No embalo do Oscar que se avizinha com toda a sua
imponência, relevância, cafonice e importância, os diretores Rob Epstein e
Jeffrey Friedman, documentaristas de prestígio que no ano passado se
aventuraram na ficção com Lovelace, lançam um documentário reverente, mas com
inegável valor histórico, sobre este que não só é o principal prêmio do cinema,
mas também um parâmetro de medição de excelência universal.
A produção, lançada agora no início do ano e exibida com
exclusividade no Brasil pelo canal TNT, que também exibirá o Oscar com
exclusividade neste ano, não deseja se aprofundar nas idiossincrasias da
Academia de Artes e ciências Cinematográficas de Hollywood. A princípio, ordena
um contexto histórico básico, realçando que a Academia não foi criada para
conceder prêmios, mas que essa vocação se manifestou ainda em seus primórdios.
Observa também que os vencedores eram repassados aos jornais com antecedências,
mas depois que o Los Angeles Times vazou os vencedores em um determinado ano,
uma empresa de auditoria, a PWC, passou a ser a responsável pela apuração, cujo
resultado é mantido em sigilo até a abertura dos envelopes na cerimônia. A
primeira transmissão do Oscar pela tv foi nos anos 50 e esse é apenas um dos
elementos históricos resgatados pelo documentário.
Os primeiros negros indicados, as primeiras vitórias (em um
recorte que pretende pintar a Academia com cores progressistas), os aspectos
políticos (Michael Moore, Marlon Brando, macarthismo), os principais apresentadores.
Ainda que não contribua com nenhuma revelação bombástica, esse aspecto
histórico de And the Oscar goes to... é válido para quem não conhece tão a
fundo a história do Oscar e da Academia que o outorga.
Você não sabia, mas o decote de Julia Roberts é vital para a narrativa de Erin Brockovich |
Outro ponto de atração do documentário é o elenco de figuras
do cinema reunidas para falar de cinema e Oscar, um deleite para qualquer
cinéfilo. George Clooney, Steven Spielberg, Cher, Helen Mirren, Annette Bening,
Billy Cristal, Benicio Del Toro, Ellen Burstyn, Tom Hanks, Jennifer Hudson,
Jane Fonda, o montador Kirk Baxter, a atual presidente da Academia Cheryl Boone
Isaacs, o diretor de fotografia Janusz Kaminski, Jason Reitman e John Voight, entre outros.
Há, também, muita competência na manipulação de imagens de
arquivo, de maneira a incitar reflexões interessantes como o prestígio inerente
ao Oscar, o ressentimento da derrota e a delicadeza de se competir entre pares.
Em outra frente, Rob Epstein e Jeffrey Friedman têm o
cuidado de explicar categorias menos famosas como som, direção de arte e
figurinos adensando a importância desses setores para um filme. É ótima, por
exemplo, a explicação do figurinista de Erin Brockovich – uma mulher de
talento para os decotes de Julia Roberts no filme e de como essa apresentação
da personagem acrescentava valor à narrativa.
A diferença entre roteiro original e adaptado também é
aventada, assim como a criação e extinção de categorias.
And the Oscar goes to... é um filme que agrada tanto o
espectador ocasional, interessado em uma aula revisionista sobre o Oscar, como
ao cinéfilo mais ardoroso e engajado na premiação.
Detalhes de bastidores, como uma fala de Angelina Jolie
adolescente, no tapete vermelho de uma cerimônia nos anos 80, em que dizia que
não queria ser atriz ou Sidney Poitier evitando politizar o fato de ter sido o
primeiro negro a ganhar o Oscar de melhor ator na coletiva pós-cerimônia são
lampejos da importância do Oscar para nós, eles e todos os outros.
Faltou vc dizer quando vai ao ar esse filme, Rei - magoei :'(
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