domingo, 7 de março de 2010

Critica - Coração louco

Olhando para dentro!

O filme que marca a estréia na direção do ator Scoot Cooper é uma obra que segue alguns cânones do cinema independente, em especial daquele praticado nos anos 70 e que no ano passado teve no filme de Darren Aronofsky, O lutador, um legítimo expoente. Iluminar a trajetória de redenção de um típico loser americano.
Coração louco (Crazy heart, EUA 2009) é um filme de ator. Isso porque são nas atuações “com o coração” do elenco principal que o filme se esmera.
Bad Blake (Jeff Bridges) é um cantor country decadente que já experimentara a glória e hoje vive de apresentações modorrentas em bares de beira de estrada. Ao conhecer uma jornalista que se interessa pela representatividade histórica de sua figura, Bad passa a reavaliar suas escolhas e confronta-se com a necessidade de mudar seu destino.
Dizer que Coração louco não seria a mesma coisa sem a entrega de Jeff Bridges, favorito ao Oscar de melhor ator, já virou lugar comum. Mas a repetição aqui se faz necessária. É Bridges, que tal qual Mickey Rourke fizera em O lutador ano passado deixa a câmera percorrer seu corpo cansado e fora de forma, que dá sustância emocional a esse personagem. É na atuação robusta e cheia de sentimento do ator, que atinge níveis especialmente cativantes quando o mesmo põe-se a cantar, que o filme se movimenta.

Jeff Bridges e Maggie Gyllenhaal, fantásticos, em cena de Coração louco: Por trás de todo grande homem, uma grande mulher e o interesse genuíno dele por ela

A música é outro grande atrativo do filme. Ajusta-se comodamente a história de naufrágio e superação de Bad Blake. No entanto, Coração louco não é tão tenaz e ousado quanto O lutador, na inevitável comparação que se obriga presente. Apesar de perpassar questões como a relação que se tem com a glória do passado e o alcoolismo que advém dela, Coração louco é mais convencional, menos trágico, menos impiedoso. Não que seja demérito. Não há nada que o desabone enquanto entretenimento de primeira classe. Mas dentro da seara dos filmes independentes sobre a busca pela redenção, nas quais pode-se colocar aí, além do já citado filme de Aronosky, Pequena miss sunshine e Ritmo de um sonho, Coração louco se empalidece. Fica aquela estranha percepção que não se olhou tanto assim para dentro a ponto de se chegar aonde se chegou ao final do filme. Apesar do encanto exercido por Jeff Bridges.

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