quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Cenas de cinema

Na terra do sangue e mel

O título, tão improvável, pegajoso e atraente, é do novo filme de Angelina Jolie, o primeiro em que ela atuará como diretora. Angelina recebeu a reportagem da Vanity Fair para falar, basicamente, sobre a experiência de dirigir In the land of blood and honey. A matéria estampará a capa da revista americana em outubro. Angelina rememora os árduos momentos da pré-produção, em que chegou a ter a licença para filmar na Bósnia revogada, e teoriza sobre intolerância nos sets de filmagens depois de dirigir: “Brad acha que eu ficarei ainda mais impaciente com os diretores. Isso porque eu já sou chata”, relatou à revista.
Jolie disse que se apaixonou por dirigir. Seu filme está marcado para dezembro e provoca ansiedade na crítica e indústria de cinema.
A atriz aproveitou, ainda, para esclarecer que não está grávida e não tem planos de adotar mais um rebento.


As últimas de Sean Penn
E o Sean Penn hein? Desembestou ao politicamente incorreto com uma habilidade que não é dele. Primeiro andou falando mal da ex Scarlett Johansson. Segundo as famosas fontes anônimas, Penn teria ficado bem chateado com a loira que andou declarando que ele fazia o tipo possessivo e ciumento. Não obstante, Penn concedeu duas entrevistas matadoras nas últimas semanas.
Na primeira, concedida ao jornal francês Le Fígaro, o ator admitiu ter ficado descontente com o corte final de A árvore da vida, filme que estrela e venceu a Palma de ouro no último festival de Cannes. Segundo Penn, o filme poderia ter uma narrativa mais convencional sem gerar prejuízos a seu aspecto visual. “Até agora eu não sei dizer qual foi minha contribuição para o filme”, afirmou Penn. Em outra entrevista, à revista Serafina, o ator disse que atualmente tem dois critérios para escolher um trabalho. Ou trabalha com amigos ou com quem admira muito, ou em projetos que lhe ofereçam muito dinheiro. “Aí eu leio o roteiro até a décima página”, brincou.

Quando não dá entrevistas matadoras, o ator é visto ao lado da nova namorada que, como se vê, não é loira...


O inferno de Gibson em parcelas
Mel Gibson continua recolhendo os cacos de sua união com a cantora russa Oksana Grigorieva. Aconteceu nesta quarta-feira em Los Angeles a audiência que oficializou o acordo elaborado há dois meses entre os advogados das partes. Gibson pagará U$ 750 mil a título de indenização a Grigorieva e terá de prestar apoio financeiro a filha do casal, que está prestes a completar dois anos, nos mesmos moldes do que presta a seus outros sete filhos.
A mansão em que Grigorieva vive continuará sob seus cuidados até que a criança complete 18 anos. Aí, a mansão será vendida e a renda entregue a filha de Gibson e Grigorieva. Essa resolução, que não constava do acordo inicial, partiu do juiz.
Ambas as partes se comprometeram a não publicar livros ou divulgar gravações a respeito do período em que a união existiu.
Gibson saiu satisfeito com o acordo e agradeceu ao juiz pela justa condução e pela conclusão razoável.


“É, antes de tudo, um filme sobre moralidade”

Assim definiu George Clooney seu thriller político que deu pontapé inicial na 68ª edição do Festival de Veneza. Tudo pelo poder, título nacional para The ides of March, não foi uma unanimidade entre os jornalistas presentes no lido. O The guardian elogiou o cinismo do filme, enquanto O New York Times sublinhou o ceticismo com que Clooney tratou o meio político.
Em Tudo pelo poder, Clooney vive o presidenciável Mike Morris e é na articulação política para erigir sua candidatura que o filme se desdobra. Ryan Gosling, que não compareceu ao evento, faz o protagonista. O time de estrelas que compõe o filme, e que esteve na premiere oficial, merece atenção: Phillip Seymour Hoffman, Paul Giamatti, Marisa Tomei e Rachel Evan Wood. Tudo pelo poder está previsto para ser lançado no Brasil em 15 de outubro.


Entre Hollywood e Washington
O tom politizado, como era de se esperar, predominou na coletiva de imprensa do filme. Clooney negou interesse em concorrer a cargos políticos e afirmou estar otimista com a política americana. “Estamos vivendo um tempo difícil (em alusão óbvia as sucessivas crises político-econômicas), mas vai melhorar”. O ator refutou a sugestão de que seu filme é uma crítica aos Estados Unidos e ao partido democrata em particular. Mas está ciente do pessimismo que apresenta em seu filme. Tanto é, que em entrevista ao britânico The Guardian antes do festival de Veneza, Clooney admitiu que adiou o começo da produção de Tudo pelo poder porque com a eleição de Obama em 2008, o momento não seria oportuno. Para bom entendedor...
                                                        Foto: Getty images
George Clooney, Marisa Tomei, Evan Rachel Wood e Phillip Seymour Hoffman batem um papo momentos antes da exibição de gala de Tudo pelo poder em Veneza


Se fosse hoje...
O blog IndieWire, que rasgou elogios para o filme (ainda que não o considere um potencial vencedor do Oscar), já chutou uma aposta até mesmo palpável para a capa da edição do homem mais sexy da People em 2011: Ryan Gosling.
Para o IndieWire, não tem concorrência. Gosling, além de revezar uma série de altos em um espaço de 12 meses (Namorados para sempre, Drive, Amor a toda prova e Tudo pelo poder) está cada vez melhor nas telas e fora delas.

Ryan Gosling em  foto do editorial da revista americana Interview: cada vez mais in...


Com medo de julgar
O cineasta Darren Aronofsky admitiu na entrevista coletiva de apresentação do júri do 68º festival de Veneza que fica desconfortável com o termo “julgar”. “Acho a palavra muito forte. Me dá medo”, pontuou o diretor que já triunfou em Veneza em 2008 com O lutador. “Talvez devêssemos usar outro nome que não jurados”, indicou o diretor americano. Aronofsky, no entanto, se disse entusiasmado com os 22 filmes escolhidos para compor a mostra oficial: “Poucas vezes se viu catálogo tão privilegiado”.

Crítica - Lanterna verde

Não deu!


Era uma tragédia anunciada. Lanterna verde (Green lantern, EUA 2011) sofreu duros golpes durante a produção, com sinais de descontentamento emitidos publicamente pelo estúdio (a Warner) e ainda tinha de corresponder as desmedidas expectativas de equiparar-se aos filmes da Marvel. Martin Campbell, um diretor bem sucedido no gênero da ação que viabilizou o Zorro de Antônio Banderas na tela grande e reiniciou duas vezes James Bond nos cinemas parecia o nome certo para fazer o primeiro super herói do segundo escalão da DC comics decolar nos cinemas. Parecia. Campbell, que até Lanterna verde enfileirava acertos, mantém o bom olho para a concepção de cenas de ação – e nisso não dá para dizer que Lanterna verde decepciona. Mas não consegue dar conta da profundidade que os filmes de super heróis demandam após as incursões do Batman de Christopher Nolan nos cinemas. Tão pouco se resolve como a sátira que é Homem de ferro, ainda que conte com um inspirado Ryan Reynolds – que regula seu personagem no mesmo tom de escracho com que Robert Downey Jr. compôs seu Tony Stark.

humm...: não tá cheirando bem

Hal Jordan (Ryan Reynolds) faz o tipo irresponsável e arrogante que interioriza toda a sua nobreza de forma que ninguém perceba que ele a tem. Mas o anel alienígena percebe e faz dele o representante terráqueo de uma tropa intergaláctica formada por lanternas verdes.
O problema do filme, em um primeiro momento, é a forte hesitação em assumir-se como sátira (algo vislumbrado nas caracterizações de Reynolds, Tim Robbins como um senador cheio de segredos e Peter Sarsgaard como um potencial vilão) ou como um filme que se leve genuinamente a sério. É essa indecisão que faz de cenas como a que Jordan intercede a favor da terra em uma audiência com os guardiões do universo que tornam Lanterna verde quase risível. Um filme com espírito trash e orçamento de primeira grandeza que se perdeu no limbo das ambições mal calculadas. No final das contas, dá uma boa sessão de cinema. Contudo, em um mundo que super heróis geram metáforas sobre existência é pouco. E em uma indústria em retração, um filme orçado em U$ 200 milhões ser uma boa sessão de cinema é desesperadamente pouco.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Crítica - Amor a toda prova

No ponto certo!


Não é difícil rememorar comédias românticas que excedam expectativas. São poucas. Para ficar nos últimos anos podemos citar Terapia do amor (2005), Separados pelo casamento (2006) e Eu meu irmão e nossa namorada (2007). É com o protagonista deste último que Amor a toda prova (Crazy, stupid, love EUA 2011) conta. Steve Carell é, sem risco de errar, a alma do novo filme dos diretores Glen Ficarra e John Requa – do excelente O golpista do ano.
No filme, Carell vive Carl, um homem tímido, pouco articulado que reage com catatonia ao pedido de divórcio da mulher, Emily (vivida com afetuosidade por Julianne Moore), também ela desorientada em uma relação marcada por uma rotina intrusa.
Sem parecer ter muita disposição para aprender a ser solteiro novamente, Carl chama a atenção de Jacob (Ryan Gosling), um profissional da conquista que simpatiza com o flagelo emocional de Carl. Enquanto Jacob ensina seu “mojito” a Carl, Amor a toda prova transpira leveza e comicidade. Mas essa leveza não pode ser confundida com falta de profundidade. E são as histórias paralelas que agregam esse valor ao filme. O filho de Carl (vivido pelo gracioso Jonah Bobo) se descobre apaixonado por sua babá (Analeigh Tipton), que por sua vez tem uma quedinha por Carl. Emily tenta, sem muita convicção, se acertar com David (Kevin Bacon)-o polarizador da separação de Carl. Desses recortes, Amor a toda prova se viabiliza como um filme que não buscar amparar-se em clichês, mas prover-lhes substância. Poucas vezes se viu em uma comédia com pegada tão popular tamanha maturidade no trato desse sentimento tão insano como o amor. Justiça seja feita, o titulo original captura perfeitamente o estado de espírito da obra: discutir sem viés moralista os entornos de um sentimento que muda de cor conforme a vida avança. Talvez por isso o personagem mais obstinado e entusiasmado do amor seja um pré-adolescente.
A necessidade de se vincular a alguém, a liberdade de se desprender, a vontade de voltar, a força impositora do hábito no cultivo de uma relação desgastada são temas arranhados pela obra com alguma desenvoltura. A proposta não impede o otimismo tão caro a comédias românticas, mas Ficarra e Requa – que constroem uma filmografia interessantíssima – não se intimidam com essa outra imposição: a do final feliz.

Photoshop kind a guy: Ryan Gosling oferece muito mais ao espectador do que exibe seu charmoso personagem


O final feliz de Amor a toda prova não deixa de ser um recomeço. Os personagens não seguirão o caminho azulado da paixão. Um filme que busca a reflexão e adverte para o risco de nos fecharmos em nós mesmos só podia atrair um elenco tão refinado como este. Ryan Gosling, Emma Stone, Julianne Moore, Kevin Bacon, Marisa Tomei e Steve Carell respondem a altura das expectativas e ajudam a sofisticar um filme que, em si, já seria auto suficiente.
Com diálogos inteligentes e situações arquitetadas com o requinte dos destemperos da realidade, Amor a toda prova merece a distinção de adentrar àquela restrita galeria de comédias românticas que excedem às expectativas.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Crítica - O planeta dos macacos: a origem

Entretenimento pensante!


O título da crítica é do tipo auto imposto. Contestado no momento em que teve sua produção anunciada, O planeta dos macacos: a origem (Rise of the planete of the apes, EUA 2011) se consagra no cinema com prestígio junto à crítica e endosso do público nas bilheterias. É um acolhimento justo para um filme que diverte e faz pensar. Duas características simples, mas que andam distantes uma da outra em matéria de blockbusters hollywoodianos; principalmente quando uma refilmagem ou prelúdio de um grande sucesso do cinema está em questão.
O filme de Rupert Wyatt é bem sucedido por embasar intelectualmente sua ação. É um filme que não se precipita. Tem consciência de sua estatura como filme B, mas não teme se comportar como algo a mais. Deriva daí o comentário que faz sobre os avanços da ciência e os limites da ética. Algo intrínseco a literatura de Pierre Boulle que o novo filme recupera com vigor amparado em efeitos especiais primorosos.
O mérito dessa improvável conjunção é de Wyatt. É ele quem busca o olhar dos macacos, em especial do protagonista Ceasar, em um movimento para aproximá-lo de nós humanos e ao mesmo tempo nos provocar apreensão. É dessa dicotomia que O planeta dos macacos: a origem esculpe sua força. O fascínio que Ceasar nos provoca não é desvinculado do receio que cresce no íntimo da audiência.
Will (James Franco) é um cientista que se dedica a achar uma cura para o mal de Alzheimer e Ceasar, para o bem e para o mal, é a resposta dessa busca desmedida. O filme excede o politicamente correto ao atentar tanto aos clichês (o pai doente como motivação pessoal que move o protagonista) como ao desenvolvimento de um olhar próprio - dentro da lógica interna do filme (a evolução de Ceasar em termos cognitivos, comunicacionais e emocionais) e externa a ele (na capacidade de se resolver como uma metáfora tão eloquente quanto o filme de 1968 com o qual se comunica intimamente).


O olhar que gela: a direção busca, em um movimento de aproximação com o público, sempre devassar o olhar de Ceasar


O grande achado do novo Planeta dos macacos é, antes de querer ser um filme de ação, ser um filme com algo a dizer. Mas nem por isso, se submete puramente a esse discurso. A opção de acompanhar Ceasar no abrigo para símios e testemunhar uma espécie de epifania do personagem, em cenas que prescindem de diálogos, reforça o acerto do filme em prover a sua audiência uma experiência intelectual. Após esse ato, tem-se início um outro que culmina em uma cena de ação não menos envolvente na ponte Golden Gate em São Francisco.
Um blockbuster como objeto de reflexão não é primazia desse O planeta dos macacos: a origem. Mas é a primeira vez que uma criatura como Ceasar – uma combinação bem sucedida dos efeitos especiais da Weta e do esmero criativo do ator Andy Serkis – pauta essa reflexão. Vem dele toda a emoção e conteúdo de O planeta dos macacos. Nem outro famoso símio, King Kong, fez tanto. Um personagem inesquecível em um filme muito mais importante e interessante do que as suposições podem articular.

domingo, 28 de agosto de 2011

Tira-teima: Frat Pack X Turma de Apatow






Por que "Frat pack"?

Foi um termo cunhado pela crítica, em veículos como Rolling Stone e a Variety, que pegou. Black, Vaughn e Stiller adotaram o referencial que os compara com a turma encabeçada por Frank Sinatra e Dean Martin nos idos dos anos 50 e 60.


Por que a "turma de Apatow"?
É Judd Apatow o motor desse novo time de comediantes que colaboram em projetos diversos. É ele também o maior link entre todos os filmes produzidos por essa galera de 2005 para cá.


Os filmes
(Frat Pack)

Zoolander (2000)
Orange county (2002)
Dias incríveis (2003)
Starsky & Hutch - justiça em dobro (2004)
A inveja mata (2004)
Com a bola toda (2004)
O âncora: a lenda de Ron Burgundy (2004)
Penetras bons de bico (2005)
Escola de idiotas (2006)
Uma noite no museu (2006)
Trovão tropical (2008)
Encontro de casais (2009)


Os filmes
(turma de Apatow)

O âncora: a lenda de Ron Burgundy (2004)
Papai bate um bolão (2005)
O virgem de 40 anos (2005)
Rick Bobby – a toda velocidade (2006)
Ligeiramente grávidos (2007)
Superbad – é hoje (2007)
Walk hard: a vida é dura (2007)
Ressaca de amor (2008)
Role models (2008)
Meu nome é Taylor, Drillbit Taylor (2008)
Quase irmãos (2008)
Segurando as pontas (2008)
Ano um (2009)
Eu te amo, cara (2009)
Tá rindo do quê? (2009)
O pior trabalho do mundo (2010)
Um jantar para idiotas (2010)
Your Highness (2011)
Missão madrinha de casamento (2011)



O elemento de convergência


Além da participação especial de Ben Stiller em Freaks & Geeks, os dois grupos do humor compartilham outros pontos de sinergia. Will Ferrel tem participações suficientes em filmes dos dois grupos para ser considerado membro de ambos e O âncora: a lenda de Ron Burgundy contou com vasto elenco de ambas as partes e deflagrou a turma de Apatow. Por esse raciocínio, é possível dizer que O âncora é a costela de Adão da comédia americana atual.






Quem reina?


Enquanto o Frat Pack dá sinais de esgotamento, uma vez que os filmes do grupo são cada vez menos frequentes, a turma de Apatow segue firme. Os roteiristas e produtores apadrinhados por Apatow engatam projetos em estúdios como Sony e Universal anualmente e o próprio Apatow mantém a média de um filme a cada dois anos.


Quem lucrou mais?

Até por ter realizado mais filmes, a turma de Apatow conseguiu arrecadar mais dinheiro. Contudo, isoladamente, os filmes do Frat Pack causaram mais frisson nas bilheterias. Penetras bons de bico em 2005 e Trovão Tropical em 2008 são exemplos de fitas que entraram no ranking das dez maiores arrecadações em solo americano em seus respectivos anos, coisa que nenhum filme da turma de Apatow conseguiu.



A pompa com a crítica

O Frat Pack nunca gozou de muito prestígio com a crítica. Houve filmes que caíram no gosto da crítica, como Trovão tropical, mas no geral a relação foi bastante fria. Já a turma de Apatow conta com mais boa vontade. Tirando Tá rindo do quê?, as fitas dirigidas por Apatow foram bastante elogiadas e filmes que produziu como Superbad-é hoje e Missão madrinha de casamento também agradaram.



A estratégia da ação entre amigos

Os anos 2000, no que toca a comédia americana, foram definidos por essas duas linhagens do humor e as influências ainda podem ser sentidas no cinema. Desenvolver projetos em um mesmo grupo, além de facilitar o entrosamento e cativar uma audiência particular, permite que o trabalho seja observado dentro de uma linha evolutiva. Esse raciocínio favorece, e muito, o organograma desenvolvido por Apatow. O processo, inteiramente consciente, de estender seus tentáculos pela comédia americana pode ser percebida pelo crescente número de filmes e atores que circundam o núcleo principal da turma. O Frat Pack, por sua vez, ostenta a primazia e é a comprovação do sucesso do modelo consagrado no alvorecer do século XXI.

Insight

Os astros encolheram?

Todo ano é a mesma coisa. As chamadas franchises lucram absurdos, vitaminadas pelo uso indiscriminado e exagerado do 3D, e a soberania das estrelas de cinema é posta à prova. Em épocas de crise financeira e recessão econômica, o panorama é ainda mais alarmante e, desde o solavanco que a economia global levou em 2008, a indústria do cinema tem prestado mais atenção a essa questão em particular.
O ator William Dafoe, que tem no currículo filmes díspares como O paciente inglês (1997), Homem aranha (2002) e Anticristo (2009), disse outro dia que Hollywood se preocupa mais em vender do que em produzir filmes. A fala de Dafoe, além de sintomática da reação dos estúdios às famigeradas crises, permite uma inflexão ainda mais profunda.

Shia LaBeouf corre em cena de Tranformers - o lado oculto da lua: o terceiro filme da franquia, o primeiro em 3D, superou o bilhão de dólares e estimulou o estúdio Paramount a seguir em frente 


Hollywood, como sublinhou o ator, está mais preocupada em garantir que não haja prejuízos do que arriscar o lucro. Passa por aí o lastro cada vez maior de refilmagens e adaptações amontoadas de outras mídias, de HQs a literatura pop juvenil de gosto duvidoso. Mas isso em si, não é problema – pelo menos não para os fins desse artigo. A aposta em filmes que são, antes disso, produtos é válida. É preciso pôr em ação o gigantismo de uma indústria como a do cinema americano e os astros fazem parte disso. O que chama à atenção, e no verão de 2011 isso ficou mais visível, é como os atores tiveram espaço diminuído na própria elaboração dos projetos. Essa constatação remete a outra. De que no alvorecer do século XXI vive-se a era dos personagens, não dos astros. Bobagem. Gente como Brad Pitt, Angelina Jolie, Tom Hanks e Julia Roberts continua a exercer fascínio. Com a consolidação da internet, esse fascínio foi ligeiramente deslocado do cinema – mas não foi esse deslocamento que ocasionou esse hipotético encolhimento dos astros. Foi a estratégia adotada pelos estúdios.
Dois fins de semana são emblemáticos para ilustrar esse debate. O primeiro, o tradicional 4 de julho, teve os lançamentos de Transformers: o lado oculto da lua e Larry Crowne: o amor está de volta. O primeiro filme é uma franquia poderosa que traz a assinatura de Steven Spielberg e mais de U$ 200 milhões de orçamento, o segundo é uma fita independente que marca o retorno de Tom Hanks à direção. Uma comédia sofisticada, veja você, justamente sobre a crise econômica. O primeiro já atingiu, com toda as suas restrições enquanto trabalho artístico, o bilhão de dólares. O segundo, que vem tendo sua estréia constantemente adiada nos cinemas brasileiros, recebeu críticas negativas e desapareceu do Top 10 americano em três semanas.

 Daniel Craig e Harrison Ford na capa que a revista Entertainmet Weekly deu para Cowboys & Aliens: um hype irresistível


Tom Hanks e Julia Roberts atraíram uma audiência na faixa dos 30 a 45 anos aos cinemas para ver Larry Crowne, mas as críticas ruins esvaziaram o interesse pelo filme


O segundo fim de semana é o de 29 de julho. A aventura Cowboys & Aliens venceu por pouco mais U$ 900 mil a batalha contra Os smurfs no box Office americano. Em um fim de semana com altos ganhos de bilheterias, o filme estrelado por Daniel Craig e Harrison Ford faturou U$ 36,431 milhões enquanto que o da turma azul ficou com U$ 35,611 milhões. Embora baseada em uma HQ, Cowboys & Aliens se escora no seu par de astros e derrotou as criaturas em CGI que tinham o respaldo do 3D e uma popularidade prévia muito maior.
Esses recortes apontam para a falta de contexto dos profetas do fim da era das estrelas. Internacionalmente, o apelo de um Hollywood star beira o incomensurável. Não à toa, os festivais de cinema como Berlim, Cannes e Veneza estão cada vez mais repletos da nata Hollywoodiana e os grandes estúdios levam suas estrelas para eventos promocionais em países emergentes como Brasil, México e Rússia.
A estratégia hollywoodiana de privilegiar produtos de outras mídias atingirá um ponto de saturação e esse cenário está mais próximo do que muitos imaginam. Quando isso ocorrer, os astros estarão lá. Incólumes. Prontos para aumentarem seus cachês.

sábado, 27 de agosto de 2011

Cantinho do DVD

Para fechar o mês em que as comédias foram destaque aqui em Cantinho do DVD, nada mais oportuno do que se voltar a um tipo de comédia que parece em extinção em Hollywood. Aquela que não se fecha em si. Aquele tipo de filme que, além de entreter, almeja algo mais. Esse propósito parece perdido da maior parte das comédias produzidas atualmente em Hollywood. Mike Nichols é dos poucos diretores que sabem fundir, de maneira brilhante, o drama das vidas à comédia no cinema. É, de certa forma, o que ele faz em Uma secretária de futuro. Um ótimo filme que traz bons momentos de Melanie Griffith – então atriz promissora – Harrison Ford e Sigourney Weaver.
O filme ainda merece a revisão por outros critérios. É interessante observar a cafonice dos anos 80 nos vestuários das atrizes. Uma diversão a parte. Outro dado interessante é perceber o que os anos acrescentaram a Alec Baldwin, Harrison Ford e Kevin Spacey (em uma divertida ponta). A crítica a seguir:


Crítica

Os anos 80 se fechavam com a bolsa de valores se viabilizando como o horizonte da glória capitalista. Mike Nichols, um diretor que já havia abordado a batalha dos sexos em outros eixos, vislumbrou em um ambiente de competição como o de Wall Street o material perfeito para mais uma de suas façanhas cinematográficas. Uma secretária de futuro (Working girl, EUA 1988) pode ser visto como uma crônica sobre o acirramento do mercado de trabalho e seus filtros cada vez mais rigorosos, mas a fina comédia de Nichols funciona melhor sob a ótica de uma parábola feminista de curto alcance. Em uma época em que as mulheres ainda eram minoria espremida no mercado de trabalho e que ocupavam empregos proletários, uma secretaria sonhar com uma posição de destaque em uma firma jurídica de corretagem era algo que beirava o ultrajante.
Não à toa, Nichols abre seu filme com sua protagonista Tess (Melanie Griffith) sendo vítima de uma pegadinha sexista que facilmente seria enquadrada como assédio moral nos dias de hoje. Para essa personagem, vislumbrar uma carreira melhor do que a que tinha deveria ser um convite à depressão. Aí está o brilho da personagem e do filme de Nichols. Uma ode ao inconformismo, mas sem fazer do filme uma causa.
Tess, apesar de ingênua, se apega a todas as oportunidades e aprende com seus erros. Ela se aproveita da ausência de sua chefe charlatona (Sigourney Weaver) e se faz passar por uma executiva de calibre. Teoria não lhe falta e para compensar a falta de prática se aproxima de Jack Trainer (Harrison Ford), um experiente operador do mercado de fusões e aquisições – nicho em que Tess decide se experimentar.
Uma secretária de futuro então se dedica à desenvoltura do plano de Tess em se provar capaz – e a perfilar os obstáculos que se erigem.
É uma atividade a qual Nichols cumpre com extrema eficiência. Sabendo sublinhar os momentos de humor e evitando o potencial moralista – ainda que sublinhe o quão oportuna é a saga de Tess em busca de reconhecimento.
Harrison Ford convence como o tipo ansioso que remetia a Wall Street da época. Melanie Griffith surge cativante na pele da mulher obstinada a ser mais do que as convenções sociais lhe impõem. As seis indicações ao Oscar (incluindo filme, direção e atriz) não foram despropositadas. Elas reforçam a bem sucedida intenção da fita (ser um veículo feminista com proporções moderadas) e o acerto no tom (estabelecendo o humor e a inteligência como parâmetros).

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Filmografia comentada - Judd Apatow

Apresentação

Indústria e crítica adoram apontar a "nova revolução" em determinado gênero cinematográfico. Justamente por isso, crítica e indústria se renderam ao talento de Judd Apatow. Um cara que sempre esteve ligado ao humor e que, ironicamente, fracassou na tv para fazer sucesso no cinema. Um caminho inusitado, já que o cinema parece acolher apenas os tipos bem sucedidos na TV. Apatow, além de ter patenteado um novo tipo de comédia, colaborou na revelação e consolidação de diversos nomes nos campos da direção, roteiro e atuação.
Adepto da teoria de trabalhar com os amigos, Apatow não se incomoda em ampliar o network na base das amizades. Foi o host das últimas duas cerimônias de premiação do sindicato dos diretores – uma prova de que é levado a sério por seus colegas de ofício – e é constantemente convidado para supervisionar textos de colegas em Hollywood e produzir gente nova.
Antes de ter dirigido o terceiro filme, foi eleito a personalidade mais influente em Hollywood pela revista Entertainmet Weekly. A transformação a que submeteu a comédia americana é vívida e constante. Apatow é um exemplo de artista bem definido em seu metiê.







O começo fora do traçado

O pentelho (The cabel guy, EUA 1996)
Ainda ligado a TV, onde produzia e dirigia filmes sem grande repercussão, Apatow integrou o time de produtores dessa razoavelmente bem sucedida incursão na direção do astro Ben Stiller. Trabalhar com Jim Carrey e Ben Stiller, dois dos expoentes do humor no meio dos anos 90, certamente foi uma experiência muito rica para Apatow.



O jeito Apatow de fazer
Freeks & Greeks (série de tv, EUA 1999 -2000)
Foram 18 episódios de uma série que hoje é objeto de culto. O programa marcou o início da parceria e amizade com o roteirista, ator e também produtor Seth Rogen. A série trazia personagens fora da coloração da produção cultural da época, mas os nerds emaconhados de Apatow ainda dominariam Hollywood.


Comédia romântica tipo fast-food
O virgem de 40 anos (The 40 year old virgen, EUA 2005)
Com o talento de Steve Carrel como trunfo e cercado por colaboradores habituais, Apatow realizou um filme que influenciaria a produção de humor americana dali em diante. Um filme que consegue ser fofo, politicamente incorreto e até mesmo grosseiro sem criar conflitos estruturais. Uma prova de que Apatow estava disposto a ser destaque na comédia americana.



Consagração
Ligeiramente grávidos (Knocked up, EUA 2007)
Foi nesse ano que Apatow se firmou como tutor da nova comédia americana. Com o sucesso estrondoso de Ligeiramente grávidos, filme com ponto de partida tão incomum quanto seus protagonistas, o diretor mostrava que a comédia romântica do novo século não carecia de atores do metiê para vingar e contou com Seth Rogen para provar isso. Paralelamente produziu um novo clássico teen, Superbad que desestabilizou referências com uma pegada mais pop, lacônica e profundamente conectada com o seu tempo.


Um 8 e ½ do humor
Tá rindo do quê? (Funny people, EUA 2009)
Desviando-se um pouco da própria seara, Apatow se incumbiu de fazer um exame sobre a vida de gente que vive de fazer comédia. Chamou o antigo colega de quarto, Adam Sandler, para fazer um astro do stand up comedy que se descobre com câncer e tenta colocar sua vida em ordem enquanto prepara um substituto. A comédia melancólica de Apatow não encontrou seu público e parece um tanto desprovida de propósito, mas é um belo retrato sobre o isolamento da vida. Esteja você no ramo da comédia ou não.


Aumentando o plantel
Missão madrinha de casamento (Bridesmaids, EUA 2011)
Cada vez mais presente como produtor, Apatow aprecia a posição de ser o fomentador de novas carreiras. Aqui ele produz um filme em que supervisionou o roteiro de estreantes e um diretor com muito transito na tv e pouco espaço no cinema (tal qual o próprio Apatow anos antes). Missão madrinha de casamento é uma das comédias mais lucrativas da temporada de blockbusters e confirma o bom tato de Apatow na escolha de projetos em que só atuará como produtor.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Momento Claquete #19

O pôster francês de Carnage, novo filme de Roman Polanski, aguça ainda mais a curiosidade pelo filme que estará na programação dos fetsivais de Veneza e Nova Iorque nas próximas semanas   


Lindsay Lohan posou para o fótógrafo Tyler Shields em editorial temático que homenageou os slasher movies 


A ucraniana Mila Kunis foi a estrela da capa da GQ americana. A atriz está em Amizade colorida, filme que estréia em setembro nos cinemas brasileiros 


Julianne Moore, Jeff Bridges e John Goodman brincam no lançamento do Blu-ray de O grande Lebowski no último dia 16 de agosto em Los Angeles 


Ashton Kutcher na mais recente foto promocional da 9ª temporada de Two and a half men. A sitcom de maior sucesso da tv americana retorna ao ar no dia 19 de setembro


Momento we gotta power: Edward Norton, David Fincher e Brad Pitt seguram o tcham em intervalo das filmagens de O clube da luta

 Marketing bem sacado: o principal cartaz nacional de O planeta dos macacos: a origem mostra o levante símio em São Paulo com a ponte estaiada, um dos mais recentes cartões postais da cidade, como destaque. O filme estréia na próxima sexta-feira nos cinemas do país e a crítica será publicada na segunda-feira no blog

Em homenagem ao leitor e amigo Rodrigo Mendes, Michael Fassebender na capa do suplemento dominical do New York times. Na New York Magazine da primeira semana de setembro de 2009, a matéria de capa destacava a grande revelação - depois de Christoph Waltz, de Bastardos inglórios

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Crítica - Super 8

Brincando nos campos do senhor Spielberg!


Existem aqueles filmes cuja razão de ser consiste em reafirmar nossa paixão por gêneros cinematográficos e existem aqueles que objetivam algo mais específico: reafirmar nossa paixão por outros filmes. Super 8 (EUA 2011), de uma maneira muito especial, se alinha a essas duas vertentes.
A nova incursão no cinema de J.J. Abrams pretende, antes de qualquer coisa, ser uma homenagem ao cineasta Steven Spielberg – que produz a fita. Nesse sentido, Super 8 atinge em cheio seu objetivo. A segunda força motriz do filme é buscar abrigo em um tipo de aventura infanto-juvenil perdida nesse alvorecer do século XXI. Filmes de monstro e de camaradagem adolescente parecem um tanto descolados do contexto cinematográfico atual.
E foi na filmografia de Spielberg que Abrams, que já admitiu ter crescido vendo esses filmes, foi buscar abrigo. De Contatos imediatos de terceiro grau até Guerra dos mundos, passando por E.T, Jurassic Park e Tubarão, Spielberg é uma referência constante. Mas outros autores que marcaram época no final dos anos 70 e começo dos anos 80 têm suas sombras perceptíveis em Super 8. George Romero e John Hughes são dois deles.
Em Super 8, um grupo de amigos se reúne para rodar um filme de zumbis. Eles acabam testemunhando um acidente de trem extraordinário. O interesse do exército no evento pouco interessa a esse grupo de amigos que, em meio a picardias da pré-adolescência, só quer saber de terminar o filme. Paralelamente, Super 8 se ergue como um filme de mistério e de monstro.

Em grande forma: o maior destaque da fita é o entrosamento do elenco juvenil


Obviamente, com tantas referências, Abrams não consegue manter a harmonia narrativa desejável. O que acaba sendo um delito menor mediante tal louvável proposta.
Um acerto de Abrams é sempre focar nos personagens. Uma lição que ele deve ter aprendido com seu produtor. Super 8 tinha potencial para ser uma minissérie. Talvez resultasse melhor – do ponto de vista narrativo - mas perderia em charme indubitavelmente.
O elenco juvenil está ótimo. Abrams conseguiu destacar bons momentos de todos os seus jovens intérpretes, que ajudam seu diretor a nos invadir com o gosto da nostalgia.
Super 8 não se ressente de esgueirar-se nas sombras dos diretores já citados na crítica. Por vezes os emulando descaradamente – impossível não rememorar Jurassic park quando o ônibus tomba por ação do alienígena. Abrams realiza antes do que um filme, um exercício de cinefilia. Super 8 certamente não ocupará um lugar tão proeminente na história quanto suas referências, mas na memória do público esse encantamento, inevitavelmente, se estabelecerá.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Crítica - Professora sem classe

Trabalho coletivo!
O sonho de qualquer comédia,vá lá de qualquer filme, é que seu elenco surja afiado no corte final. Ainda que pesem contra Professora sem classe (Bad teacher, EUA 2011) os diagnósticos de que é uma “diversão escapista”, “um veículo para Cameron Díaz” ou mesmo “uma comédia com tintas carregadas”, não se pode negar que a fita traz um conjunto de atores inspirados. A começar por sua protagonista. Cameron está bem a vontade como Elizabeth, uma mulher vulgar e desbocada que só pensa em arranjar um bom partido para lhe prover conforto e mordomia. Após o cancelamento do casamento com um almofadinha, Elizabeth tem que voltar a lecionar na escola secundária a qual havia se desligado dias antes por causa do casório. A professora, que exibe filmes ambientados em escolas ao invés de dar aulas (uma ótima piada interna), se interessa no novo professor substituto vivido por Justin Timberlake. Isso porque Scott é rico. Mas é também um sujeito quadradão e cheio de esquisitices. Justin, aliás, está ótimo na caracterização. Causa estranheza ver o dono de “sexy back” fazendo um tipo tão desprovido de qualquer sensualidade –ainda que bonitão.
Lucy Punch está fantástica como uma espécie de professora modelo que rivaliza com Elizabeth. Os melhores momentos da fita seriam dela, se não fosse por Jason Segel; que como Russell – o professor de educação física gamadão em Elizabeth - profere piadas certeiras toda vez que surge em cena. Phillis Smith (de The Office) e John Michael Higgins (que já coadjuvou em filmes como Separados pelo casamento e A volta do todo poderoso) completam o bom time de atores.
Com coadjuvantes cheios de energia e uma storyline que não se preocupa em ser subserviente aos clichês do gênero – tão pouco os menospreza – Professora sem classe se apresenta como uma comédia politicamente incorreta, mas de bom coração. Uma boa pedida nos cinemas.

domingo, 21 de agosto de 2011

Insight

O Planeta dos macacos vive



A franquia O planeta dos macacos talvez seja a maior dentro do nicho ficção científica. É bem verdade que Star wars e Matrix renderam mais dinheiro e dividendos na cultura pop, mas não gozam do mesmo respaldo da crítica e ressonância filosófica da saga iniciada em 1968 com o filme de Flanklin J. Schaffner. O filme que surpreendeu o mundo com seu final impactante se mantém atual, mesmo com a saraivada de refilmagens e as continuações ingratas a que deu origem. Não que as quatro sequências, rodadas quase que a toque de caixa, de O planeta dos macacos não sejam satisfatórias. São ótimas fitas de ação que expandem aquele universo tão rico que teve origem na literatura de Pierre Boulle.
À época, O planeta dos macacos foi saudado como um libelo anti-guerra fria. A intensificação das hostilidades entre EUA e União Soviética preocupava o mundo e a visão para o declínio da humanidade vislumbrada no filme protagonizado por Charlton Heston era uma poderosa metáfora para o estado das coisas. Mas não só. O planeta dos macacos incitava a um sem número de reflexões, que em certo nível escaparam às continuações.

O final que demoliu cinemas: o fascínio com o final de O planeta dos macacos é puramente cinematográfico, já que na literatura o desfecho é diferente...


O Planeta dos macacos estimulava um debate sobre o avanço da ciência – algo que O planeta dos macacos: a origem (2011) recupera. O novo filme, dirigido por Rupert Wyatt, reúne as críticas mais elogiosas da temporada do verão americano de 2011. “Além dos efeitos especiais de última geração, um dos meus interesses no filme foi esse debate sobre os avanços da ciência e os custos que eles nos impõem enquanto sociedade”, explicou James Franco em rodada de entrevistas promocionais.
A fita de 2011 busca preencher o que podemos chamar de lacunas da obra original. “É sobre o desenvolvimento da inteligência nos símios e o que deflagrou a revolução”, argumenta o diretor.
Com o retumbante sucesso de bilheteria, o filme liderou o box office americano por três semanas e já se pagou antes mesmo de debutar na maioria dos mercados internacionais, as continuações já são projetadas. “A ideia sempre foi de uma trilogia”, assegurou o roteirista Rick Jaffa ao Access Hollywood.
A fita que reúne as melhores crítica da temporada, de acordo com o site especializado RottenTomatoes, quando teve sua produção anunciada foi vista como mais um caça níqueis hollywoodiano. A opção pelo desconhecido Rupert Wyatt –até então com apenas um filme no currículo – reforçou as suspeitas de que o novo planeta dos macacos seria um engodo tão grande ou maior do que as últimas visitas aos símios inteligentes.


O que Tim Burton tem a ver com isso?
Mas os macacos continuam a fascinar e nas mãos das mentes criativas certas, a fornecer vasto material reflexivo em suas indissociáveis relações com os seres humanos e sua evolução.
Foi com isso em mente que a Fox bancou uma alardeada, e mais aguardada do que atual produção, nova versão para o filme de 1968. O estúdio chamou ninguém menos do que o cultuado Tim Burton para viabilizar o projeto. Burton, em uma combinação de esquisitice e pujança visual, parecia mais do que indicado para assumir a tarefa. O diretor de Edward mãos de tesoura e A lenda do cavaleiro sem cabeça se manteve mais fiel ao livro de Boulle, mas essa fidelidade acabou por podar o viés imaginativo que muitos ansiavam na versão de Burton.
Mark Wahlberg fez o papel do herói. Tim Roth, embaixo de pesada maquiagem fez um notável vilão e Charlton Heston surgiu, em papel homenagem, como o pai desse vilão. Ao assumir-se símio, Heston conferiu longevidade a esse filme de Burton que, no limiar, é uma bem sacada fita de ação.
Dez anos depois da refilmagem que não surtiu o efeito esperado pelo estúdio e pela crítica, chega essa prequel (eventos que se passam antes do original) para respaldar ainda mais a excelência da fita original.
O verão de 2011, contra todos os prognósticos, foi tomado pelos símios.

Questões cinematográficas - A arte de fazer comédia no cinema

O grande ator Jack Nicholson disse certa vez, em uma célebre entrevista a Rolling Stone americana, que tinha um profundo respeito por comediantes; pois sabia que não era fácil fazer os outros rirem. No cinema, de acordo com o raciocínio de Nicholson, o desafio é ainda maior. “Fazer chorar é fácil e o texto muitas das vezes tem grande responsabilidade nisso. Agora provocar o riso é de grande responsabilidade do ator”, ponderou Nicholson na ocasião.
Outro ícone que fez mais rir do que Jack Nicholson, Dean Martin, que integrou o chamado Rat Pack ao lado de Frank Sinatra, disse que fazer comédia é como matar um leão por dia. Bob Farrely, diretor de filmes que podem ser rotulados como bobinhos e escrachados, assegurou que todo comediante é, na verdade, profundamente triste. “Fazer comédia deprime”, colocou Steve Martin em entrevista a Esquire nos anos 90. Martin, um dos grandes comediantes de sua geração, é também um cantor, compositor e autor literário. Um artista fluente em sua arte que atingiu a grandeza, pelas próprias palavras, se deprimindo.
O cinema, de modo geral, não é suficientemente grato com quem lhe confere leveza. Gente como Jim Carrey, Tina Fey, Jerry Lewis e Jack Lemmon nem sempre gozaram de prestígio junto à crítica.


Steve Martin estampa a capa da Esquire: ele precisa de um abraço...


O humor é algo escorregadio. Nem todo ator sabe manejá-lo fisicamente. Outros escrevem maravilhas para determinadas mídias e fracassam vertiginosamente no cinema. Jerry Seinfield é um bom exemplo nesse nicho.
O trato com o humor evoluiu no compasso das transformações que surgiram no seio da sociedade que passou a ser mais cínica, liberal – ainda que apresente rompantes moralistas – e tolerante. Contudo, a comédia continua sendo considerada um gênero menor em Hollywood. Blake Edwars, Woody Allen, Billy Wilder são exemplos de grandes cineastas que fizeram grandes comédias – sempre críticas, inteligentes e divertidas – que foram mais festejados em suas incursões dramáticas.
Nicholson, que é grande amigo de James L. Brooks, que dirigiu o ator nos oscarizados Laços de ternura e Melhor é impossível, acha que o amigo é um dos grandes propulsores da comédia americana. Isso porque Brooks é o criador de Os simpsons – o seriado mais longevo da tv americana. Mas no cinema, Brooks não tem tido sorte. Seus últimos filmes, Espanglês (2004) e Como você sabe (2010) amargaram críticas ruins e apontaram para uma saturação de um certo tipo de humor.
O fato de Woody Allen ter se refugiado na Europa também sugere essa interpretação. O humor americano hoje parece desenvolvido para a geração Youtube e países como o Brasil seguem essa tendência ao consagrar nas bilheterias filmes como Cilada.com. O stand up comedy – algo intrínseco à cultura do humor americano – está chegando no Brasil com força – mas influenciado por esse “empobrecimento digital” do humor.

James L.Brooks orienta Jack Nicholson e Paul Rudd no set de Como você sabe: tipo de humor que está perdendo o espaço no cinema...


Fazer comédia no cinema parece algo cada vez mais circunscrito ao gosto popular. Ao entretenimento leve e idiossincrático. É um movimento perigoso o que se testemunha.
Tanto o é, que as melhores comédias da atualidade estão alojadas na tv. Alexander Payne, que fez os mordazes Eleição e As confissões de Schmidt (Olha o Nicholson aí de novo!), além do saboroso Sideways-entre umas e outras, recorreu a HBO para fazer a perola do humor negro Hung – em que Tomas Jane faz um homem em crise financeira que recorre aos seus dotes físicos como subterfúgio econômico. Modern family e 30th Rock continuam a impressionar pelo vigor narrativo e a capacidade de refletir as relações familiares e profissionais valendo-se do humor. Essas eram preocupações que o cinema abraçava. A razão de não abraçar mais passa tanto pelo (des) interesse do público como pela hesitação dos estúdios em apostar em um tipo de humor que não agrade jovens cheios de espinhas.
Talvez por isso, fazer comédia deprima. Steve Martin, no entanto, continua apostando no humor. Assim como James L. Brooks. Billy Wilder disse certa vez que reside na capacidade de rir de si mesmo, o grande triunfo civilizatório do homem. Não podemos nos desconectar dessa verdade.

sábado, 20 de agosto de 2011

Cantinho do DVD

O dilema reúne bons atrativos. Ron Howard em um inusitado retorno às comédias. Winona Ryder com um papel de relativo destaque, texto do roteirista de Wall Street: o dinheiro nunca dorme, Jennifer Connally voltando a colaborar com o diretor que lhe proporcionou um Oscar e por aí vai. No entanto, o filme que é destaque desta edição de Cantinho do DVD, não está à altura das expectativas que provoca. O que não é um demérito, mas passa longe de ser um mérito.




Crítica
Pode causar estranheza o nome de Ron Howard a frente de O dilema (The dilemma, EUA 2011). Uma comédia que durante sua hora e meia flerta perigosamente com o pastelão. Fica até difícil relacionar a fita ao começo da carreira como diretor em que Howard rodou filmes como Splash – uma sereia em minha vida (1984).
Em O dilema, Rony (Vince Vaughn) e Nick (Kevin James) são melhores amigos que estão às vésperas de dar início a um empreendimento que marca nova etapa nas trajetórias profissionais de ambos. Enquanto Nick é muito bem casado com Geneva (Wionona Ryder), Rony ainda hesita em oficializar a união com Beth (Jennifer Connelly). O dilema do título se estabelece quando Rony descobre que Geneva trai Nick e hesita em contar para o amigo. A decisão toma contornos egoístas por que Rony está ciente de que a partir do momento que Nick descobrir a verdade, o negócio que ambos tentam viabilizar irá por água abaixo. Em contrapartida, Rony deve lealdade ao amigo, além de entender a postura de Geneva como moralmente condenável.
O roteiro de Alan Loeb que já escreveu filmes como Quebrando a banca (2008), Coincidências do amor (2010) e colaborou no roteiro de Wall Street: o dinheiro nunca dorme (2010) esgarça ao máximo a situação. Nem todos os dramas eriçados pelo roteiro se legitimariam em circunstâncias reais e não é a caricatura de ansiedade que Vince Vaughn rabisca que contorna esse revés. O dilema acaba por se resolver como uma comédia bem abaixo de suas potencialidades e Howard não tem muita responsabilidade nisso. Sua grande culpa talvez resida em se provar, com a direção desse filme, um diretor-produtor. Aquele tipo de diretor que de tanto produzir já pensa um filme comercialmente. Não a toa O dilema rendeu mais discussões antes de estrear do que com a fita nos cinemas (no Brasil foi lançado diretamente em DVD). Por conta de uma piada em que compara carros elétricos à homossexualidade, O dilema posicionou-se como tema a ser debatido pela crônica cultural americana. Foi o filme estrear que o debate se esvaziou. E não houve dilema nenhum aí.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Filme em destaque: Professora sem classe

Time reunido: o elenco de Professora sem classe posa para o leitor de Claquete


Em um mundo em que comédias rated R, o que equivale a proibição para menores de 18 anos desacompanhados de responsáveis, batem recordes e recordes nas bilheterias do mundo todo, Professora sem classe foi concebido para brilhar. Não foi bem o que aconteceu com a fita que estreou no dia 24 de junho nos EUA dividindo as atenções com o lançamento da Pixar do ano (Carros 2). Se beber não case-parte II ainda fazia bonito nas bilheterias quando Cameron Diaz surgiu desbocada e com pouca roupa em um filme que pretende ser mais comédia do que romance, apesar de reuni-la ao ex-namorado Justin Timberlake. Com arrecadação de U$ 31 milhões no fim de semana de estréia, a comédia da Sony fez crer que o horizonte seria límpido. Não foi bem assim, mas o saldo ainda foi positivo. Na semana seguinte enquanto o interesse por Carros 2 despencou 60%, a queda em relação a Professora sem classe foi de 50%. O filme, que já não está mais em cartaz nos EUA, no entanto, não conseguiu chegar aos U$ 100 milhões no mercado doméstico. Quantia considerada essencial para se provar um negócio bem sucedido. Carros 2, mesmo com a queda acentuada, ultrapassou essa fronteira. O mercado internacional, porém, deve garantir o lucro da fita dirigida por Jake Kasdan – filho do cineasta Lawrence Kasdan.


Economia aplicada
Mas a economia continua em pauta para explicar Professora sem Classe. Kasdan, que já havia dirigido fitas como Orange County e A vida é dura: a história de Dewey Cox, é o tipo de diretor certo para o projeto. Com bom trânsito nas comédias, sangue azul na dinastia hollywoodiana e boa relação com os produtores – em parte por ser ele mesmo um produtor. Cameron Diaz, às vésperas de completar 40 anos, precisava desesperadamente de um filme para chamar de seu. Suas últimas aparições foram em filmes como Encontro explosivo (2010), O besouro verde (2011) e A caixa (2009) em que não era exatamente a estrela da fita. Um retorno a uma comédia com o espírito da fita que lhe alavancou o sucesso (Quem vai ficar com Mary?), estatisticamente, seria um bom negócio.
Justin Timberlake estava ansioso por investir em sua carreira cinematográfica – e A rede social ainda não havia estreado – portanto, estrelar um filme de verão com a ex-namorada descolada poderia render o buzz necessário para a consolidação de sua carreira no cinema.


Afinando a parceria
Elizabeth, personagem de Diaz, é uma professora desbocada que não se preocupa em ser um bom exemplo para os alunos e a sociedade. Na busca por um marido rico, que possa lhe prover conforto e mordomias, resolve arrastar as asinhas para o professor substituto Scott, vivido por Justin, um cara milionário que trabalha por esporte.
“Não houve nenhum tipo de constrangimento em beijar Cam”, disse Justin a Entertainmet Weekly à época do lançamento do filme nos EUA. “Ela é adorável e, ademais, somos bons amigos”. A atriz, na mesma entrevista, também rejeitou as insinuações de que o clima poderia ter ficado azedo. “Se fosse o caso, nem teria aceitado fazer o filme com ele”, conclamou à lógica a loira que afirmou apreciar sua personagem. “Ela é autêntica. Muito verdadeira com seus desejos. Admiro isso nela”.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Em off

Nesta edição de Em off, o filme que não irá causar em Toronto, uma promessa russa para Veneza, o pepino que a Warner Brothers tenta converter em lucro, a angústia  que cerca A árvore da vida e os dez nomes mais quentes de Hollywood segundo a revista Total Film com os devidos pitacos de Claquete.



Rojão verde

Estréia nesta sexta-feira nos cinemas brasileiros o aguardado (?) Lanterna verde. O filme que a Warner gastou turras de dinheiro e não conseguiu esconder o descontentamento que teve com ele. Raras ocasiões o presidente do estúdio Jeff Robinov fala sobre produções às vésperas de serem lançadas, mas no caso de Lanterna verde o executivo falou muito. “Não tem como negar que ficou abaixo de nossas expectativas”, declarou em junho quando a bilheteria de abertura da fita (U$ 53 milhões), nem sequer arranhou as expectativas-em torno de U$ 80 milhões. O resultado da bilheteria nos EUA também foi vexatório (U$ 115 milhões).
Mas Lanterna verde já dava problemas antes disso. O estúdio não gostou dos primeiros trailers e trocou os responsáveis pelo marketing da fita. Depois não gostou do filme propriamente dito e injetou mais U$ 50 milhões para que os efeitos especiais fossem finalizados novamente. O orçamento de Lanterna verde, que já era vultoso, chegou aos U$ 200 milhões. Uma temeridade para um filme que não era um sucesso certo.
Com as primeiras críticas negativas, o estúdio resolveu mudar a estratégia de lançamento. Abandonou o projeto de lançamento mundial e resolveu gastar mais dinheiro nas campanhas promocionais em mercados internacionais, como o Brasil, e engolir o fracasso nos EUA. Até agora, a ideia vem se provando fracassada. Depois de já ter estreado em países como México, Inglaterra, Alemanha, Rússia, Espanha e Japão, Lanterna verde ainda não conseguiu cobrir seu orçamento de U$ 200 milhões.
Ryan Reynolds, antes uma unanimidade para o papel, passou a ser severamente criticado.
Apesar dos pesares, Robinov mantém o discurso: “A sequência definitivamente está nos nossos planos!”


Obra prima, satisfatório ou uma tremenda porcaria?

A árvore da vida estreou no último fim de semana nos cinemas brasileiros e, a exemplo do que ocorreu em outros países, dividiu crítica e o público. Há quem enxergue no novo filme de Malick ousadia e vigor narrativo e há quem perceba um filme frouxo embalado em belas imagens contemplativas – uma marca mais do cineasta e menos do filme em si.
Opiniões divergentes podem ser encontradas em veículos de grande circulação nacional como Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, O Globo, Veja e Época. O consenso fica no fascínio da reflexão proposta pelo cineasta com seu filme, mas há divergências acerca da profundidade e do refinamento desta.
No final das contas, a Palma de ouro e o histórico intransigente do cineasta colaboram para a polarização das opiniões. O peso das expectativas transforma o olhar. Mas é inegável que o filme de Malick – diferentemente de outros ganhadores da Palma caracterizados por certa intransigência – apela demais às subjetividades. E ao afastar-se de certa objetividade cinematográfica, a fita afasta-se do imperioso debate que poderia sacramentá-la como obra prima. Caberá à revisão histórica mediar o debate. Até lá, prevalecerá o amargo gosto do satisfatório.


Os dez atores mais quentes segundo a revista Total Film


A revista britânica Total Film listou aqueles que, para a publicação, são os nomes mais quentes do cinema atual. A lista, que o leitor confere logo abaixo, traz muitos jovens, mas muitos dos quais já atuam há pelo menos cinco anos na indústria. Chamam a atenção os nomes de Michael Fassbender e Jeremy Renner, dois atores que ainda estarão em muitos lançamentos quentes nas próximas duas temporadas e descobriram o estrelato de maneira um tanto tardia.


1- Andrew Garfield
Considerações Claquete: o excepcional trabalho em A rede social e a proximidade do lançamento de O espetacular homem aranha devem ter influenciado na sua escolha para o primeiro lugar


2 - Emma Stone
Considerações Claquete: Indicação ao Globo de ouro (por A mentira) e presença no filme que todos se obrigam a adorar na temporada (Histórias cruzadas) garantem o lugar na lista. A presença como a leading lady de Andrew Garfield no novo homem aranha lhe valeu o segundo lugar.

 
Emma e Andrew em O espetacular Homem Aranha: para a Total Film, eles são os mais quentes da Hollywood atual


 
3 - Michael Fassbender
Considerações Claquete: Ator fluente e do tipo camaleônico, Fassebender está em quatro produções com ambições a prêmios na temporada, isso descontando X-men: primeira classe que seguramente lhe valeu o destaque nesta lista.


4 - Aaron Johnson
Considerações Claquete: tipo de ator que trafega entre o comercial e o artístico com desenvoltura. Os trabalhos em Kick ass e O garoto de Liverpool sinalizaram isso.


5 - Chloe Grace Moretz
Considerações Claquete: Ela sabe roubar cenas. Essa é a característica que, devido a pouca idade, deve ter sido decisiva para que Chloe apareça em melhor posição do que alguns veteranos de Hollywood.


6 - Joseph Gordon Levitt
Considerações Claquete: Um dos veteranos da lista, Levitt só agora parece pronto para decolar. E quem viu 500 dias com ela sabe que Chloe tem muito a ver com isso.


7 - Jennifer Lawrence
Considerações Claquete: O Oscar sempre fez muito por jovens atrizes, mas Jennifer tem talento e sua inclusão no elenco de Jogos vorazes demonstra que a combinação de talento e oportunidade forjará mais uma estrela de grandes proporções.


8 - Henry Cavill
Considerações Claquete: Talvez o nome mais inusitado da lista. O nome de Cavill, obviamente, está aqui em virtude da escolha do britânico para viver o superman. Mas seu antecessor, Brandon Routh, saiu dessa numa gelada...


9- Jesse Eisenberg
Considerações Claquete: Desde que surgiu, Eisenberg sempre se mostrou bom ator. Mas depois de brilhar no filme que David Fincher fez sobre as reminiscências do Facebook, muita gente que não o levava a sério teve de se redimir. O nono lugar nessa lista ainda não é suficiente.


10-Jeremy Renner
Considerações Claquete: O casca grossa da vez em Hollywood. Com duas indicações ao Oscar consecutivas, tudo indica que em 2012 Renner não deve comparecer ao Kodak Theatre. Contudo, o ator deve brilhar em duas franquias cinematográficas: Missão impossível: protocolo fantasma e O legado Bourne.



As novas hastes do circo de O espetacular Homem aranha

O novo filme do aracnídeo, que chega em 2012, continua rendendo pano para a manga e, conforme prometido, a seção Em off segue trazendo todos os detalhes de bastidores para o leitor de Claquete. Marc Webb se viu na estranha condição de ter que justificar o primeiro trailer do filme e defender sua versão do Homem aranha ante uma indústria que - com razão – se inflamou contra o pouco que viu. Uma das preocupações de Webb foi negar que os pais de Peter Parker em seu filme sejam agentes secretos – boato que surgiu em blogs americanos. “É verdade que adentraremos mais a fundo nos negócios da Oscorp (empresa do vilão Norman Osborn nos quadrinhos), mas não de imediato. Portanto não dá para dizer que os pais de Parker são espiões”, assegurou ao site Collider.com. Ou seja, Webb não tirou nem pôs, para ficar em uma gíria que se faz entender claramente. Já Andrew Garfield, em um movimento de marketing calculado para obter atenção estratégica na mídia, declarou que inspirou seus movimentos de aracnídeo no pugilista Muhammad Ali, no equilibrista francês (tema de documentário vencedor do Oscar) Philippe Petit e no ex-jogador de futebol Ronaldo. Dos listados, Ronaldo é –visivelmente – o mais inusitado.


A grande ausência de Toronto

Muitos se surpreenderam com uma ausência nos festivais de Veneza e, principalmente, Toronto. O novo filme de Clint Eastwood, J. Edgar, não foi selecionado para nenhum dos dois. A razão é simples. A Warner, estúdio responsável pela produção e distribuição da fita, não quer exibir o filme. A estratégia é a mesma que a extinta Paramount Vintage adotou para Sangue negro – outro ardil retrato do poder em uma América em ascensão. A idéia é exibir o filme para críticos selecionados antes de sua estréia e encaminhar, de maneira segura, o filme para a temporada de premiações. A justificativa oficial para a ausência em Toronto, onde J.Edgar dividiria os holofotes com outros filmes de pedigree, é de que a fita não está pronta. No entanto, as primeiras exibições de J.Edgar estão marcadas para Nova Iorque e Los Angeles na mesma semana que o festival de Toronto chegará ao fim.

Leonardo DiCaprio na primeira imagem oficial liberada pela produção de J.Edgar: a Warner quer exibir o filme para críticos selecionados...


Um Fausto russo
Um dos destaques do festival de Veneza, que começa no próximo dia 31 de agosto, é Faust, do russo Alexander Sokurov. O diretor de filmes como A arca russa (2002), O sol (2005) e Alexandra (2007) promete um filme que examina o efeito corrosivo do poder. Mas Sokurov também promete poesia. Em entrevista ao britânico The Guardian, o cineasta que participa de Veneza pela quarta vez disse que seu filme é “um colorido e elegante retrato com muita música do austríaco Johann Strauss e cheiro de chocolate”.