Todo mundo sabe que a corrida pelo Oscar começa cada vez
mais cedo. A edição de 2014 está marcada para março e cá estamos nós, em
outubro de 2013, discutindo o próximo Oscar. No caso da competição para melhor
filme estrangeiro a corrida é muito mais ampla mesmo. Passa por mecanismos
oficiais, no sentido de serem à primazia, escolhas dos governos dos países para
representá-los no mais festejado e conhecido prêmio do cinema. Segundo porque
envolve todo um planejamento de marketing que muitas das vezes antecede a
própria oficialização do filme como representante de tal país na disputa pelo
Oscar.
O Brasil, como se sabe, escolheu o aclamado O som ao redor,
para ser seu representante na disputa por uma vaga no Oscar. E agora a disputa
começou para valer nos bastidores. O recorde de 76 filmes indicados para
concorrer às cinco vagas de finalistas foi anunciado pela Academia na última
semana. O som ao redor, como se sabe, é um filme festejado pela crítica
americana. Mas há filmes mais festejados na disputa e, a julgar pelas primeiras
aferições, o filme tem chances; mas não são chances tão fortes como
gostaríamos.
A presença de O passado, novo filme de Asghar Farhadi,
premiado há dois anos por A separação, é tida como certa entre os finalistas. A
indicação do Irã vem reforçada pelo fato do filme se passar na França e
apresentar conflitos muito próximos aos ensaiados em A separação. O soberbo A
caça, já exibido aqui no país, é a escolha dinamarquesa e é outro candidato
muito bem cotado pela crítica americana. A grande beleza, de Paolo Sorrentino é
outro filme que caiu nas graças da crítica e aventado para figurar entre os
finalistas do Oscar. O candidato da Arábia Saudita é Wadjda. O primeiro filme dirigido
por uma mulher no país é também a primeira submissão da Arábia Saudita para o
Oscar. Vai superar um hype desses. Além do mais, o filme de Haifaa-al-Mansour é
festejado por onde quer que passe. Outro filme muito bem recebido é The
grandmaster, de Wong Kar-Wai, submetido por Hong Kong.
Cena de O passado, candidato iraniano que é dado como certeza no Oscar e já aspira indicações em outras categorias, como na de melhor atriz com a já indicada ao Oscar Bérénice Bejo
Wong Kar-Wai é outro nome festejado por seu épico das artes marciais, The grandmaster. Filmes asiáticos com esse perfil costumam agradar a academia e marcar presença nessa categoria
Se se destacasse, ao menos, na política de cotas, O som ao
redor já estaria ganhando. Mas não é o caso. Há dois filmes que penetraram
muito mais no imaginário de quem importa para antecipar os prováveis indicados
ao Oscar. O primeiro deles é o mexicano Helí. O México andava meio esquecido do
Oscar, mas a recente safra de cineastas transgressores – que valeu duas Palmas
de direção em Cannes consecutivamente – realinhou o interesse pela
cinematografia do país. O filme de Amat Escalante é tido como uma opção radical
para uma categoria cada vez mais insinuante. Já o Chile, depois de emplacar No
no ano passado, tem chances redobradas com Gloria. O filme de Sebastián Lelio,
desde que debutou no último festival de Berlim tem impressionado as pessoas
certas em festivais ao redor do mundo – inclusive em Toronto e em Nova Iorque. Estes
dois são, no momento, candidatos latino-americanos mais bem colocados do que O
som ao redor na corrida pela indicação ao Oscar.
A prova, no entanto, é de fôlego e como já observado
anteriormente em Claquete (clique aqui para ler), O som ao redor tem predicados
muito mais robustos do que os desses dois filmes.
Trocando de metáfora, as cartas estão na mesa e o Brasil há
muito tempo não tinha uma mão tão boa.
É, vamos acompanhar com atenção. Dos candidatos fortes que vi, acho A Caça o melhor e sigo curiosa em relação a O passado. Quanto a Wadjda, gosto, mas acho que é mais curioso pelo significado de um filme de uma diretora em um país como o seu do que pela obra em si.
ResponderExcluirbjs
É justamente esse o hype que "Wadjda" carrega e pode se mostrar um valoroso trunfo na hora h. Fato é que tem muito filme bom e hypado na disputa. "A caça" , por exemplo, traz um bom ator que está em cartaz na tv americana como ninguém menos do que Hannibal...
ResponderExcluirBjs