segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Crítica - Amor e outras drogas

A droga do amor


O grande mérito de uma fita como Amor e outras drogas (Love and other drugs, EUA 2010) é ser plural e multifacetada e se apresentar como um clichê riponga. Esse mérito qualitativo talvez explique o fracasso da fita na bilheteria americana onde arrecadou pouco mais de U$ 30 milhões (o equivalente a seu orçamento, configurando, portanto, um prejuízo).
A fita de Edward Zwick tem muitos objetivos: satirizar a indústria farmacêutica (uma vilã moderna e representada como tal em filmes como O jardineiro fiel), fazer uma comédia que atraia tanto o público masculino quanto o feminino (mistura-se o nascedouro do viagra a fórmula “boy meets girl”) e desvelar uma história de amor de fundo dramático (em que uma doença degenerativa, no caso o mal de Parkinson, se impõe ao sentimento).

Carisma e graciosidade: Jake Gyllenhaal e Anne Hathaway são os responsáveis pelo bom fluxo do novo filme de Edward Zwick


É um alento, do ponto de vista narrativo, o que se consegue em Amor e outras drogas. O filme é uma graça (do ponto de vista da comédia romântica), cínico (do ponto de vista da sátira) e eficiente (do ponto de vista da carga emocional que pretende com seu arco principal). Conta muito para o sucesso da fita seu par de protagonistas. Jake Gyllenhaal e Anne Hathaway confirmam o carisma crescente que vêm apresentando nas recentes produções que estrelaram e são os fiadores do projeto audacioso de Zwick: fazer uma comédia mais sofisticada e sem se ater especificamente a convenções de gênero. Isso não quer dizer que Amor e outras drogas evite os clichês, apenas os abraça por trás, digamos assim. A primeira solução de Zwick ao voltar ao romance (dirigiu um único exemplar em 1986, Sobre ontem a noite, quando ainda era um diretor em formação), foi fazer com que o sexo se parecesse menos com cinema e mais com a vida real. “Você diz fuck o tempo todo”, diz o personagem de Jake Gyllenhaal para o de Anne em certo momento. Essa sem vergonhice dá respaldo ao filme; que se apresenta como malicioso e, embora essa condição possa afastar um ou outro puritano, não se trata de um filme maldoso.
Jamie Randall (Gyllenhaal) e Maggie (Hathaway) vivem as voltas com drogas (medicamentosas, que fique claro). Seja por ofício ou necessidade, essa idiossincrasia cotidiana é parte de quem eles são, mas não os define. É no amor que eles vão encontrar a droga definitiva. Aquela dependência que pode ser a resposta para o vazio que sentem. É uma solução conservadora, esbravejarão alguns mais interessados na sátira. É mesmo. Mas ainda é a melhor solução disponível. Que o diga o sucesso do viagra!

Cenas de cinema

A face de Sundance I

Terminou ontem o festival de Suncance 2011, o maior templo do cinema independente. Para se ter uma ideia do prestígio e ressonância de Sundance, os concorrentes ao Oscar Minhas mães e meu paiInverno da alma, Namorados para sempre, Trabalho interno e Lixo extraordinário tiveram o começo de suas carreiras cinematográficas na edição de 2010. Os produtores de Namorados para sempre triunfaram novamente em Sundance com Like Crazy. O filme de Drake Doremus, assim como o filme que valeu uma indicação ao Oscar a atriz Michelle Williams, também acompanha o cotidiano de um problemático casal.
O documentário How to die in Oregon, sobre suicídio assistido, foi escolhido pelo júri como o melhor documentário em competição. O britânico Senna, sobre a carreira do piloto brasileiro morto em 1994, foi escolhido o melhor documentário pelo público.
A produção dinamarquesa Happy, Happy e o iraniano Circumstance também foram premiados.



A face de sundance II

É cada vez mais comum a presença de celebridades no festival de Sundance. Isso é um reflexo direto do fato de atores e atrizes buscarem cada vez mais engajamento no cinema independente. Reparem em uma lista curta de quem passou por Park City (onde ocorre o festival) nesses últimos dez dias: Liv Tyler, Don Cheadle, Ashton Kutcher, Demi Moore, Paul Giamatti, John Hawkes, Jeremy Irons, Geena Davis, Dominic Cooper, 50 Cent, Emile Hirsch, Elizabeth Banks, Melissa Leo, Rashida Jones, Kevin Smith, Simon Baker, Zooey Deschanel e Kevin Spacey.

The lost boys: Paul Bettany, Jeremy Irons e Simon Baker estiveram na premiere de Margin Call, um dos filmes mais comentados dessa edição do festival



A atriz Lake Bell posa para foto promocional do evento 


O ator Emile Hirsch aproveitou o lançamento de seu filme em Sundance para curtir outras produções



O pai de Jason Reitman ataca novamente
Ele estava sem dirigir um filme desde 2006 quando lançou Minha super ex-namorada. No meio tempo viu seu filho virar um cineasta autoral com duas indicações ao Oscar e muitos admiradores. Enquanto o terceiro Os caça-fantasmas não sai, Ivan Reitman cede a nova tentação das comédias românticas; em que o sexo vem antes do amor. É mais ou menos isso o que acontece em Sexo sem compromisso. No filme, Ashton Kutcher e Natalie Portman tentam manter uma relação baseada em sexo sem grandes vínculos emocionais. Mas como papai Reitman é das antigas, será que rola? Sexo sem compromisso estréia em 25 de fevereiro nos cinemas brasileiros.

Por uma amizade mais gostosa: na nova comédia de Ivan Reitman, a mais assistida nos cinemas americanos atualmente, Natalie Portman e Ashton Kutcher tentam administrar uma amizade colorida


Vida longa ao rei

Foi, como se diz por aí, um fim de semana de muita fartura. No sábado à noite, O discurso do rei faturou o prêmio do sindicato dos diretores. Tom Hooper derrubou a concorrência de Christopher Nolan (A origem), David Fincher (A rede social), Darren Aronofsky (Cisne negro) e David O. Russel (O vencedor) em um prêmio ainda mais surpreendente do que o que viria no dia seguinte. No domingo foi a vez do sindicato dos atores conceder sua distinção máxima ao filme inglês. O discurso do rei foi laureado o melhor elenco de 2010, incrementando a disputa pelo Oscar de uma maneira que lhe é muito favorável. O espirituoso Geoffrey Rush ao agradecer o prêmio fez constatação precisa e sugestiva: “Isso deveria se chamar um uplifting”.



Em clima de festa
O vencedor levou dois prêmios na noite (ator coadjuvante atriz coadjuvante) e a equipe do filme festejou cada momento. Toda hora que alguma menção ao filme era feita, uma gritaria se instalava no salão. Os protagonistas não disfarçavam a felicidade com a recepção ao filme. E Melissa Leo e Christian Bale, em seus respectivos discursos de agradecimento, foram os mais enérgicos e vorazes dos premiados (talvez se equiparem ao elenco da série Modern family). Mark Wahlberg também entrou no clima e fez algumas brincadeirinhas com Amy Adams quando os dois foram apresentar o clipe de O vencedor na categoria de melhor elenco. A única categoria em que o filme concorria e que não levou. Mas isso não estragou a festa.



Bale uploaded
Christian Bale foi uma das figuras do Globo de ouro. Ontem, no SAG, não poderia ser diferente. Barbudão, com o cabelo um pouco mais curto e a mesma energia transbordante do Globo de ouro, Bale aceitou o seu prêmio de melhor coadjuvante por O vencedor. No palco foi surpreendido por Dicky Eklund, a quem interpreta no filme, e disparou: “Obrigado por viver a vida e obrigado por permitir que eu te interprete”. Antes do final do discurso de agradecimento, o ator saiu-se com um belo epíteto sobre a profissão: “É tão bobo o que a gente faz né? As vezes parece como se fantasiar. Outras vezes é tão significativo”.



Natalie paz & amor
Além de linda e cada vez mais charmosa (a gravidez ajuda), Natalie Portman é de uma sensibilidade e elegância que contagiam. Ao receber seu prêmio de melhor atriz por Cisne negro fez a deferência mais sincera e eficiente ao significado do sindicato em sua carreira. Lembrou que foi o sindicato que velava por ela aos 11 anos, quando começou a carreira de atriz. “O SAG garantiu que eu pudesse ter o meu tempo para estudar”, disse a atriz que renovou, em discurso, seu amor pelo bailarino e coreógrafo Benjamin que conheceu nos sets de Cisne negro.



O filme da moda
Justin Timberlake, Armie Hammer, Andrew Garfield e Jesse Eisenberg apresentaram o clipe do concorrente a melhor elenco A rede social. Andrew Garfield, no que pode ser lido como um misto de insatisfação (por esquecimento de sua pessoa ou o declínio de A rede social na temporada?), emendando a fala de Armie Hammer declarou: “Vocês não precisam aplaudir se não quiserem”. Justin pegou o bastão e passou com suavidade para Jesse Eisenberg que tinha as últimas palavras sobre o filme. “Um filme que aborda lealdade, amizade e traição”. No que Timberlake pontualmente acrescentou enquanto o clipe surgia no monitor central: “e moda”.

domingo, 30 de janeiro de 2011

OSCAR WATCH 2011 - Insight

Por que A rede social é o filme do Oscar?



Existem paixões. Há quem adore o filme de David Fincher e há quem enxergue nele um produto bem realizado, mas aquém das expectativas que orientam a classificação de um filme como o melhor do ano. Para estes, A rede social é demasiadamente frio, didático e anticlimático. Como produção de época (sim, porque embora se desdobre pelos últimos seis anos, A rede social é concebido como um filme de época), a fita é mesmo adepta da inflexão. Para isso prescinde de provocar emoções profundas, algo diferente de outra produção de época bem cotada no Oscar (o inglês O discurso do rei). Mas não é por essa opção em ser cerebral (uma característica marcante do cinema de David Fincher conforme delimitado quando o cineasta foi foco da mostra Panorama aqui do blog) que A rede social é “menos ou mais filme”. A rede social é o filme da 83ª cerimônia do Oscar porque é aquele que sintetiza uma geração, um fenômeno social e o faz em excelente forma cinematográfica. Essa condição não muda, ganhe o filme o Oscar ou não. Justamente por isso, Claquete já apontava desde novembro o filme como a principal produção dessa edição do Oscar. Ocorre, em certo nível, algo semelhante ao que aconteceu ano passado. Muitos críticos da premiação a Guerra ao terror pela academia argumentavam que ninguém se lembraria do filme de Kathryn Bigelow e que a academia deveria ter aproveitado a chance de premiar Avatar, um filme que – independentemente da percepção que se tem dele em relevo dramático – é um marco. A rede social, no entanto, conta com o apoio da crítica (assim como o filme de Bigelow). Essa equação aproxima o filme de Fincher tanto de Avatar (por ser o filme que merece ser premiado por razões que prescindem de seu arranjo dramático) quanto de Guerra ao terror (por ser um filme exaltado pela crítica, até mesmo em maior escala).
A polarização em torno de A rede social encerra o debate. Mesmo que o filme de Fincher não prevaleça em 27 de fevereiro – e essa é uma possibilidade maior do que muitos imaginam – a história lembrará deste como o ano de A rede social. É, sem sombra de dúvidas, o filme mais significativo do ano. O que não quer dizer que seja o mais simpático. Não fosse o endosso da crítica e o filme de Fincher provavelmente teria sua presença no Oscar diminuída em equivalência, por exemplo, a Cisne negro – o filme sombrio sobre rivalidade e obsessão que Darren Aronofsky rodou sobre o universo do balé.
A rede social obteve status de favorito pelo jugo da crítica, em alta depois de emplacar Oscars imerecidos a Guerra ao terror (e que fique claro que não era Avatar que os merecia), e pode juntar-se a Cidadão Kane (com o qual guarda inúmeras semelhanças) no rol de grandes filmes não laureados com o Oscar de melhor filme justamente pelo alto endosso da crítica. A academia pode reagir de maneira distinta, em comparação ao ano passado, e optar por não seguir o voto da relatoria (a crítica) e escolher O discurso do rei ou Bravura indômita como o melhor filme de 2010. De qualquer jeito, é irrevogável a condição de filme do Oscar que A rede social conquistou. E essa condição, como já provado, não tem nada a ver com a crítica.

Em off

O J (não) tem poder
Não deixa de ser uma curiosidade da 83ª edição do Oscar. Quatro dos cinco indicados ao Oscar de melhor ator do ano tem o nome começando com a letra J (Jeff Bridges, Jess Eisenberg, James Franco e Javier Bardem). A overdose de jotas na categoria, no entanto, não impede que o favoritismo esteja com o c, de Colin Firth.



Por que Tron não foi indicado ao Oscar de efeitos visuais?
Muita gente foi pega de surpresa com a exclusão de Tron- o legado da categoria de efeitos visuais. A surpresa ainda foi reforçada pelo fato de que, diferentemente dos últimos oito anos, foram cinco indicados na categoria.
Tron-o legado ficou de fora da categoria porque os efeitos especiais do filme são da mesma estirpe de filmes como O curioso caso de Benjamin Button, que triunfou há dois anos na categoria e avanços reais não foram feitos. De posse dessa informação fica mais compreensível a razão da exclusão da fita da categoria.



Bravura indômita x Bravura indômita
Os irmãos Coen agradaram mesmo com o remake de Bravura indômita. Para se ter uma ideia, o filme original que deu o Oscar a John Wayne só tinha uma outra indicação, para melhor canção. O remake dos Coen obteve 10 nomeações ao Oscar, inclusive para as nobres de filme, direção e roteiro.



A verdadeira novata
Aos 20 anos, Jennifer Lawrence vive um momento especial na carreira. A atriz conseguiu uma indicação ao Oscar e está no elenco de um dos principais filmes do verão, X-men: first Class. No Oscar, ela é a única novata na categoria de melhor atriz. Natalie Portman, a favorita, conquistou sua segunda indicação. Assim como Michelle Williams. Annette Bening, por sua vez, angariou a quarta nomeação e Nicole Kidman, a única oscarizada do grupo, recebeu sua terceira indicação.




A tal da influência do globo de ouro
Todo ano a influência do Globo de ouro no Oscar é posta na berlinda. Mas é inegável que as presenças de Michelle Williams entre as atrizes e de Jacki Weaver entre as coadjuvantes se deve a Hollywood Foreign Press Association (HFPA). Fora do SAG e de muitas premiações da crítica, as atrizes se beneficiaram do endosso da HFPA e chegaram ao Oscar.



Por falar em SAG...
Não esperem grandes surpresas nas premiações de cinema hoje na festa anual do sindicato dos atores. Melissa Leo (O vencedor) reúne todos os predicados para ser escolhida a melhor atriz coadjuvante. Christian Bale (O vencedor) e Geoffrey Rush (O discurso do rei) vão ter um momento da verdade na briga por melhor ator coadjuvante, enquanto que Colin firth (O discurso do rei) deve ser a barbada da noite na categoria de melhor ator. Natalie Portman (Cisne negro) deve confirmar as expectativas e superar Annette Bening (Minhas mães e meu pai). Na categoria de melhor elenco a briga está concentrada entre O vencedor e O discurso do rei. O favoritismo está com o primeiro.



Ganhando musculatura
Mesmo que O discurso do rei não fature o prêmio de melhor elenco hoje à noite no SAG, a candidatura do filme para o Oscar segue se fortalecendo a cada semana. O filme faturou neste sábado (29) o prêmio de direção entregue pelo sindicato dos diretores. De todos os sindicatos, o DGA é o que tem melhor aproveitamento no Oscar.



Mais um prêmio para Senna
O documentário inglês sobre o piloto brasileiro, que foi exibido no país em novembro, recebeu um prêmio do público no festival de Sundance que se encerra hoje, mas que teve a cerimônia de premiação realizada ontem à noite.



No crivo do leitor
Para o leitor de Claquete, que em sua maioria considerou as indicações ao Oscar previsíveis como sempre, a não indicação de Leonardo DiCaprio na categoria de ator configurou a maior das injustiças da lista de indicados aos 83º prêmios da academia.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Crítica - Um lugar qualquer

Patenteando um estilo de fazer cinema

A cena que abre Um lugar qualquer (Somewhere, EUA 2010) é impressionante. Mas mais do que impressionar ela estipula que estamos assistindo um filme de Sofia Coppola. Essa é a grande contribuição desse filme que venceu, de maneira contestada e cercada de polêmicas, o leão de ouro no último festival de Veneza. Ao revisitar questões relevantes dentro de sua filmografia de uma perspectiva mais arejada, embutido a paternidade como elemento desafogador de um estado de catatonia, Sofia afirma seu estilo enquanto cineasta e sua obsessão temática.
O estilo dá conta de um cinema de ritmo próprio, pensativo, observador, enquanto que o tema se desdobra desde a solidão da fama até a melancolia que pode advir da incompreensão. Mais do que desenvolver seu personagem principal, um astro de Hollywood imerso em uma vida de superficialidades, Sofia o observa. E observa com paciência e apreensão. O ritmo do filme, com longos takes e silêncios demorados, convida o espectador a experimentar essa estafa um tanto quanto desorientada que Johnny Marco (Stephen Dorff) vivencia. Ao observá-lo com sua filha Cleo (Elle Fanning), que fica sob seus cuidados uns dias, o espectador logo percebe que se trata de um cara que não sabe apreciar a paternidade e nunca se preocupou em fazê-lo. O interesse de Sofia passa a ser então se há algo em Marco que responda a Cléo. Há. E é da descoberta desse algo que trata Um lugar qualquer. Não se trata de uma epifania. É uma alerta para a vida que um homem, que vegeta no luxo, teve não tão subitamente assim.

My guitar hero: pai e filha vivem momento de carinho...



Um lugar qualquer não é um grande filme. Também não é ruim. Posto em comparação com Encontros e desencontros, filme mais significativo da carreira de Sofia e com o qual este exemplar guarda algumas semelhanças, Um lugar qualquer sai perdendo em matéria de cinema, mas ganha em propriedade narrativa. Essa dicotomia ocorre por duas razões. Se em Encontros e desencontros Sofia contava com um ator do calibre e sensibilidade de Bill Murray, aqui ela dispõe de Stephen Dorff, que embora esforçado, nunca consegue deixar o espectador avançar à sua alma. É um ator, talvez, mais superficial em cena, do que o que vive no filme. Em compensação Um lugar qualquer delimita, pelo tom, pelos ângulos e pela composição de algumas cenas, uma cineasta mais madura, mais conectada com as especificidades da dramaturgia. É um filme muitíssimo bem dirigido. É o melhor trabalho de Sofia como diretora, ainda que ela já tenha feito melhor como roteirista.
Sofia, no entanto, já cede a vaidade. Ela vincula definitivamente esta fita a Encontros e desencontros. No filme estrelado por Bill Murray e Scarlett Jonhansson, no final do filme os personagens trocam um cochicho que ficamos sem saber o que é e conjecturamos sobre o que poderia ter sido. Em Um lugar qualquer Johnny Marco grita algo para sua filha e é abafado pelo som das hélices do helicóptero. Ela não ouve o que ele diz, mas nós sim. Sofia já faz figura de linguagem com os próprios filmes. É uma metáfora bonita. É algo para cravejar seu cinema de um requinte autoral que já é facilmente identificado por seus admiradores. Um lugar qualquer é a afirmação do estilo Sofia Coppola de fazer cinema. E tudo o mais que se vê no filme se submete a isso.

Filme em destaque: Um lugar qualquer

A nova introspecção de Sofia


Dizem que um grande cineasta faz sempre os mesmos filmes com uma ou outra variação temática. Dizem também que o quarto filme de Sofia Coppola é o mesmo que seu primeiro, segundo e terceiro trabalhos, mas com a tal da variação. Um lugar qualquer (Somewhere, EUA 2010), ganhador do leão de ouro no último festival de Veneza, é sobre melancolia e crise existencial, temas centrais na filmografia da cineasta.
Johnny Marco (Stephen Dorff) é um astro de filmes de ação de Hollywood que leva uma vida de superficialidades. Habituê do famoso hotel Chateau Marmont (onde John Belushi morreu de overdose), notório pela tolerância que dispensa a celebridades de toda a estirpe, Marco passa seus dias entre festas, álcool e sexo casual. Sem que se sinta necessariamente ligado a qualquer uma dessas coisas.


Sozinho com esse cara

Vida de um playboy acidental: Johnny Marco não é uma Linday Lohan, mas também não é um George Clooney



Sofia Coppola disse em entrevista a revista americana Premiere que sua intenção era deixar o espectador sozinho com Johnny Marco. Para que o público mais do que intuir, pudesse sentir o tédio, o vazio que caracteriza o cotidiano daquele homem entregue a melancolia da fama. A cena que abre Um lugar qualquer é, nesse sentido, de uma grandeza (ainda que dentro de um viés minimalista) sensorial. A câmera estática (característica do cinema da diretora) observa uma Ferrari dando uma, duas, três, quatro voltas em uma paisagem deserta. A Ferrari para e um homem, que logo viremos a saber que se trata desse Johnny Marco, sai do veículo e observa o nada a seu redor como quem não sabe exatamente que indagação deve fazer.
A solidão de Johnny Marco é interrompida pela chegada de Cleo (Elle Fanning). A filha de 11 anos que Marco recebe esporadicamente para programas tão exíguos quanto protocolares. Eis que a convivência acentuada com Cléo, possibilitada por um refugo nunca explicado a contento da mãe da menina, desperta uma ansiedade, um desejo oculto por algo mais real, vívido em Marco. É do alvorecer desse desejo que trata Um lugar qualquer e que também tratava Encontros e desencontros. A inadequação é um poderoso elemento no cinema de Sofia Coppola e Um lugar qualquer guarda muitas semelhanças com seu filme mais famoso.

Não é Veneza: Johnny e sua filha em uma premiação na Itália; sentimento de não petencimento em qualquer lugar



Ligação com a música
Outro elemento de força genuína no cinema de Sofia é a música. Como nos outros filmes, canções desempenham forte apelo narrativo e ajudam a decifrar tanto o estado de espírito dos personagens como o comentário que a diretora pretende fazer. Em Um lugar qualquer não poderia ser diferente. Entre silêncios e ruídos (sejam do motor da Ferrari ou do esfrega esfrega de strippers no poste de pole dance), a seleção musical de Um lugar qualquer, além de ótima qualidade, propicia uma conexão com a história de maneira quase midiúnica. “Acho que a música é uma forma de induzir a introspecção”, comenta a diretora sobre sua disposição de rechear seus filmes de músicas. A banda The strokes é uma constante. De quatro filmes, está presente em três. Mas Sofia - musa indie que escolhe bandas de igual prestígio entre os indies para seus filmes - argumenta que seus critérios se limitam a propriedade da história.
Para a cena em que Johnny Marco descobre um dos muitos talentos de sua filha, o espectador compartilha desse momento ao som de uma música genuinamente de gosto adolescente. Não é nova, mas nunca sai de moda e se ajusta perfeitamente ao momento de descoberta que se vislumbra. Sutilezas que enaltecem o cinema de Sofia. Ainda que você já a tenha visto fazer este filme antes, não o viu com essa música.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Filme em destaque: Amor e outras drogas

Filme pseudofilosófico
Edward Zwick dirige um casal de muita química em Amor e outras drogas, fita que obteve um par de indicações ao Globo de ouro e que Claquete explica porque é um filme que foge das convenções de gênero


É de se estranhar, à primeira vista, o nome de Edward Zwick como diretor de Amor e outras drogas, filme que chega esta sexta-feira (28 de janeiro) às telas de cinema do país.
Mas Amor e outras drogas, diferentemente do que o título pode sugerir (nome original providencialmente mantido pela distribuidora nacional), não é uma comédia romântica. Pelo menos não em termos convencionais. E isso ajuda a entender porque o diretor de épicos como O último samurai (2004) e Um ato de liberdade (2007) e dramas pretensiosos como Nova Iorque sitiada (1995) e Diamante de sangue (2006) se interessou pelo projeto. “É sobre pessoas as voltas com uma infinidade de questões pseudofilosóficas”, filosofou o diretor em depoimento ao site Collider.com. É por isso que Zwick optou por queimar etapas. “Escolhi Jake (Gyllenhaal) e Anne (Hathaway) porque eles já haviam provado ter química antes e isso era importante para o filme”. O diretor alude ao fato de que os protagonistas de Amor e outras drogas contracenaram (e também fizeram sexo de mentirinha) em O segredo de Brokeback Mountain.
Baseado no livro "Hard sell: a evolução de um vendedor de viagra" (não editado no Brasil), o filme mostra como Jamie Randall, um boa pinta que se desvirtuou da carreira familiar (no caso a medicina) se apaixonou, se deu bem nos negócios e teve uma epifania existencial. Não necessariamente nessa ordem.

Jamie em ação: ele sabe como vender pílulas azuis e fisgar mulheres, mas não estava preparando para os dilemas do coração



Chama a atenção em Amor e outras drogas a forma modernosa que o sexo é apresentado. O filme se passa em meados dos anos 90, quando a internet ainda era embrionária e o viagra radicalizava os ganhos da indústria farmacêutica. Os dois protagonistas, ainda que com motivações diversas, são entusiastas do sexo casual e receosos dos desmandos do coração. É do bifurcamento entre a modernidade sexual (aventada na figura da milagrosa pílula azul) e a tradicional busca pela completude no outro que Amor e outras drogas tira sua força. Zwick, emulando o vendedor convencido vivido por Jake Gyllenhaal em seu filme ainda acrescenta um dado curioso: “Ao compor as cenas de sexo, tive como referência alguns filmes como O último tango em Paris e 9 canções”. Como se fosse preciso né, Zwick?

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

OSCAR WATCH 2011 - Primeiras impressões

Passado o furor do dia do anúncio das indicações, é hora de buscar alguma perspectiva sobre os concorrentes ao 83º Oscar. A primeira certeza que advém dos dez filmes lembrados na categoria principal é de como 2010 foi superior a 2009 em matéria de cinema de qualidade nos EUA e isso reverbera na categoria principal. Os blockbusters lembrados ( A origem, A rede social e Toy story 3) são de qualidade insuspeita, ao contrário do ocorrido no ano passado com as semi bombas Avatar e Um sonho possível. Existem os filmes de estúdio com boa bilheteria e endosso artístico (Bravura indômita e O vencedor), embora no ano anterior Bastardos inglórios e Amor sem escalas tenham cumprido bem esse papel e o cinema independente continua mostrando sua força. Emplacou os outros cinco filmes na disputa (O discurso do rei, Cisne negro, 127 horas, Inverno da alma e Minhas mães e meu pai).
Se há um estúdio recompensado com essas indicações é a Fox searchlight, selo independente do gigante do entretenimento Fox. Com dois filmes na disputa principal (127 horas e Cisne negro), o estúdio tem se notabilizado por acreditar na visão de cineastas inquietos e provocadores. Os filmes de Aronofsky e Danny Boyle não veriam a luz do dia sem o apoio do estúdio. A academia, com indicações sólidas para ambos os filmes, vem recompensar essa postura. Outro que sai fortalecido das indicações ao Oscar 2011 é o mega produtor Harvey Weinstein. Ele que andava meio deixado de lado conseguiu viabilizar O discurso do rei como um das grandes forças da temporada, ainda que o filme (e não Colin Firth) não tenha ganhado praticamente nada na Oscar season.

Darren Aronosky bate um papo com o ator Vincent Cassel no
set de Cisne negro: a Fox Searchlight foi a única a dizer sim
para o filme

O grande reconhecimento a O discurso do rei e o fato de Bravura indômita se colocar entre o filme inglês e o favorito de ocasião A rede social denotam, mais do que uma inversão de favoritismo, uma predisposição de se afastar do entendimento da crítica. Ano passado a academia se aproximou ruidosamente da crítica ao premiar (de forma muito mais acachapante do que se previa) Guerra ao terror, um darling da crítica e que entrou para a história como o Oscar winner de menor bilheteria até hoje. A rede social está sendo mais festejado do que Guerra ao terror (e merece!). Mas é um filme frio, análitico, falado, não sentido. Ao contrário dos outros concorrentes com múltiplas indicações. O fato dos coadjuvantes do filme não terem sido lembrados incorre em uma possibilidade um tanto quanto canhestra. O filme de David Fincher poderia se prejudicar pela aparente unanimidade que recebe das mais variadas associações e colegiados de críticos. A academia não pretende ser apenas mais uma. Existe a preocupação em manter intocada a aura de maior prêmio do cinema que só pode ser preservada ao trazer outros protagonistas para o centro da disputa. O prêmio do sindicato dos produtores no último fim de semana para O discurso do rei já pode ser um forte indicador nesse sentido. As próximas semanas serão decisivas para o amadurecimento dessa impressão.
Fato é que filmes como Cisne negro e O vencedor devem conquistar prêmios. Para o primeiro filme, a grande barbada é Natalie Portman na categoria de atriz, ainda que exista um forte lobby em prol da candidatura de Annette Bening (Minhas mães e meu pai). O segundo filme vem forte nas categorias de coadjuvantes, mas pode ser uma surpresa em montagem (embora aqui as chances sejam mais do que remotas).
A origem, conforme Claquete já havia antecipado em matéria especial no início do mês, tem suas chances reduzidas às categorias técnicas; mas Chris Nolan (principalmente depois da esnobada na categoria de direção) tem boas chances de faturar roteiro original.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

#Oscar facts

+ O único chamado “lock” (quando uma categoria é fechada antes do anúncio dos indicados) entre as categorias de atuação que o sindicato dos atores previu foi mesmo na disputa entre os atores coadjuvantes. Em todas as outras categorias houve uma mudança. A academia também promoveu uma mudança em relação a lista do sindicato dos diretores. Os irmãos Coen por Bravura indômita “roubaram” a vaga de Christopher Nolan por A origem.



+ Cisne negro já não apresenta o fôlego de outrora. Apesar de ostentar cinco indicações (filme, direção, atriz, montagem e fotografia), as chances do filme triunfar parecem se resumir mesmo a protagonista Natalie Portmam.



+ É aquele típico caso de atuação tão exacerbada que se impõe a qualidade do filme. Não chega a ser um aspecto negativo, mas certamente não é de todo positivo.



+Aliás, Natalie Portman terá que enfrentar mais do que a concorrência (nem tão equiparada assim), a disposição de muitos membros da academia em premiar a injustiçada e querida Annette Benning.



+ O problema é a candidatura de Annette. Muito fraca se comparada ao desempenho de Portman. Justamente por isso, negar o prêmio a Portman este ano pegaria muito mal...



+ Em 2011, a academia conseguiu o equilíbrio tão perseguido em outros anos. Tem blockbusters indiscutíveis (A origem, Toy story 3 e A rede social), independentes festejados (Minhas mães e meu pai, Cisne negro, 127 horas e Inverno da alma) e dois filmes “pequenos” de estúdio, mas com boas bilheterias (O vencedor e Bravura indômita).



+ Mike Leigh conseguiu sua nomeação. Another year concorre a melhor roteiro original.



+Teoricamente, Another year roubou a vaga de Cisne negro entre os finalistas de roteiro original. O filme de Aronofsky é o único indicado a melhor filme que não concorre como melhor roteiro.



+ O escritor fantasma e Ilha do medo foram completamente ignorados. Nenhuma menção sequer. Clint Eastwood teve melhor sorte. Seu Além da vida foi lembrado na categoria de efeitos especiais.



+ O fato garantiu a Clint uma curiosa estatística. Desde 2003, quando lançou Sobre meninos e lobos, o veterano cineasta emplaca um filme no Oscar. Apenas em 2005 não esteve na disputa, mas porque não lançou nenhum filme naquele ano.




+ Com a confirmação de John Hawkes (Inverno da alma) e Jacki Weaver (Reino animal) na briga entre os coadjuvantes, a academia continua com a máxima de consagrar atores pouco conhecidos nestas categorias.



+ Crescem os entusiastas da animação O mágico (em cartaz nos cinemas brasileiros). Contudo, o filme não deve roubar de Toy story 3 o Oscar de melhor animação.



+ Estranha a exclusão de A origem dos finalistas a melhor montagem. A categoria, embora tenha fortes candidatos, fica sem favorito. Concorrem A rede social (virtualmente favorito), O discurso do rei (um trabalho eficiente), O vencedor (editado de uma forma que agrada a academia), Cisne negro (edição instigante e provocante) e 127 horas (outro trabalho vistoso).



+ A exclusão de A origem, no entanto, é criteriosa. Já que o filme cumpre tabela entre as dez produções que disputam o prêmio principal. A ausência de Bravura indômita da disputa, por sua vez, destaca a força de A rede social na categoria principal.



+ Já os trabalhos de cinematografia destacados são realmente os melhores. Difícil discordar de uma lista que traz Cisne negro, A origem, A rede social, Bravura indômita e O discurso do rei. Talvez este último pudesse ceder a vez para Ilha do medo, mas não é de todo injusta sua inclusão aqui.



+ Javier Bardem derrotou forte concorrência para ser indicado a disputa de melhor ator do ano por sua atuação em Biutiful. Estavam cotados para essa quinta vaga Ryan Gosling (Namorados para sempre), Mark Wahlberg (O vencedor) e Robert Duvall (Get Low). Menos cotados, mas com as mesmas expectativas de Bardem, estavam Michael Douglas (O solteirão) e Leonardo DiCaprio (Ilha do medo).



+ Javier Bardem deve ter gasto um bom tempo em uma chamada internacional para agradecer Julia Roberts hoje. A atriz, que assumiu a bandeira de cabo eleitoral, ofereceu um jantar em homenagem ao ator em Hollywood há cerca de duas semanas atrás.



+ Explique como A rede social conquistou uma indicação ao Oscar de melhor som e nenhuma para os ótimos coadjuvantes do filme, em especial Andrew Garfield?



+ Aliás, a razão da exclusão de Garfield só se justifica pela percepção de que o novo homem aranha vai longe.



Nós também estamos aqui
Salt, Homem de ferro 2, Country Strong, O lobisomem, Incontrolável, Enrolados, Como treinar seu dragão, Além da vida, Harry Potter e as relíquias da morte: parte 1, Tron: o legado, Eu sou o amor, The tempest e Minha versão para o amor também podem se orgulhar de serem filmes indicados ao Oscar. Ainda que poucos tenham reparado.



Ano de vacas gordas
Os filmes com menos indicações ao Oscar que concorrem a melhor filme são Minhas mães e meu pai (4) e Inverno da alma (4). Ano passado Um sonho possível e Um homem sério tinham duas indicações cada.




O número de indicações dos dez melhores filmes do ano no Oscar:


O discurso do rei → 12
Bravura indômita → 10
A rede social → 8
A origem → 8
O vencedor → 7
127 horas → 6
Toy story 3 → 5
Cisne negro → 5
Inverno da alma → 4
Minhas mães e meu pai → 4


+ Biutiful teve sua candidatura a melhor filme estrangeiro impulsionada pela indicação de Javier Bardem. Mas o dinamarquês Em um mundo melhor, que acaba de ganhar o globo de ouro, também tem na figura da diretora Susanne Bier algo cativante em Hollywood.



+ Com exceção da disputa por atriz coadjuvante, todas as outras categorias de atuação tem um ou mais ganhadores do Oscar em disputa.



+ Trent Resnor e Atticus Ross, indicados pela trilha sonora de A rede social, debutam na categoria. A concorrência é pesada. Entre os demais indicados estão dois favoritos da academia: Hans Zimmer (A origem) e Alexandre Desplat (O discurso do rei).



+ Pela ótica da academia, Christopher Nolan é melhor roteirista do que diretor. Ele tem a companhia de gente como Woody Allen, Quentin Tarantino e Stanley Kubrick, cujas incidências se deram mais nesta categoria.



+ De mansinho, Amy Adams crava sua terceira indicação ao Oscar em seis anos. Um senhor desempenho para uma atriz que poucos prestam atenção.




A volta dos que não foram
Jeff Bridges, Colin Firth e Jeremy Renner estavam na disputa pelo Oscar ano passado e estão de volta neste ano. Moral alta é isso aí!

Momento Claquete #5

IN & OUT

 Javier Bardem, fotografado para ensaio da revista W, indicado ao Oscar de melhor ator por Biutiful
"Estou muito feliz pela honra.Ainda mais por se tratar de um filme não falado em inglês"



O homem do copião de ouro: Scott Rudim é o produtor de dois dos favoritos ao Oscar. Levam sua chancela A rede social e Bravura indômita



Por Bardem: Ryan Gosling viu sua colega de elenco Michelle Willians conseguir a segunda indicação ao Oscar de sua carreira por Namorados para sempre, mas teve seu nome preterido e, por enquanto, continua a ostentar uma única indicação na carreira por Half Nelson ( 2006)


No love for Ben: apesar de muito elogiado, das indicações do sindicato dos produtores e dos roteiristas e ao Critic´s Choice Awards, Atração perigosa no Oscar ficou mesmo na indicação para Jeremy Renner como coadjuvante



 
Uma atriz de fibra: Melissa Leo é a favorita na disputa entre as atrizes coadjuvantes por seu papel em O vencedor



Michael Douglas, em foto do editorial da W para as melhores atuações do ano: um dos melhores atores de 2010, com duas performances notáveis (O solteirão e Wall street - o dinheiro nunca dorme) completamente ignorado



Roger Deakins é o veterano de indicações entre os concorrentes a melhor diretor de fotografia: ele disputa seu nono Oscar pela nona colaboração com os irmãos Coen em Bravura indômita ( a maior parte das indicações são provenientes dessas colaborações)



 A diva: Annette Benning por Minhas mães e meu pai é a principal concorrente da favorita Natalie Portman. Sua candidatura se apóia muito mais no prestígio do que qualquer outra entres os atores e atrizes



 O delírio imperfeito: o italiano Dante Ferreti, já premiado com o Oscar duas vezes, ficou de fora da disputa com o excepcional trabalho de direção de arte realizado em Ilha do medo



O delírio perfeito: depois de alguns filmes delirantes e incompreendidos, Darren Aronofsky chega ao Oscar com propriedade. Além da indicação para melhor diretor, vê seu filme Cisne negro destacado como um dos melhores de 2010

OSCAR WATCH 2011 - Cenas de cinema:as indicações ao Oscar 2011

Foram anunciados na manhã desta terça-feira, os indicados a 83ª entrega dos prêmios da academia de artes e ciências cinematográficas de Hollywood. Se o leitor ainda não conferiu a lista completa, pode fazê-lo clicando aqui. A seguir, Cenas de cinema traz os principais destaques do anúncio desta terça. Ainda hoje, mais Oscar aqui em Claquete!



O momento de O discurso do rei

Com 12 indicações na bagagem e recém eleito como a melhor produção do ano pelo sindicato dos produtores (PGA), O discurso do rei se firma como o centro das atenções. Se A rede social é o preferido da crítica, o filme que deve dar o Oscar de melhor ator a Colin Firth se anuncia como o preferido do seio da indústria.



O favorito

Mas não se enganem. O favoritismo ainda está com A rede social. Bravura indômita, dos irmãos Coen, segura o segundo lugar. O discurso do rei, apesar do prêmio do PGA, ainda é o azarão nessa disputa.



As favas contadas

E quais são aquelas disputas que já parecem decididas? Ator para Colin Firth (mas nunca se sabe), atriz para Natalie Portman, animação para Toy Story 3 e roteiro adaptado para A rede social. Até que são poucas certezas...



O valor do cabo eleitoral

O cabo eleitoral sempre tem mais importância do que lhe é atribuída. Mas nesta terça-feira essa condição ficou muito clara com a inclusão de Javier Bardem entre os finalistas na categoria de melhor ator. Com nomes de peso como Julia Roberts, Sean Penn e Robert De Niro trabalhando nos bastidores por sua indicação, Bardem foi uma “surpresa” na divulgação dos concorrentes. Surpresa que Claquete antecipou ao listar os prováveis indicados no último domingo.



A importância da campanha

A inclusão de Bardem demonstra como uma campanha viral não pode ser menosprezada em termos de Oscar. Claquete voltará ao assunto em uma futura seção Insight, mas a presença de filmes como O vencedor, Inverno da alma, Reino animal e 127 horas entre os indicados ao Oscar se deve muito a esse fator.



E quando a campanha não basta...

Filmes como O escritor fantasma e Ilha do medo, que foram solenemente ignorados, também fizeram campanha. A campanha só não foi tão intensa. Sabia-se dos riscos e foi decidido por estrategistas pagos para não correr risco, não correr riscos. Os filmes, lançados no começo do ano, tiveram o azar de 2010 ter sido um bom ano para o cinema. Se não há nenhum filme excepcional, a média é alta sem dúvida alguma. Os lançamentos de outono são todos muito bem encorpados. Desde A rede social que estreou em outubro (nos EUA) até Bravura indômita (que foi lançado no natal). Com filmes bons assim – e recentes - que brilham nas bilheterias e causam alvoroço na crítica, não há campanha de marketing que dê jeito.



Os filmes adorados

Se existe um filme que a cada semana tem sua candidatura impulsionada é O vencedor. Apesar de ter metade das indicações de O discurso do rei no Oscar, ficou claro que os dois filmes dividem o amor da classe dos atores na academia. Ambos têm três performances disputando o prêmio e apenas em uma categoria não colidem (ator). Nessa disputa, O discurso do rei é favorito. Nas outras, O vencedor parece ter a preferência nas figuras de Christian Bale e Melissa Leo.



Não duvide dos Coen I

Há cerca de um mês, Claquete publicou uma matéria em que apontava o favoritismo emergente do novo filme dos irmãos Coen no Oscar. Não deu outra. Com 10 indicações, inclusive filme, direção, roteiro adaptado, ator e atriz coadjuvante, Bravura indômita vem forte e se coloca como alternativa ao frio e analítico A rede social e ao pomposo e acadêmico O discurso do rei. Alguém ainda duvida da força dos Coen junto a academia?

 
Os irmãos Coen, entremeados por Martin Scorsese, seguram alguns dos Oscars que ganharam por Onde os fracos não têm vez: eles voltam com força, enquanto o filme de Marty foi solenemente ignorado...



Não duvide dos Coen II

E os irmãos ostentam hoje o melhor retrospecto recente do Oscar. Em quatro anos, emplacaram três filmes na disputa pelo Oscar principal. Tudo bem que isso se deve muito ao fato de termos 10 concorrentes agora, mas ainda assim é uma estatística invejável.



Onde está Wally (by Chris Nolan)?

Aconteceu de novo! Christopher Nolan foi limado da disputa pelo Oscar de melhor diretor. Uma omissão grave por parte da academia que sinaliza, com isso, que não aprecia tanto o trabalho de Nolan, ainda que lhe tenha concedido uma indicação como roteirista (como fez em Amnésia e Batman – o cavaleiro das trevas).
Nolan está por trás de um dos filmes mais inventivos e comentados dos últimos anos. É, seguramente, um dos grandes trabalhos de direção de 2010.



O efeito Franco!

Ele será cohost da 83ª cerimônia de entrega do Oscar, estrela um dos filmes que concorrem ao prêmio de melhor do ano e está indicado ao Oscar de melhor ator. James Franco está subindo na vida e bem rápido.



Ele vai ser bastante lembrado!

Mark Wahlberg fez de O vencedor um filme de ponta, mas não será reconhecido (pela acadêmia) em virtude disso...


O vencedor era um projeto antigo (um sonho de carreira, na verdade) de Mark Wahlberg. Sonho que pode se tornar realização na carreia de outros. O diretor David O. Russel, os atores Christian Bale, Melissa Leo e Amy Adams e os roteiristas Eric Johnson e Scott Silver foram indicados ao Oscar por dar viço ao sonho de Walhberg. Justamente ele, o idealizador do sonho, ficou de fora da festa.



Bridges x Firth

Conforme Claquete antecipou, Jeff Bridges e Colin Firth se encontram novamente na disputa pelo Oscar de melhor ator. Agora com o favoritismo invertido. Contudo, diferentemente do que ocorreu no ano passado, Bridges e Firth estrelam filmes com forte proeminência no Oscar, algo que não ocorreu quando disputaram a estatueta por Coração louco e Direito de amar respectivamente.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Crítica - Biutiful

Pretensão e sutileza


Alejandro Gonzáles Iñarritu tem um cinema calcado em idéias bastante sólidas. Ao mesmo tempo essas idéias são facilmente abstraídas em escolhas conceituais equivocadas. Se Amores Brutos e 21 gramas representam a excelência dessas idéias em termos de execução e depuração, Babel se inscreve como um fervoroso meio termo. O que se não é ruim, também não é bom.
Biutiful, primeiro filme de Iñarritu sem a colaboração de Arriaga, se situa mais próximo de Babel do que dos outros filmes. Isso ocorre porque Iñarritu, em certo nível, potencializa certas idiossincrasias de seu cinema (cidades sujas, uma câmera intrusa, truques de montagem, o interesse pelo choque cultural, o assédio da morte, entre outras) e rejeita a principal marca de Arriaga, a estrutura cíclica do roteiro. É, portanto, um projeto de afirmação. Iñarritu busca a legitimação ao revisitar aspectos que trabalhara em outros filmes, mas sob outra formatação. É uma busca genuína, pena que o que se vê em Biutiful não dê substância a ela.
A trama se dilata em miudezas que só não enfadam devido ao magistral trabalho de Javier Bardem. Nesse sentido, a opção de Iñarritu de valorizar a face do ator espanhol, investigando suas expressões a cada take, é uma vitória incalculável do ponto de vista dramático. Ganhou Bardem, que teve sua performance potencializada, e o filme, em estofo dramático.


A morte à espera: Iñarritu acompanha os últimos dias de Uxbal, brilhantemente vivido por Javier Bardem



O problema de Biutiful é ter de conciliar as muitas pretensões de Inãrritu (a principal é provar que não precisa de Arriaga), ainda que lhe tenha aferido algumas sutilezas. Esse desequilíbrio prejudica o resultado final. Seja ao não aproveitar o aspecto sobrenatural da história, seja por enveredar – se pelo tema da imigração sem dar caldo a ele, seja pelo uso de certos recursos narrativos que desapropriam a sutileza investida pela atuação de Bardem, Iñarritu peca bastante; mas também acerta. Seja pela opção de usar a cidade de Barcelona como metáfora, por investir no escrutínio da relação familiar de seu protagonista ou por sublinhar que é melhor diretor do que roteirista.
A fotografia de Rodrigo Prieto, que já havia trabalhado com o diretor em Babel, é de pontual felicidade para subsidiar os acertos de Iñarritu.
Biutiful é um filme que, ainda que nivelado pelos mesmos interesses que pautam a obra do cineasta, se inferioriza perante seus demais trabalhos. Mesmo que belas sutilezas (como a metáfora que se cristaliza no nome do filme) estejam vivas, as pretensões fazem com que tudo o mais engasgue. No final das contas, Biutiful é um filme bonito, mas como antecipa no próprio título, grafado erradamente.

Filme em destaque: Biutiful

“Tenho interesse pela morte”

Iñarritu dirige Bardem nos sets de Biutiful: interesse pela morte move o novo filme do cineasta



O diretor mexicano Alejandro Gonzáles Iñarritu afirma que a razão de seus longa-metragens de alguma maneira se aproximarem da questão se deve a sua curiosidade “intelectual e como artista” pela morte. “Mas não há nada de metafísico em meu filme”, argumenta em entrevista promocional no último festival de Cannes, de onde Biutiful (MEX/ESP 2010) saiu com a Palma de ouro de melhor ator - entregue a Javier Bardem.
Na avaliação do diretor, Bardem é crucial para que Biutiful seja uma experiência completa. “Mesmo sem ter escrito uma linha de diálogo, ele é um pouco coautor de Biutiful”, disse em entrevista recente concedida ao jornal O Estado de São Paulo.
Iñarritu não está sendo gentil. Reside em Bardem a grande força do primeiro filme do mexicano sem seu parceiro Guillermo Arriaga. Iñarritu e seu ex- amigo tiveram severos desentendimentos acerca da autoria dos filmes em que colaboraram. Para Arriaga, ele era responsável pelos frutos de Amores Brutos, 21 gramas e Babel, no que Iñarritu discordava.
A parceria se desfez em meio a tumultuadas declarações e ressentimentos de parte a parte.
Biutiful, neste sentido, representa uma evolução na carreira de Iñarritu. É seu primeiro filme sem o suporte de Arriaga (o diretor também assina como roteirista) e, apesar de preservar algumas características reconhecíveis dentro de seu cinema, é o primeiro filme em que Iñarritu se apresenta de forma linear para o público. O diretor argumenta que essa medida não foi proposital. “Essa solução (a narrativa linear ou cíclica) nasce na sala de edição, quando fazemos a montagem”.


Homem de família: Uxbal é generoso para com os filhos, com a ex-mulher bipolar e com os imigrantes ilegais que agencia...


Cotado para o Oscar de melhor produção estrangeira (Javier Bardem também alimenta chances como intérprete), Biutiful é um filme que estuda a relação de um homem com o mundo a sua volta e com o fato de que em breve se verá privado dele. Uxbal (o protagonista vivido por Javier Bardem) descobre um câncer de próstata já em metástase avançada. A finitude se interpõe à rotina precária em que Uxbal se sustenta. Agindo dentro de uma lógica exploratória de imigrantes ilegais e comunicando-se com os mortos (em um eixo que Iñarritu não parece muito interessado em desenvolver), Uxbal se ressente de sua condição. Mas não fica claro se isso ocorre em virtude da proximidade do fim, ou se são apenas os derradeiros capítulos de uma triste novela.
A Barcelona suja, fétida e desigual que as câmeras de Inãrritu capturam é uma importante personagem na trama. Longe do brilho que a cidade ostenta em outras produções, essa Barcelona representa o estado de espírito do protagonista e do homem que o concebeu.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Insight

Qual é o dogma da 68ª edição do Globo de ouro?


No curso da última década, o Globo de ouro perdeu aquele status de prévia do Oscar. Ainda é considerado, embora com alguns contrapontos, um termômetro do principal prêmio do cinema, mas já não goza do prestígio de outrora.
Mais do que prestígio, o que anda na berlinda é a relevância do prêmio. Há algum tempo, vem sendo sublimado pelo recente Critic´s choice awards (que em 2011 teve sua 16ª edição). Isso ocorre porque do ponto de vista da indústria, o Critic´s tem tudo para ser levado mais a sério: é composto por um colegiado de americanos, no Globo de ouro quem outorga os prêmios são correspondentes estrangeiros, e é composto puramente por críticos de cinema, ainda que de mídias diversas, no Globo de ouro são jornalistas genéricos sem especialização em cinema necessariamente. A extensão do colegiado também difere. Enquanto há mais 700 membros votantes no Critic´s choice, no Globo de ouro o total é de 90.
Além dessa tensão que cresce a todo ano, a Hollywood Foreign Press Association (HFPA) sempre se viu questionada pela crítica americana sobre sua autoridade moral. Além de serem notadamente suscetíveis a campanhas de marketing (na verdade, todo mundo é, mas a HFPA se preocupa menos em disfarçar), os jornalistas são grandes entusiastas das celebridades. Reconhecendo o glamour como parte do show. O que vai de encontro a rabugice de alguns críticos mais conservadores que enxergam o cinema como coisa séria, ainda que de dentro do armário adorem a frivolidade do mesmo.
Parte daí a grande conquista do Globo de ouro de segmentar seus prêmios entre as categorias dramáticas e cômicas. Nesse contexto, os globos se tornaram mais populares e mostraram que o Oscar estava, de certa forma, engessado.

Michael Douglas e Eva Mendes batem um papo em uma das after parties do último domingo: estrelas e grandes blockbusters sempre fizeram parte do script da HFPA


Nos últimos anos, porém, na ânsia de rivalizar com os prêmios da academia, a HFPA se perdeu. Em 2006, Babel, que tinha o maior número de indicações, só ganhou um prêmio. Justamente o de melhor filme dramático. Uma incoerência, o melhor filme do ano não ganhar um outro prêmio sequer. Ano passado ocorreu coisa semelhante. Nine foi agraciado com cinco indicações. Era óbvio que a HFPA havia curtido o filme. Mas a crítica americana não. Resultado? Se beber não case, filme que tinha recebido uma módica indicação de melhor comédia do ano (em tudo levava a crer que para compor os cinco selecionados, já que os outros concorrentes tinham mais indicações) faturou o globo e Nine saiu sem nada. No mesmo ano, o hiperbólico e trivial Avatar (mas de grande bilheteria) superou filmes melhores como Bastardos inglórios, Amor sem escalas e Guerra ao terror na categoria dramática.
Mas nada se compara ao mal estar provocado em 2011 com algumas indicações. Em especial as menções ao filme O turista na categoria de comédia. Pegou mal. Muito mal. A avalanche de críticas foi instantânea e justificada. É difícil crer que sem elas, o resultado do Globo de ouro que vimos no último domingo seria o mesmo. Talvez o prêmio fosse tão esquizofrênico quanto vinha sendo nos últimos anos. A formação cultural e social distinta do colegiado que compõe a HFPA é uma das riquezas que a faz tão plural e ressonante, mas também é o que impede uma unidade mais representativa. Após a edição de 2011 esta unidade volta a ser uma prioridade. Deve pautar jantares entre os membros e orientar escolhas mais consistentes. O que não quer dizer que essas escolhas sejam independentes (em certo nível, nunca foram).
Em um contexto pelo qual passa a participação chocante do comediante Rick Gervais, a 68ª edição do Globo de ouro aponta para uma HFPA mais na ofensiva e menos na defensiva. É como se dissessem: “Vamos parar com a invejinha e reconhecer o muito que o Globo de ouro faz por seus filmes e carreiras.”O que quer dizer também: “Todo mundo erra e nós acertamos bastante!”. A mensagem, claro, e a tolerância a ela, variam de acordo com o interlocutor.

Em off

Alguns destaques de Berlim

Começa em 10 de fevereiro a 61ª edição do festival de Berlim. O filme de abertura será o elogiado Bravura indômita dos irmãos Coen (que um dia depois estréia nos cinemas brasileiros). Entre os principais destaques do festival estão Coriulanus (estréia na direção do ator Ralph Fiennes), Les Contes de la nuit, de Michael Ocelot (França), Margin Call, de JC Chandor (EUA) e Desconhecido, do espanhol Jaume Collet-Serra (diretor de O orfanato).



Pontapé inicial em Sundance
Começou na última quinta-feira o festival de Sundance 2011. Realizado no estado de Utah, nos Estados Unidos, o evento criado por Robert Redford para prestigiar a produção independente se estende até o dia 30 de janeiro. Sundance, que se consolidou como importante pólo comercial (muitos estúdios adquirem filmes no evento), traz no cardápio muita coisa que promete buzz. Entre os quase 120 filmes da programação oficial destacam-se Salvation Boulevard (estrelado por Pierce Brosnan), Son of no one (com Katie Holmes, Al Pacino e Ray Liotta), The devil´s double (dirigido pelo neozelandês Lee Tamahori), Higher Ground (estréia na direção da atriz Vera Farmiga), Margin Call (um drama sobre a crise financeira estrelado por Kevin Spacey e Demi Moore) e Litlle birds (drama dos mesmos produtores que se deram bem na última edição do festival com Blue valentine).
Mas claro, o barato de Sundance são as surpresas. Elas também estarão em Claquete!



Quem deve ser lembrado nesta terça-feira?
Claquete lista os prováveis indicados ao Oscar nas principais categorias:


Filme

A rede social
O discurso do rei
A origem
Bravura indômita
O vencedor
Cisne negro
Toy story 3
Atração perigosa
Minhas mães e meu pai
Inverno da alma


Direção

David Fincher (A rede social)
Christopher Nolan (A origem)
Tom Hooper (O discurso do rei)
Irmãos Coen (Bravura indômita)
Darren Aronofsky (Cisne negro)



Ator

Colin Firth (O discurso do rei)
Jesse Eisenberg (A rede social)
James Franco (127 horas)
Javier Bardem (Biutiful)
Jeff Bridges (Bravura indômita)


Atriz

Natalie Portman (Cisne negro)
Annette Bening (Minhas mães e meu pai)
Jennifer Lawrence (Inverno da alma)
Nicole Kidman (Rabbit hole)
Lesley Meanville (Another year)


Atriz coadjuvante

Barbara Hershey ou Mila Kunis (Cisne negro)
Hailee Steinfield (Bravura indômita)
Helena Bonhan Carter (O discurso do rei)
Melissa Leo (O vencedor)
Amy Adams (O vencedor)


Ator coadjuvante

Mark Ruffalo (Minhas mães e meu pai)
Christian Bale (O vencedor)
Andrew Garfield (A rede social)
Geoffrey Rush (O discurso do rei)
Jonh Hawkes (Inverno da alma)


Roteiro original

A origem
Cisne negro
Another year
Minhas mães e meu pai
O discurso do rei



Roteiro adaptado

Bravura indômita
A rede social
Atração perigosa
Toy Story 3
127 horas


Filme estrangeiro

Biutiful (México)
Incendies (Canadá)
Em um mundo melhor (Dinamarca)
Life, above all (África do Sul)
Simple Simon (Suécia)

 
Ainda o globo de ouro


Claquete quis saber de seu leitor o que ele achou dos resultados do Globo de ouro. A maioria, correspondente a 44%, aprovou os resultados. 33% não gostaram, mas entenderam que os resultados minimizaram o destempero das indicações. O blog também quis saber o que o leitor achou da performance de Ricky Gervais. Para 37%, Gervais teve ótima participação na 68ª cerimônia de entrega dos prêmios Globo de ouro. 25% são mais enfáticos em apontar que Gervais foi deliciosamente sarcástico. Assinalaram na alternativa de mal gosto, outros 25%. Para os 12% restantes, Gervais foi não mais do que infeliz.



Porque Ricky Gervais é o cara?


Foi um acontecimento. Rick Gervais causou. A cerimônia do Globo de ouro, realizada no último domingo, nem havia terminado e as impressões sobre o desempenho do apresentador inglês tomavam de assalto a internet. De trending topic no twitter a tema de editorial de jornais como Los Angeles Times e Chicago Tribune na segunda-feira, Gervais balançou as estruturas de Hollywood com piadas agressivas, humor negro extrapolado e nenhum receio de contrariar as proeminentes figuras presentes no jantar de gala. Teve quem curtiu muito (o público que assistiu pela TV em sua maioria), quem se divertiu a valer (Alec Baldwin chorava de rir na platéia), quem foi diplomático (Christian Bale elogiou por elogiar), quem se deixou contagiar pelo humorista (né Robert De Niro?), quem protestou no mesmo nível (Robert Downey Jr.) e quem protestou nos bastidores (quase todo mundo que virou piada). Se Hugh Hefner (o todo poderoso da Playboy) adorou a piada em sua homenagem, o presidente da Hollywood Foreign Press Association pôs panos quentes na polêmica e afirmou que “Ricky Gervais passou da linha”. Ao site TMZ, dizendo-se satisfeito com sua performance, o comediante inglês disse que não volta em um terceiro ano. “Três é demais não?”, emendou convicto.

 
 

O vencedor do sindicato dos produtores
A rede social sofreu na noite deste sábado (22) sua primeira importante derrota na corrida pelo Oscar. Derrota, até certo ponto, improvável devido o curso dos acontecimentos. E esta derrota foi para O discurso do rei que levou o prêmio de melhor filme do ano pelo sindicato dos produtores (PGA).
A vitória de O discurso do rei no PGA acirra a disputa pelo Oscar em um momento crucial. O PGA antecipou o vencedor do Oscar nos últimos três anos. Os últimos desacertos foram O segredo de Brokeback Mountain (Crash venceria o Oscar) em 2006 e Pequena miss sunshine (o Oscar iria para Os infiltrados) em 2007.


Tom Hooper, que teve seu filme premiado contrariando algumas expectativas, e Sean Penn que recebu um prêmio especial por questões humanitárias (o primeiro do tipo) do PGA



Selo de qualidade


Com imenso prazer e um forte sentimento de reconhecimento, Claquete recebe dos cinéfilos Rodrigo, do blog Cine Rodrigo, e Amanda, do blog CinePipocaCult, este selo de qualidade. É uma honra e um estímulo muito grande ser agraciado com essa homenagem. A regra pressupõe que até 15 blogs sejam indicados para receber a distinção. Claquete carimba este selo nos seguintes blogs:




Crônicas das 12 badaladas
Cinema e argumento
Cinéfila por natureza
Madame Lumière


As respostas do questionário que acompanha o selo:

Nome: Reinaldo Matheus d´ A. C. Glioche
Uma música: Like a rolling stone (Bob Dylan)
Humor: geralmente bom
Uma cor: azul
Uma estação: outono
Como prefere viajar: na verdade não sou muito de viajar...
Um seriado: Mad men
Frase ou palavra mais dita por mim: “Um minutinho!”