sábado, 26 de outubro de 2013

Crítica - O conselheiro do crime

Onde os fracos não têm vez!

O conselheiro do crime (The counselor, EUA 2013) é daqueles filmes que incitam a polêmica se a autoria de um filme pertence ao diretor ou ao roteirista. No caso deste filme, em seu primeiro roteiro original para cinema, Cormac McCarthy impregna esse thriller pensativo e erguido sobre elipses, divagações e violência crua de seu DNA, fazendo com que o diretor Ridley Scott seja apenas um colaborador de luxo. Luxo, aliás, é o elenco do filme que conta com Michael Fassbender, Javier Bardem, Brad Pitt, Penélope Cruz e Cameron Diaz no melhor papel de sua carreira.
Fassbender faz um advogado que acha que é mais esperto do que de fato é. Ele acredita que pode nadar com tubarões e não ser devorado. Ele se envolve em uma negociação de uma carga de drogas que sairá da cidade de Juarez, no México, com destino a Chicago, nos EUA. Seus conselheiros e parceiros na empreitada são o exótico Reiner (Javier Bardem) e o não menos exótico Westray (Brad Pitt). Penélope Cruz faz Laura, a doce, apaixonada e aparentemente ingênua namorada do advogado vivido por Fassbender, cujo nome jamais é pronunciado em uma tentativa da realização de tornar tudo mais anônimo e, paradoxalmente, mais pessoal. Cameron Diaz surge como um affair de Reiner, que aos poucos vai se revelando mais misteriosa e perigosa do que um primeiro olhar faz crer.
O que difere O conselheiro do crime (mais um título nacional ruim. O ideal seria a tradução literal “O advogado”) de outros thrillers e tramas policiais é o seu ritmo e seu foco narrativo. A ideia de McCarthy e Scott jamais é acompanhar a ação que invariavelmente dá errado, mas observar a queda moral, psicológica e física de um homem que julgava compreender um mundo ao qual não pertencia. Não obstante, a partir desse contexto, ergue-se uma poderosa reflexão sobre morte – um dos temas mais estreitos e bem desenvolvidos da obra de McCarthy na literatura.

Bardem e Fassbender: dançando com a morte sob o forte signo das palavras, ameaças e aflições...

A sofisticação do argumento de O conselheiro do crime pode alienar boa parte do público já que os personagens se revelam pensadores prolixos, aflitos, receosos e frequentemente o que falam não produz sentido circunstancial, mas encaixa-se perfeitamente no todo, quando se tem o filme completo. É o pensamento de O conselheiro do crime, enquanto cinema, que se articula com força devastadora. Não por acaso, a única personagem do filme que não apresenta nenhum tipo de apreensão é a de Cameron Diaz e isso se tornará bastante ilustrativo de um comentário particularmente aterrador que emerge ao final da fita.
O conselheiro do crime talvez não seja a apoteose que o nome dos envolvidos fizesse crer, mas é um filme de inteligência rara e que apresenta outro artigo de luxo no cinema contemporâneo: não se preocupa em mastigar tudo para sua audiência. Muitas peças do quebra-cabeça falado, principalmente pelos ótimos personagens de Pitt e Bardem, só se montam na cabeça do espectador mais sagaz e compenetrado. É um tipo de cinema muito mais convidativo, sedutor e do qual desesperadamente precisamos. Ainda que, no limiar, muitos não saibam exatamente como apreciá-lo.

6 comentários:

  1. Achei o filme cansativo, chato, pessoas sairam antes de acabar o filme. Perdi meu dinheiro e nunca mais vou a um filme desse diretor.

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  2. Concordo com Reinaldo. Entre tantas críticas Negativas ao filme, ninguém conseguiu sequer tentar descobrir o que esta obra esconde. Definitivamente não é um filme para os mentalmente preguiçosos.

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    1. concordo, adorei o filme achei o filme fantástico.Cheio de diálogos filosóficos.Recomendo para os alunos de Ensino Médio assistirem

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  3. Nada de + no filme... Há melhores que predem a atenção das pessoas. Mas acredito, que quis mostrar algo, sutilmente...Mesmo assim, conseguiu ser chato!

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  4. Um filme tem o papel de além de entretenimento, tranamitir algum conteúdo. Falar que as pessoas que não gostaram do filme são mentes cansadas, que não pensam, é muito fácil. Na verdade, vi um roteiro fraco, com personagens sem profundidade e o uso da violência como justificativa para todo o enredo do filme. O advogado ficou assim por causa da ganância, ta e aí? Quem é ele? Quem é a mulher na prisão? Por que a Cameron dias matou todos? Por causa da ganância? Sinceramente, justifica, mas não dá para acreditar em justificativas jogadas do jeito que foram. Pareceu uma notícia do jornal nacional, onde só é dado o resumo dos fatos, sem nenhuma contextualização.

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