Conexão falha
Harrison Ford e Gary Oldman medindo forças em um filme que
pretende discutir os alcances da espionagem industrial em uma roupagem pop com
o protagonismo de um novo bonitão das massas, o competente Liam Hemsworth. Uma
boa ideia? Uma ótima ideia. Infelizmente, executada com preguiça e pela pessoa errada.
É bem verdade que roteiro de Conexão perigosa (Paranoia, EUA 2013), de autoria
de Jason Dean Hall e Barry Levy a partir do romance de Joseph Finder, faz todas
as escolhas equivocadas que pode em matéria de evolução dramática, mas Robert
Luketic, responsável pelos esquecíveis Quebrando a banca (2008) e Par perfeito
(2010), que brincavam com a arte da dissimulação, não era o nome apropriado
para um filme com potencial de ir além do simples entretenimento.
No entanto, mesmo que não alcance todo o seu potencial e se
resolva como um eficiente filme de gênero, Conexão perigosa não é a bomba que
sua irrisória bilheteria no mercado americano e as críticas pouco dispostas
fazem crer.
O irmão mais jovem de Thor é Adam Cassidy, garoto de ambição
e extrovertido, funcionário de uma gigante da tecnologia. Ele quer crescer, mas
entra no radar de seu chefe para outros propósitos. Nicolas Wyatt (Oldman), que está com
sua empresa à deriva, quer que ele vá trabalhar para seu concorrente e
ex-mentor, Jock Goddard (Ford) na EikeCorporation e roube detalhes sobre a mais nova criação da
rival, um celular chamado Occura. A trama se desenvolve a partir desta equação
entre moral e ambição apresentada a Adam e como ele se põe a resolvê-la. Os
clichês não chegam a incomodar, mas afastam o filme de sua potencialidade logo
na primeira hora. De qualquer maneira, é um prazer ver Oldman e Ford, com
aquele visual careca estranho, se divertindo. Os diálogos dos dois personagens
são os melhores da linha “trash chic” e certamente garantem a diversão para
quem é fã dos atores.
Jogo de cartas marcadas: é fácil descobrir para onde vai Conexão perigosa e este é apenas um dos problemas do filme que tem atores bem alinhados
Há um comentário muito mal alinhavado sobre a paranoia – que
batiza o filme originalmente – dos tempos modernos de super lançamentos e super
competição entre gigantes da tecnologia. Mas fica um tanto explícito para o
público que há muitas formas de se manipular o mercado, a concorrência e
desafetos em uma fogueira de vaidades que o filme Duplicidade (2009), de Tony
Gilroy, dá conta com muito mais propriedade e charme.
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