quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Em off

Nesta edição de Em off, a apresentação de alguns filmes que estarão no festival de Toronto, a grande diferença do homem aranha de Marc Webb para o de Sam Raimi, a polêmica sem limites sobre A serbian film e Robert De Niro, Clive Owen e Jason Statham no clube da testosterona.



Pronto para girar 360º
O novo filme de Fernando Meirelles, 360º, terá premiere mundial no festival de Toronto. O diretor brasileiro concedeu entrevista ao jornal O Estado de São Paulo em que classificou a experiência de filmar 360º como rica, profunda e “a mais intimista da carreira”. Meirelles disse, ainda, que estava muito receoso no começo, pois “não entendia sobre o que era o filme”. Só depois de sentar com o roteirista Peter Morgan (de A rainha e Além da vida) é que Meirelles relaxou. “Cheguei para ele e perguntei sobre o que era o roteiro de fato, e ele me disse que não sabia”. Depois dessa confissão de Morgan, Meirelles se viu mais receptivo as sugestões de seus colaboradores. 360º, que versa sobre relações humanas, marca a primeira vez que Meirelles dirige atores em línguas que não entende como o alemão e o sérvio. Em Toronto, o diretor brasileiro tentará conseguir distribuição para o filme que é estrelado por Rachel Weiz, Jude Law, Maria Flor, Ben Foster e Anthony Hopkins.
E o filme ficou bom Meirelles? “Sinceramente não sei dizer. Perdi a referência após revê-lo tantas vezes. Vamos ver o que o pessoal que tem espaço nos jornais acha”, encerrou com modéstia o cineasta.

Meirelles em uma das muitas locações de 360º: trabalho mais intimista e ansiedade pela recepção da crítica



Há muito tempo em Claquete
Com um senhor destaque nos dois principais festivais de cinema do semestre, Toronto e Veneza, The ides of March rapidamente se tornou um dos filmes mais hypados da temporada. Com estréia programada para outubro nos EUA, e prometida para o mesmo mês no Brasil, a fita dirigida por George Clooney já está no radar de quem lê Claquete há muito tempo. Os bastidores do filme, desde o processo de casting até as filmagens, foram destacados aqui mesmo na seção Em off. A trajetória de The ides of March continuará a ser observada de perto pelo blog até, a provável, noite do Oscar 2012.


A continuação da história
Madonna, como já foi amplamente divulgado – aqui mesmo em Claquete, está atacando de diretora de novo. E W.E é outro dos filmes que desfilarão tanto em Veneza quanto em Toronto. Aqui Madonna revisita uma história perpassada sem muita afetação no vencedor do Oscar O discurso do rei. Sobre a desistência de Edward VIII do trono inglês para se casar com a americana divorciada Wallis Simpson. Tanto W.E quanto O discurso do rei desconsideram a real razão da abstenção de Edward (sua empatia com o nazismo), mas o filme de Madonna visa edulcorar a relação dele com Wallis. Para isso, existe um paralelo entre o casal (quase) real e um casal nos tempos atuais. A fita será distribuída pela mesma Weinstein Company que garantiu o Oscar para O discurso do rei e a ideia, apesar de Madonna ou justamente em virtude dela, é repetir a façanha. W.E estréia nos EUA em dezembro e no Brasil em fevereiro do ano que vem.

James D´Arcy e Andrea Riseborough vivem Edward e Wallis na produção que marca a segunda incursão de Madonna na direção 

 As primeiras imagens divulgadas sugerem uma produção com alto rigor estético e algum apelo fashionista


A continuação da história II
Outra história a se desenrolar em Toronto será a de Melancholia, novo filme do polêmico Lars Von Trier. Enquanto os cinéfilos brasileiros já poderão conferir o filme a partir dessa sexta-feira (5), a distribuição da fita nos EUA ainda não está garantida. Não se sabe se Von Trier comparecerá a Toronto (a tendência é de que não vá), mas espera-se alguma repercussão de seu filme por lá. Até porque, depois do descalabro de suas declarações em Cannes, Von Trier se viu em outra polêmica. Embora dessa vez sem sua anuência. O terrorista norueguês que levou pânico àquele país há algumas semanas admitiu que Dogville (2003) é uma inspiração para ele.


Aranha reloaded
“Vai ser mais nerd”. Essa foi a principal diferença apontada pelo diretor Marc Webb quando indagado pelo site Comingsoon sobre quais as principais diferenças entre o Homem aranha dele e o de Sam Raimi. A entrevista, divulgada antes da liberação do primeiro trailer oficial do filme que estréia em 2012, foi pautada por essa necessidade de Webb em distinguir o seu Aranha do de Raimi. “Acredito que podemos fazer uma diferente versão de um mesmo herói. Acho que o meu filme é a minha leitura para os primórdios de Peter Parker como Aranha”, garantiu Webb. O diretor elogiou seu protagonista. “Andrew capturou o espírito da obra. A ideia de ter o Peter Parker adolescente”. E Nerd! Não nos esqueçamos disso.


Sobre a polêmica de A serbian film

A polêmica envolvendo a proibição da exibição da fita sérvia A serbian fim continua inflamada. Desde cineastas renomados como Cacá Diegues, até juristas de expressão no meio jurídico carioca comentam a proibição da justiça e a posterior suspensão da classificação indicativa do filme pelo Ministério da Justiça – o que na prática inviabiliza a comercialização da fita no país. No entanto, A serbian film está à mercê da pirataria e se beneficiando desse marketing nefasto. Como já foi defendido neste artigo, limitar a discussão ao veto a A serbian film a censura é não circundar a discussão apropriadamente.
Mas o próprio uso da palavra censura é equivocado. O que a justiça brasileira está fazendo, ainda que de maneira bem atrapalhada, é tutela; pois visa impedir a veiculação de algo que induza à degradação. O termo, comum ao meio jurídico, pode confundir os leigos, mas exprime bem o impasse que cerca A serbian film. A gratuidade e a virulência com que a violência é encenada no filme pressupõe cuidados que extrapolam a alçada da mera classificação indicativa.
A Folha de São Paulo, um dos jornais que mais se engajam na cobertura do caso, ouviu juristas que – embora discordem acerca da proibição da exibição da fita – concordam que o uso da palavra censura é equivocado.
Diante de tamanha consternação, o blog se posiciona a favor da proibição de A serbian film. São frágeis os argumentos pró ou contra a proibição, mas é legítimo o objetivo de resguardar o menor. Embora se lamente a proibição da fita, não se pode condenar o princípio que a norteia. Isso seria ainda mais gratuito do que a violência no filme.





Cinema para macho ver
Baseado no livro The feather man, escrito por Ranulph Fiennes, killer elite traz um baita de um estímulo para os fãs do gênero ação. Aliás, três. Robert De Niro, Jason Statham e Clive Owen interpretam três assassinos na trama. Statham tem de sair de sua aposentadoria para resgatar o mentor (De Niro) que está na mira de uma organização secreta denominada the clinic, da qual um bigodudo Clive Owen faz parte. Confira um novo trailer do filme que deve estrear em outubro no Brasil.



6 comentários:

  1. Ótimas matérias "On" - gosto desta coluna!
    Não sei muito da nova produção de Meirelles, mas já estou de olho. Obrigado pelas primeiras infos. Anseio pelo filme.

    Não sei o que esperar de Madonna diretora, mas não vou fazer pré julgamentos. Quem sabe eu goste deste “W.E.” mesmo com o discurso que envolve comparações com o chato Discurso do Rei. Veremos.

    Já te disse o que achei do trailer do reboot do Aranha. Nada a declarar. É só aguardar!

    Quero conferir logo também o "Melancholia", não pelo Von Trier careca e falastrão, mas pela Kirsten. Se ela ganhou o prêmio em Cannes não deve ser para menos. E também aprecio atriz.

    Quanto ao falacioso filme do momento "A serbian film" eu sou contra a proibição. Alias, de qualquer tipo. Todo adolescente e mesmo criança hitech pode baixar o filme quando quiser e adquirir o filme do jeito mais fácil (eu mesmo que sou tonto para muitas coisas em computador consigo). Eu proibiria (tomaria medidas físicas) contra a pirataria (tbm vinculada na internet para evitar essa facilidade), porém ninguém faz isso, não toma medidas mais drásticas, óbvias. Adiantou a proibição de ‘Laranja Mecânica’ a 40 anos atrás? Falaram também da fita de Oliver Stone – ‘Assassinos Por Natureza’- dizendo que a obra incitava jovens a atos criminosos. Claro, sem comparações artísticas quanto ao filme sérbio, até porque são casos isolados. Sou contra sim, a violência contra crianças e todo tipo de exagero explícito e acho que um filme não precisa chegar a tanto e fazer este tipo de anúncio. Na verdade eu ainda não terminei de ver (baixei tbm) e dormi no ponto. Não pelo tédio, era sono mesmo, rs! Assisti até a parte que o menino assiste filme pornô do pai...não sei o que acontece mais. E aí termino de ver????
    Agora, acho inútil uma posição tão fria e artificial de uma "censura" que acaba não fazendo nada para evitar! Todo este falatório e divulgação só vai multiplicar a fama do filme.
    Os pais deveriam educar e proteger os seus filhos deste mundo cruel e não é a proibição de um filme-lixo (é o que a fita me parece) que vai causar algum efeito. Enfim, debate interminável.

    Eu to passando este filme testosterona com De Niro e outros...só em vídeo mesmo!

    Como sempre, o claquete ligado nas principais notícias sobre o que rola na indústria do filme.

    Abraços
    Rodrigo

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  2. "E o filme ficou bom Meirelles? “Sinceramente não sei dizer. Perdi a referência após revê-lo tantas vezes. Vamos ver o que o pessoal que tem espaço nos jornais acha”, encerrou com modéstia o cineasta." - Adorei isso, hehe. Estou curiosa quanto ao filme.

    Bons destaques, como sempre, Reinaldo.

    bjs

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  3. Estou bastante curioso para ver o filme de Meirelles. É o filme mais esperado por mim. Eu realmente gosto do cinema dele!

    Homem-Aranha será mais nerd do que já é? Hmn, não estou tão animado assim com o filme como antes. O trailer não trouxe tantas novidades. Pra falar a verdade, tenho a sensação de que apenas mudaram o elenco. Bem, é esperar pra ver!

    Estou curioso com esse filme da Madonna. Nem sabia que ela já tinha dirigido um filme antes. Será que ela é boa diretora? Minha maior curiosidade, rsrs

    []s

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  4. Rodrigo Mendes:Obrigado pelos elogios. Cara, o primeiro filme dela é pavoroso. Mas ela se cercou de muita gente competente aqui. Acho que na pior das hipóteses resulta em um filme sem muita identidade.
    A diferença entre as proibições desses filmes citados por ti e este é que o Estado interveio lá. Não é o caso aqui. Mas eu também sou contra a proibição. Só acho que não se deve atacar exagerando nas razões que a ocasionaram. Vale lembrar que o filme é tão gratuito e virulento que foi proibido em países que não apresentam histórico de censura. Como eu disse, trata-se de tutela. E a preocupação é legítima...Acho que exige uma covulsão midiática desinformada e que não entende a fundo o impasse jurídico que se levantou.
    Abs

    Amanda: Obrigado Amanda. Tb estou curioso pelo filme. Se ligue em Claquete que virão mais novidades.
    Bjs

    Alan: Eu tb sou fanzaço do Meirelles. um diretor interesantíssimo.

    Minhas expectativas pelo novo Aranha só despencam...

    E o primeiro filme de Madonna é pavoroso...mas acho que esse aí vai ser kodak.
    Abs

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  5. Oi Reinaldo, pois é meu caro, volto aqui pra comentar A Serbian Film pq acabo de assistir. Horas de arrependimentos pós- sessão, mas que me valeram reflexões e horas sem dormir.
    Entendo agora o seu argumento quanto a proteção do menor. A pauta censura equivocada é o que menos interessa - mas de fato foi essa divulgação estúpida da "censura brasileira" que fez o filme crescer. Nem de cinema podemos chamar A Serbian Film. Mau gosto lascado! Nem liberdade de expressão é, e o argumento do diretor é artificial e injustificável. Uso mal da arte cinematográfica, um crime. Sinceramente, odeio violência gratuita.

    E pessoalmente amigo, seria de bom agrado, a meu ver, que nós do meio das redes sociais de blogs cinéfilos ignorarmos de vez e não mais tocar no assunto “A Servian Film”, nem mesmo para gerar mais discussões entre nós publicamente. Medo de gerar mais exibições curiosas...não sabemos qual mente doente pode conhecer o “filme sérvio”. E sabemos que o nosso trabalho nos blogs esta numa rede conectada ao mundo.
    Um adendo para suavizar um pouco o papo: Hitchcock foi questionado uma vez que o seu filme “Psicose” havia sido copiado por um homem que assassinou uma mulher do mesmo jeito do filme. Era a terceira vítima do cara, e o psicopata realizou o crime após ter assistido a cena do chuveiro. Hitch respondeu: “Eu li nos jornais, agora o que eu pergunto é: qual filme ele assistiu antes de matar a segunda moça? Ou quem sabe a fita que ele viu antes de cometer o primeiro assassinato? O que ele fez? Tomou um copo de leite, eu suponho?” “O uso indevido da violência no cinema é questionável e influenciam as mentes doentes, as mentes saudáveis, não!” Completou Hitch. Ou seja, porque misturar o cinema para contar histórias de perversões gratuitas? Ninguém na sétima arte soube fazer melhor, com graça e suspeita como Alfred Hitchcock.

    Abs.
    Rodrigo

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  6. Rodrigo: Primeiramente, preciso aplaudir a elegância com que finalizou seu comentário. Apelar a Hitchcock e a sua solene sabedoria é uma inequivoca demonstração de firmeza, espertisse e perspectiva.
    Preciso dizer que não vi A serbian film. Fiquei no trailer. Sem demagogias, resolvi seguir a orientação da Justiça brasileira e afastei-me da fita. Não tive curiosidade de assistí-la. Além do que, sou avesso à pirataria. Isso posto, não concordo com duas afirmações suas. A primeira, sobre a censura equivocada menos interessar ao debate. Discordo. Primeiro porque, como apontei no texto da coluna Em off, não se trata de censura. Segundo porque acho que democraticamente o debate acerca da obra interessa à opinião pública.Agora, esse interesse está circunscrito à proibição da fita. Se isso não tivesse ocorrido, não haveria debate porque não há legitimidade cinematográfica na produção.
    Contudo, está expirado A serbian film aqui. O filme foi liberado e será distribuído nacionalmente -com exceção do RJ onde continua proibido pela justiça.
    O fetiche que é A serbian film, infelizmente, alcançará um horizonte muito maior do que seu anonimato prometia. Uma pena, mas não se pode culpar a justiça carioca de cumprir com seu papel. Como vc disse, a pirataria garantirá que o filme encontre um público muito maior e completamente imprevisível...
    Abs

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