Missão cumprida
foto: Agnews
José Padilha, Joel Kinnaman e Michael Keaton no Rio de Janeiro para divulgar Robocop: não é o filme que os fãs queriam ver, mas é o filme pelo qual nosso tempo urge
“Eu vou fazer o primeiro filme do cinemão a abordar o uso de
drones”. A frase de José Padilha é de 2012, proferida pouco depois de ele ter
começado a pré-produção da refilmagem de Robocob. O conceito voltou a ser
aventado por Padilha na maratona promocional a que ele e os atores Michael
Keaton e Joel Kinnaman se lançaram no Rio de Janeiro nesta semana.
Robocop estreou de maneira sólida, mas não entusiasmante nos
EUA e a crítica internacional se mostrou dividida em relação à reimaginação
bancada por Padilha de um dos filmes mais cultuados dos anos 80.
No Brasil, o filme encontra mais boa vontade. Recebeu
matéria de capa, vasta e elogiosa, da revista Veja e foi bem acolhido pelos
principais veículos do país.
À Veja, Padilha disse que fez “ o primeiro filme brasileiro
em Hollywood” e corou o tom da reportagem assinada pela excelente jornalista
Isabela Boscov que expõe como o diretor brasileiro conseguiu impor sua visão e
sua dinâmica operacional à sanha controladora dos executivos de estúdio, no
caso a MGM.
Calibrando expectativas
“Já vi alguma coisa e posso dizer que é um filme com a cara
do Padilha”, disse Wagner Moura em meados de 2013 quando no Brasil divulgava a
sua estreia em Hollywood, no filme Elysium. Na acepção do ator que viveu duas
vezes o capitão Nascimento para José Padilha, pode-se vislumbrar onde o
blockbuster que discute o uso de drones e o “primeiro filme brasileiro feito em
Hollywood” se encontram.
“Se ouvir os fãs, eu fico paralisado”, observou o cineasta
ao justificar a distância de seu filme para o original e é justamente a memória
do original o principal ponto de desequilíbrio nas críticas sobre o filme. Para
Luísa Pécora, que escreveu a crítica para o portal IG, “Robocop de José Padilha
tem mais política e emoção do que o original” e, na avaliação dela, isso é algo
muito positivo. Já para o New York Times, apesar desse esforço de Padilha em
trazer uma assinatura própria e um pensamento mais moderno, as opções estéticas
e narrativas do original ainda são mais fortes.
Criador e criatura: o inferno está cheio de boas intenções e o cinema de José Padilha é implacável com nossa condescendência
Se falta humor e violência, o novo Robocop busca um espectro
político que reflete a obra de Padilha. O fato de o diretor ter tido controle
sobre o corte final demonstra que essa visão estrangeira (uma característica
celebrada no primeiro Robocop, feito pelo holandês Paul Verhoeven) é algo
prezado pelo estúdio. O que não quer dizer que Robocop não seja um filme de
ação e não congregue clichês e outras idiossincrasias do gênero.
“Quando você automatiza a violência, você abre as portas
para o fascismo”, observa Padilha na coletiva realizada no Rio de
Janeiro. Não é um terceiro Tropa de elite, mas as nuanças observadas nos
outros dois filmes foram conscientemente resgatadas pelo diretor ao abordar o
universo de uma tropa de elite de um homem, no caso máquina, só.
É isso, ele conseguiu algo bem interessante. É um filme que se leva mais a sério que o primeiro, que "brinca" mais com a situação, a violência, etc. Eu gostei do resultado, ainda que não seja uma obra-prima.
ResponderExcluirbjs
Não é mesmo uma obra-prima, mas é um filme muito bom.
ResponderExcluirbjs