Já vamos deixando claro que muita coisa boa ficou de fora.
Afinal de contas, estamos falando de Philip Seymour Hoffman, que como prova
essa semana dedicada a ele em Claquete e que se finda com essa postagem, era um
ator para lá de especial. Suas performances em filmes como Magnólia, A última
noite e Sinédoque Nova Iorque, para citar algumas, ficaram de fora de uma lista
acima de qualquer suspeita.
10 - Paul Zara em Tudo pelo poder (2012), de George Clooney
Como um experiente consultor político que se vê enredado em
uma conspiração que envolve seu principal escudeiro e a campanha rival, Hoffman
brilha com pouco tempo em cena, mas com a intensidade e gravidade que tão bem
lhe precedem.
9 – Padre Flynn em Dúvida (2008), de John Patrick Shanley
Como um padre bondoso que subitamente se vê na condição de
suspeito de molestar uma criança, Hoffman empreende uma de suas composições
mais sutis. Ainda que seja suficientemente enérgico quando divide a cena com
Meryl Streep, é pela candura de sua fala e pela força de seu olhar que essa
performance indicada ao Oscar se distingue.
8 – Jon Savage em A família Savage (2007), de Tamara Jenkis
Como um professor de teatro frustrado, Hoffman vive o
personagem mais parecido com ele, segundo disse o próprio à revista Volture em
uma entrevista em 2010. Ele e a irmã precisam enfrentar o passado e algumas de
suas máculas quando o pai adoece gravemente.
7 – Allen em Felicidade (1998), de Todd Solondz
Como um homem amargurado, absolutamente introspectivo e com
taras sexuais inusitadas, Hoffman humaniza um personagem banhado em
complexidade nesse difícil filme de Solondz. É um trabalho esmerado na intuição
de um ator cheio de recursos e sem medo algum em desnudar-se dramaticamente.
6 – Andy em Antes que o Diabo saiba que você está morto
(2007), de Sidney Lumet
Como um homem viciado em heroína que para sustentar o vício
resolve orquestrar um assalto contra a joalheria da mãe e alicia o irmão para
isso, Hoffman tem um dos momentos mais geniais de sua carreira fazendo um
personagem amoral, extremo e com demônios mais sujos e vis do que qualquer
outro que tenha encarnado. A forma como domina a cena, expondo a convivência de
fragilidade e perversidade em uma mesma pessoa, até hoje impressiona.
5 – Scotty J. em Boggie nights – prazer sem limites (1997),
de Paul Thomas Anderson
O papel que lhe aferiu destaque é uma prova imensa de seu
talento. Um legítimo perdedor que Hoffman consegue fazer com que nos
importemos. O contra-regra afetado apaixonado por um astro do pornô em ascensão
é um dos muitos personagens tacanhos e ligeiramente perturbados, que o ator
adensou com humanidade e sensibilidade.
4 – Rusty em Ninguém é perfeito (2000), de Joel Schumacher
Como um travesti que aceita cuidar do vizinho homofóbico,
Hoffman dá mais um show de versatilidade criando um tipo apaixonante e
incrivelmente forte, ainda que de fragilidade cativante. Faz De Niro
desaparecer ante o gigantismo de sua interpretação.
3 – Truman Capote em Capote (2005), de Bennett Miller
O papel que lhe deu o Oscar é também aquele em que Hoffman provou de
uma vez por todas que não havia nada que não pudesse fazer no cinema. Do timbre
de voz, incrivelmente fino, aos trejeitos mais afetados, passando pelo
egocentrismo doído, Hoffman é Capote. Por completo. Uma análise que percorre a
ambição do criador do new journalism e encontra em sua alma agudamente aflita
respostas que talvez nenhum outro ator fosse capaz de peneirar. Esse talvez
tenha sido o último filme que recebeu uma indicação ao Oscar de melhor filme
por mérito única e exclusivamente do protagonista.
2 – Lancaster Dodd em O mestre (2012), de Paul Thomas
Anderson
Com vibração e potência, Hoffman veste a essência de um
homem que se crê um profeta, um visionário e alguém capaz de tornar o mundo
melhor. Um homem que também tem luxúria. Em O mestre, Hoffman transcende o
campo dos mortais e chega ao patamar dos grandes intérpretes que a humanidade
já possuiu.
1 – Gust Avrakotos em Jogos do poder (2007), de Mike Nichols
Talvez este não seja o melhor filme de Hoffman, ainda que
seja um excelente filme, mas o ator é a lembrança mais vívida, lúcida e
harmoniosa dessa comédia dramática com refinado senso crítico. Como o agente da
CIA sem talento nenhum para a política e que precisa usar dela para ajudar
um congressista a costurar um acordo improvável entre Israel, Irã e Arábia Saudita,
Hoffman é cinema puro, extasiante e clássico, em cena.
Não deixaria o Padre Flynn tão longe na lista, mas está um ranking equilibrado.
ResponderExcluirbjs
Obrigado Amanda.
ResponderExcluirbjs