Um ator em estado de graça!
Michael Douglas e Susan Sarandon em cena de O solteirão: Douglas dispara na corrida pelo Oscar com uma composição assombrosa de um homem frágil e refratário
Não é segredo para ninguém que um bom ator em um bom momento pode potencializar, e muito, a experiência que se tem dentro de uma sala de cinema. É mais ou menos isso que faz Michael Douglas em O solteirão (Solitary man, EUA 2010). Não se deixe enganar pelo péssimo título nacional, este filme não é uma comédia sobre um homem livin´ la vida loca. Há humor, mas do tipo desesperançoso que se camufla em constrangimento e comiseração. Douglas é Ben, um homem que estragou um casamento sólido e uma bem sucedida carreira de empresário. Não testemunhamos o personagem desmoronar em seu destino, mas o flagramos debatendo-se com a insurgente verdade de sua vida. Ele está só. Ben vislumbra no namoro com uma socialite nova-iorquina (Mary Louise Parker) a chance de escalar o topo novamente (devido as boas conexões do pai da moça). Mas Ben, por razões que vamos descobrindo à medida que o filme avança, está entregue a impulsos auto destrutivos que não parecem ter limites e após dormir com a filha de sua namorada põe essa “nova” chance a perder.
Daí em diante, vemos a derrocada de um homem que se recusa a assumir responsabilidades e encarar a vida de frente. A jornada de Ben para dentro de si mesmo é de uma poesia angustiante. O roteiro de Brian Koppelman é brilhante por não defender o personagem e, pelo contrário, expor as fissuras em sua alma à medida que o conhecemos mais. Nesse sentido, a atuação de Michael Douglas é providencial. O ator domina a figura de Ben com densidade maiúscula. É possível tocar a amargura do personagem. Sente-se carinho, piedade e desprezo por Ben, mas mais do que isso, Douglas permite que compreendamos aquela figura, suas escolhas e suas reminiscências. Todo esse processo só se torna orgânico graças a performance extraordinária do ator. Aqui Douglas está em seu melhor momento desde Garotos incríveis (2000) e uma indicação ao Oscar seria, no mínimo, justa para honrar tal estado de graça.
Não sei se pelo título ou pelo cartaz, mas estou com um medo desse filme. Talvez dê uma chance a ele apenas por você ter gostado.
ResponderExcluirbjs
Ops, estava logada com o Cine, mas o comentário acima é meu mesmo, hehe.
ResponderExcluirbjs
Que elenco bom. Quero conferir!
ResponderExcluirAbs.
Rodrigo
Bom ver Michael Douglas em grande estilo nesta temporada... Gostei muito dele em Wall Street e agora fiquei curioso por vê-lo em O Solteirão, principalmente, sob um ponto em seu texto lá no Salada que você mencionou: um filme que todo homem deveria assistir.
ResponderExcluirNão sou fã de Michael Douglas, mas ele sempre foi um ótimo ator. Que bom que ele voltou as telas em grande estilo, pois cansei de vê-lo como coadjuvante em filmes de comédia-romântica, sempre como o pai do noivo.
ResponderExcluirSusan Sarandon também é uma ótima atriz e merece reconhecimento. Não assisti o filme ainda, mas estou curiosa.
Amanda: Esclarecido.rsrs. O filme é muito bom Amanda. Tenho certeza que vc vai gostar. Bjs
ResponderExcluirRodrigo: O elenco é de classe mesmo. Abs
Fernando: Pois é, Douglas é uma das grandes sensações de 2010,sob vários aspectos, e O solteirão tem potencial para canalizar esse movimento. Abs
Película Criativa: Vc fez boas obeservações a respeito do rumo da carreira de Douglas, mas em 2010 ela voltou para os trilhos. O solteirão é muito bom sim, faz valer a curiosidade. Bjs