quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Panorama - As torres gêmeas


Quando Oliver Stone anunciou que faria um filme sobre a queda do World Trade Center, todos esperavam um filme com alta carga polêmica e que cedesse a teorias conspiratórias (como em JFK - a pergunta que não quer calar e Nixon). Não foi o que aconteceu em As torres gêmeas (World Trade Center, EUA). No filme, Stone se esquiva da política e se concentra na homenagem a uma figura muito valorizada pelo americano após os atentados terroristas de 11 de setembro, o bombeiro. O filme acompanha o drama real de dois bombeiros que ficaram sob os escombros do edifício. Ao evitar a polêmica e ao prestar-se ao patriotismo com altas doses de sentimentalismo, Stone foi taxado de muitas coisas. A pior talvez tenha sido a de que era um cineasta já sem mais nada a dizer. Mas Stone tinha algo a dizer. Salientou que América tinha heróis de carne e osso e deveria se orgulhar deles. Um recado desses é sempre bem vindo (ainda mais pelo fato de ser verdadeiro). Ter sido emitido por um cineasta tido como encrenqueiro só engrandece o valor da mensagem. Ainda que o filme seja menor do que se esperava e menor dentro da filmografia do diretor, seu propósito é dos maiores.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

ESPECIAL WALL STREET - O DINHEIRO NUNCA DORME: Contexto

O capitalismo devassado


Oliver Stone parece imbuído de mostrar que o capitalismo é uma chaga social. Seu cinema recente parece pautado em desconstruir o modelo econômico ocidentalizado que rege 97% das nações. Wall street – o dinheiro nunca dorme, embora engrosse o coro, não chega a ser tão xiita quanto se podia imaginar. Tão pouco Stone é tão vaticinante em sua crítica quanto outros cineastas como Costas-Gravas, Jean Luc Godard ou Claude Chabrol, morto recentemente.
No filme, reencontramos Gordon Gekko no momento em que planeja se reerguer, embora isso não esteja claro de pronto. Stone realiza aqui outro conto moral partindo do cenário proposto pela crise econômica desencadeada em wall street em setembro de 2008. Ele mostra que Gekko pode ter mudado pouco, mas que o mundo das finanças mudou e muito. E para pior, sacramenta o diretor esquerdista. A figura de Bretton James (Josh Brolin) e de Louis Zabel (Frank Langella) dão viço a esse comentário.
Desbravar o sistema capitalista parece ser o passatempo preferido de Oliver Stone. Há 23 anos ele lançou o icônico Wall street em que explicitava os pormenores do mercado financeiro. O cinema se presta, embora nem sempre dotado do cinismo presente nos trabalhos de Stone, a desenvolver análises sobre o tema. O documentário The corporation (2004) desnuda as relações escusas de grandes empresas como Nike e Coca-cola. Entre os entrevistados do filme está o polêmico (e também esquerdista ferrenho) Michael Moore. Moore, aliás, rodou sua própria perola anticapitalista. Capitalismo:uma história de amor (2009) tenta, com os habituais subterfúgios narrativos do diretor, relacionar o capitalismo a todo o mal inerente a vida em sociedade. Apesar de ter algumas verdades, Capitalismo: uma história de amor não é tão contundente quanto The corporation.
Esquivando-se um pouco dos documentários, a ficção também é prolífera em enquadrar o capitalismo e suas vicissitudes. Geralmente de forma muito mais assertiva e bem humorada, como na comédia de erros As loucuras de Dick e Jane (2005) em que Jim Carrey perde seu emprego quando a economia americana míngua e precisa roubar para se sustentar. Ou na deliciosa comédia O diabo veste Prada (2006) em que os sonhos e o idealismo de uma recém formada se confrontam com a dura realidade do mercado de trabalho. Em O corte, o grego Costas-Gravas cria uma bem humorada e inusitada situação. Seu protagonista resolve matar todos os seus concorrentes à uma vaga de emprego. Um conto capitalista de extrema acuidade, sem perder o bom humor.
A melhor parábola sobre os efeitos do capitalismo, no entanto, talvez seja O sucesso a qualquer preço. No filme de James Foley, com roteiro do dramaturgo David Mamet, um grupo de vendedores tem que alcançar uma meta no final do mês para preservar seus empregos.
O cinema faz parte da lógica capitalista. A maior prova disso é a pujança hollywoodiana. Isso não impede de se fazer auto- análise. E Wall street – o dinheiro nunca dorme é certeiro na radiografia que faz de nós mesmos.

Mery Streep e Anne Hathaway em uma deliciosa fábula capitalista


Se você gostou do tema abordado nesta coluna e deseja repercuti-lo sob esse e outros pontos de vista, Claquete recomenda:


O sucesso a qualquer preço (EUA 1992), de James Foley
The corporation (Can, EUA 2004), de Mark Achbar, Jennifer Abbott e Joel Bakan
Capitalismo: uma história de amor (EUA 2009), de Michael Moore
O corte (GRE/ALE 2005), de Costas-Gravas
O diabo veste Prada (EUA 2006), de David Frankel
As loucuras de Dick and Jane (EUA 2005), de Dean Parisot
Wall street – poder e cobiça (EUA 1987), de Oliver Stone

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Claquete destaca

+ Kate Winslet, Matt Dillon, Christoph Waltz e Jodie Foster compõem o elenco de God of carnage, novo filme de Roman Polanski. Inspirado em uma peça teatral, a trama gira em torno do preconceito. Tanto de ordem racial quanto sexual. As filmagens começam em fevereiro em Paris.

+ Angelina Jolie confirmou a atriz Zana Marjanovic, nascida na Bósnia e Herzegovina, como protagonista do filme ambientado na guerra da Bósnia que marcará sua estréia como diretora. O ator croata Rade Serbedzija, que já atuou em algumas produções hollywoodianas como O Santo, também está confirmado no elenco.

Zana goes to Hollywood: a estrela do filme de Angelina já foi escolhida

+ O jornal britânico The Guardian elaborou uma lista dos 100 nomes mais poderosos da indústria do cinema. Para o periódico, o número 1 dessa lista é o cineasta James Cameron. Depois dele, aparecem Steven Spielberg, Leonardo DiCaprio, John Lasseter e Brad Pitt. Não há nenhuma mulher entre os 10 primeiros.


+ Zack Snyder, que tem dois filmes na esteira de lançamentos (a animação A lenda dos guardiões e Suker Punch) declarou esta semana que está assumindo a produção de Xerxes, prequel de 300. No filme que mostrará a ascensão do personagem que foi vivido por Rodrigo Santoro, teremos Rodrigo Santoro. Pelo menos essa é a disposição de Snyder. A conferir!


+ James Franco é mesmo um dos nomes mais quentes para a próxima temporada de premiações. O ator teve performances elogiadas em dois filmes com ambições douradas. Howl e 127 hours estréiam nos próximos meses e devem levar Franco ao Oscar.


+ Wall street – o dinheiro nunca dorme estreou na liderança das bilheterias americanas. A fita que fez U$ 20 milhões lá, não conseguiu tirar Nosso lar da dianteira nacional. O filme que aborda o universo espírita liderou as bilheterias brasileiras pela terceira semana seguida.


+ A rede social, aguardado filme de David Fincher sobre as circunstâncias da criação do Facebook, foi extremamente bem recebido na abertura do festival de Nova Iorque de cinema. O filme estréia na próxima sexta-feira nos cinemas americanos. O New York Times definiu o filme como “uma mistura de Rashomon com Cidadão Kane”. Uma combinação de fazer qualquer cinéfilo salivar.


+ Sylvester Stallone vem tendo dificuldades em fechar o elenco de Os mercenários 2. John Travolta, mais um astro do cinema de ação sondado por Sly, disse não a produção. O ator, através de sua assessoria, disse que não tem interesse em trabalhar com o material. Out!


+ Estréia no próximo sábado, 2 de outubro, às 22h no canal Telecine Premium o filme Código de conduta, estrelado por Gerard Butler e Jamie Foxx. Um bom thriller policial, cuja crítica de Claquete está disponível aqui.

Panorama - Um domingo qualquer


O universo esportivo é rico na produção de metáforas. Tanto em um viés positivo quanto negativo. Oliver Stone, polêmico e insidioso como é, não poderia deixar de mexer com uma das grandes paixões do americano quando se trata de esporte: o futebol americano e toda a indústria que o cerca. Esse é o tema de Um domingo qualquer (Any given Sunday, EUA 2000), filme que conta com grande elenco (inclusive um ainda desconhecido Jamie Foxx).
Aqui ele joga luz em diversos pontos. No treinador (Al Pacino) que precisa fazer o time vencer e para isso precisa apaziguar egos e lidar com uma proprietária (Cameron Diaz) que entende serem as prioridades administrativas diferentes das prioridades esportivas. Há ainda a estrela ascendente (Jamie Foox) com um comportamento “padrão Neymar” e a estrela decadente (Dennis Quaid). Em comum em todos esses esquadros, o alto teor competitivo tão comum na sociedade americana. Um domingo qualquer, embora penetre os bastidores do esporte em questão, não é um filme esportivo. É um filme que ataca o corporativismo inerente ao esporte. Obviamente há concessões narrativas. Há vibrantes vitórias e cenas edificantes como manda o figurino, mas o interesse de Stone não é verter lágrimas em sua platéia. O que ele objetiva com Um domingo qualquer é doutriná-la de que o que se vê por trás das cortinas do espetáculo não é algo tão edificante quanto surge na tela da TV (ou do cinema). É um fluxo massacrante de interesses, egos, dinheiro e muitas outras coisas antes de amor à camisa.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Movie Pass

Steven Sodebergh impressionou o mundo em 1989 quando exibiu em Cannes Sexo, mentiras e videotape (Sex, lies and videotape, EUA 1989). O filme, que faturou a Palma de ouro naquele ano, é o destaque da seção Movie Pass deste mês. O segundo filme de Soderbergh, seu primeiro longa metragem, é um fascinante mergulho na vida sexual da sociedade americana. O diretor adentra os lençóis de quatro personagens profundamente diferentes entre si, mas cuja vida sexual se bifurca. É a partir da análise que faz desse microcosmo que Soderbergh atinge seus objetivos. Desnudar uma nação enrustida; enfiada em seus receios e seus medos. Falar de sexo e colocá-lo em fitas de vídeo pode parecer trivial hoje, não o era no crepúsculo dos anos 80. Mesmo assim, Sexo, mentiras e videotape continua atrevido, intrépido e profundamente verdadeiro. Se você quiser saber mais sobre esse filme fique ligado na seção Claquete repercute do próximo mês, que será publicada no dia 10 de outubro, porque o filme será pormenorizado na ocasião.  

ESPECIAL WALL STREET - O DINHEIRO NUNCA DORME: Repercutindo o filme *


A justificativa que Oliver Stone tem dado a jornalistas em entrevistas promocionais de Wall street – o dinheiro nunca dorme é que voltou a este universo impelido pela forte crise financeira deflagrada em 2008. “Foi como um ataque cardíaco”, revelou o cineasta. “Era preciso voltar aquele universo”. É compreensível a razão que motivara Stone a retornar a um de seus mais bem sucedidos momentos como cineasta. A crise de 2008 foi tão virulenta que até hoje muitos gurus de wall street ainda hesitam em precisar como e por que ela ocorreu. Oliver Stone com sua firme postura contra o neoliberalismo vem com o novo filme dar o seu pitaco.
Em um primeiro momento o filme foca na bonança do crédito. Foi uma década de grandes saltos financeiros em que bancos e fundos de investimento lucraram estupidamente na base do capital especulativo. É Louis Zabel (Frank Langella) quem guarda o descontentamento de não mais acompanhar o ritmo frenético de dissimulações, especulações e sangue frio inerente àquela selva de arranha-ceús. Na primeira cena em que conversa com seu protegido, o corretor Jacob Moore (Shia Labeouf), essa condição fica clara. O próprio Jacob representa uma variação dessa condição. Ele é idealista, mas não perde o dinheiro de vista: “O único verde que conta é o dos dólares”, diz Jacob em uma de suas primeiras falas para a namorada Winnie (Carey Mulligan). Ele aposta na energia verde porque ainda é um nicho pouco vislumbrado por wall street. Essa é a única razão. É sobre o jogo, já dizia Gordon Gekko desde o primeiro filme. Embora não se perceba disso, Jacob já age dentro dessa especificidade. Em uma cena, ele discute com um amigo corretor sobre o impulso que as ações da empresa que ele representa terão. Ele se gaba de sua visão macroeconômica mais do que de ter recebido um cheque de U$ 1,5 milhão.

O que era afirmação no primeiro filme impulsiona novos questionamentos agora: Será?


Gekko entra na jogada
Zabel foi passado para trás. Jogado na cova e consumido pelos leões que guardavam a selva com ele, suicidou-se e deixou seu protegido com um sentimento de vingança em ebulição. É aí que Gekko entra em cena. Procurado por Jacob após uma palestra em que discorria sobre seu livro Is greed good?, o ex-tubarão de wall street percebe em Jacob gana e vontade de triunfar. Ele logo estabelece uma relação de trade com seu futuro genro.
Gekko parece regenerado. Sua palestra versa sobre as mazelas do "risco moral", a pirâmide financeira que queiramos admitir ou não, todos compactuamos ao hipotecar nossos imóveis. Ao refinanciá-los inadvertidamente e por aí vai. Gekko continua com seu charme e sofisticação, mas também não esconde suas feridas. Ele as lambe sabiamente.
Como consultor de Jacob, Gekko o assessora no plano para derrubar Bretton James (Josh Brolin), o grande rock star atual de wall street. É nesse escopo que Stone melhor defende sua tese: “perto desses tubarões de hoje, eu sou um amador”, dispara Gekko ao explicar para Jacob uma das manobras financeiras de James.
É isso que quer mostrar Stone. “Hoje não é preciso mais fazer uso de informações privilegiadas para fazer dinheiro”, exclama James em outro momento do filme.
As coisas avançaram tanto, e em um nível tão vertiginoso, que as pessoas tomaram o irreal como real. Se auto-enganaram, define o diretor. Daí a importância da personagem vivida por Susan Sarandon, que faz a mãe de Jacob. Na primeira vez que a encontramos, vemos uma mulher ansiosa, compulsiva, com tiradas secas e um cigarro na boca. Ela pede um socorro ao filho (U$ 200 mil), já que o mercado imobiliário está esfriando e ela não consegue vender as casas que administra. A personagem, que era enfermeira, abandonara o emprego para surfar na onda da economia aquecida. Antes de sua última cena no filme, em que ela está de volta a seu emprego no hospital, vemos a personagem em mais uma conversa franca com seu filho. É essa conversa franca com o filho que Wall street – o dinheiro nunca dorme quer ser para o público.
É um Oliver Stone provocador, insidioso e cínico. Mas também paterno. Tanto com seus personagens, como atesta a cena final, tanto para com o público, nos brindando com essa revisita a wall street por causa de um ataque cardíaco.


Jacob Moore "representa" quem viu o primeiro Wall street no novo filme, ou seja, um wall street guy sem a alma de um wall street guy


* Contém Spoilers

De olho no futuro...

O saldo de Toronto
O 35º festival de Toronto se encerrou no domingo passado com um saldo muito positivo. Organizadores, público e crítica lançaram um veredicto unânime e difícil de haver em um evento deste porte. Toronto 2010 foi das melhores edições dos últimos anos. Muitos contratos de distribuição firmados, filmes que geraram irremediáveis Oscar buzz, e pencas de astros e estrelas desfilando pela cidade canadense. Os principais destaques da edição 2010 foram The king´s speech (eleito pelo público o melhor filme), Homens em fúria, The rabbit hole, Biutiful e Casino Jack.


Um Danny Boyle que incomoda muita gente
O primeiro filme de Danny Boyle depois do Oscar por Quem quer ser um milionário? é um filme que promete levar Boyle ao Kodak Theater novamente. 127 hours é um pequeno filme (mais um independente na carreira do cineasta inglês), inspirado em fatos reais e com uma interpretação, dizem, fenomenal de James Franco.
O que está pegando é que 127 hours, que acompanha a luta pela vida de um alpinista, tem feito muita gente passar mal durante uma cena de mutilação. É essa cena, dizem os que não passaram mal, que valerá a Franco uma indicação ao Oscar de melhor ator.


A sina dos irmãos Affleck
Em setembro o noticiário de Hollywood se dividiu entre os irmãos Affleck. De um lado, Ben – o irmão mais velho- que exibiu seu mais recente trabalho como diretor (Atração perigosa) nos festivais de Veneza e Toronto e lançou a fita em grande circuito no fim de semana passado nos EUA. Atração perigosa é sucesso de bilheteria e de crítica. O sempre contestado Ben parece ter encontrado paz na sua promissora carreira de diretor. O irmão mais jovem, Casey, que estrelou o debute do irmão na direção (Medo da verdade) também exibiu em Veneza e também lançou no circuito americano o documentário I´m still here: the lost year of Joaquin Phoenix. Considerado bom ator, a estréia de Casey na direção não foi festejada. A crítica torceu o nariz para o filme. Mais ainda depois de Casey ter admitido que tudo não passava de brincadeira. Porque o mau gosto já era nítido. Atração perigosa deve chegar aos cinemas brasileiros em novembro, já o documentário dirigido por Casey não tem previsão de distribuição no circuito brasileiro. Tanto Casey quanto Ben (e seus trabalhos) serão tema das próximas seções Insight aqui do blog.



Holofote


Claquete foi um dos primeiro veículos a apontar na direção de Andrew Garfield. Sim. Há um certo orgulho nessa afirmação. O ator, que David Fincher considera “um achado”, é dos nomes mais quentes em Hollywood atualmente. Recém anunciado como o Peter Parker do reboot que a Sony organiza para a franquia do Homem aranha, Garfield estrela dois dos principais filmes dessa Oscar season. O primeiro deles, que estréia no próximo fim de semana nos EUA, é A rede social. No vulgo “filme do Facebook” ele interpreta um dos fundadores do principal site de relacionamentos da atualidade.
O ator também está em Never let me go em que contracena com as inglesas Carey Mulligan e Keira Knightley. Dois filmes de pedigree e com ambições altas na temporada. Nada se compara, porém, a evidência que está por vir na pele do aracnídeo. Ele pode não ser o ator talhado para viver Peter Parker. Mas o ator que tem nome de gato, ao contrário de seu homônimo famoso, não tem preguiça de correr atrás do prejuízo.


Garfield ao lado de Jesse Eisenberg em cena de A rede social: um futuro brilhante



O adeus está próximo

Deve começar já no meio de outubro a maratona de divulgação da primeira parte do último Harry Potter. Harry Potter e as relíquias da morte – parte 1 estréia em novembro nos cinemas de todo o mundo, mas antes disso o elenco, produtores e o diretor David Yates vão a alguns mercados estratégicos (já confirmados Londres, Los Angeles, Tóquio, Berlim e Cidade do México) divulgar o novo filme. Tudo pronto para a penúltima temporada em Hogwarts.

 



Primera mão

Zack Galifianakis assume o protagonismo de It´s kind of a funny history. O filme deve chegar no verão do ano que vem aos cinemas americanos 


Sam Worthington sem 3D: em The debt, com estréia programada para dezembro nos EUA, o ator vive um espião


Paul Bettany é um padre incumbido de proteger a raça humanda dos vampiros na adaptação da Graphic Novel coearana O padre, que chega aos cinemas brasileiros em janeiro do ano que vem  


Mary Louise Parker estréia novo visual na nova temporada de Weeds, com estréia marcada para este mês no canal Showtime. No Brasil, a sexta temporada do programa deve estrear em janeiro 


Foi divulgada a primeira imagem de Pânico 4. O novo filme que conta com o elenco original e adições como Anna Paquin, Emma Stone e Hayden Panittere estréia em abril de 2011 nos cinemas de todo o mundo  



Bolsão Oscar




Natalie Portman
Depois das exibições em Toronto e Veneza, existe uma unanimidade. Mesmo que o novo filme de Darren Aronosfky, Cisne negro, não caia no gosto da crítica, sua estrela tem a glória das premiações a sua frente. O Chicago Sun Times escreveu: “Natalie é a certeza mais cristalina da temporada de premiações.”


Minhas mães e meu pai
Exibido com sucesso em Sundance e Berlim, a fita que mostra um cotidiano familiar diferente, agradou e muito a crítica internacional. Na falta de um candidato mais badalado como Quem quer ser um milionário? e Preciosa, é sério candidato a independente do ano no Oscar.


Ben Aflleck
Seu Atração perigosa tomou de assalto a crítica americana que está morrendo de amores pelo filme. Produtor, diretor, roteirista e protagonista da fita é difícil crer que Affleck não seja lembrado pelo menos como roteirista.





Peter Weir
O diretor que é conhecido por só ter feito filmes bons não empolgou a crítica com seu mais recente trabalho, The way back. Exibido no começo do mês para uma platéia selecionada, The way back não impressionou. Weir que era tido como presença certa entre os diretores, passa a ser tido como carta fora do baralho.


Somewhere
Dos raros casos em que um leão de ouro provoca reação adversa. O prêmio em Veneza gerou má publicidade para o quarto filme de Sofia Coppola. O leão de ouro entregue por um júri presidido pelo amigo Quentin Tarantino foi o mais contestado dos últimos anos.


The next three days
O novo longa de Paul Haggis era aguardado até a divulgação do primeiro trailer. Russel Crowe estrela o filme que ganhou a indesejada pecha de thriller comum. Algo que ninguém esperava do homem por trás de filmes como Crash e No vale das sombras.

domingo, 26 de setembro de 2010

Insight

Por que Lula?

Pode ter sido uma surpresa para alguns. Não foi para quem tem o mínimo de conhecimento das bases que orientam a escolha do candidato brasileiro a candidato estrangeiro no Oscar. Os critérios utilizados em um colégio eleitoral tão plural (o que é bom) não poderiam ser mais simplórios. A ideia é antecipar o que está palatável ao gosto dos membros da academia naquele momento histórico. O passado recente demonstra que a estratégia é falha e frouxa, mas mesmo com um júri diferente a cada ano, ela se reproduz quase que de forma mimética.
Antes da escolha de Lula – o filho do Brasil para ser o representante brasileiro na disputa pelo Oscar, muito se falava na cinebiografia Chico Xavier. E por que se optou pelo presidente popular ao invés do líder espírita? Simplesmente pelo eleitorado de Lula. Por eleitorado aqui se esquadra o percentual internacional do presidente. É sabido que o carisma de Lula já transpôs nossas fronteiras. Eleito homem do ano e líder influente por revistas de prestígio internacional, Lula é uma figura revestida de curiosidade e misticismo para olhos estrangeiros. Nesse sentido, o peso do personagem Lula é superior ao peso do personagem Chico Xavier. Ainda que ambos os filmes se assemelhem em termos de estrutura e narrativa. Não obstante, os dois filmes relacionados aqui se equiparam a cinebiografia da dupla Zezé de Camargo e Luciano, cujo filme (Os dois filhos de Francisco) fora o selecionado brasileiro há três anos. Essa equivalência mostra que a ideia não é nova, tão pouco a tentativa de dar viço a ela. A diferença aqui é que pondera-se que a “força” de Lula possa ser preponderante. Que pese a favor do candidato brasileiro.
Ignora-se o fato de que o filme é ruim. Há sérios problemas narrativos e um herói que provoca pouca empatia, embora a história seja bonita e comovente. Fábio Barreto (outro trunfo em que confiam os eleitores do filme, porque Barreto já fora indicado ao Oscar) não conseguiu sintetizar em película o significado sociológico da figura Lula, tão pouco humanizou o personagem. De qualquer jeito falhou em seu propósito. Tanto o é, que o filme, cotado para ser um sucesso de bilheteria no país, fracassou redondamente. Inclusive a distribuição em alguns países da América Latina teve de ser revista. À crítica americana, o filme também não agradou. O New York Times e a Vanity Fair (dois veículos sempre atenciosos com produções estrangeiras) escreveram críticas venenosas sobre a produção.
O fato da escolha por Lula – o filho do Brasil ter sido unânime, como anunciado, só reforça o despautério com que a escolha de nosso representante tem sido feita. Salve geralÚltima parada 174 (de Bruno Barreto) e Os dois filhos de Francisco foram as últimas escolhas nacionais para disputar o prêmio. Percebe-se que não saímos do lugar. Enquanto isso, uma produção oxigenada com filmes como A festa da menina morta, As melhores coisas do mundo, Se nada mais der certo e Cabeça a prêmio segue escondida. Está na hora de perguntar, principalmente em tempos de eleição, se não é o momento de revermos nossos critérios.

sábado, 25 de setembro de 2010

ESPECIAL WALL STREET - O DINHEIRO NUNCA DORME: Crítica

Na cova dos leões!

Entretenimento sagaz, crítica inteligente e diálogos de alta voltagem em um exemplo de cinema bem feito  


Muitos podem dizer que Oliver Stone está se repetindo com Wall street- o dinheiro nunca dorme (Wall street- Money never sleeps, EUA 2010) ou que este segundo filme, lançado 23 anos depois do primeiro, não tem a urgência nem a primazia que fizeram do primeiro Wall street um acontecimento cinematográfico de tanto apelo quanto um crash financeiro. Não deixa de ser uma afirmação legítima. Não há nada no novo filme que já não estivesse delimitado no primeiro. O que Stone faz aqui é ampliar, com invejável dose de cinismo, seu comentário. “Alguém me lembrou que certa vez eu disse que a ganância é boa. Agora ela é legalizada”, a frase certeira disparada por Gordon Gekko em uma palestra em que promove seu mais recente livro captura brilhantemente o espírito do novo filme. Stone volta-se novamente para a mais volátil e cruel das selvas. A dos homens que simplesmente não conseguem se satisfazer.
O novo filme começa com Gekko saindo da prisão e Stone não economiza nem mesmo aí. Mapeia logo para seu público que os tempos são outros (reparem no tamanho do aparelho celular de Gekko). Antes de limusine, Gekko se vê um usuário do transporte público. Não é apenas em cima do célebre personagem que Stone destila sua verve crítica; Bretton James (Josh Brolin em inspirada atuação), Jacob Moore (Shia Labeouf) e Lou Zabel (Frank Langella) são todos facetas de um mesmo sonho. O novo Wall street se assenta mais sobre alguns princípios financeiros do que o primeiro, mas Stone é tão hábil em repercuti-los quanto o fora no original. Diferentemente do primeiro filme, a moral de Stone é apresentada logo de cara. O diretor não deixa-nos esquecer do “risco moral” (para usar um termo em voga no filme) de nos afeiçoarmos àquele mundo. Um mundo em que todo o sentido se resume a competição. Há muito no novo filme para ser digerido, mas antes disso, salta aos olhos o entretenimento fino que O dinheiro nunca dorme é.
Jacob Moore se aproxima de Gekko após o suicídio de Zabel, cuja empresa faliu devido a intervenções especulativas de Bretton James. O objetivo primal de Jacob é vingança. O segundo é estabelecer uma nova relação mentor e protegido, tal qual tinha com Zabel e como vimos no filme original entre Gekko e Bud Fox (Charlie Sheen). Em certo ponto, os propósitos de Jacob se alinham aos de Gekko.
O vigor da fita é impressionante. Sejam os diálogos matadores ou as situações invariavelmente inacreditáveis (e justamente por isso críveis) que testemunhamos no exercício que Stone se propõe de reconstituir o legado de Wall street para a presente geração.


Nada como um dia após o outro: Em Wall street, como na vida, tudo é ciclíco...


O aspecto visual também chama a atenção. A música é alentadora e ajudar a montar o painel elegante que o diretor objetiva. Se há um porém em O dinheiro nunca dorme é a súbita vontade de Stone em redimir seus personagens (especialmente Gekko). Algo que não ocorrera no primeiro filme.
Entretanto, não se pode negar que Stone tenha sido mais enfático em sua mise en scène. Contudo é, também, inegável que ele continua vislumbrado com os mecanismos e a dinâmica do sistema. Não à toa seu filme começa com a câmera zanzando pelos arranha –céus de Wall street e termina com algumas bolhas soltas pelo ar. Não há forma mais enfática de externar a fissura diária que se dá em Wall street.

Cantinho do DVD

Com o principal lançamento do mês nos cinemas (Wall street- o dinheiro nunca dorme), e de volta a seu personagem mais célebre (o yuppie Gordon Gekko), convém dar uma espiada em outro grande momento do ator Michael Douglas. Em Garotos incríveis, destaque desta semana de Cantinho do DVD, Michael Douglas vive Tripp, um professor universitário que outrora experimentara o sucesso editorial e que hoje não sabe muito bem como ajustar suas expectativas e sua perspectiva. O filme de Curtis Hanson (diretor que flagra como poucos períodos de ebulição emocional) é um achado em termos de abordar questões essencialmente dramáticas de maneira otimista e solar. Um filme contagiante que tem uma das melhores atuações de Michael Douglas no cinema (o ator foi indicado ao Globo de ouro pelo papel).


Ficha técnica:

Título original: Wonder boys
Direção: Curtis Hanson
Roteiro: Steve Klobes
Elenco: Michael Douglas, Tobey Maguire, Katie Holmes, Robert Downey Jr. e Frances McDormand
Gênero: drama
Duração: 113 min
Estúdio: Paramount e Mutual Pictures
Status: disponível em DVD e Blu-ray para venda e locação
Sell thru: (preço médio)
DVD simples: R$ 19,90
Blu-ray: R$ 99,90

 


Crítica

Captar a essência de crises e angústias existenciais é uma vocação cinematográfica que nem sempre resulta em um filme de qualidade. Ressonante e sincero na proposta e reflexivo e inteligente em seu desenvolvimento. Garotos incríveis (Wonder boys, EUA 2000), novo filme do diretor de Los Angeles: cidade proibida, Curtis Hanson, tem essa particularidade que o precede.
 O filme que acompanha um final de semana atípico na vida de um professor universitário que certa vez escreveu um best seller e não consegue finalizar seu segundo livro é um retrato tenro do amadurecimento tardio. Do emparelhamento de emoções e de como elas servem a propósitos que vão de encontro com nossas escolhas. Hanson evita as escolhas óbvias em filmes do gênero e mistura elementos de um buddy movie a uma típica comédia de erros americana. Michael Douglas assume com impensável leveza, sem prescindir da sofisticação que lhe é característica, o papel do professor universitário que em um mesmo fim de semana tem de lidar com um aluno genial, mas arredio, com uma aluna apaixonada, com seu editor bom vivant que se sente pressionado, com a reitora, de quem é amante, lhe dando um ultimato e com uma série de eventos que se interrelacionam como desdobramentos naturais desse fim de semana faustiano.
Garotos incríveis traz desempenhos contagiantes de um elenco sem vaidades. Tobey Maguire cativa com seu registro curioso e complacente de um jovem prodigioso, mas sem referências firmes. Robert Downey Jr. empresta uma veia sarcástica ao contraponto do personagem de Douglas na figura de seu editor e as atrizes Katie Holmes e Frances Mcdormand também têm bons momentos.
Em última análise esse é um filme que aborda uma questão constante no cinema de uma maneira fresca. Solar. É um senhor alento para a produção hollywoodiana embalada pela brilhante música composta por Bob Dylan, Things have changed.

Michael Douglas comove e diverte na pele de Tripp

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Panorama - Assassinos por natureza


Depois de alguns filmes de cunho político, era natural que Oliver Stone se voltasse para outro componente de profunda ressonância social. A mídia e seus motores socioeconômicos. Assassinos por natureza é um roteiro de Quentin Tarantino. Não há cineasta mais indicado para chancelar as loucuras de Tarantino do que Oliver Stone. Só que o filme de Stone não é só sobre a saga de dois lunáticos que cruzam a América fazendo um banho de sangue por onde passam, é uma dura crítica a sociedade do espetáculo e ao combustível sensacionalista que explode de seu seio. Em Assassinos por natureza tudo é histriônico. Desde os protagonistas, vividos com exagero e insanidade por Woody Harrelson e Juliette Lewis, até a ambientação. Passando pela linguagem e pela moral que emerge da fita. O jeito anárquico dos “heróis” do filme poderia servir de parâmetro para as convicções políticas de Stone. Mas seria impreciso fazer uma afirmação dessas. Seria tentar colar esse filme ao contexto político das bases da filmografia do cineasta americano. Ele não é político aqui. Pelo menos não em termos convencionais. O que Stone diz com seu Assassinos por natureza (mais seu do que de Tarantino) é que nós somos responsáveis por nossos monstros. E nem sempre os assassinos são os piores. Loucura? Sim. Esse é o ponto de partida dessa viagem sem volta. 

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Crítica - Coincidências do amor

Coincidências do amor (The switch, EUA 2010) é uma grata surpresa em um circuito dominado por comédias românticas decididas a serem diferenciadas, mas decididamente irmanadas no fracasso desse intento. A fita dirigida por Will Speck e Josh Gordon, baseada em um conto publicado na revista The New Yorker, parte de um premissa muito semelhante a outra comédia romântica exibida nos cinemas em 2010. Em Plano B, Jennifer Lopez sentia o sino da maternidade bater e não se via com muitas chances de ser mãe, já que não conseguia um relacionamento estável. Optou pela inseminação artificial só para no mesmo dia conhecer o amor de sua vida. Plano B, é bem verdade, é agradável e tira proveito de situações incomuns (embora previsíveis) dentro do universo da comédia romântica. Já Coincidências do amor amplia o escopo. Na trama, Jennifer Aniston vive uma solteirona que vive o mesmo dilema. Ela decide fazer a inseminação artificial, no que é desencorajada pelo personagem de Jason Bateman, amigo de longa data que no fundo é apaixonado por ela – mas nunca teve forças para assumir esse sentimento (para si e para ela).
Na primeira meia hora o filme investe fortemente na comédia, no que se vale do excelente timing cômico de Bateman, para depois adentrar um nicho mais sério, mas sem perder a graça ou o jeito fofura de comédia romântica. Acidentalmente (em uma cena não tão engraçada quanto deveria), o personagem de Bateman troca o esperma do doador eleito por Jennifer pelo seu. Daí em diante, Coincidências do amor segue um caminho previsível, mas irresistível. O filme não se omite de capturar os sentimentos contraditórios de seus personagens (importante frisar que além de ser protagonista, o ponto de vista adotado pelo roteiro é o de Bateman) e estende seu escopo, criando algumas cenas bastante comoventes (ainda que moralistas). Essa opção faz da comédia romântica em questão, um hibrido dos mais interessantes. Pois ajusta as expectativas da platéia (expectativas essas relacionada ao desenvolvimento de um filme do gênero) a elementos não tão insidiosos em um romance. O filme ter sido um fracasso mapeia o que deu errado. No final das contas, por mais absurda que seja a premissa do filme (uma troca de esperma que vincula duas pessoas para sempre), Coincidências do amor é a comédia romântica mais verdadeira dos últimos tempos. Talvez não estejamos preparados para algo assim. Uma pena. Comédia romântica é bom. Se for inteligente e factível é melhor ainda.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

ESPECIAL WALL STREET - O DINHEIRO NUNCA DORME: TOP 10

Os dez grandes personagens da carreira de Michael Douglas

10 – Steven Taylor (Um crime perfeito, EUA 1998)
Na pele de um magnata, que para se safar de dívidas trama a morte da própria mulher com o amante da mesma, Douglas brinca com as referências que o próprio galvanizou no cinema dos anos 80.

9 - Oliver Rose (A guerra dos Roses, EUA 1989)
As batalhas conjugais nunca mais foram as mesmas depois dos Roses. Na perola do humor negro dirigida por Danny DeVitto, Michael Douglas e Katherine Turner dão vida a um casal que vai se destruindo aos poucos. Douglas encarna o tipo suburbano com insuspeita naturalidade.

8 – Robert Wakefield (Traffic, EUA 2000)
Na pele de um juiz federal que está a frente de uma poderosa campanha contra a proliferação das drogas que tem a rotina familiar transformada ao saber que sua filha é dependente química, o ator faz muito com pouco. Apesar do papel pequeno, Douglas consegue além de cativar a audiência, marcar com seu personagem.

7 – Dan Gallagher (Atração fatal, EUA 1987)
Um verdadeiro clássico do cinema thriller erótico que Hollywood produzia aos montes no final dos anos 80 e inicio dos 90. Aqui Douglas faz o cara que tem um casamento sólido, uma vida bem estabelecida e trai sua mulher, simplesmente pela oportunidade ter aparecido. Douglas dá a cara para bater ao mostrar o enfado sexual de uma geração.

6 – Presidente Andrew Sheperd (Meu querido presidente, EUA 1995)
Existem atores que tem que viver um presidente americano. Michael Douglas é um deles. Numa comédia romântica ambientada na Casa Branca e com o cotidiano de um chefe de estado como pano de fundo, Meu querido presidente é um entretenimento dos mais suaves e charmosos. Na figura do honesto e atencioso Andrew Sheperd, Douglas não precisa se esforçar para convencer como um presidente solteirão capaz de cancelar uma reunião de estado para não deixar a namorada jantar sozinha.

5 – Nick Curran (Instinto selvagem, EUA 1992)
Talvez você não tenha notado Michael Douglas nesse filme, mas ele está firme e forte como o policial machista feito de fantoche pela loira fatal vivida por Sharon Stone. Michael Douglas capricha na canastrice no papel mais desejado pelos homens da face da terra naquele começo dos anos 90.

4 – Tom Sanders (Assédio sexual, EUA 1994)
Vivendo mais um tipo sacana em sua carreira, o ator faz um pai de família que reencontra uma antiga paixão no trabalho. A antiga paixão, que é sua nova chefe, o assedia. Embora tentado, Sanders resiste e então a personagem de Demi Moore o acusa de assédio sexual. Uma brincadeira metalinguística do diretor Roger Donaldson ao escalar o ator de Atração fatal e Instinto selvagem para ser a “vitima” aqui. Douglas, com sua kilometragem, sai-se muito bem.

3 – Professor Grady Trip (Garotos incríveis, EUA 2000)
Talvez a melhor performance da carreira do ator seja esta aqui. Em que vive um professor universitário cercado pelos seus problemas e pelos de seus alunos. Douglas se despe daquelas referências que galvanizou nos anos 80 e abraça um personagem totalmente incomum em sua filmografia. E o faz com o coração.

2 – Willian Foster (Um dia de fúria, EUA 1993)
Aqui o ator faz o cidadão comum levado ao extremo. No icônico Um dia de fúria, testemunhamos Willian Foster dizendo “chega”. “Não tolero mais!” Até hoje a catarse mais significativa e contundente a emergir das telas do cinema.

1- Gordon Gekko (Wall street – poder e cobiça, EUA 1987 e Wall street – o dinheiro nunca dorme, EUA 2010)
Não tem jeito. Esse será o personagem pelo qual Michael Douglas será lembrado na posteridade. Não só por ter lhe valido o Oscar, mas por ter sido este o filme que lhe deu status de astro de cinema e, ao mesmo tempo, de ator sério. Michael Douglas é indissociável da figura de Gordon Gekko. Ou seria o contrário?

Panorama - Nascido em quatro de julho


No segundo filme em que aborda o Vietnã, Oliver Stone muda o foco. Adota um tom mais político e explana sobre as diferentes perspectivas que se tem, dentro de casa, sobre uma guerra. Quando conhecemos Ron Kovic (Tom Cruise), ele é um menino que como tantos outros brincam no quatro de julho americano (coincidentemente dia do aniversário de Kovic). Testemunhamos aquele garoto se tornar um jovem idealista sob o bastião conservador da direita repressora americana. Ser um marine no Vietnã era mais que um projeto de vida. É ao assistir o padecimento emocional e físico de Kovic como veterano do Vietnã que Stone cristaliza seu comentário com tenebrosa propriedade. Nascido em quatro de julho (Born in forth July, EUA 1989) é, também, um valoroso estudo sobre de que lado se assenta o patriotismo e como a idéia que se faz dele se torna mutável diante de privações específicas, como as que vivencia Kovic, ou genéricas, como as que, para os elaboradores da guerra, advoga o comunismo.
Oliver Stone não perde seu personagem de vista e através de seu sofrimento expurga a inocência de uma nação. Doloroso, raivoso, democrático. Nascido em quatro de julho é, também, patriótico.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Claquete destaca

+ Exibido em Toronto, What´s wrong with Virginia marca a estréia na direção do roteirista premiado com um Oscar por Milk – a voz da igualdade. A fita dirigida por Dustin Lance Black mostra um xerife (papel de Ed Harris) cuja candidatura ao senado americano começa a esmorecer depois que sua filha começa a se envolver com o filho de uma mulher de seu passado.


+ O filme The king´s speech, dirigido por Tom Hooper, foi eleito pelo público o melhor filme do 35º festival de Toronto. A crítica, por sua vez, considerou esta uma das melhores edições da história do festival. Promessa de muito filme bom vindo por aí.


+Stone, filme que você já leu a respeito (e muito) aqui em Claquete e que foi exibido no último festival de Toronto, ganhou título e data de estréia nacionais. Homens em fúria, que opõe uma vez mais Robert De Niro e Edward Norton, deve ser lançado em 22 de outubro pela Imagem filmes.



+ “Era tudo mentira. Ou melhor, grande parte foi mesmo encenação”. Foram essas as palavras de Casey Affleck, diretor do documentário I´m still here, sobre o filme que vinha sendo vendido como uma jornada para dentro de Joaquin Phoenix e sua improvável mudança de rumo. Entre outras revelações, o diretor disse ao New York Times que essa é a performance da vida de Phoenix. Uma declaração tão esquizofrênica quanto a proposta do filme. Na verdade, a declaração anula – de uma vez por todas – a proposta do mesmo. Permanece, no entanto, a curiosidade mórbida.

+ E mal foi anunciado que Joaquin Phoenix ainda é ator, ou que não deixou exatamente de sê-lo, e seu nome já está sendo vinculado a uma produção em Hollywood. O filme em questão é The Odd life of Timothy Green. Um roteiro que já está na geladeira da Disney há dois anos. Mark Wahlberg e Jennifer Garner também estão cotados para o elenco.



+ Foi divulgada mais uma imagem do novo trabalho do ator Rodrigo Santoro para o cinema nacional. Em Heleno, biografia sobre a vida do jogador Heleno de Freitas, Santoro também faz as vezes de produtor. A direção do filme que tem previsão de estréia para o primeiro semestre de 2011 é de José Henrique Fonseca.



+ A atriz Megan Fox admitiu em entrevista à MTV americana que sentirá falta do universo Transformers e que será “estranho” ver toda aquela ação do lado de cá da tela. Megan acrescentou, em tom de brincadeira, que sentirá ciúmes ao ver outra garota beijando Shia e usando seu Jeans. Pois é, é só não brigar mais com o diretor do filme...



+ O filme Atração perigosa, dirigido e protagonizado por Ben Affleck, estreou na liderança das bilheterias americanas. A fita rendeu U$ 24 milhões e superou as expectativas do estúdio, a Warner. Em segundo lugar, ficou a estréia teen, A mentira com U$ 18 milhões.


+ Estréia nesta sexta-feira nos cinemas brasileiros o aguardado Wall street - o dinheiro nunca dorme. O filme, que vem recebendo o especial do mês aqui no blog, será a maior estréia do circuito. Contudo, a estréia de O último exorcismo também terá larga distribuição.


+ Será realizado, entre os dias 14 e 18 de outubro, o primeiro Festival de Cinema Universitário da Bahia. O objetivo do festival é dar voz a novos cineastas. Serão distribuídos R$ 12 mil em prêmios para os três primeiros colocados. Atualmente em fase de seleção, a mostra competitiva reunirá dez filmes subtraídos de um total de cinquenta que estão sendo analisados por um júri específico. As produções que não entrarem nesta mostra principal serão exibidas na mostra informativa. Segundo o idealizador e organizador do evento Max Bittencourt, “a ideia é que o evento funcione como uma vitrine, e que, ao mesmo tempo, possa preparar estudantes que se interessam pelo audiovisual, dando aquele empurrãozinho inicial”.

S E R V I Ç O
O Quê: 1º Festival de Cinema Universitário da Bahia
Quando: 14 a 18 de outubro 2010
Onde: Circuito de Cinema Saladearte
Inscrição: http://www.festivaluniversitario.wordpress.com/
Quabto custa: Gratuito

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

ESPECIAL WALL STREET - O DINHEIRO NUNCA DORME: De volta a Wall street


“Estou confuso como todo mundo”, disse o cineasta Oliver Stone em entrevista ao jornal New York Times em maio último, quando indagado - durante um passeio por Wall street (a rua) – sobre o que achava da crise financeira deflagrada a dois anos atrás justamente naquele endereço. A entrevista em que Stone admite entender muito pouco ou “quase nada” de mercado financeiro pode ser vista no Youtube. Também disponível no Youtube, embora não na integra, está a entrevista coletiva que o diretor e o elenco de Wall street – o dinheiro nunca dorme concederam (também em maio) no último festival de Cannes.
“Michael (Douglas) e Ed Pressman (produtor do filme) vieram com a idéia em 2006, mas eu não queria celebrar aquela cultura da riqueza. Depois da crise, foi como um grande ataque cardíaco”, revelou o cineasta. “Era hora de voltar ao assunto”. Oliver Stone conta que até hoje se impressiona com o alcance de Gordon Gekko, o personagem que virou modelo para operadores do mercado financeiro. Michael Douglas se esquiva de tal responsabilidade: “Perguntam-me se me sinto culpado por ter encarnado um personagem que virou essa espécie de modelo. Claro que tudo o que aconteceu no mercado financeiro nos últimos dois anos mostrou abusos da expressão ‘a ganância é boa’ (bordão do personagem), mas, em vez de culpa, fiquei satisfeito por interpretar um vilão que as pessoas admiram. Mas Gordon Gekko ainda é um vilão? O segundo filme começa com Gekko saindo da prisão após oito anos de pena por crimes do colarinho branco. Proibido de operar ações, enquanto tenta se reconciliar com sua filha Winnie Gekko (Carey Mulligan), o ex-tubarão das finanças vive de palestras e do livro em que critica o comportamento agressivo do mercado financeiro. A aproximação entre pai e filha é intermediada por Jacob Moore (Shia Labeouf), namorado de Winnie, que é um operador financeiro. Jacob trabalha na empresa de Lou (Frank Langella), seriamente prejudicada devido a intervenções especulativas do mega investidor Bretton James (Josh Brolin). É esse o plot que trará Gordon Gekko novamente a seu habitat.


A trupe no Festival de Cannes em maio: "era hora de voltar"


Oliver Stone orienta seus astros nos sets de filmagens


Michael Douglas sintetiza a razão de ser do filme: “Ficamos pensando: aqueles estudantes hoje (que viram Wall street - poder e cobiça nos cinemas) devem estar dirigindo esses bancos de investimento. A ganância virou legal. Era uma oportunidade de ir ao fundo das coisas. Gekko mudou? Você não sabe, até o final do filme.”
Com essa provocativa frase, Douglas crava o perfeito timing da produção. Na era da internet e dos pregões on-line, é de se supor que Gekko se proliferaria com muito mais volúpia. É inegável que toda a curiosidade sobre o filme gira em torno deste personagem.

Tubarão da vez: Josh Brolin, ao lado do veterano ator Eli Wallach, encarna o pior de Wall street no novo filme


Acertando os ponteiros

Wall street – o dinheiro nunca dorme foi anunciado no ano passado. A principio, o papel do ‘Gordon Gekko atual, mas consideravelmente menos charmoso’ seria de Javier Bardem. O ator espanhol saiu da produção em cima da hora (devido a conflitos de agenda com Comer,rezar e amar que já estava em ritmo de gravações) e foi substituído por Josh Brolin, que já havia sido George W.Bush para Oliver Stone em W. O fato de Brolin viver um bom momento só agregou valor a produção. Outra que já estava no elenco de O dinheiro nunca dorme e viu seu passe se valorizar no começo do ano foi Carey Mulligan, indicada ao Oscar de melhor atriz por Educação. Além disso, Michael Douglas tem a companhia de Susan Sarandon, Frank Langella, Shia Labeouf e Charlie Sheen que faz uma participação especial para ajustar as perspectivas. Mas, afinal, o que esperar desse segundo filme? “Um Gordon Gekko mais vulnerável”, afirma Josh Brolin. Se isso é bom ou ruim, rememoremos Michael Douglas: “você não sabe. Até o final do filme”.


Fera ferida: Será Gordon Gekko o mesmo capitalista indomável de outrora?

domingo, 19 de setembro de 2010

Insight

A força de George Clooney

Há quem acredite que o star power, (o poder de apelo que as estrelas de cinema exercem) está próximo do fim. Para os defensores desta teoria, os avanços da tecnologia, personagens cada vez mais bem escritos, a incessante onda das adaptações de outras mídias pelo cinema e o desgaste proporcionado pela celebrity gossip têm minado o poder de atração de estrelas que outrora reinavam nas bilheterias. É só pegar o último verão americano em que se verifica que filmes que contavam única e exclusivamente com seus astros como chamarizes fracassaram (Comer, rezar e amar, Encontro explosivo e, até mesmo, Salt). Não é possível negar por completo a teoria. É óbvio que Angelina Jolie exerce um senhor apelo junto ao público. Acontece que as expectativas sempre altas dos executivos de estúdio esperavam que ela exercesse mais. Salt custou algo em torno de U$ 150 milhões e rendeu pouco mais que isso nos EUA. Não chega a ser um sonoro fracasso, mas passa longe de justificar os U$ 20 milhões entregues a Jolie pelo filme.

O independente e parado O americano alcançou o topo das bilheterias em seu fim de semana de estréia


É nesse cenário que um nome como George Clooney reluz. A nova fita estrelada pelo astro, Um homem misterioso, é uma produção independente dirigida por um diretor alemão desconhecido vindo do mercado de videoclipes. A única fita prévia de Anton Corbjn é Control (2007), sobre a vida de Ian Curtis, líder do Joy division. Um homem misterioso, que custou algo em torno de U$ 25 milhões, tinha um cronograma de lançamento modesto. A focus (estúdio que distribui o filme) programou a fita para 460 salas no início do outono americano na expectativa de se beneficiar da entressafra verão/outono. De quebra, o lançamento ocorreu na semana seguinte a homenagem que Clooney recebera na entrega dos prêmios Emmy. Estrela boa também precisa de timing. Um homem misterioso estreou em primeiro lugar (o que surpreendeu críticos e analistas de mercado) superando estréias manjadas como Machete (1.200 salas) e Amor à distância (1.300 salas). A bilheteria, é bem verdade, não foi um arraso, mas os U$ 15 milhões computados no primeiro fim de semana, além da discussão em torno do filme, foram para lá de benéficos.
Esse caso mostra três fatores muito importantes em relação ao star power. O primeiro diz respeito a George Clooney. É necessário ter, além de carisma, simpatia. Genuinamente. Em contraposição à Angelina Jolie que só é simpática em entrevistas promocionais. O segundo aspecto revelador desse caso é que se o star power é hoje um conceito mais frágil do que há 15 anos e, incomparavelmente, mais diminuto do que na era de ouro hollywoodiana, é porque os estúdios ou desaprenderam a investir em um ator/atriz ou não fazem questão de fazê-lo. O tratamento que a Focus deu a Um homem misterioso (o filme não entusiasmou a crítica) mostra que um ator ainda é decisivo na hora do público médio escolher o filme do fim de semana.
O terceiro ponto deriva diretamente do segundo. Um ator precisa ser bom e carismático para convencer o público a preferi-lo ao invés de ceder a um blockbuster genérico. George Clooney confia no seu taco e o público, ao levá-lo ao primeiro lugar em um fim de semana com estréias maiores, mostrou que confia também. E muito.

George Clooney, que também é produtor da fita, usa seu prestígio para jogar luz em projetos que não despertariam naturamente o interesse do americano médio

Claquete documenta - Ao sul da fronteira



Ao sul da fronteira (South of the border, EUA 2009), dirigido por Oliver Stone, parece um trabalho de graduação. Essa constatação pode ser tomada como um elogio ou como uma crítica. Até mesmo como um improvável híbrido das duas. A fita de Oliver Stone tem em sua essência uma vontade genuína de aclarar certos paradigmas midiáticos, como a vacilante e tendenciosa cobertura jornalística que determinados veículos americanos fazem do noticiário internacional. Reproduzindo, na maioria das vezes, ecos do que se balbucia na Casa Branca. Esteja ela sob comando republicano ou democrata. Contudo, esse aspecto nunca é prioridade para Stone. Ele o utiliza como ponto de partida para propagandear Hugo Chávez e sua revolución tão incompreendida no lado mais alto da América. Stone cede a sua ideologia e pinta um retrato da América do sul que só ele e, talvez, Chávez enxergam. Uma América do Sul sob liderança política do comandante em chefe da Venezuela em que o Brasil (e o cara, Lula) só exerce um papel de coadjuvante.
Um documentário que foge a verdade e se rebaixa a peça publicitária de um modelo de governo que não faz sentido em um mundo que avança ao ritmo de empresas como Apple, Google e Microsoft. Não se trata de incompreensão como brada Stone com seu filme, embora - obviamente – haja tal componente. Mas nesse sentido o filme não favorece em nada sua agenda. Ao sul da fronteira alude a um trabalho de graduação porque vem carregado de ideologia, meias verdades, má apuração e muita convicção em um projeto de mundo que parece deixar de fazer sentido depois que se deixa a faculdade para trás. Stone, no limiar, é tão manipulador, desinformado e taciturno em Ao sul da fronteira, quanto afirma ser a mídia americana em relação aos bolivarianos. Nesse sentido, seu filme não deixa de ser além de pedagógico, uma fina ironia. Ainda que involuntária.

sábado, 18 de setembro de 2010

Cantinho do DVD

A profusão de adaptações de HQs é tamanha, que nessa mesma década tivemos um filme sobre o justiceiro, estrelado por Tomas Jane como o vigilante e John Travolta como seu antagonista, e um reboot (reinicio) do mesmo personagem em 2008. A versão de 2004, dirigida por Jonathan Hensleigh já não era a primeira vez que o personagem ia ao cinema. O sueco Dolph Lundgren já havia vivido o personagem nos anos 90. Curiosamente as três versões se deram mal nas bilheterias americanas e não chegaram a ser distribuídas nos cinemas brasileiros. A melhor das três é também a mais recente. Justiceiro: zona de guerra é o destaque desta semana em Cantinho do DVD. O filme dirigido por Lexi Alexander teve problemas durante sua produção (a diretora chegou a ser demitida pelo estúdio para ser recontratada algum tempo depois), mas resultou em um entretenimento de respeito para quem curte ação e quadrinhos. Nesta ordem.



Ficha técnica:
Nome original: Punisher: War zone
Direção: Lexi Alexander
Roteiro: Nick Santora e Matt Halloway
Elenco: Ray Stevenson, Dominic West, Colin Salmon e Julie Benz
Gênero: ação/ policial/suspense
Duração: 107 min
Estúdio: Lionsgate e Marvel Studios
Status: Disponível em DVD para venda e locação
Sell thru: (preço médio)
DVD simples = R$ 19,90




Crítica

A idéia de recomeçar do zero (pela terceira vez) a história de Frank Castle no cinema é boa. Isso por que a história do personagem que nos quadrinhos ganhou seu melhor tratamento nas mãos de Garth Ennis é bastante cinematográfica. O papel do ex-militar que após ter sua família chacinada em uma ação mafiosa se dedica a dissipar todo o mal que surge em Nova Iorque (principalmente os tentáculos da máfia) fica a cargo do ator Ray Stevenson, visto anteriormente como o Titus Pulo da série da HBO Roma. Justiceiro: zona de guerra (Punisher: War zone, EUA 2008) é a mais fiel versão ao espírito do personagem. Poucas palavras, humor negro em alta voltagem e muitas cenas sangrentas ao gosto do público que acompanha as desventuras de Castle nos quadrinhos. A idéia da diretora Lexi Alexander era manter a essência e não afastar os fãs do Justiceiro dos quadrinhos, algo que ocorrera com as versões anteriores. Não deu certo. O filme, tal qual seus predecessores, não emplacou nas bilheterias americanas e viu-se relegado ao mercado de homevideo em grande parte do mundo. Uma pena. Se Justiceiro: zona de guerra não é um primor de filme de ação ou não seja equiparável as melhores adaptações de HQ como Batman – o cavaleiro das trevas e Homem aranha, é um filme de ação eficiente como poucos. Stevenson encarna com naturalidade assombrosa o anti-herói que varre as ruas de Nova Iorque a base de balas.
A fotografia em tons escuros, aliada a uma direção de arte competente, confere um aspecto um tanto sujo ao filme que, no final das contas, valendo-se de personagens no limite de suas patologias, melhor captura o universo misógino e soturno do Justiceiro.

Olhar que mata: Stevenson convence como Frank Castle