domingo, 3 de outubro de 2010

Insight

 Qual a razão de ser do documentário I´m still here?



Ano passado meio mundo foi pego de surpresa quando o ator Joaquin Phoenix anunciou que estava abandonando sua carreira de ator para seguir uma improvável carreira como rapper. O que mais impressionou foi sua aparição pública no programa de entrevistas do apresentador americano David Letterman. Barbudo, aparentemente embriagado, e quase irreconhecível, Phoenix foi monossilábico e mal educado. Não respondia as perguntas de Lettermam e balbuciava coisas pouco compreensíveis. O showbusiness americano pôs-se a ponderar: Phoenix enlouquecera como nos fazia crer ou seria tudo aquilo um inusitado jogo de marketing?
Pouco tempo depois desse incidente foi anunciado que o cunhado do ator, o também ator Casey Affleck estava documentando toda essa nova “fase” da carreira de Phoenix. O material renderia um filme sobre a jornada de Phoenix na busca por seu verdadeiro eu. As pessoas poderiam entender pelo que Joaquin estava passando, dizia Casey a quem lhe perguntasse sobre o projeto no ano passado.

Um maluco no pedaço: Phoenix surpreende no programa de David Letterman em fevereiro de 2009


I´m still here: the lost year of Joaquin Phoenix foi finalizado no início de 2010. O diretor Casey Affleck iniciou uma nova jornada então. Era preciso vender o filme. Arranjar um distribuidor e garantir sua comercialização. A primeira exibição para potenciais compradores ocorreu no festival de Cannes deste ano. Na ocasião, a reportagem do jornal Los Angeles Times teve acesso a produção e, conforme noticiado aqui em Claquete na cobertura que o blog fez do festival francês, classificou o filme como execrável e totalmente egocêntrico. Affleck saiu de Cannes sem distribuidor. Eventualmente, exibindo o trabalho em pequenos festivais e investindo na lábia, conseguiu distribuição. O filme teve premiere internacional em Veneza e estreou no último dia 10 de setembro em circuito reduzido nos EUA. O primeiro fim de semana foi um desastre. Pouco mais de 200 mil pessoas pagaram para ver o sufrágio físico e emocional encenado por Phoenix. Sim, encenado. Porque passado o primeiro fim de semana em cartaz, Casey Affleck admitiu em entrevista ao New York Times que o mockmentury (uma espécie de documentário falso como nas séries The Office e Modern family) era um mockmentury. Uma grande encenação em que os envolvidos obstinavam criticar a indústria das celebridades. As escatológicas cenas de Phoenix cheirando cocaína, recebendo sexo oral de uma assistente, abordando prostitutas ou recebendo as fezes de um colega no rosto enquanto dorme seriam tudo overacting? “Nem tudo era falso. Buscamos manter o máximo de naturalismo possível. Para que a crítica fosse genuína”, declarou o diretor/ator na entrevista ao jornal nova-iorquino. A mídia passou a conjecturar o que de fato era atuação e o que poderia ser real. O episódio no programa de David Letterman, considerado marco zero do case Phoenix, passou a ser questionado então. Primeiro roteiristas do programa disseram que David sabia e que foi tudo combinado. Só para serem desmentidos pelo próprio Letterman que disse que não sabia. O apresentador, com seu típico humor afiado, recebeu Phoenix há duas semanas e passou a história a limpo ao vivo. Promovendo ainda mais o filme de Phoenix e Affleck.
Claquete ainda não conferiu o filme, que não tem previsão de estréia no país. Mas acompanhando a questão de perto é possível apontar alguns aspectos que enriquecem a discussão em torno da proposta de Affleck e Phoenix.
Sim, tudo foi planejado como um grande golpe de marketing e não, Affleck e Phoenix não estavam preparados para divulgar a “verdade” com o filme ainda em cartaz. Esse foi um subterfúgio para colocar o filme em pauta novamente e garantir que as pessoas tivessem interesse em vê-lo. Há maneiras mais sadias de se criticar a indústria de celebridades. Embora seja louvável o esmero criativo de Phoenix em se fazer um personagem, a leitura que a indústria pode fazer desse imbróglio todo pode ser desfavorável as mentes por trás de I´m still here, que no fim das contas mais parece mesmo uma pegadinha de mau gosto.

Los tres amigos: eles sabiam que tudo era de de mentirinha...

5 comentários:

  1. Então, Reinaldo, achei bacana a jogada de marketing, conseguiram manter o filme na boca do povo. Agora, ver o filme no cinema ? Não sei se realmente encararia. Não sei ... simplesmente não conseguiu despertar a minha curiosidade...

    Abs.

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  2. Só sei de uma coisa: pode ter sido uma grande jogada de marketing, com certeza. Mas foi uma brincadeira bem sem-graça.

    Beijos! ;)

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  3. Acho este documentário uma palhaçada. Só serviu para manchar as carreiras de Affeck e Phoenix.

    Abs.
    Rodrigo

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  4. O objetivo deste filme é curtir com a nossa cara, simples assim! :p

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  5. Alan: E essa foi a grande falha de Casey e Joaquin. Eles não aguçaram nossa curiosidade... abs

    Mayara: Pois é Ma... Pois é... bjs

    Rodrigo:E muita gnt pensa a mesma coisa. Inclusive em Hollywood. Abs

    Kamila: Calma Ka.rsrs. The goal is money. Always is.
    Bjs

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