Nestas últimas semanas John Lennon tem sido uma pauta itinerante. Em virtude do aniversário do ex-beatle, assassinado há três décadas, todo dia se vê algo a respeito de Lennon no noticiário cultural. Um filme sobre os primeiros contatos dele com a música (O garoto de Liverpool) foi lançado há pouco nos EUA. Claquete documenta registra um dos documentários mais inusitados e, justamente por isso, mais assertivos sobre a figura de Lennon. Os Estados Unidos x John Lennon (The US VS John Lennon, EUA 2006) é um painel elogioso, sem deixar de ser contundente, do Lennon artista. Do Lennon pacifista. Do Lennon midiático. Para elaborar esse painel, os diretores e roteiristas David Leaf e John Scheinfeld debruçaram-se sobre um curioso recorte da vida do cantor. Sua passagem pelos EUA e sua forte oposição a guerra do Vietnã.
Os Estados Unidos x John Lennon captura a inquietação de Lennon em primeiro lugar. O filme abre mostrando a repercussão (negativa) de um comentário de Lennon sobre os Beatles serem mais populares do que Jesus Cristo. A intenção dos realizadores era capturar a essência de Lennon, um inconformista por natureza, e confrontá-la com o rigor de uma América profundamente conservadora. A primeira parte do documentário se dedica a pintar esse John Lennon que é tão prolifero e inventivo em seu diálogo com a mídia e tão enfático e ruidoso na manifestação de suas opiniões políticas. O filme trabalha com a ideia de que o governo americano (sob o jugo da era Nixon) se encontrava nervoso por demais ao julgar que um artista pacifista como Lennon pudesse de alguma maneira representar uma ameaça aos valores americanos. Uma crise institucional ou uma “revolução” (como apresentado no filme) nunca se materializou, mas Lennon, inegavelmente, era um combustível para desgostosos com a guerra (no caso toda uma nação).
Misturando imagens de arquivo (algumas cenas realmente inspiradas) com depoimentos de jornalistas, membros do governo americano à época, amigos de Lennon e de Yoko Ono, os diretores conseguiram mostrar o grau de paranóia de um governo que mais tarde sucumbiria às atividades ilegais conhecidas como o escândalo Watergate. Mostraram também que uma nação que esquece os erros do passado está fadada a repeti-los e o fato do filme ter sido feito sob os anos Bush (e do jornalista Carl Bernstein mencionar Bush nominalmente em sua fala) reveste a fita de um teor político (e porque não pacifista) muito claro.
O filme mimetiza a mensagem de John Lennon com clareza e lucidez uníssonas. Antes de ser um filme político, uma reconstituição histórica valorosa, ou mesmo um dispêndio de imagens e músicas de Lennon, Os Estados Unidos x John Lennon é uma homenagem a um homem que julgou ser necessário se engajar por um mundo melhor. É um eco de sua voz. De sua obra. Daquela que não pode ser lançada em edições comemorativas, mas que em um mundo como o que vivemos jamais envelhece.
Também gostei bastante desse documentário, visse? Acho Lennon uma figura interessante e aqui é tentado mostrar como ele poderia a vir se tornar uma ameaça. Algo no mínimo intrigante.
ResponderExcluirGalvanismo: A ideia do filme é mesmo estimulante. Felizmente o filme é mais estimulante ainda. Abs
ResponderExcluirFico feliz em saber que o filme lhe deixou tão boa impressão. Quando eu tiver a oportunidade, desejo revê-lo com mais cuidado.
ResponderExcluirBjs
lennon foi asasinado pela cia pelo fato de se tornar um poblema dos grande para os estados unidos e asim resolveram silenciar ele
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