domingo, 14 de fevereiro de 2010

OSCAR WATCH - As novidades do Oscar

Alguns foram pegos de surpresa. Outros já sabiam desde o anúncio no meio do ano passado. Muitos gostaram. Outros tantos desgostaram. Alguns ainda não têm opinião formada. A academia de artes e ciências cinematográficas de Hollywood mudou algumas regras do Oscar. A mais notável das mudanças é, logicamente, o aumento de 5 para 10 filmes concorrentes a categoria de melhor filme do ano. No entanto, houve outras mudanças. A principal delas, diz respeito a eleição do melhor filme propriamente dito. Também mudaram os requisitos para que uma canção seja elegível para o Oscar e por fim, mudou também a data da cerimônia.
A mudança da data é pontual e por uma simples razão de logística. Acontece esse ano em Vancouver, nesse mês de fevereiro, as olimpíadas de inverno. Embora aqui, para nós brasileiros, não seja um evento esportivo de grande atratividade (não há nem mesmo brasileiros competindo), nos EUA é um evento de grande repercussão. Justamente por isso, excepcionalmente esse ano a academia transferiu a cerimônia para março, após o término dos jogos.
Quanto as canções, os membros da academia só poderão eleger canções que atingirem uma nota mínima elaborada por um grupo de músicos da academia. Essa pré-lista teve 60 canções em 2009, das quais saíram as 5 finalistas. A mudança pretende zelar pela qualidade dos trabalhos indicados (Jai ho, ninguém merece né?!).

10 é o novo 5
No entanto, a mudança mais vistosa e comentada por todos foi o aumento de concorrentes na categoria principal. Até 1943 o Oscar de melhor filme era disputado por 10 filmes. Contudo, para aprimorar a qualidade da premiação e torná-la mais equilibrada e concorrida, essa prática foi abandonada. Agora, a mesma justificativa é evocada para o aumento a partir dessa edição. Verdade é que essa mudança se deve a dois fatores preponderantes. O primeiro deles é que o Oscar carece de audiência e relevância junto ao público médio. Analistas entendem que esse quadro só pode ser revertido com a inclusão de blockbusters entre os concorrentes a melhor filme. No ano passado, Batman – o cavaleiro das trevas era tido como o filme ideal para ajudar a estreitar os laços entre academia e público, mas o Oscar, apesar dos avanços nesse sentido, ainda exibia um ranço conservador que o afastava de público e critica. Mesmo em uma cerimônia apresentada pelo Wolverine (o ator australiano Hugh Jackman), Batman não era um dos protagonistas. O que levou o então presidente da academia, Sid Ganes, a promover a mudança ressuscitando essa antiga prática do Oscar. A manobra visa driblar o conservadorismo da academia, pois permite que blockbusters de qualidade cheguem ao Oscar sem que filmes “de Oscar” fiquem de fora. O segundo fator que influiu decisivamente na mudança é a própria necessidade de se renovar. Manter seu interesse e status vivos e revigorados. Mudanças estruturais nesse sentido são providenciais.
Contudo, há quem desaprove a mudança. Para muitos críticos, e inclusive para alguns membros da academia, não há anualmente 10 filmes que mereçam uma indicação ao Oscar de melhor filme. Segundo esses, em muitos anos, não há nem mesmo 5. Para esses, indicar 10 filmes ao prêmio máximo é banalizar o conceito de ser um “Academy award best Picture nominee”. Sem falar do desnível entre os filmes concorrentes na mesma categoria e também na solidez de suas indicações. Já esse ano existem fatos que corroboram esse argumento. Por exemplo, Guerra ao terror tem nove indicações ao Oscar enquanto que Um sonho possível só tem duas. Ambos concorrem a melhor filme. Ou seja, fora a disputa principal, Um sonho possível só concorre em outra categoria. A despeito de sua qualidade, é pouco estofo para um filme que disputa a categoria principal.

A busca por justiça
A mudança mais bem acolhida, no entanto, foi a que altera a metodologia para se aferir o melhor filme do ano. Até o ano passado, o membro da academia destacava em sua cédula de votação, apenas o melhor filme. Aquele que reunisse mais menções era eleito o melhor filme. A partir desse ano a coisa muda. Ao invés de destacar apenas o melhor, o acadêmico deverá elencar, por ordem de preferência, os melhores filmes. Será atribuída uma pontuação por posição. O que somar mais pontos, feita a contagem, será proclamado o melhor filme.
É, de fato, um método mais justo. Pois privilegia aquele que caiu no gosto geral mesmo. E que ostenta menos rejeição também. Como exemplo, pode-se citar o vencedor do ano passado que gozava de grande admiração, mas também de alguma rejeição. É possível imaginar que o filme apareceria no primeiro lugar da lista de muita gente, mas também em último, o que diminuiria as chances de triunfo.
Ou seja, pelo novo método, um filme que agrade mais, mesmo que não seja o preferido da maioria, tem mais chances de ser eleito o melhor filme. É uma medida providencial do Oscar para, além de ser honesto, ser um prêmio mais justo.

Quem se beneficia agora
E quem da atual lista pode se beneficiar desse novo método de aferição? Dois candidatos despontam nesse cenário. Avatar, a maior bilheteria da história e que foi visto por todo mundo que vota (Pois é! Nem todo mundo vê todos os filmes indicados, às vezes vota-se de acordo com favoritismos), e Bastardos inglórios, filme que agradou muito alguns setores da academia. É fato que esses filmes estarão bem posicionados em todas as listas.

O saldo das mudanças
Ao que compete a principal mudança, o acréscimo de mais 5 filmes na disputa principal, não será possível mensurar tão já o impacto das mudanças. Isso porque Avatar estaria entre os cinco finalistas tradicionais; o que por si só aumentaria a audiência da cerimônia (razão principal para a mudança). Em médio prazo, a mudança pode ter um efeito positivo na produção cinematográfica americana e mesmo mundial. Já que será possível filmes, hoje inadequados para o Oscar, sonharem com uma indicação. Por inadequado se quer dizer estrangeiros, blockbusters e filmes mais experimentais. De imediato, muda a campanha de marketing dos estúdios. A partir do próximo ano, deveremos ver muita coisa diferente. Uma vez que o Oscar agora, mais do que nunca, quer abraçar o mundo. Literalmente.

2 comentários:

  1. Refletindo sobre a indicação de 10 filmes à categoria de melhor filme no Oscar, embora em um primeiro ímpeto eu não aceite este tipo de sucateamento da categoria, pensando um pouco comercialmente e fora da caixa, talvez esta ação da Academia traga 1 consequência muito positiva além do aumento da audiência: filmes independentes e blockbusterianos mais bem feitos (se os estúdios se preocuparem não somente em fazer marketing mas em garantir um filme mais harmonioso, bem dirigido e roteirizado).

    É um tema controverso pensar em 10 filmes similarmente em condições de disputar ao Oscar de melhor filme em um exercício anual, mas não serei hipócrita, se eu tivesse no lugar da Academia pressionada a aumentar o IBOPE, talvez eu seria forçada a apelar como eles o fizeram. Em um business muitas vezes você é obrigado a fazer o que não quer para que "os acionistas" obtenham lucro. O que a Academia tem que fazer agora é dobrar o joelho e rezar para que os estúdios melhorem mais e mais a qualidade de seus filmes, do contrário, 10 nomeados para o prêmio máximo do Oscar será uma piada!

    bjs!

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  2. CadÊ a linha pontilhada para eu assinar embaixo?
    bjs madame

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