Um vem de uma família de atores e outro se decidiu a produzir programas e filmes para família. Ron Howard e Brian Grazer se conheceram no início dos anos 80 nos bastidores de programas pilotos para a TV que nem sequer vingaram, mas a amizade (e parceria) vingou. Juntos, em 1986 fundaram o estúdio Imagine Entertainment que hoje é um dos maiores estúdios independentes de grandes conglomerados de comunicação como a Time Warner e a Sony Pictures (embora colabore assiduamente com a Universal Studios).
Um ano antes, porém, Grazer e Howard estiveram a frente de um grande hit do cinema ointentista. Tratava-se de Splash – uma sereia em minha vida que trazia um jovem e desconhecido Tom Hanks apaixonado pela sereia vivida por Daryl Hannah. O filme, que hoje é um clássico da sessão da tarde, apresentou um produtor jovem (esta foi sua primeira produção para cinema) e um ator que parecia convencer mais como diretor. O filme seguinte da dupla não repetiu o mesmo sucesso. O tiro que não saiu pela culatra (1989), apesar de elogiado por alguns setores da crítica, não fisgou o público. Enquanto Grazer investia em filmes com apelo familiar (como Um tira no jardim de infância), Howard tentava mostrar que era comercialmente viável em qualquer gênero (rodou Um sonho distante com o emergente casal formado por Tom Cruise e Nicole Kidman).
Howard (de boné) dirige sempre com o apoio de Grazer (de cabelo espetadinho)
Foi justamente nos anos 90 que a pareceria Howard e Grazer se galvanizou. Com o estúdio fundado por eles cada vez mais sólido em Hollywood, puderam ofertar a estúdios maiores produções engajadas como O jornal (1994), ou apoteóticas como Apollo 13 – do Desastre ao triunfo (1995). O segundo filme, que novamente trazia Tom Hanks no elenco, levou Grazer pela primeira vez ao Oscar (indicado na categoria de melhor filme). Howard ainda teria de esperar mais alguns anos por esta distinção.
A esta altura, Howard não precisava se preocupar em ser comercialmente viável. Era pacifico para a dupla que Grazer deveria atuar como produtor de todos os filmes de Howard. E assim foi. O preço de um resgate (1997), ED TV (1999), O Grinch (2000), Desaparecidas (2003) e A luta pela esperança (2005) são todos produzidos por Grazer. Foi o produtor, cada vez com mais voz em Hollywood, que bancou o nome de Howard para um projeto de grande estima dentro da Dreamworks (na época o estúdio de Steven Spielberg). A aposta deu certo. Uma mente brilhante (2001) levou 4 Oscars (inclusive de filme para Grazer e direção para Howard, logo em sua primeira indicação) e fez grande bilheteria. O sucesso do filme mostrou que a parceria sabia aliar academicismo com potencial de bilheteria. E foi esse potencial de bilheteria, e porque Howard e Grazer são tão afinados e entrosados, que fez com que a Sony relegasse a dupla e a Imagine Entertainment a tarefa de adaptar para o cinema o best seller de Dan Brown, O código DaVinci (2006). Deu tão certo que, U$ 800 milhões em bilheteria depois, foi dado o aval para a continuação, Anjos e demônios (2009). Antes de voltar ao universo do simbologista Robert Langdon, Howard e Grazer voltaram ao Oscar. Com o teatral, oportuno e inteligentíssimo Frost/Nixon (2008). Muita gente duvidou que se tratasse de um filme de Ron Howard, numa clara demonstração de que ainda não o tomam como um diretor de fato.
Alguém contou uma piada: Ron Howard, Russe Crowe e Brian Grazer dão uma boa gargalhada nos sets de Uma mente brilhante
É possível dizer que o produtor Brian Grazer dá confiança e liberdade ao diretor Ron Howard e que, antes de qualquer coisa, a recíproca é verdadeira. Alternando projetos acadêmicos como Frost/Nixon com blockbusters como O código DaVinci, a dupla já provou que tem o necessário para engrandecer a história do cinema. Foi de sua tutela que alguns dos melhores filmes dos últimos anos nos foram entregues. O próximo projeto é a comédia The dilemma (2011). Pode até ser uma bomba, mas a parceria está suficientemente alicerçada para resistir.
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