Não é exatamente em virtude de “50 tons de
cinza”, cuja adaptação cinematográfica move mundos e fundos em Hollywood
polarizando muita atenção no circuito hollywoodiano. Mas é inegável que a
versão cinematográfica do fenômeno literário de E.L James é a cereja no bolo de
um movimento, e momentum, do cinema pornô junto a seu primo mais nobre, o
cinema dito convencional.
Na próxima sexta-feira estreia nos cinemas brasileiros um
dos filmes independentes americanos mais comentados do ano. Lovelace, cuja
reportagem a respeito será publicada ainda esta semana em Claquete, é uma
cinebiografia da atriz pornô mais famosa de todos os tempos.
O sexo paira sobre 2013 desde o festival de Sundance,
realizado em janeiro, no qual Lovelace teve sua premiere mundial. Foi lá que
Joseph Gordon-Levitt exibiu sua estreia na direção, Don Jon, então chamado Don
Jon´s addiction, um filme em que interpreta um garotão vidrado em filmes pornôs
ao ponto de deixar isso prejudicar suas relações sociais e amorosas. E a
namorada no filme é Scarlett Johansson. O filme estreia em setembro nos EUA e
ainda não tem data fechada para chegar por aqui.
Entre os inúmeros projetos de James Franco listados para
2013 está Kink, em que ele atua como produtor. O documentário parte do
escrutínio do funcionamento do site que batiza o filme para discutir a relação
do público com a pornografia, no geral, e com o sadomasoquismo, em particular. Para Franco ,
a pornografia é uma arte subestimada. Em Sundance, ele afirmou que “esses caras
são artistas porque fazem você se excitar. Não é algo fácil”. A
despeito de se concordar ou não com James Franco, o sexo em sua versão mais
gráfica parece mesmo na ordem do dia em Hollywood. Jeffrey
Friedman , um dos diretores de Lovelace – em que Franco também atua
– disse em entrevista à revista Preview que “o público está mais liberal e
tolerante. A TV forçou o cinema a ser mais autêntico”.
O estreitamento com o cinema pornô não é algo novo. Steven
Soderberg foi chamado de visionário por Sasha Grey, ex-atriz pornô que quando
em atividade rodou com ele o experimental Confissões de uma garota de programa
(2009). Sasha esteve em São
Paulo na última semana para promover sua estreia como
escritora de ficção. Ela lançou o que a crítica literária vem chamando de “um
mergulho ainda mais sexualmente insano no mundo descoberto por ’50 tons de
cinza”. Sasha, nas entrevistas que fez no Brasil, não se sentiu muita a vontade
com comparações entre "Juliette society" – seu livro – e “50 tons de cinza”. Em
muito por não se reconhecer, ou não se sentir representada, pelo que oferece o
livro de E. L James. Mas ela admite a importância do livro para o ensejo do
sexo, mais precisamente de seu componente sadomasoquista, no âmago da cultura
pop.
Sasha empunha seu livro: mais um filme com pegada erótica a caminho...
O ator pornô James Deen e Lindsay Lohan em cena de The canyons, que a despeito das críticas negativas, é um dos filmes mais falados do momento nos EUA
O novo livro de Grey, sobre uma mulher que adentra uma
sociedade secreta do sexo, já teve seus direitos vendidos para o cinema e a
autora já disse que, por ela, Mia Wasikowska (Minhas mães e meu pai) faria a protagonista.
Recentemente, James Deen, conhecido como o “Ryan Gosling do
pornô” por fazer muito sucesso com as mulheres (não as que atuam), estrelou The
canyons, de Paul Schrader, ao lado de Lindsay Lohan. O filme não tem nenhum
lastro de pornografia, mas uma forte aura sexual o permeia, e Deen faz um homem
obcecado por uma estrela de cinema.
O cinema pornô, de maneira geral, já foi mais reluzente na
ensolarada Califórnia. Mas esse estreitamento pode beneficiar ambas as
indústrias. Em um movimento de tomada de consciência mútua, esse namoro entre
Hollywood e a indústria pornô deve oferecer apimentados próximos capítulos.
Oi Reinaldo,
ResponderExcluirPrimeiramente, digna essa foto do Ben Affleck na capa do Claquete. [suspiros, inspirados, aqui]
E depois, a áurea sexual é parte indissociável do cinema, mas essa safra vem esmiuçando a prática pornográfica e toda a tensão emocional que ela pode envolver, de Don Jon à Lovelace.
E o James Franco heim? Ele meio que tem um fetiche com essa temática. Mais a surpresa foi essa info de que a Mia Wasikowska pode ser a protagonista do filme baseado no livro da Sasha Linda Gray, com essa cara de inocente.
Por aqui sempre, comentando vez ou outra!
Saudades dos seus comentários aqui.
ResponderExcluirBem, tinha que colocar o Ben Affleck nesse blog, certo? rsrs.
Pois é, o cinema tem que ousar e James Franco tá aí para isso, né?
Bjs