terça-feira, 8 de outubro de 2013

Especial Elysium - Crítica

Porra, caralho!

Em certo momento de Elysium (EUA 2013), Spider – o pirata digital, contrabandista e membro da resistência vivido por Wagner Moura – solta uns palavrões em português para expressar seu descontentamento com uma missão que caminha mal para seu grupo de “guerrilheiros”. A missão em questão acaba dando certo de uma maneira um tanto mais complexa do que o imaginado, mas ali – naquele momento – Elysium começa a degringolar enquanto cinema. É provável que seu diretor Neil Blomkamp tenha, tal como Moura, soltado palavrões em português também.
Essa introdução se justifica porque Elysium é um flagrante exemplo do conflito histórico e indesviável entre diretores com “visão artística” e os estúdios de cinema. Há muitas concessões em Elysium. Elas não o diminuem enquanto entretenimento certeiro, mas certamente o esvaziam daquele potencial danado que Distrito 9 - o primeiro filme de Blomkamp - sugeriu.
Homem não chora: Matt Damon aguenta as críticas negativas
Não que o jovem diretor sul-africano tenha abdicado do viés político de sua obra – característica que desde já precede seu cinema, mas há gorduras muito concentradas em que se pode perceber a mão pesada do estúdio. Exemplos disso são a mudança de tom do filme, que do segundo ato em diante vira uma fita de ação qualquer – com exato juízo de valor que essa afirmação indica; a relação forçosa e mal aparada entre os personagens de Matt Damon e Alice Braga e, ainda, os flashbacks para o passado de ambos que fogem diametralmente do tom realista adotado pelo diretor na maior parte do curso do filme.
Elysium é um filme ambicioso e tinha um potencial tremendo de adentrar os anais da ficção científica com sua trama engenhosa sobre “os ricos ficando mais ricos e os pobres ficando mais pobres”, para usar uma classificação do próprio diretor sobre seu filme. Do jeito que ficou, Elysium é um belo entretenimento de férias. É pouco para todo o talento e circunstâncias envolvidos. Além do mais, o comentário político surge enfraquecido, fragilizado em tintas socialistas desbotadas, algo que não ocorria com o muito mais grave, no tom e na forma, Distrito 9.

Matt Damon capitaliza como o protagonista Max, emprestando toda a sua segurança como intérprete a um personagem inesperadamente unidimensional. Já Wagner Moura faz muito com pouco. Além de criar cacoetes que falam por seu personagem, como a perna manca, o ator empresta grandiloquência a um personagem de moral ambígua. A opção pelo registro exagerado, algo que encontra paralelo no primeiro Tropa de elite, se justifica justamente pela moral transversal do personagem e do mundo que ele habita. Uma demonstração de que mais do que apostar no certo, Moura atua não somente nos limites de seu personagem, mas nos limites oferecidos pelo roteiro.

2 comentários:

  1. hahahahahaha Wagner soltando uns palavrões em português é um dos grandes momentos do ator. O filme é bom, sinceramente achava que seria melhor (excesso de expectativas), mas gostei. Wagner é o grande destaque mesmo!

    Abs.

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  2. Somos dois nas expectativas desmesuradas.
    Abs

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