sexta-feira, 12 de março de 2010

Critica - Entre irmãos

Um drama muito particular

Entre irmãos (Brothers, EUA 2009), refilmagem do filme dinamarquês de mesmo nome dirigido por Susanne Bier, é uma intrincada trama sobre a psicologia que move uma família. Um pai que fora omisso e opressor (Sam Shepard) e seus dois filhos que reagiram a isso de maneiras opostas. Tommy (Jake Gyllenhaal) enveredou pela vadiagem. Flertou com a marginalidade e acabou preso. Sam (Tobey Maguire) seguiu os passos do pai e tornou-se militar. O filme começa com Sam no Afeganistão que ao escrever uma carta para sua esposa (Natalie Portman) rememora os dias que antecederam sua partida para a guerra.
Nessa memória, somos apresentados a fissuras familiares que dão o tom das relações entre aqueles personagens. Desde o esforço de Sam para ser um pai atencioso, até o empenho de Tommy em confrontar todos da família.

Pai e filho separados por um abismo de ressentimentos



Duas reviravoltas transformam o já atribulado cotidiano dessa família. A primeira delas é a notícia da morte de Sam em combate. E a segunda, que ocorre alguns meses depois, é a de que ele não estava morto. Sam voltaria para casa após ter sido resgatado das mãos de terroristas.
É aí que reside o grande trunfo do filme. Sam precisa se adaptar à vida em sociedade novamente. Algo extremamente difícil, mas que se torna ainda mais complicado quando ele percebe claramente que foi superado. Que as pessoas seguiram adiante. Que de memória carinhosa, sua presença avança à perturbação psicológica. Não é algo fácil de digerir. Na verdade, é uma situação que intensifica, e muito, o quadro de paranóia que impreterivelmente acomete veteranos de guerra.
O diretor Jim Sheridan e o roteirista David Benioff optaram por manter a estrutura do filme original. O que se configurou em um acerto. As ligeiras mudanças apenas servem a uma contextualização de tempo e espaço. No entanto, Sheridan, embora seja prolifero em tratar de dramas familiares pontuados por conflitos externos (Em nome do pai, Terra dos sonhos e Fique rico ou morra tentando), evita imprimir impressões pessoais ao filme. Seria oportuno e bem vindo, alguma sutileza da realização para distingui-lo de filmes que se desdobram sobre o mesmo tema. Até mesmo porque trata-se de uma refilmagem. Contudo, o maior erro é o do distribuidor/estúdio que sugere um filme completamente diferente no material promocional. Os trailers apontam rumos que em momento nenhum se delineiam no filme. Um desserviço que pode contribuir para uma incorreta apreciação da película. Sheridan não realizou um grande filme, mas certamente entrega um filme muito melhor, e complexo, do que aquele que o trailer promete.



Tobey e Jake em cena do filme: A guerra só potencializou rachaduras familiares

2 comentários:

  1. Oi Reinaldo,
    Você já sabe minha opinião sobre Entre Irmãos, acho que ele poderia ter ficado mais interessante na finalização,no entanto, como bem dito em sua crítica, é difícil se adequar a uma nova realidade após ser dado por morto e, principalmente, ver que as pessoas continuaram vivendo suas vidas. A vida continua com nossos mortos ou não. bjs!

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  2. Compartilho da sua percepção madame. Acho que a solução do filme poderia ser mais arrojada. Mas esse é um problema do original.No entanto, acho que a proposta do filme em si, recebe um tratamento satisfatório. bjs

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