Russell Crowe já estava em terras hollywoodianas em 1995,
quando foi uma das agradáveis surpresas de Rápida e mortal, filme de Sam Raimi
que é cheio delas. Mas o momentum em torno dele só começou dois anos mais
tarde, quando foi um tira embrutecido e incorruptível no noir definitivo
daquela década, o vencedor de dois Oscars, Los Angeles, cidade proibida.
Russell Crowe seria o astro da virada do milênio. Em O
informante (1999), que lhe valeu sua primeira indicação ao Oscar, mostrava que era
ator de verdade e não um mimo que Hollywood trouxera da Austrália, ainda que
Crowe seja neozelandês de nascença naturalizou-se australiano ainda cedo. No
ano seguinte, ascendeu à realeza hollywoodiana com Gladiador, que lhe valeu o
Oscar já na segunda indicação. Russell Crowe era bonito, indomável e
incrivelmente talentoso. No ano seguinte, emplacou a terceira indicação ao
Oscar de melhor ator – feito raríssimo e desde então jamais replicado – por Uma
mente brilhante que ganharia, a exemplo de Gladiador, o Oscar de melhor filme.
No início do milênio não era possível desviar o olhar de
Russell Crowe. A excelência era tamanha que mesmo em filmes de ação
apenas eficientes, como Prova de vida (em que ele foi o pivô do fim do longevo
casamento de Meg Ryan e Dennis Quaid), Crowe trazia muito mais ao papel. Os
papéis seguintes ao frisson do Oscar estavam à altura de seu talento. Filmes
como A luta pela esperança (2005), Mestre dos mares – o lado mais distante do
mundo (2003), Um bom ano (2006) e Os indomáveis (2007) tinham como objetivo
provar a versatilidade do então já consolidado astro de primeira grandeza em
Hollywood.
"O próximo Brando", destaca a GQ americana no início da década passada...
A prestigiada revista Time colocou Russell Crowe na capa da edição que objetivava desvendar como o astro foi de bad boy à principal estrela da meca do cinema
Na capa da Vanity Fair em 2003, "se você quer um filme de sucesso, este é o seu homem"
Mas grandes poderes trazem grandes responsabilidades e Crowe
tinha um fantasma bem grande em seu encalço. O sucesso de Gladiador que iria
possuí-lo de vez em sua quinta colaboração com o diretor do filme que
revitalizou os épicos. Antes de Robin Hood (2011) marcar o início da derrocada de
Crowe, ele estrelou bons filmes adultos como O gangster (2007) e Rede de
mentiras (2008), ambos de Ridley Scott, e Intrigas de Estado (2009). Ali, Crowe
estava confortável no papel de astro, mas a excelência de sete anos antes já
desanuviava em tiques de atuação.
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Crowe ao lado de Jennifer Connelly na premiere de Noé: movimentos estratégicos para revitalizar uma carreira em decadência |
Desde de Robin Hood, para todos os efeitos um "sub-Gladiador", Crowe, é verdade, tem tentado diversificar e já fez cinema
independente e até musical. Suas participações em O homem com punhos de ferro
(2012), O homem de aço (2013) e Um conto do destino (2014), no entanto,
deflagram um abismo tremendo entre os filmes que estrela atualmente e aqueles
que estrelava há dez, doze anos. Crowe está mais velho, menos bonito e muito
menos disposto a deixar de ser Russell Crowe em seus filmes. Diferentemente de
Pacino, De Niro e Nicholson que são sempre eles mesmos nos filmes, o
australiano não consegue capitalizar. Os filmes em questão são desinteressantes
com ele e não apesar dele. Isso quer dizer que Crowe sendo Crowe não consegue
desvencilhar-se da ruindade de seus filmes. Noé, outro épico em que ressuscita
a aura de Gladiador, Crowe recebeu mais uma penca de críticas negativas.
Trata-se de um projeto calculado para devolvê-lo aos bons dias (o fato de
dividir a cena com Jennifer Connelly – sua parceira de Uma mente brilhante não
é mera coincidência). Ao invés disso, o filme dirigido por Darren Aronofsky pode
significar o fundo do poço para o ator. A boa bilheteria, se confirmadas as
expectativas, pode diminuir o peso da ancora que Crowe tem amarrada em seu
pescoço. Enquanto não mudar sua postura nos filmes e selecionar projetos “com
menos perfil de Russell Crowe”, o ator estará flertando perigosamente com a
irrelevância. Maior dos pesadelos para quem há não muito tempo era o rei da
cocada preta em Hollywood.
Acho difícil falar em derrocada de Russell Crowe. Acho que foi uma opção dele diminuir o ritmo da carreira, especialmente depois que ele se casou e teve filhos. Agora, depois da separação, dos filhos mais crescidos, ele está retomando, aos poucos, a sua carreira. E nunca deixou de trabalhar com diretores relevantes.
ResponderExcluirKa, não é uma questão de ritmo, mas sim da qualidade das atuações de Crowe e dos filmes que ele estrela. Em dez anos, é uma queda de nível assustadora. De qualquer forma, essa derrocada ainda está confinada às interpretações, não está objetivamente consumada.
ResponderExcluirBeijos
Falar do Russell Crowe significa falar de uma grande atuação garantida, ele se compromete com os seus personagens e sempre deixa uma grande sensação ao espectador. O mesmo aconteceu com esta produção, The Nice Guys filme . Gosto dos filmes de acção e comédia. O ator é um dos meus preferidos.É de admirar o profissionalismo deste ator, trabalha muito para se entregar em cada atuação o melhor
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