quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Filme em destaque - Sem dor, sem ganho


Se transformando no mesmo
Novo filme do diretor mais criticado do cinema moderno é um filme de ação cheio de humor e marombeiros situado em Miami e que busca devolver Michael Bay ao momentum de sua estreia no cinema em 1995

Michael Bay estava atribulado. Em meio ao fim do processo de edição e o início de divulgação do terceiro Transformers, o diretor se dizia cansado. Vinha de um desentendimento que gerou muito bafafá com Megan Fox, já superado, e de comandar praticamente sem qualquer interrupção três filmes gigantes que juntos arrecadaram mais de U$ 2 bilhões somente nas bilheterias. Ele queria fazer algo menor. E, em meio às negociações que se arrastaram por seis meses para que assumisse o quarto filme da franquia Transformers, Bay confirmou que queria fazer um filme pequeno. Mas pequeno para Michael Bay é na casa dos U$ 30 milhões. Sem dor, sem ganho, que chega nesta sexta-feira (23) aos cinemas do país, teve orçamento de U$ 26 milhões. Como já ressaltado em seção Insight recente no blog, o novo filme de Michael Bay faz parte de uma leva de produções de cinema amparadas em reportagens investigativas. No caso de Sem dor, sem ganho, a referência é uma reportagem de 1998 do Miami News Times sobre uma gangue de criminosos marombeiros.  
As filmagens ocorreram no segundo trimestre de 2012 e o filme foi lançado no fim da primavera deste ano nos EUA. Não fez a melhor das bilheterias e, tratando-se de Michael Bay, apresentou um rendimento de cinema independente com bilheteria superior a U$ 50 milhões nos EUA. Ou seja, não deu lucro, mas também não deu prejuízo.

Bombas, realidade e humor
Mas não se enganem, Sem dor, sem ganho é um filme de Michael Bay. Com todas as vantagens, vícios e hipérboles que essa constatação possa acarretar.
A primeira providência era arranjar os marombeiros perfeitos para viverem marombeiros criminosos. Mark Wahlberg, mais inchado do que nunca, e Dwayne “The Rock” Johnson foram as primeiras e únicas alternativas de Bay para assumirem os protagonistas. Depois vieram Anthony Mackie (Guerra ao terror), Tony Shalhoub (Monk), como uma vítima em potencial, Ed Harris, como alguém que não é o que parece, Rebel Wilson (A escolha perfeita), a mulher que quer tirar o trono de mulher mais engraçada da América de Tina Fey, e Ken Jeong, que já havia feito o terceiro Transformers com Bay e é mais conhecido como o Mr. Chow da trilogia Se beber, não case. Estava montado um elenco capaz de fazer bonito em um filme de ação que não se leva a sério.
Na trama, os personagens de Johnson e Wahlberg sequestram o empresário vivido por Shalhoub, mas não conseguem o dinheiro do resgate. Eles deixam o refém à beira da morte, mas ele sobrevive e planeja uma vingança. “O mais interessante quando você lê o roteiro é que você pensa, 'Não tem como isso ter acontecido de verdade'. É muito absurda a maneira como esses homens fizeram o sequestro, não é possível que aqueles assassinatos tenham acontecido mesmo. Mas aconteceu, e não apenas aconteceu, como aqueles caras ainda estão presos esperando a pena de morte”, comentou Dwayne Johnson na coletiva de imprensa de lançamento do filme na cidade de Miami, que obviamente foi o local escolhido para receber a premiere mundial do filme.
Sem dor, sem ganho é um Michael Bay de volta às origens do primeiro Bad boys (também sediado em Miami) lá do longínquo 1995. “Talvez seja o melhor filme que Michael Bay já fez”, escreveu em sua crítica no Newark Star-Ledger, o crítico Stephen Witty. Até mesmo os detratores de Bay devem apreciar ‘a dor de curtir o ganho’”, anotou o crítico da Time, Richard Corliss. Para Peter Travers, da Rolling Stone, no entanto, Sem dor, sem ganho reitera o gosto de Bay por “objetificar” mulheres e prover humor de situações brutalizadas.
Sem grandes aspirações dramáticas, o filme se dirige ao público contumaz de Bay, mas sem a pirotecnia característica dos últimos filmes lançados pelo diretor. Nessa reciclagem, Bay pode conquistar novos fãs, refrescar a memória de fãs perdidos e, finalmente, mostrar que não perdeu o jeito de dirigir filmes que não se escoram única e exclusivamente em efeitos especiais.

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