quinta-feira, 9 de maio de 2013

Crítica - Um bom partido


Tá ruim, mas tá bom

Às vezes um bom elenco pode disfarçar a pobreza de um filme. Isso não acontece, de todo, com Um bom partido (Playing for keeps, EUA 2012), péssimo título nacional do novo filme do italiano Gabriele Muccino no cinema americano.
A trama, dentro de sua previsibilidade, até tinha certo potencial, mas Muccino faz muitas opções erradas – desde alguns nomes do casting até a metragem exacerbada da fita – e acaba entregando um filme simplista, frequentemente enfadonho e constantemente incongruente com os próprios conflitos dos personagens.
Gerard Butler faz um ex-jogador de futebol (do soccer para os americanos) que vai para os EUA em parte porque vive uma aposentadoria fracassada (está quebrado) e em parte para tentar voltar às boas com a ex-mulher, papel de Jessica Biel, e com o filho, vivido por Noah Lomax – que acaba se revelando a melhor coisa do filme.
Butler e Lomax: química praticamente desperdiçada...
A boa ideia de um ex-astro do soccer no único país em que isso não significa alguma coisa é desperdiçada, a princípio, para o ensaio de uma trama de fundo familiar sobre amadurecimento para, alguns minutos mais tarde, Um bom partido se descobrir uma comédia romântica algo machista e francamente problemática. Isso porque ao seu fim sugere que a opção pela família e não pelo emprego é sinal de amadurecimento, quando, na verdade, o pathos do personagem mostra que justamente por não priorizar suas responsabilidades – e a família já teria sido essa prioridade - ele chegou ao “poço” onde estava. Entre aspas porque se ele não está no poço, também não é o bom partido que o título nacional faz crer. O filme joga com a noção do estrangeiro atlético e de sotaque sedutor em um subúrbio que não costuma ter esse tipo de atração. Na comparação ao péssimo título nacional, Um bom partido – o filme – apresenta sua primeira vantagem.
Nessa brincadeira de levar gato por lebre, quem se sai pior é Uma Thurman, afetada em cena como a mulher de um milionário esbanjador e ciumento (papel de Dennis Quaid). Catherine Zeta-Jones também não se sai muito melhor, mas sua personagem pelo menos tem algum propósito dramatúrgico.
Gerard Butler é quem se sai bem, com a oportunidade de transitar entre momentos mais dramáticos e outros de humor – onde inegavelmente se sente mais a vontade.
Um bom partido não é um filme ruim. Apenas é um filme muito problemático para uma produção que pretende navegar por clichês que ofertam acima de tudo segurança. Muccino precisa desesperadamente de um bote salva vidas no cinema americano.

2 comentários:

  1. A história do filme não tinha me chamado a atenção e agora já sabendo que o filme não vale muito o ingresso... Bem, nem vou perder o meu tempo! rs

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