Dando sequência ao momento Oscar aqui em Claquete, e já que a seção Cantinho do DVD de semana passada destacou Quem quer ser um milionário?, nada mais justo do que trazer avante a critica de O curioso caso de Benjamin Button, o filme que foi o grande rival da obra de Danny Boyle na temporada de premiação passada, pelo menos no tocante as indicações. O filme também constou da lista dos melhores do ano aqui do blog. Vamos a critica:
Sobre o tempo, o amor e a solidão...
O novo projeto de David Fincher era por muitas razões aguardadíssimo. Pelo reencontro do diretor com seu ator preferido - Brad Pitt- pelo tom fabular da história - homem que nasce velho e rejuvenesce, e mais do que tudo pela curiosidade de ver como Fincher um diretor cerebral iria ajustar uma história com tamanho potencial emocional á sua filmografia.
O curioso caso de Benjamim Button (The curious case of Benjamim Button EUA 2008) é um filme triste. Não há nenhum demérito ou restrição inerente nessa constatação. O que Fincher persegue com sua obra e alcança com sobriedade muscular é realizar um filme sobre o tempo. Sobre a perenidade das coisas, dos sentimentos e dos sentidos. Fincher e Eric Roth, roteirista da fita, pegaram a premissa de um conto de F. Scoot Fitzgerald e o transformaram em uma obra tão lúcida e tão eloquente, quanto ambiciosa.
Brad Pitt é Benjamim, homem que nasce velho e passa a rejuvenescer, mas apenas fisicamente. Mentalmente, Button segue o curso natural das coisas. Esse homem extraordinário se aventura a viver uma vida comum. A fantasia de ser jovem e contar com a experiência dos anos vividos é desmontada por Roth e Fincher de maneira serena e robusta. Isso porque o filme a todo momento busca a grandiloquência. Talvez aí resida a grande irregularidade da fita. A busca pela perfeição do relato (que pode ser notada na maravilhosa maquiagem e nos efeitos revolucionários) incuba a emoção, pelo menos em um primeiro momento, já que Fincher não se permite desviar do objetivo central um momento sequer.
E aqui ele fala sobre o amor. Um amor que se transforma com o tempo e com as circunstâncias. Benjamim e Daisy, se conheceram quando crianças, só que ele em um corpo idoso, ela em um corpo de criança, e só poderiam viver plenamente o sentimento que nutriam um pelo outro uma vez. Quando se cruzassem no meio da vida. Há poesia aí. E muito de melancolia também.
Fincher adentra a melancolia com bisturi. A solidão humana. O sentimento de não pertencimento. O existencialismo que permeia as ciências sociais desde que o mundo é mundo são a matéria prima talhada pelo diretor nas suas três horas de filme. Na medida em que Benjamim Button se constrói, Fincher o desconstrói para o público para provar que nas nossas angústias, não temos nada de excepcional. O tempo passa para todos e não poupa ninguém.
Outro elemento presente na fita é a morte. E como os personagens são forçados a lidar com ela. Seja ela natural ou não. Fincher movido por uma curiosidade quase antropológica insiste que o objetivo de nossas vidas é preenche- la de sentido. A cena final para quem não tiver conseguido captar a mensagem é didática.
O filme recebeu 13 indicações para o próximo Oscar, inclusive filme, direção e ator. Justo reconhecimento a um filme que permanece com o espectador e mais, estimula a reflexão. Não uma reflexão qualquer, mas uma que nos faz olhar para dentro de nós mesmos. Emocional ou não, Fincher conseguiu provar seu ponto de vista.
O novo projeto de David Fincher era por muitas razões aguardadíssimo. Pelo reencontro do diretor com seu ator preferido - Brad Pitt- pelo tom fabular da história - homem que nasce velho e rejuvenesce, e mais do que tudo pela curiosidade de ver como Fincher um diretor cerebral iria ajustar uma história com tamanho potencial emocional á sua filmografia.
O curioso caso de Benjamim Button (The curious case of Benjamim Button EUA 2008) é um filme triste. Não há nenhum demérito ou restrição inerente nessa constatação. O que Fincher persegue com sua obra e alcança com sobriedade muscular é realizar um filme sobre o tempo. Sobre a perenidade das coisas, dos sentimentos e dos sentidos. Fincher e Eric Roth, roteirista da fita, pegaram a premissa de um conto de F. Scoot Fitzgerald e o transformaram em uma obra tão lúcida e tão eloquente, quanto ambiciosa.
Brad Pitt é Benjamim, homem que nasce velho e passa a rejuvenescer, mas apenas fisicamente. Mentalmente, Button segue o curso natural das coisas. Esse homem extraordinário se aventura a viver uma vida comum. A fantasia de ser jovem e contar com a experiência dos anos vividos é desmontada por Roth e Fincher de maneira serena e robusta. Isso porque o filme a todo momento busca a grandiloquência. Talvez aí resida a grande irregularidade da fita. A busca pela perfeição do relato (que pode ser notada na maravilhosa maquiagem e nos efeitos revolucionários) incuba a emoção, pelo menos em um primeiro momento, já que Fincher não se permite desviar do objetivo central um momento sequer.
E aqui ele fala sobre o amor. Um amor que se transforma com o tempo e com as circunstâncias. Benjamim e Daisy, se conheceram quando crianças, só que ele em um corpo idoso, ela em um corpo de criança, e só poderiam viver plenamente o sentimento que nutriam um pelo outro uma vez. Quando se cruzassem no meio da vida. Há poesia aí. E muito de melancolia também.
Fincher adentra a melancolia com bisturi. A solidão humana. O sentimento de não pertencimento. O existencialismo que permeia as ciências sociais desde que o mundo é mundo são a matéria prima talhada pelo diretor nas suas três horas de filme. Na medida em que Benjamim Button se constrói, Fincher o desconstrói para o público para provar que nas nossas angústias, não temos nada de excepcional. O tempo passa para todos e não poupa ninguém.
Outro elemento presente na fita é a morte. E como os personagens são forçados a lidar com ela. Seja ela natural ou não. Fincher movido por uma curiosidade quase antropológica insiste que o objetivo de nossas vidas é preenche- la de sentido. A cena final para quem não tiver conseguido captar a mensagem é didática.
O filme recebeu 13 indicações para o próximo Oscar, inclusive filme, direção e ator. Justo reconhecimento a um filme que permanece com o espectador e mais, estimula a reflexão. Não uma reflexão qualquer, mas uma que nos faz olhar para dentro de nós mesmos. Emocional ou não, Fincher conseguiu provar seu ponto de vista.
Não gostei do filme, mas gostei demais da sua crítica!
ResponderExcluirNossa Anabela, muito obrigado pela deferência. Mesmo. Fico feliz que tenha apreciado o meu olhar independentemente do seu gosto pela obra. Exige grandeza e despreendimento. Curiosidade matou um gato da minha idade, mas fiquei intrigado: Pq não gostou do filme? Bjs
ResponderExcluirA maior injustiça da história do Oscar para mim! Claro que o filme de Fincher é exagero em todos os sentidos, mas é lindo e daqueles que nos traz emoções inimagináveis! Nunca havia sentido o que senti quando assisti Benjamin Button!
ResponderExcluirPode ser melancólico, triste, não trazer esperança nenhuma, mas é um filme único!
Abração Reinaldo.
Bom Carnaval!
Obrigado Eri. Bom carnaval para vc tb. Tb acho uma das grandes injustiças do Oscar. Como vc disse, é um filme único. ABS
ResponderExcluirOi Reinaldo,
ResponderExcluirEste é um filme fascinante para mim. Melancólico porém honesto o suficiente para falar sobre a passagem do tempo e a inevitabilidade da morte. E o que estamos fazendo com o nosso tempo? Eis a pergunta fundamental. A cena final é única. Algumas pessoas nasceram para fazer algo e, o estamos fazendo este algo no tempo que nos sobra?
Divino!
Grandiosa resenha assim como o filme!
bjs
Obrigado madame. Esse e amor sem escalas foram os últimos dois filmes, que assisti no cinema, que me acompanham em meus pensamentos por alguns dias. Uma obra excpecional, sem dúvidas. Bjs
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