Tá ruim, mas tá bom
Às vezes um bom elenco pode disfarçar a pobreza de um filme.
Isso não acontece, de todo, com Um bom partido (Playing for keeps, EUA 2012),
péssimo título nacional do novo filme do italiano Gabriele Muccino no cinema
americano.
A trama, dentro de sua previsibilidade, até tinha certo
potencial, mas Muccino faz muitas opções erradas – desde alguns nomes do
casting até a metragem exacerbada da fita – e acaba entregando um filme
simplista, frequentemente enfadonho e constantemente incongruente com os
próprios conflitos dos personagens.
Gerard Butler faz um ex-jogador de futebol (do soccer para
os americanos) que vai para os EUA em parte porque vive uma aposentadoria
fracassada (está quebrado) e em parte para tentar voltar às boas com a
ex-mulher, papel de Jessica Biel, e com o filho, vivido por Noah Lomax – que
acaba se revelando a melhor coisa do filme.
Butler e Lomax: química praticamente desperdiçada... |
A boa ideia de um ex-astro do soccer no único país em que
isso não significa alguma coisa é desperdiçada, a princípio, para o ensaio de
uma trama de fundo familiar sobre amadurecimento para, alguns minutos mais
tarde, Um bom partido se descobrir uma comédia romântica algo machista e
francamente problemática. Isso porque ao seu fim sugere que a opção pela
família e não pelo emprego é sinal de amadurecimento, quando, na verdade, o
pathos do personagem mostra que justamente por não priorizar suas
responsabilidades – e a família já teria sido essa prioridade - ele chegou ao
“poço” onde estava. Entre aspas porque se ele não está no poço, também não é o
bom partido que o título nacional faz crer. O filme joga com a noção do
estrangeiro atlético e de sotaque sedutor em um subúrbio que não costuma ter
esse tipo de atração. Na comparação ao péssimo título nacional, Um bom partido
– o filme – apresenta sua primeira vantagem.
Nessa brincadeira de levar gato por lebre, quem se sai pior
é Uma Thurman, afetada em cena como a mulher de um milionário esbanjador e
ciumento (papel de Dennis Quaid). Catherine Zeta-Jones também não se sai muito
melhor, mas sua personagem pelo menos tem algum propósito dramatúrgico.
Gerard Butler é quem se sai bem, com a oportunidade de
transitar entre momentos mais dramáticos e outros de humor – onde inegavelmente
se sente mais a vontade.
Um bom partido não é um filme ruim. Apenas é um filme muito
problemático para uma produção que pretende navegar por clichês que ofertam
acima de tudo segurança. Muccino precisa desesperadamente de um bote salva
vidas no cinema americano.
A história do filme não tinha me chamado a atenção e agora já sabendo que o filme não vale muito o ingresso... Bem, nem vou perder o meu tempo! rs
ResponderExcluirAlan: I know what you mean...
ResponderExcluirabs