Olhar inconformista
Somos tão jovens (Brasil 2013), recorte sobre os anos de
formação de Renato Russo como músico, é daqueles filmes que se agigantam na
polarização que insinuam. É, sob certo aspecto, um filme homenagem que reveste
seu protagonista de carinho e fala diretamente aos fãs – geralmente desprovidos
do senso crítico. Em um segundo momento, é, também, um filme sobre um dos
últimos movimentos genuinamente criativos com marca nacional – ainda que
situado em um espaço-tempo de prolificidade de movimentos de rebeldia e inconformismo
tutelados pela juventude no mundo.
Somos tão jovens, na direção enérgica de Antonio Carlos da
Fontoura, concilia essa aparente dicotomia de maneira muito orgânica. É um
filme vibrante, não apenas por retratar a gênese de um dos mais celebrados
músicos da história do Brasil, mas também por buscar entender o momento em que Renato Manfredini
Junior se torna Renato Russo.
É nessa investigação que Somos tão jovens, até então um
registro cheio de vida, cai na mesmice. O roteiro de Marcos Bernstein adota os
caminhos conhecidos e menos ousados e torna Somos tão jovens um produto que
flerta perigosamente com a trivialidade enquanto cinema. Se essa entrega ao
óbvio não acontece de todo é em virtude do talento messiânico de Thiago
Mendonça que vive com coração e minúcia Renato Russo. Desde trejeitos
característicos do cantor até a composição emocional robusta de suas aflições
existenciais.
Mendonça afia o baixo e se revela o às de Somos tão jovens |
Mendonça destaca-se ainda por uma proeza improvável. Quando
Renato Russo começa a cantar, seja nos vocais do Aborto elétrico, como trovador
solitário ou na Legião urbana, Mendonça se conecta à memória de Russo
redefinindo-a com vibração, afinação e carisma que, talvez, não sobejassem
dessa maneira em Russo.
Esse fator, que poderia ser um problema em certa ótica,
acaba reforçando o olhar inconformista pretendido pela realização para essa
geração brasileira, no geral, e brasiliense, em particular, que resolveu
protestar via Rock´n roll.
Somos tão jovens ainda é capaz de exercer uma nostalgia
diferenciada, justamente por apresentar uma juventude tão distinta da que
existe hoje. Nesse sentido, ao som das músicas tão envolventes de autoria de
Renato Russo, o filme adquire certa amargura.
Estava lendo seu texto, esse http://cabinecultural.com/2013/05/05/thiago-mendonca-o-que-ha-de-melhor-em-somos-tao-jovens/ e mais outro e percebi que o grande trunfo do filme foi conseguir agregar ao elenco um ator como Thiago Mendonça, que conseguiu transmitir bem toda atmosfera que rondava o universo de Renato Russo.
ResponderExcluirLuis Alberto Gonçalves
Pode-se dizer seguramente que Thiago Mendonça é o grande trunfo do filme Luis. Obrigado pelo comentário!
ResponderExcluirAbs