita por Chris Claremont
e desenhada por Frank Miller em 1982.
A
trama também se resolve como ponte entre a trilogia X-men original e o próximo
filme da saga mutante, X-men: days of future past. Nesse contexto, Logan vai ao
Japão atormentado pela morte de Jean Grey e se sentindo amaldiçoado por sua
imortalidade. Como uma fera acuada, ele é sabotado por uma pessoa que cria lhe
querer bem e todos sabem como age Wolverine quando provocado. James Mangold foi
buscar referência em uma HQ clássica do herói e esse expediente tem se provado
frutífero no universo mutante no cinema. X2 (2003), para muitos o melhor filme
da franquia X, também é baseado em uma HQ assinada por Cris Claremont (“O
conflito de uma raça”) e o aguardado “encontro de gerações” em X-men: days of
future past (2014), por sua vez, é inspirado na saga “Dias de um futuro
esquecido”.
A
recepção da crítica, de maneira geral, tem sido positiva. Hugh Jackman, em
especial, recebe elogios efusivos por sua sexta encarnação do personagem.
Sobram elogios para o ator até mesmo de quem não embarcou na onda do filme. O
australiano, porém, sabe que carrega o filme nas costas e que esses elogios não
vendem ingressos. A maratona promocional de Wolverine: imortal, justamente por
isso, beirou a insanidade. Jackman em um espaço de uma semana esteve em países
diversos como Coréia do Sul, Japão, Inglaterra, Espanha, e Estados Unidos.
A
aposta da Fox no longa é tão alta que a distribuidora nacional apostou até em
merchandising na novela das nove. Com os filmes estrelados por super-heróis
rendendo seguramente mais de U$ 500 milhões nas bilheterias mundiais, reside em
Wolverine imortal a responsabilidade de ser o primeiro filme com gene X a
romper essa barreira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário