segunda-feira, 8 de março de 2010

OSCAR WATCH - Critica dos vencedores do Oscar

Quando o sentimento tem vez

O Oscar 2010 acabou por ser um prêmio mais justo do queAdicionar imagem se anunciava. Essa constatação, no entanto, não faz dessa edição do Oscar justa, na estrita acepção do termo. Mais do que qualquer outra coisa, o que a academia sinalizou em 2010 foi que apesar de seus esforços para contemplar a indústria cinematográfica em toda a sua representatividade, o Oscar é um prêmio para irradiar o cinema em sua manifestação bruta, arisca, inteligente. E isso pode pender tanto para o comercial (lembram de Titanic e O retorno do rei ?) quanto para o artístico. Filmes que emplacam no Oscar, assim o fazem por conquistar o coração dos acadêmicos. Esse ano três filmes pequenos fizeram isso de forma muito clara. Os independentes Guerra ao terItálicoror, Preciosa-uma história de esperança e Coração louco foram osItálico filmes mais aplaudidos da noite. Quando eram anunciados nas categorias em que concorriam, havia gritos e comoção como se estivéssemos em um estádio de futebol. Esse comportamento ajuda a entender o que aconteceu nesse 7 de março. Sempre pesou contra o Oscar a pecha de ser, muitas das vezes, um prêmio injusto. Mas sempre se ressaltou a honestidade do prêmio da academia (que com as escolhas do ano passado foi posta a prova).

O grande campeão do Oscar 2010: Guerra ao terror faturou os Oscars de filme, direção, roteiro original, montagem, som e edição de som


Esse ano vem ratificar essa condição. Ao conceder seis prêmios para um filme pequeno, feito sem o apoio de Hollywood, mas com a contundência de um cinema vaticinante e reflexivo, a academia mostra que esse é o caminho e viabiliza a mea culpa da industria que deixou de apostar em um material que se mostrou tão midiático. Certamente Guerra ao terror não era merecedor desses seis prêmios, principalmente de alguns técnicos que amealhou devido a todo esse carinho e paternalismo tardio, mas era sem dúvida um filme muito mais merecedor do destaque que esses seis prêmios conferem do que Avatar. Esse é o grande ponto dessa edição do Oscar.
Avatar foi devolvido a seu tamanho original. O de um filme de imenso apelo popular, entretenimento de primeira classe (o que também caracteriza bom cinema, é bom que se diga) e espetáculo visual. O imerecido prêmio de fotografia mostra que o filme de James Cameron está sendo reconhecido pela indústria pelo que é. Não pelo que quer ser.
Essa sábia decisão foi, sem dúvidas o grande acerto do Oscar. Era necessária essa auto afirmação. Reconhecer a excelência, mas dentro de um contexto bem delineado. Conceder os Oscars de filme e direção (este pela primeira vez para uma mulher) para Guerra ao terror foi providencial para a afirmação do Oscar como recenseador da arte e da produção cinematográficas.

O roteirista Geoffrey Fletcher que venceu, de forma inesperada, por Preciosa valeu um dos momentos mais emocionantes da noite


O joio do trigo
Ano passado a academia também premiou um filme independente. O abominável Quem quer ser um milionário? que impressionou a critica americana momentaneamente, mas não agradou a critica internacional e hoje já é bastante contestado (Walter Salles em artigo assinado na Folha deste domingo classifica o filme de Danny Boyle como sério candidato a pior da década). Esse ano, dois filmes independentes que falam de tragédias bem americanas (Preciosa e Guerra ao terror) polarizaram as atenções e dividiram o destaque de “filme independente do ano”. Embora não sejam grandes filmes, são muito superiores ao vencedor do Oscar do ano passado e foram produzidos em condições ainda mais adversas. A mensagem que a academia enviou premiando o underdog do ano passado não foi muito bem digerida por produtores americanos. Guerra ao terror só se viabilizou depois da chegada do produtor francês Nicolas Chartier. A academia reforça a mensagem em 2010. Ao iluminar (até demais) Guerra ao terror e reconhecer com muita boa vontade Preciosa, o Oscar admite: podemos ter errado no timing, mas a mensagem continua valendo.


Jeff Bridges ergue seu Oscar para os céus, lembra de seu pai e sua mãe e pensa: Finalmente!


Como nem tudo são flores...
Os melhores filmes do ano fracassaram no Oscar. Amor sem escalas e Distrito 9 saíram sem nada e Bastardos inglórios saiu apenas com o prêmio de coadjuvante para Christoph Waltz. Um prêmio que é menos do filme e mais dele, pelo estado das coisas.
Nas categorias de atuação aliás, 100% justas somente a premiação para os coadjuvantes (Mo´Nique confirmou o favoritismo por Preciosa). Jeff Bridges ganhou por Coração louco pelo legado e Sandra Bullock beneficiada pelo conhecido “empurrãozinho” que a academia dá em suas estrelas. Nessa década venceram nessa categoria, Julia Roberts, Reese Whiterspoon, Nicole Kidman (por atuações contestáveis), Halle Berry e Charlize Theron (por atuações merecedoras, mas eram estrelas).
O Oscar continua a relegar surpresas para a categoria de filme estrangeiro. O estupendo A fita branca acabou perdendo para o bom O segredo dos seus olhos. Os roteiros vencedores não eram nem de longe os melhores em disputa, mas eram os roteiros dos filmes apreciados pela academia. Para o Oscar, e não se está insinuando que isso seja algo negativo, honestidade prescinde de justiça.

6 comentários:

  1. Acho que a maior surpresa desse Oscar foram as vitórias de "Precious" em Roteiro Adaptado e "Avatar" em Fotografia. No mais, foi uma noite como se prometia. Pena que a cerimônia em si, o show programado pelos produtores foi uma droga!

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  2. Concordo com vc Ka. Aliás, aguade para mais daqui a pouquinho a seção especial de Cenas de cinema com bastidores e comentários sobre a cerimônia de ontem. Realmente Avatar ganhar de forografia fo o ó. Não tem iluminação, o uso da camera é limitadíssimo... É tudo efeito, mas era o visual do filme que estava sendo honrado, como eu disse na critica. Então, bem, então tá né?!!rs
    Bjs

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  3. Avatar ganhando fotografia é o mesmo que dar a ele o prêmio de maquiagem ¬¬

    Injusto Amor Sem Escalas perder como melhor roteiro, e o mais injusto ainda é Avatar não ser nomeado como melhor animação ;D kkkkkk...

    A palavra que define esse Oscar é incoerência.

    Abraço

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  4. pois é Raphael. Como eu coloquei lá no título, quando se vota com o coração, aonde enfiar a razão? Premiou-se os filmes que marcaram os acadêmicos. Os melhores foram convidados para a festa, para assistir tudo de camarote.
    ABS

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  5. Acho que a maior decepção foi mesmo vê ótimos filmes (Amor Sem Escalas, Educação e Distrito 9) sairem de mãos vazias. Gosto bastante da Bullock e gostei de sua vitória, já o R.Adaptado para Preciosa, Direção de Arte e Fotografia para Avatar foram as maiores injustiças. Esperaremos uma premiação melhor próximo ano, então.

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  6. Luis Galvão: Vc está certíssimo Luis. Tb gosto de Sandra. Não fico chateado com o seu prêmio. Só não é justo. Carey e Gabourey estavam bem melhor. Apesar desse ter sido um ano bem fraco para as atrizes.
    Vamos torcer todos por um Oscar mais interessante no ano que vem. E mais justo tb~. Não custa sonhar né?!rsrs

    ABS

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