domingo, 18 de dezembro de 2011

Oscar Watch 2012 - Como fica a corrida pelo Oscar depois da semana D da temporada de premiações?

A semana que se passou, conforme advertido por Claquete no último domingo, foi decisiva para a configuração da corrida pelo Oscar. Ela ainda não tira efetivamente ninguém da corrida, mas já deixa alguns candidatos bem colocados na disputa. O mais importante a se observar é que os filmes e profissionais lembrados nessa semana por importantes instituições como National Board of Review, American Film Institute, Crítica de Los Angeles, Crítica de Boston, Crítica de San Diego, Critic´s Choice Awards, SAG e Globo de ouro serão aqueles na pauta dos formadores de opinião e, principalmente, dos membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.
Inegavelmente, a corrida pelo Oscar de melhor filme conheceu seus favoritos. The artist, Os descendentes e O homem que mudou o jogo assumem a dianteira. Meia noite em Paris e Tudo pelo poder são obras que podem se beneficiar muito do boom que as contundentes indicações ao Globo de ouro concederam.
Entre os diretores, Michel Hazanavicius (The artist), Martin Scorsese (A invenção de Hugo Cabret) e Alexander Payne (Os descendentes) parecem certezas para o Oscar. Na briga pelas outras duas vagas estão o prestigiado Steven Spielberg (Cavalo de guerra), Nicolas Winding Refn (Drive), George Clooney (Tudo pelo poder) e Stephen Dadlry (Tão forte e tão perto). Woody Allen (Meia noite em Paris) é outro que precisa ser considerado. Abaixo, Claquete ilustra quem subiu e quem desceu de cotação por uma vaguinha no Oscar.


George Clooney 
Ninguém se valorizou tanto nessa semana como Clooney. Indicado a melhor ator no Critic´s Choice Awards, no SAG e no Globo de ouro por Os descendentes; indicado a melhor diretor, roteirista e produtor por Tudo pelo poder no Globo de ouro e eleito o melhor ator do ano por um punhado de grupos da crítica como São Diego e São Francisco. Clooney, assim como previsto por Claquete ainda em agosto, desenha uma temporada tão vitoriosa quanto em 2005 – quando brilhou intensamente com Syriana e Boa noite e boa sorte.


Jessica Chastain
Antes de começar a temporada de premiações, a dúvida era por qual filme Jessica seria reconhecida. A dúvida parece dissipada. Afora o Spirit Awards que a indicou por O abrigo – independente e portanto elegível para a premiação – todas as associações parecem dispostas a honrá-la pelo trabalho em Histórias cruzadas. Mas não se enganem. Se for ao Oscar – e com pouquíssimas chances de ganhar – será pelo conjunto da obra. Ainda que pelo filme de maior visibilidade.


A invenção de Hugo Cabret
A princípio ninguém considerava o filme infantil de Scorsese um legítimo pleiteante ao Oscar. Após a vitória surpreendente no prestigiado National Board of Review, A invenção de Hugo Cabret passou a ser visto como azarão. Depois de 11 indicações ao Critic´s Choice Awards, da boa presença no Globo de ouro e mais algumas menções em prêmios da crítica, a fita já vê consolidada a posição de ponteiro nessa corrida pelo Oscar. A sua frente apenas o igualmente nostálgico The artist.


Aaron Sorkin


O último vencedor do Oscar de roteiro adaptado se vê novamente na disputa e, novamente, em condição de favoritismo. O texto de O homem que mudou o jogo foi o mais premiado pela crítica até o momento.


Michael Shannon
Depois de George Clooney, quem mais ganhou prêmios da crítica foi Michael Shannon por seu trabalho em O abrigo. Mas Clooney e Pitt têm a o aspecto celebridade a seu favor. Shannon já foi ao Oscar uma vez na “cota das surpresas” por Foi apenas um sonho. Difícil imaginar o repeteco sem ter aparecido em nenhuma das premiações majors preliminares. 


Cavalo de Guerra
O filme de Spielberg era o virtual bicho papão da temporada. Era. Pode até ser que faça bonito no Oscar, mas é inegável que a candidatura do filme baixou a bola. A inclusão na disputa de melhor filme nos globos - com jeito de deferência a Spielberg - ao invés de ajudar, prejudicou.

Cavalo de guerra está cada vez mais com cara de figurante de luxo na disputa pelo Oscar

Tão forte e tão perto

Quatro indicações ao Critic´s Choice Awards. E só. Ficou a sensação de que as indicações vieram com base no pedigree de Stephen Dadlry. Ainda que o filme não possa ser dado como carta fora do baralho, é preciso reconhecer que ficou bem para trás na corrida.  


The artist
O filme de Michel Hazanavicius é tão improvável que seu recém adquirido favoritismo na corrida só comprova o acerto da aposta de Harvey Weinstein. Eis um filme que só poderia viver pelos prêmios e, a partir de então, encontrar seu público. A carta de amor ao cinema que The artist objetiva ser está finalmente sendo lida.

Tilda Swinton

Difícil crer que Tilda, que ganhou seu Oscar em 2008 como coadjuvante por Conduta de risco, fique fora da disputa. Sua candidatura, antes vista como difícil por representar um filme independente e pouco palatável para os padrões do Oscar, se viu impulsionada por uma verdadeira avalanche de prêmios em duas semanas. De quebra, a atriz garantiu vaga na valiosa trinca que precede o Oscar (Critic´s choice, SAG e Globo de ouro).


Woody Allen

Woody Allen, que depois das sucessivas esnobadas que deu no Oscar passou a colecionar mais desafetos do que admiradores na academia, vislumbra a chance de ser reconhecido não só pelo roteiro de seu filme, como por seu trabalho de direção também. Contudo, em matéria de Allen, as indicações ao Globo de ouro não são decisivas. Em 2006, pelo muito superior Match point –ponto final, Allen também concorreu aos globos a filme drama, direção e roteiro e só ganhou a vaguinha de roteiro no Oscar. No entanto, em linhas gerais, Meia noite em Paris parece contar com uma improvável boa vontade.


Elizabeth Olsen

A inclusão no Critic´s Choice Awards reflete bem a vida de Elizabeth Olsen nessa temporada de premiações. Ela é uma favorita da crítica. Deve ficar nisso por sua elogiada atuação em Martha Marcy May Marlene.


Carey Mulligan
Carey e Ryan em cena de Drive: enquanto ele sobe, ela desce...


Eis outra boa atriz, com dois trabalhos vistosos no ano, que deve não ficar entre as cinco finalistas no Oscar por ter participado da festa recentemente. Fora do SAG e fora do Globo de ouro, e com poucos prêmios da crítica a lhe projetar, Mulligan pode ver seus parceiros Ryan Gosling (Drive) e Michael Fassbender (Shame) no tapete vermelho do Oscar pela TV.



 

Melissa McCarthy

As indicações ao SAG e ao Critic´s Choice Awards dão uma falsa impressão de que McCarthy é uma das certezas da temporada. A exclusão do Globo de ouro, tradicionalmente mais propenso a reconhecer trabalhos como o da atriz, deverá ter um peso muito maior no médio prazo do que o contrário.


John Logan

O autor dos roteiros de Rango e A invenção de Hugo Cabret tem grandes chances de emplacar na disputa com seus dois filmes. 



Ryan Gosling

O temor de que as ótimas performances pudessem dividir o eleitorado e prejudicar Ryan Gosling na temporada não se confirmou. O ator coleciona indicações pelos desempenhos em DriveTudo pelo poder e até por Amor a toda prova. Ficou fora da lista do sindicato, a exemplo do que ocorreu no ano passado quando concorria por Namorados para sempre, mas é difícil crer que a Academia o deixe de fora da festa de novo. Ainda mais com boas opções para convidá-lo.


Drive

Uma surpreendente aparição no Critic´s Choice Awards com oito indicações não implica necessariamente em boa performance no Oscar. O desaparecimento no SAG e no Globo de ouro (em que apenas Albert Brooks emplacou como coadjuvante) demonstram isso. No entanto, a crítica pode sensibilizar a academia para um dos filmes mais elogiados do ano. Alguns prêmios conquistados na semana tornam essa tarefa mais fácil.  

Nick Nolte

Forte candidato ao “comeback do ano”, Nolte faz em Warrior o tipo de personagem que a academia gosta de reconhecer. O sindicato dos atores já acenou que fecha com ele. Sobram poucas dúvidas a respeito de sua inclusão entre os cinco da categoria no Oscar.


Os homens que não amavam as mulheres


De nada adiantou todo o estardalhaço para esconder Os homens que não amavam as mulheres da crítica. Agora o filme está mesmo escondido na temporada de premiações. Apenas a trilha sonora deve brilhar. Ainda que Rooney Mara, em atuação elogiada, deva ser considerada.



A árvore da vida

Com um prestígio acima do recomendável com a crítica, o filme de Terrence Malick foi perdendo espaço conforme a corrida foi se definindo. O diretor, no entanto, ainda tem melhores chances de reconhecimento do que o filme em si. A academia costuma honrar trabalhos herméticos destacando os homens por trás deles. Basta lembrar de David Lynch, indicado ao Oscar de direção em 2001 por Cidade dos sonhos.



Nicolas Winding Refn

Sério candidato a sensação no Oscar. O diretor de Drive pode ser a surpresa mais cantada entre os diretores. O sindicato dos diretores pode sacramentar a surpresa no início de janeiro. 



Brad Pitt

Não é de hoje que Pitt recolhe louros por um trabalho cada vez mais vistoso no campo das atuações. Depois do Leão de ouro em Veneza por O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford (2007), e da indicação ao Oscar por O curioso caso de Benjamin Button (2008), parece redundância dizer que Pitt vive um grande momento como intérprete. Em O homem que mudou o jogo ele faz o tipo de personagem que pode levá-lo a um patamar diferenciado de reconhecimento. Ou seja, a questão não é se ele será indicado ao Oscar, é se ele ganha ou não esse ano.


Jonah Hill

Ainda que seja um pouco improvável sua indicação ao Oscar, mais pela intensidade e qualidade da categoria no ano, não se pode negar que a semana foi generosa com Hill. As indicações ao SAG e ao Globo de ouro o colocam com a distinção necessária e o gás desejado para uma corrida contra todos os veteranos que lhe cercam. Na hora H, no entanto, a opção pelos veteranos pode imperar.


Gary Oldman

Dono de uma das performances mais elogiadas do ano, Gary Oldman ainda pode ser uma das surpresas do Oscar. Mas já se vê confinado a categoria de surpresa. O que, para um ator de sua envergadura, não é nada bom.



A separation


O filme iraniano já deixou claro que é, hoje, o virtual vencedor do Oscar de filme estrangeiro. Com todo bafafá sobre a censura que artistas recebem naquele país, a visibilidade do Oscar seria, além de monumental, um gesto político de primeira grandeza. É a fome com a vontade de comer.



Leonardo DiCaprio

A glória antecipada pela Warner para J.Edgar parece se resumir hoje a seu protagonista. Leonardo DiCaprio se mostra capaz de vencer as críticas desencorajadoras que o filme recebe e, quem sabe, pode até reconduzir o filme para algumas disputas já dadas como favas contadas.

4 comentários:

  1. Hummm, eu sempre levo mais em conta o perfil dos votantes do Oscar do que os prêmios concedidos pelas associações de críticos e outras premiações secundárias, como o GG. Mas não apenas, claro que exercem influência, mas raramente viram o jogo. Por exemplo, ainda estou confiante em algumas apostas que foram rebaixadas por ti, como Elizabeth Olsen em Melhor Atriz e McCarthy em Atriz Coadjuvante, e concordo que o filme de Daldry perdeu fôlego na corrida e ficou mais longe que perto (perdão rs), mas a Academia tem alguma espécie de contrato com esse cara, só pode rs. Ah! E não descartaria "War Horse", não, acho que ele tem mais chances do que "Drive", que não parece ter o estilo da academia, mas pode ser uma das surpresas que podem me fazer quebrar a cara, como sempre tem rs.

    Sobre essa temporada, eu sinto uma estranha sensação de que ainda está muito cedo, mas tenho ciência de que não está; oras, estamos em dezembro, a quase 1 mês dos indicados! Mas parece que nem todos os filmes q tinham para ser mostrados, foram efetivamente. E "Carnage"? E "Margaret"? E o novo Fincher? E o da Angelina, pode ser indicado?

    Parece-me uma temporada meio ausente de grandes filmes se comparada à excelência da anterior, mas muito bacana por conta da previsibilidade. Está sendo muito satisfatório arquitetar previsões hehehe.


    abs!

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  2. PERFEITO seu sobe e desce da temporada de premiações. Só quero fazer dois comentários: surpreendente a ascensão de Jonah Hill nesta temporada de premiações, especialmente porque NINGUÉM estava prevendo as indicações que ele recebeu ao SAG e ao Golden Globes; e acho que, diante da imprevisibilidade de sua categoria, no momento, e até mesmo pelo conjunto da obra em 2011, Jessica Chastain deve vencer o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante.

    Beijos!

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  3. Ótimo apanhado, Reinaldo. Eu fico com a mesma sensação de Elton, ainda falta tanto, hehe, mas não falta muito. Enfim, o pior mesmo é a espera por esses filmes aqui no Brasil.

    bjs

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  4. Elton: Grande Elton. Vc me entendeu mal. Bem, eu tb levo em conta o perfil dos eleitores do Oscar. E muito (como outras postagens aqui em Claquete já apontaram). Mas a influência das premiações majors preliminares mais do que nunca (com as novas regras do Oscar) assumiram importância inédita na temporada de premiações.E atenção: estamos falando de indicações ainda. Há um ou outro prognóstico mais avançado, mas o cerne do post não é esse. Isso posto, o sobe e desce aqui não está descartando ninguém. É apenas um saldo de como ficou a cara da corrida após essa tumultuada semana. Foi mais para dar um norte para o leitor e cinéfilo que acompanha a corrida ao Oscar.
    Concordo quanto a Daldry. Ele e o filme só podem ser menorados se ficarem de fora das listas do PGA e do DGA. E mesmo assim não definitivamente. Em 2009, Daldry e O leitor não foram lembrados pelos sindicatos e emplacaram no Oscar.
    Quanto a Cavalo de guerra, acho que o filme é grande candidato a receber múltiplas indicações ao Oscar. Mas minha intuição diz que será figurante de luxo. No tipo Gangues de Nova Iorque e A cor púrpura. Mas é uma impressão momentânea. Há muita água para correr debaixo dessa ponte ainda.
    Abs

    Kamila: Obrigado Ka. Conforme te respondi em um post anterior, havia sim previsões sobre possíveis indicações para o Jonah Hill.Mas ainda acho difícil ele chegar ao Oscar. Vamos ver!Quanto a Jessica Chastain, não sei não. Não sinto que seus papéis são suficientemente fortes para lhe valer uma dianteira no Oscar. Desconfio que fique na indicação. Mas vamos ver como a coisa rola...
    bjs

    Amanda: Esse é que é o pior...
    Bjs

    Kamila:

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